Tuesday, 16 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1283

O jornalismo e o direito

Não há como cobrar dos profissionais da imprensa conhecimento aprofundado sobre as diversas temáticas abordadas no cotidiano jornalístico. Como se sabe, a profissão de jornalista requer de seus profissionais uma gama de informações que perpassa em muito a formação oferecida pelas instituições de ensino superior, sobretudo se se considerar que os currículos têm se tornados cada vez mais pragmáticos, de modo a atender às exigências do mercado. Para além dessa constatação, há de se considerar que deve haver um mínimo de polidez no levantamento das informações colhidas por esses indivíduos e que serão veiculadas no noticiário.

Com relação à abordagem sobre o Direito, é comum se encontrar notícias que não só não garantem precisão da informação, como também distorcem por completo o que está sendo noticiado. Esta semana (07/12), por exemplo, o Jornal da Globo veiculou uma matéria intitulada ‘Senado aprova projeto que muda Código Penal Brasileiro’. Tratava-se de um link ao vivo, direto de Brasília, em que o apresentador William Waack falava com a repórter Marina Franceschini, a qual informava que o projeto, contendo mais de setecentos artigos, havia sido aprovado de formada simbólica, uma vez que havia, segundo a jornalista, menos de dez parlamentares no plenário na hora da votação. À intervenção ao vivo seguiu-se uma apresentação (ao que tudo indica gravada) que mostrava as principais mudanças no dispositivo legal.

Um mínimo de precisão

Na verdade, a informação se referia às mudanças aprovadas no Senado sobre o Código de Processo Penal, e não sobre o Código Penal, como informava o jornal. O projeto, que teve como relator o senador Renato Casagrande, do PSB capixaba, tem como objetivo acelerar o trâmite dos processos judiciais na área penal e já está sendo chamado de ‘Novo Código de Processo Penal’, em virtude das amplas mudanças acertadas no documento.

Voltamos a insistir na ideia de que não é possível aos profissionais do jornalismo dar conta da variedade de dados das diferentes temáticas desenvolvidas no seu afazer. Entretanto, o que o cidadão espera é um mínimo de precisão no que está sendo difundido. Afinal de contas, é dessa informação que será forjada uma opinião sobre o que está sendo posto – nesse caso, a ideia sobre o Direito e, principalmente, a ideia sobre os direitos.

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Bibliotecário, estudante de Direito e mestrando em Políticas Públicas e Formação Humana, Rio de Janeiro, RJ