Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Lei deixa emissoras educativas na ilegalidade

Leia abaixo a seleção de segunda-feira para a seção Entre Aspas.


 


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Folha de S. Paulo


Segunda-feira, 25 de maio de 2009


 


LEGISLAÇÃO
Elvira Lobato


Lei de 67 deixa emissoras educativas na ilegalidade


‘As televisões educativas vivem uma situação de ilegalidade: o decreto-lei 236/67, que regula a atividade, proíbe a veiculação de propaganda e de patrocínios culturais. O decreto é desobedecido pelas emissoras há pelo menos dez anos.


O decreto-lei é qualificado pelas televisões educativas de ‘lixo’ remanescente do regime militar e sua revogação é a principal reivindicação do 2º Fórum Nacional de TVs Públicas, a ser realizado, em Brasília, de 26 a 28 de maio.


O setor quer uma nova regulamentação, no espírito da lei 11.652/2008, que criou a EBC (Empresa Brasileira de Comunicação). A EBC tem liberdade para captar recursos de patrocínios culturais, acesso a um fundo para fomento da radiodifusão pública (feito com contribuições das companhias telefônicas) e autonomia para escolher sua programação, a partir de princípios fixados na lei.


Para as emissoras educativas, o decreto 236 caiu em desuso há mais de dez anos, mas o Ministério das Comunicações considera que continua em vigor, o que deixa as televisões sujeitas a punições.


Segundo o advogado Fernando Fortes, consultor jurídico da TV Cultura, vez por outra uma emissora educativa é punida por tribunais de contas estaduais por receber recursos de patrocínio. Pelo decreto-lei, as emissoras educativas só poderiam transmitir aulas, conferências, palestras e debates.


Segundo o presidente da Abepec (Associação Brasileira das Emissoras Públicas Educativas), Antônio Achilis, da Rede Minas, com a mudança na regulamentação, as emissoras educativas teriam obrigatoriamente que submeter sua programação à aprovação de um conselho consultivo, com maioria de representantes da sociedade civil.


Audiência


Também serão discutidos no fórum a medição da audiência das televisões educativas -um tema considerado tabu no setor-, a busca de financiamentos para a migração para a TV digital e a possibilidade de fazer multiprogramação, aberta pela tecnologia digital.


A tecnologia digital pode ser aproveitada para a transmissão em alta definição (caminho defendido pela Globo) ou para a transmissão simultânea de até quatro programações no mesmo canal.


Até agora, a multiprogramação só foi autorizada para as emissoras federais. A TV Cultura, de São Paulo, obteve a autorização para testes.


Antônio Achilis disse que as TVs educativas querem a multiprogramação para atingir públicos segmentados.


O Ministério das Comunicações hesita em autorizar a multiprogramação por receio de que TVs arrendem os canais a empresas de televendas e igrejas. Segundo Achilis, a Abepec se propõe a ajudar na fiscalização para que isso não ocorra.


Há no país 199 emissoras de televisão educativas, mas a grande maioria vive em situação financeira ruim. As concessões de emissoras educativas proliferaram entre 1998 e 2002, sobretudo na gestão do ex-ministro das Comunicações Pimenta da Veiga, que autorizou a conversão de retransmissoras em emissoras geradoras de programação.


De acordo com o presidente da Associação Nacional de Geradoras Educativas e Culturais, Luiz Leal, fora as emissoras educativas controladas pelos Estados e por universidades, as educativas não têm recursos para investir na tecnologia digital e já dependem da transmissão de programas evangélicos para sobreviver.


O primeiro fórum das emissoras educativas públicas aconteceu em 2007, por iniciativa do governo federal. O segundo é uma iniciativa das associações das televisões que se autodenominam como do ‘campo público’: as emissoras educativas dos Estados e de universidades; os canais legislativos e os comunitários, que são distribuídos pela grade de programação das TVs a cabo.’


 


 


INTERNET
Ruy Castro


Brincando de Facebook


‘RIO DE JANEIRO – Há dias venho recebendo mensagens de pessoas convidando a que me registre em algo chamado Facebook para ‘me tornar amigo’ delas. A maioria é de gente que não conheço, nem identifiquei pelo retratinho 3 x 4 que acompanha a mensagem. Como vivo desconfiado quanto às novidades da internet, temo que seja mais uma pegadinha para me plantar um vírus e arruinar o meu, com todo respeito, disco rígido.


Mas outras mensagens vêm de amigos próximos e ocasionais, antigos colegas de faculdade ou de jornal e até uma ex-namorada. Como não sabia que estava rompido com algum deles, não entendo por que, de repente, essa ânsia a que eu ‘me torne amigo’ deles. E, no caso, para que me registrar no Facebook? Não basta pegar o telefone ou mandar um convencional e-mail reafirmando a amizade?


Não. Estudando melhor a proposta, descubro que, registrando-me no Facebook, posso ‘manter contato com amigos, partilhar fotos ou criar meu próprio perfil’. Eba! Como pude viver até hoje sem essas facilidades? Até então, para ‘manter contato com amigos’, eu tinha de descer do prédio, atravessar a rua e encontrar os ditos amigos na praia ou no botequim. O Facebook me livrará dessas práticas toscas.


Em outro parágrafo, o Facebook me convida a ‘criar uma conta pessoal’. Mas adverte que, se eu ‘estiver aqui para representar uma banda, negócios ou produtos’, devo primeiro ‘criar uma página do Facebook’. Aí já não gostei. Não ‘estou aqui’ para representar uma banda, seja o que isso signifique, e evito fazer negócios com amigos que acabei de adquirir no Facebook, mesmo que já sejam íntimos e de outros Carnavais.


Se entrar para o Facebook, prometo não representar bandas, nem fazer negócios ou oferecer produtos, e brincar todos os dias de partilhar fotos com meus amiguinhos.’


 


 


Randall stross


Web ‘mata’ enciclopédia Encarta


‘É o fim da Encarta, a enciclopédia que a Microsoft lançou em 1993 e ainda descreve orgulhosamente em seu site como ‘a marca de software de enciclopédia número 1 em vendas nos últimos oito anos’. A Microsoft anunciou recentemente que as vendas da Encarta serão encerradas em breve e que o site da Encarta, pago com anúncios, será fechado ainda este ano.


É difícil olhar para o fim do experimento Encarta sem que a muito maior e gratuita Wikipedia venha à mente de imediato. Mas pode-se argumentar que a Encarta teria fracassado mesmo sem essa concorrência. Acessada pelo Google, a internet é uma espécie de enciclopédia virtual contra a qual a Encarta nunca teve chance de competir.


A Encarta foi concebida na era pré-web e teve gestação longa. Em 1985, Bill Gates visualizou uma enciclopédia em CD-ROM como produto de ‘preço alto e demanda alta’ que teria o potencial de tornar-se tão lucrativo para a Microsoft quanto o Word ou o Excel. No início da história do projeto, foi criado um grupo de estudos com potenciais consumidores, e os participantes se disseram dispostos a pagar US$ 1.000 a US$ 2.000 por uma enciclopédia multimídia em CD-ROM. Na época, porém, ninguém previa a queda vertiginosa dos preços na economia da informação. Quando a Encarta finalmente ficou pronta, a Microsoft fixou seu preço em US$ 395.


A enciclopédia teve vendas fracas, e, segundo a Microsoft, seis meses depois de lançada tinha conquistado apenas 3% do mercado. Os gerentes de vendas da Microsoft suplicaram à empresa que lhes desse ‘uma Encarta por US$ 99’. A equipe responsável pela Encarta cedeu, mas disse que a redução seria apenas temporária. Martin Leahy, gerente de vendas da Microsoft, disse a todos os colegas que quisessem ouvir: ‘Vocês percebem que o preço nunca mais vai subir, certo?’ E o preço nunca voltou a subir.


A Encarta por US$ 99 foi um sucesso. Com o tempo, seu preço caiu ainda mais. No início deste ano, a Microsoft a vendia como produto descarregável, por US$ 29,95; mais recentemente, o valor foi reduzido para US$ 22,95.


Gary Alt, que entrou para a Microsoft em 1995 depois de trabalhar como editor na ‘World Book’ e na ‘Encyclopedia Britannica’, falou com orgulho sobre o trabalho editorial feito por ele e sua equipe na Encarta. No auge do investimento editorial da Microsoft na enciclopédia, em 2000, contou, a equipe contava com 50 pessoas.


Esse investimento parece ter passado despercebido. Tom Corddry, gerente-sênior na Microsoft entre 1989 e 1996, disse: ‘Os editores superestimaram a maneira como os estudantes diriam ‘isso foi editado com muito cuidado! E é uma fonte autorizada!’.


A Encarta teria sido encerrada muito antes se não tivesse encontrado mercado em lugares do mundo que ficam fora do alcance da internet, disse Corddry.


Mas a Encarta se mostrou incapaz de competir com a web e o Google. A partir do momento em que a informação ficou disponível gratuitamente, o público não quis mais pagar por ela. Hoje são outros setores ligados à informação que se veem diante da mesma realidade, mas sem o respaldo financeiro garantido à Microsoft pelas franquias Windows e Office.’


 


 


John Markoff


Novos ‘ciberdetetives’ buscam espiões à solta pela internet


‘Para os detetives de antigamente, o problema sempre foi obter informações. Para os da era cibernética, que caçam provas no emaranhado de dados da internet, o desafio é outro. ‘O Santo Graal é como distinguir entre informação que é lixo e informação valiosa’, disse Rafal Rohozinski, cientista social formado em Cambridge e envolvido em questões de segurança da informática.


Nos últimos oito anos, ele participou da criação de dois grupos com sede na Universidade de Toronto, o Information Warfare Monitor e o Citizen Lab, que se empenham em difundir ferramentas investigativas normalmente à disposição apenas de polícias e investigadores de segurança da computação. Eles já conseguiram êxitos importantes. No ano passado, Nart Villeneuve, 34, pesquisador de relações internacionais que trabalha para os dois grupos, descobriu que uma versão chinesa do software Skype estava sendo usada para fins de espionagem por uma das maiores operadoras de telefonia celular da China, provavelmente em benefício das autoridades locais.


Neste ano, ele ajudou a revelar um sistema de espionagem, que ele e outros pesquisadores apelidaram de ‘Ghostnet’ (‘rede fantasma’), que parecia ser uma operação de espionagem do governo chinês contra computadores no mundo todo, a maioria deles de propriedade de governos do sul da Ásia. Ambas as descobertas resultaram de um novo gênero de trabalho detetivesco e ilustram os trunfos e as limitações da investigação no ciberespaço.


O caso Ghostnet começou quando Greg Walton, editor da publicação ‘Infowar Monitor’ e membro da equipe de pesquisa, foi convidado para realizar uma auditoria na rede do gabinete do dalai-lama, em Dharamsala, Índia. Sob ataque constante -possivelmente de hackers patrocinados pelo governo chinês-, os exilados haviam recorrido aos pesquisadores canadenses para ajudar a combater os espiões digitais que foram se implantando ao longo dos anos em seu sistema de comunicações.


Tanto no escritório particular do dalai-lama quanto na sede do governo tibetano do exílio, Walton usou um poderoso programa chamado Wireshark para capturar o tráfego digital que entra e sai dos computadores dos grupos exilados.


Em quase todos os casos, quando os administradores do sistema Ghostnet ocupavam remotamente um computador, eles instalavam um software chinês clandestino que permitia o controle de uma máquina distante por meio da internet.


A espionagem gerou preocupação imediata entre os tibetanos..


De volta ao Canadá, Walton compartilhou os dados capturados com Villeneuve, e os dois usaram uma segunda ferramenta para analisar as informações. Villeneuve estava usando esse software para visualizar os arquivos quando notou uma sequência aparentemente inócua, mas intrigante, de 22 caracteres que se repetiam em diferentes arquivos. Desconfiado, colocou a sequência no Google e foi imediatamente direcionado para arquivos semelhantes, armazenados num vasto sistema digital de vigilância localizado na ilha de Hainan, na costa da China. Os arquivos tibetanos estavam sendo copiados para esses computadores. Mas os pesquisadores não conseguiram determinar com certeza quem controlava o sistema.


A questão mais irritante para as autoridades e para outros investigadores do ciberespaço é a da ‘atribuição’. A famosa charge em que um cão se senta ao teclado e diz para um amigo que ‘na internet ninguém sabe que você é um cachorro’ não é piada para os ciberdetetives.’


 


 


PRODUÇÃO CIENTÍFICA
Sergio Machado Rezende


Ciência brasileira em novo patamar


‘COMO NOTICIOU esta Folha no último dia 6, a produção científica do Brasil, medida pelo número de artigos indexados na base internacional de dados Thomson Reuters-ISI, cresceu 56% em 2008, se comparada com 2007. O país passou da 15ª para a 13ª colocação no ranking mundial de artigos publicados, ultrapassando países com longa tradição científica, como a Rússia e a Holanda.


A notícia foi comemorada pela comunidade científica brasileira, que conta atualmente com 200 mil membros, entre mestres e doutores.


Mas a formação, como é feita hoje, com exigências de cursar disciplinas e fazer pesquisa para elaborar dissertações e teses, só foi iniciada em 1963, quando o professor Alberto Luiz Coimbra criou ‘na marra’ a Coordenação dos Programas de Pós-Graduação em Engenharia (Coppe) na então Universidade do Brasil (hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro).


Somente cinco anos depois o Ministério da Educação regulamentou a pós-graduação, ‘legalizando’ os diplomas concedidos pela Coppe e por outros cursos. E apenas em 1969, com a criação do regime de tempo integral para docentes pesquisadores, os grupos de pesquisa e os cursos de pós-graduação se disseminaram em todo o país e o sistema nacional de ciência e tecnologia (C&T) começou a ganhar dimensão e consistência.


O fato de a nossa ciência ser tão recente é a principal razão para a surpresa da notícia de que o Brasil ultrapassou Rússia e Holanda no ranking de publicações científicas. Mas esse fato não teve comemoração unânime.


Logo surgiram os céticos e críticos perscrutadores.


A primeira crítica é que a ciência brasileira não tem o impacto medido pelas citações na mesma proporção dos artigos publicados. Isso é verdade e decorre, dentre outras razões, da pouca tradição de nossa ciência.


Outra crítica, mais forte, foi a descoberta de que o grande aumento da produção de um ano para outro decorreu da ampliação da base da Reuters. O número de revistas brasileiras indexadas passou de 63, em 2007, para 103, em 2008.


No entanto, a Reuters também aumentou a base das revistas indexadas de todos os países, principalmente daqueles fora do núcleo de longa tradição científica. Em todo o mundo, a base passou de 9.000 para mais de 10 mil, e o número total de artigos indexados cresceu de 960 mil, em 2007, para 1,4 milhão, em 2008 -um salto de 49%.


O aumento do número de artigos do Brasil, proporcionalmente maior que o do restante do mundo, vem consolidar uma tendência das três últimas décadas. A contribuição do país na produção mundial, que em 1981 era de 0,44%, hoje é de 2,12%.


O aumento na formação de pesquisadores e no número de artigos científicos publicados é resultado de um esforço continuado de toda a sociedade. Mas o governo federal teve papel essencial nesse processo, principalmente por meio de suas agências de fomento, CNPq, Finep e Capes.


Assim, compartilho da opinião do ministro da Educação, Fernando Haddad, que creditou essa evolução ao governo federal, mas também ao papel das fundações estaduais de amparo à pesquisa, em especial da Fapesp, e ao trabalho dos cientistas.


A significativa evolução dos últimos anos é decorrente, em grande parte, da prioridade hoje atribuída à ciência e à tecnologia.


O orçamento do Ministério da Ciência e Tecnologia passou de R$ 2,835 bilhões, em 2002, para R$ 6,632 bilhões, em 2008. Nesse mesmo período, o número de bolsas de pós-graduação do CNPq passou de 11.347 para 18.500, e as de pesquisa passaram de 7.765, em 2002, para 12.015. No caso da Capes, as bolsas de pós-graduação passaram de 23.334, em 2002, para 39.892.


Pela primeira vez na história, o país tem um Plano de Ação em Ciência, Tecnologia e Inovação, com prioridades claras e programas com objetivos, metas e orçamentos, os quais totalizam R$ 41 bilhões para projetos em universidades, centros de pesquisa e empresas.


O financiamento à pesquisa científica e tecnológica e à inovação tem estimulado pesquisadores e empresários empreendedores. Um exemplo do aperfeiçoamento dos instrumentos de apoio e da política de C&T está na criação dos 123 institutos nacionais de C&T, que receberam recursos da ordem de R$ 605 milhões.


O caminho para tornar esse setor um dos pilares do desenvolvimento nacional ainda é longo, mas está sendo percorrido com consistência, determinação e velocidade crescentes.


SERGIO MACHADO REZENDE, 68, físico, doutor em física pelo MIT (EUA), professor titular da Universidade Federal de Pernambuco, é Ministro da Ciência e Tecnologia.’


 


 


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


Ameaça


‘Robert Zoellick, presidente do Banco Mundial, mais conhecido por aqui como ‘sub do sub do sub’, deu longa entrevista ao ‘El País’, voltando a alertar para o ‘risco de crise social’, destaque do jornal espanhol. Avalia que na economia a ‘América Latina está se mantendo razoavelmente bem, apesar da tensão no México, por depender do mercado americano’. Mas avalia que a perspectiva de demora na recuperação pode ser ‘caldo de cultura para políticas populistas’. Afirma então que, entre os emergentes, enquanto a China ‘pode surpreender’ com o plano de estímulo, ‘para países como México e Brasil a principal ameaça é não ter acesso a crédito’.


Foi manchete da Folha Online, tarde e noite, ‘Falta de financiamento ameaça Brasil, diz Banco Mundial’.


FUNDOS, O ÊXODO


Ouvindo executivos de Mauá, Gávea e outros, o ‘Financial Times’ postou ontem e publica hoje que ‘Hedge funds do Brasil cambaleiam após êxodo de clientes’, sobre os fundos de investimento mais agressivos.


Diz que ‘vários gestores estão fracos e lutam para sobreviver, segundo especialistas’, e ‘até 20 podem ser forçados a fechar’. Parte dos problemas viria de operações de câmbio, depois da queda do dólar no fim do ano passado.


CRÉDITO CHAVISTA


Lula e Hugo Chávez se reúnem amanhã e, adiantou ontem a Folha, o venezuelano propõe ‘colocar reservas de petróleo do país como garantia para financiamento de empresas brasileiras’.


Ecoou ao longo do dia por Reuters, Bloomberg e outras, no alto das buscas de Brasil no Yahoo News, destacando os ‘bilhões de dólares’ -e lembrando que a Venezuela já tem fundos de investimento em infraestrutura junto com China e outros.


‘O MUNDO TODO É OTIMISTA’


Também no alto das buscas, ‘O mundo todo é otimista, diz levantamento’. No texto postado pelo próprio Yahoo News, ‘apesar das angústias econômicas, novo estudo baseado em dados globais descobriu que o otimismo é universal’. E que ‘as perspectivas ensolaradas são mais prevalentes na Irlanda, no Brasil’.


O estudo é do Gallup, para uma universidade americana, e ‘sugere que os seres humanos são otimistas por natureza’. O menor otimismo foi encontrado em países como o Zimbabwe e o Haiti.


‘DEVIA APRENDER COM LULA’


Em chamada ontem na home do ‘Financial Times’, o correspondente na África do Sul, Richard Lapper, que era editor de América Latina do jornal até o ano passado, escreve que ‘Zuma devia aprender com Lula’, sublinhando que o novo presidente sul-africano ‘tem muito em comum’ com o brasileiro.


Abre dizendo que Lula ‘virou de ponta-cabeça’ as previsões de que sua eleição em 2002 tornaria ‘muito maior a crise’ então enfrentada no Brasil. E nota que Zuma já parece seguir pelo caminho, estendendo a mão à ‘minoria branca’ e nomeando um ministro de finanças ‘bem recebido pelos investidores privados’.


OBSESSÃO, AGORA LÁ


O ‘New York Times’ de domingo abriu página, de lado a lado, com ‘Saúde de provável candidata é vista sob microscópio do Brasil’. O correspondente Alexei Barrionuevo diz que o câncer da escolhida de Lula ‘tornou Ms. Rousseff uma obsessão de mídia, com atualizações de tirar o fôlego sobre cada passo, da peruca às dores na perna’.


‘Seu oncologista deu 90% de chance de recuperação completa’ e Lula diz que ela ‘está bem’, mas as negativas ‘não foram o bastante para calar as conjecturas’. Ouve algumas, de Bolívar Lamounier e outros. E encerra citando de Christopher Garman, analista do Eurasia Group, de Washington, que ‘o impacto da cobertura de mídia’ pode levar a alta nas pesquisas.


‘LA DAUPHINE’


Também o francês ‘Le Monde’ noticiou no fim de semana, em texto do correspondente Jean-Pierre Langellier, que ‘A doença da ‘delfim’ de Lula cria incerteza’. Diz que o ‘golpe de teatro’ da revelação ‘mudou o plano de voo de Mme. Rousseff’. Fala-se agora em Antonio Palocci, Fernando Haddad.


SEGUE E SOBE


Também pela América Latina se intensifica a cobertura, com o mexicano ‘La Jornada’ destacando que o ‘PT no Brasil está entre a reeleição e o câncer’, com as especulações sobre terceiro mandato. No argentino ‘Clarín’, ‘Dilma Rousseff segue na disputa eleitoral’ e até ‘sobe com força nas pesquisas’.


DADOS OU INVENTADOS


A semana política fechou com Diogo Mainardi postando na Veja.com que ‘Eu pedi a CPI da Petrobras. Ela saiu’. Diz ter ‘muitos dados sobre os gastos em propaganda da Petrobras. Alguém quer?’.


E com José Dirceu postando no blog que o ‘jornalismo de campanha tenta criar um fato político com as supostas pressões do PMDB por cargos na Petrobras’. Diz que isso ‘não existe, foi meramente inventado’.’


 


 


TELEVISÃO
Daniel Castro


Pedro Bial treina novo talk-show ao ar livre


‘O programa que Pedro Bial desenvolve para a Globo vai misturar talk-show com reportagens em um novo formato. Na última quinta, no estádio do Maracanã (Rio de Janeiro), foi gravada parte do piloto. Mantido em sigilo, o projeto não tem previsão de estreia. Depende de aprovação da cúpula da rede.


Um dos diferenciais do programa será a gravação de entrevistas ao ar livre ou em locais fechados que tenham a ver com o tema da edição. O piloto teve gravação no Maracanã porque falará sobre o drible no futebol..


No centro do gramado, o jornalista entrevistou um especialista no assunto. Na edição, a entrevista será costurada com reportagens. O programa, a rigor, ainda não tem um formato definido. Bial pretende defini-lo a partir do piloto.


Apesar de J.B. de Oliveira ter participado da gravação do piloto, o diretor de ‘BBB’ não irá dirigir o programa de Bial. A direção será do próprio jornalista e de Pedro Carvana.


A princípio, o projeto concorre a uma vaga na terceira linha de shows da Globo, às quintas. Esse horário hoje só é ocupado, às terças, pelo ‘Profissão Repórter’. Um programa sobre comportamento sexual, apresentado por Fernanda Lima, também está na disputa.


Setores da Globo estão vendo o projeto de Bial com reserva. Avaliam que pode ser muito elitista para o horário nobre e correr riscos no Ibope. Para a TV paga, seria muito caro.


CORAÇÃO


O jornalista Renato Machado tirou licença do ‘Bom Dia Brasil’. Exames de rotina detectaram obstrução coronariana, e ele se submeterá, hoje, a cirurgia de ponte de safena. Ficará algumas semanas afastado. Será substituído por Márcio Gomes e Alexandre Garcia.


BANIDA 1


A produção do ‘Estrelas’ cancelou uma gravação com Susana Vieira. Foi uma retaliação à grosseria cometida pela atriz na semana passada, quando, ao vivo no ‘Vídeo Show’, tomou o microfone da repórter Geovanna Tominaga, dizendo que não tinha paciência com gente que está começando.


BANIDA 2


O ‘Estrelas’ é do mesmo núcleo do ‘Vídeo Show’, o de J.B. de Oliveira, o Boninho.


PASSO A PASSO


A Fox prepara o lançamento de um novo canal de TV paga no Brasil. O produto será direcionado principalmente ao público feminino, mas será bem diferente do Fox Life, que também tem esse alvo. O novo canal seguirá o site BemSimples.com, também da Fox, que ensina atividades domésticas, como cozinhar, passo a passo.


PASSO A PASSO 2


Os programas do canal serão gravados em Buenos Aires. Produtores já estão selecionando brasileiros que tenham habilidades em cozinha, beleza e artesanato e decoração.


TARDE DEMAIS


Fátima Bernardes esclarece que não percebeu que disse, no ‘JN’ de quarta, que torcida é o ‘13º jogador’. Quando se deu conta, o jornal já tinha acabado.’


 


 


Folha de S. Paulo


Diretor segue vida do rio São Francisco


‘O rio São Francisco, um dos mais importantes do Brasil, com 2.830 km de extensão, serve de tema para o veterano documentarista Mario Kuperman em ‘O Velho Chico Quer Nascer de Novo’, que o SescTV apresenta hoje, às 18h30.


Sociólogo de formação e diretor de ‘Tropeiros’, Kuperman discute a situação atual do Velho Chico por meio de depoimentos de moradores das regiões que o margeiam, além de belas imagens das múltiplas paisagens percorridas, como as das cidades pouco conhecidas de Januária e Buritizeiro.


Para não recorrer ao procedimento de enfocar sempre o entrevistado e a sua fala, o diretor usa apenas as suas vozes, exibindo imagens que se relacionam ou não com o que é falado.


Usado continuamente, o método cansa o espectador e faz com que o inusual seja apenas chato. E, apesar da câmera de Kuperman ser segura e extrair boas tomadas da paisagem natural e humana dos espaços percorridos, predomina ao final uma certa decepção.


Após a exibição de ‘O Velho Chico Quer Nascer de Novo’, que integra a série Brasilianas do SescTV, composta por 28 filmes, o canal exibe ‘Somos a Floresta’, do mesmo diretor, que costura uma analogia entre o mundo das plantas e do ser humano.


O VELHO CHICO QUER NASCER DE NOVO/ SOMOS A FLORESTA


Quando: hoje, às 18h30


Onde: SescTV


Classificação: não indicado para menores de 10 anos’


 


 


 


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O Estado de S. Paulo


Segunda-feira, 25 de maio de 2009


 


VENEZUELA
AP


Chávez pede fiscalização da imprensa


‘Os presidentes do Equador, Rafael Correa, e da Venezuela, Hugo Chávez, propuseram à União das Nações Sul-Americanas (Unasul) a criação de uma instância que ‘defenda os governos locais dos abusos da imprensa’, descrita por eles como a maior inimiga do socialismo.


Correa disse que quer livrar o Equador de uma imprensa que descreveu como ‘corrupta’, ‘instrumento de oligarquias’ e inimiga das relações internacionais. Chávez estendeu as críticas à Organização dos Estados Americanos (OEA), que, segundo ele, ‘não bate na imprensa nem com uma pétala de rosa’.


Por sua vez, o presidente da Bolívia, Evo Morales, disse que os vizinhos contam com seu apoio na luta contra esse fenômeno que remete à ‘loucura do fascismo’. Evo disse que se reunirá com a Sociedade Interamericana de Imprensa para ‘demonstrar como a imprensa da Bolívia é corrupta’.’


 


 


GUERRA AO TERROR
Renata Miranda


Pentágono usa web para atrair recrutas


‘O clássico cartaz do Tio Sam com uma estrelada cartola azul e branca convocando rapazes americanos para integrar o Exército dos EUA nunca pareceu tão ultrapassado. Para superar a falta de prestígio que tomou conta das instituições militares americanas após a guerra no Iraque e conseguir uma aproximação maior de seu público-alvo, o Pentágono está investindo em plataformas populares da internet para recrutar jovens.


Agora, é possível encontrar páginas do Exército, da Marinha, da Forças Aérea e de muitos outros departamentos militares em sites como o sistema de microblog Twitter, o canal de vídeos YouTube e as redes de relacionamento Facebook e MySpace.


‘O Departamento de Defesa dos EUA está usando as mesmas ferramentas online utilizadas pelas pessoas que eles querem recrutar’, disse ao Estado, por telefone, Andrew Rasiej, fundador do Personal Democracy Forum, que discute o uso das novas tecnologias na política. ‘Não fazer uso dessas plataformas seria tão ridículo quanto não ter usado o telefone ou o correio há 25 anos’, afirma.


No começo do ano, o Exército americano criou uma divisão dentro de seu Departamento de Relações Públicas para cuidar de assuntos online e sociais.


O diretor da unidade, o coronel Kevin Arata, afirmou que a busca por novas plataformas na rede é contínua e o objetivo não é apelar apenas para os soldados, mas também para suas famílias. ‘Nós sabemos onde eles estão e precisamos ir até eles’, afirmou Arata à agência de notícias Associated Press.


‘O nível de eficiência desse método é extremamente alto porque permite ao Pentágono identificar os interesses específicos de cada possível recruta’, explicou Rasiej. ‘A aproximação com o público também é muito maior porque os agentes que cuidam do recrutamento não precisam mais ficar limitados a palestras em faculdades ou encontros ocasionais com os interessados. Na internet, o contato pode ser feito todo o tempo, a qualquer hora.’


Além de ter lançado sua própria página no Facebook, o Exército americano também adicionou à sua página na internet jogos, uma ferramenta para facilitar o recrutamento online e uma seção que responde às perguntas mais comuns.


Entre as dúvidas dos candidatos estão questões curiosas, como se é permitido ter animais de estimação depois de alistado ou se o soldado pode se casar enquanto estiver servindo ao país.


‘Essa rede online que está sendo montada pode ser muito útil para o Departamento de Defesa no futuro’, afirmou Julie Barko Germany, diretora do Instituto para Política, Democracia e Internet da Universidade George Washington. ‘O Pentágono pode fazer uso dessa plataforma para estabelecer um canal mais direto com o povo americano e com o mundo ao divulgar suas ações de maneira mais transparente.’


A crise econômica mundial que atingiu os principais mercados globais também pode ser um fator extra no aumento de recrutas militares. Desde a invasão americana no Iraque, em março de 2003, o Exército foi alvo de muitas críticas por causa da alta impopularidade das operações militares.


‘Desde então, o Pentágono vem tendo muita dificuldade para recrutar novos soldados’, afirmou Rasiej. Contudo, de acordo com ele, o cenário atual da economia do país pode reverter o quadro negativo.


‘Sempre quando a economia vai mal e faltam empregos, é natural que o número de pessoas interessadas em trabalhar em setores militares aumente’, afirmou.’


 


 


CENSURA
AP


Irã bloqueia acesso ao Facebook


‘Em uma aparente tentativa de calar opositores um mês antes da eleição presidencial, o governo do Irã bloqueou ontem o acesso no país ao site de relacionamentos Facebook.


Blogs e sites, como o Facebook, tornaram-se uma importante ferramenta de campanha do principal candidato opositor, o reformista Mir Hossein Mousavi, que tenta mobilizar os jovens para a votação marcada para 12 de junho.


‘Todos os veículos de mídia que sejam vistos como prejudiciais ao presidente Mahmoud Ahmadinejad correm o risco de serem fechados’, afirmou Shahab Tabatabaei, principal conselheiro de Mousavi. ‘Limitar os competidores é assunto de alta prioridade para o governo’, disse.


Autoridades iranianas frequentemente bloqueiam sites e blogs que considerem uma ‘ameaça’ ao regime islâmico’. Mas o governo de Ahmadinejad não se pronunciou oficialmente sobre o caso.


‘Ficamos desapontados quando soubemos do bloqueio, especialmente agora, quando os eleitores estão usando a internet como fonte de informação’, disse um porta-voz do Facebook.’


 


 


JORNAL
Cley Scholz


Levy retoma a Gazeta Mercantil


‘A Companhia Brasileira de Mídia, do empresário Nelson Tanure, desistiu do jornal Gazeta Mercantil e anuncia oficialmente hoje que vai devolver o título ao empresário Luiz Fernando Levy. Em comunicado na primeira página do jornal, a empresa, que assumiu o controle do jornal em 2003, anuncia que continuará responsável pela edição só até o fim do mês.


O motivo da desistência é o acúmulo de decisões judiciais favoráveis a credores da Gazeta, especialmente da Justiça do Trabalho. Ao fechar o negócio com Levy, Tanure tinha a intenção de ficar apenas com o título do jornal, criando uma nova empresa, a CBM, deixando as pendências judiciais para a antiga empresa.


Os problemas financeiros da Gazeta vinham se agravando desde o fim do ano passado, provocando atrasos nos salários dos funcionários e no aluguel do imóvel ocupado na Rua Gomes de Carvalho, na zona sul de São Paulo.


No início deste mês, o Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (SP) suspendeu o termo de compromisso firmado pela Editora JB, do grupo de Nelson Tanure, para pagar a dívida trabalhista do jornal, que já estaria perto de R$ 200 milhões, segundo o site Consultor Jurídico.


O grupo de Tanure havia feito um acordo para pagar a dívida trabalhista em 35 vezes, mas só pagou 11 parcelas de 400 mil. Para garantir os seus créditos, os credores passaram a requisitar a penhora de bens e ativos financeiros das empresas do grupo. Toda a receita de publicidade do jornal passou a ser bloqueada, o que agravou a crise interna e os atrasos de salários.


A crise no jornal, que culminou na sua transferência para o grupo de Tanure, ocorreu no final da década de 90 e início dos anos 2000. Após anos de liderança absoluta entre os jornais especializados em economia, as contas da empresa se deterioraram, ao mesmo tempo em que a sua direção decidiu ampliar as áreas de atuação, com uma investimentos em internet e televisão.


O jornal passou pela crise e por uma drástica reestruturação nos últimos anos. Atualmente, conta com uma redação unificada com os demais produtos jornalísticos da empresa, o JB, Forbes e a agência InvestNews. Segundo o IVC, a tiragem diária do jornal é de 70 mil exemplares.


COLABORARAM MANUEL LUME E MARILI RIBEIRO’


 


 


TELEVISÃO
Keila Jimenez


‘Esse não é o meu mundo’


‘Nova tentativa da Globo no mercado hispânico, Louco Amor (1983), de Gilberto Braga, inaugura a parceria da rede com TV Azteca na produção mexicana de novelas brasileiras. É o segundo título do autor a ganhar versão internacional. O primeiro, Vale Tudo, com a Telemundo, naufragou, e não foi por falta de aviso de Braga. A Globo assegura que o autor terá ‘participação efetiva na adaptação’. Ao Estado, no entanto, Braga disse que sua participação será ‘nenhuma’.


Você participou da escolha de Louco Amor para a TV Azteca?


Sugeri o título porque me parecia apropriado ao projeto.


O que torna a história de Louco Amor mais universal que as outras?


Eu não diria mais universal, e sim mais simples, Louco Amor fez grande sucesso comercial no Brasil e na América do Sul.


Como será sua participação nessa adaptação?


Nenhuma.


Você será consultado sobre possíveis intervenções no texto ?


Sim, mas vou deixá-los totalmente livres.


Por que a versão hispânica de Vale Tudo não deu certo?


É uma novela mais complexa. Sobre o Brasil. De certa forma, sofisticada. Sempre fui contra o projeto, a direção da Globo sabe. Achava a novela mal escolhida. Eles queriam que Raquel e Maria de Fátima fossem irmãs, a relação de mãe e filha para este mercado é ‘sagrada’, quem raciocina assim não pode se interessar por Vale Tudo.


Como foi sua participação na adaptação de Vale Tudo?


Não acompanhei nada. Vi umas fotos. Não quero ter ligação com novelas em que as mulheres usam aqueles cabelos e aquelas maquiagens. Não é o meu mundo.’


 


 


INTERNET
Matthew Shirts


Meu destino virtual


‘Se você ainda não entrou no Facebook, ou FB, para os iniciados, sugiro dar uma olhada. Fica na internet. É só dar uma busca no Google. Sofre com um certo preconceito no Brasil, onde é visto, por vezes, como uma versão americana ou americanizada do Orkut, nada mais.


Tanto um como ou outro são chamados de sites de relacionamento. Trocam-se mensagens entre amigos e conhecidos virtuais. Os dois são americanos na origem. É que o Orkut chegou primeiro e foi logo dominado por jovens brasileiros. O Orkut é nosso, hoje. O idioma oficial é o português em sua versão digital e pós-futurista (na qual a reforma, digamos, ortográfica foi feita faz tempo e com entusiasmo). Isso é bacana por um lado e merece um estudo, mas teve o efeito inesperado de assustar os gringos, que bateram em retirada, tornando o Orkut, que é do Google, o menos internacional dos sites de relacionamento. Ou assim me parece, ao menos.


O Facebook mantém seu caráter mundial. Não enxergo ali fronteiras. Estão lá parentes americanos meus e amigos e colegas do mundo todo, de idades as mais diferentes. Escreve-se em diversos idiomas, com certa predominância do inglês, que faz o papel de língua franca. Obama participa, por exemplo. Minha prima Paula, aquela que é livreira em São Francisco, também. E muitos amigos brasileiros. Tentei convencer o professor Antônio Pedro Tota a se filiar. Mas ele declinou. Sua relação com o mundo virtual é marcada pela desconfiança.


Meu pai, que vive na Califórnia e gosta de uma tecnologia nova, entrou no FB, onde descobriu ramos surpreendentes da família Shirts, espalhados pelos Estados Unidos. Os Shirts de hoje descendem de pioneiros mórmons, daqueles que atravessaram a pé os Estados Unidos no século 19, fugindo da perseguição religiosa. Ao que tudo indica, a família, parte dela, ao menos, cultiva ainda a excentricidade como traço predominante. Cada figura! Um deles se apresenta com capacete e óculos de aviador da década de 1920. Deve ter uns 50 anos de idade. Utiliza os recursos eletrônicos do FB para oferecer drinques virtuais exóticos, como o ‘bomba de saquê’, aos parentes, com insistência. Outro discute o Velho Testamento com relatos da sua mais recente pontuação em jogos eletrônicos.


Um dos componentes mais divertidos do Facebook são os quizzes, ou testes de personalidade. Existem centenas. Funcionam assim: responde-se a uma série de perguntas sobre atitudes e preferências pessoais e depois se publicam os resultados para seus amigos comentarem (se quiserem). Num desses testes, ‘com qual celebridade você deveria se casar?’, concluiu-se que o par mais indicado no meu caso seria a Angelina Jolie. O resultado me impressionou, confesso. Sempre suspeitei disso. Poderia existir um pouco de ciência nos quizzes do Facebook?, perguntei a mim mesmo.


Comecei a pesquisar. Fiz todos os testes que me pareceram relevantes. Se eu fosse uma marca de tênis, seria All Star, ponderou o Facebook, daqueles de cano alto, preto, mais clássico. Até aí, nada mal. Tive muitos All Stars, tenho ainda. O diretor de cinema mais indicado para dirigir um filme sobre minha vida é Woody Allen. Veja bem, não sou eu a dizer isso. É o computador. Apenas respondi, e com franqueza, diga-se, às perguntas.


Este resultado me deixou feliz. Significa que a versão em película da minha passagem pela Terra traria belas mulheres e piadas engraçadas. Se eu fosse um personagem do filme Vicky Cristina Barcelona, aliás, do mesmo Woody Allen, seria eu o Javier Bardem, aquele bonitão espanhol, artista plástico e bebedor de vinho, que namora a Penélope Cruz e a Scarlett Johansson.


Há destinos piores, convenhamos.’


 


 


 


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