Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Pânico desiste de mostrar Suplicy de sunga vermelha


Leia abaixo a seleção de terça-feira para a seção Entre Aspas.


 


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O Estado de S. Paulo


Terça-feira, 20 de outubro de 2009


 


DECORO


Carol Pires


Suplicy se livra de investigação por desfilar de sunga para TV


‘O corregedor-geral do Senado, senador Romeu Tuma (PTB-SP), desistiu de abrir investigação contra o senador Eduardo Suplicy (PT-SP), que, na quarta-feira da semana passada, desfilou pelos corredores da Casa trajando uma sunga vermelha por cima da calça social. A brincadeira do senador atendeu a um pedido da apresentadora da Rede TV!, Sabrina Sato, que alegou que ele ficaria parecido com o ‘Super-homem’ se vestisse a indumentária. Após o ocorrido, Suplicy foi alvo de críticas de senadores que o acusaram de quebrar o decoro parlamentar.


Tuma pretendia, ao final da investigação, advertir Suplicy sobre a má repercussão do fato. Ontem, no entanto, o corregedor anunciou que vai apenas produzir um relatório sobre como se comportar em entrevistas a programas de humor e distribuí-lo aos senadores. ‘Este episódio serviu de alerta de que tem coisas que a gente deve aceitar e outras não’, disse o corregedor.


Na avaliação de Tuma, o Senado está em processo de restabelecimento da imagem perante a opinião pública e abrir investigação contra Suplicy neste momento ‘causaria um problema maior’. ‘Ele tomou as providências para evitar que a cena fosse exibida, também me telefonou no sábado para explicar o ocorrido, as informações foram confirmadas pela Sabrina Sato. Então, eu achei melhor não dar corda para isto e evitar que o senador seja levado ao Conselho de Ética’.


A cena na qual Suplicy desfila pelo Senado com a sunga vermelha não foi exibida pelo programa Pânico na TV!, que foi ao ar na noite de domingo. O desfile durou cerca de um minuto e o senador defendeu-se dizendo que o pedido da apresentadora foi ‘amável’. Em nota à imprensa, ele informou que conversou com os produtores do programa e pediu que a cena fosse cortada da reportagem.


Os produtores atenderam ao pedido porque não tiveram a intenção de provocar nenhuma ofensa ou diminuição de sua imagem ou do Senado, afirmou o senador. ‘Estou de acordo, conforme tantos amigos me disseram, que teria sido melhor não ter atendido ao insistente apelo de Sabrina’, concluiu.’


 


 


LIBERDADE DE IMPRENSA


Moacir Assunção


‘Não há justificativa para a censura do TJ-DF ao jornal’


‘A socióloga e professora da Universidade de São Paulo (USP) Maria Vitória Benevides não consegue imaginar nenhum ângulo que possa, ao menos remotamente, justificar a censura ao Estado desde 31 de julho pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJ-DF). ‘Podemos entender restrições a um veículo de comunicação em situações excepcionais de exceção, por força de proteção de sigilo diplomático ou de grupos vulneráveis da sociedade, entre as quais crianças, e contra a incitação à violência, mas jamais numa situação em que são veiculadas matérias informativas de interesse da população – o que é o caso’, comentou.


A intelectual vê a censura, após ação movida pelo empresário Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), como ‘um exemplo paradigmático da persistência de velhas tradições coronelísticas na política brasileira’.


‘Se estivesse vivo, Raymundo Faoro já teria se pronunciado sobre esse escândalo, que demonstra a força das oligarquias não só no Legislativo, como no Judiciário e no Executivo’, afirmou. Faoro é o autor do clássico livro Os Donos do Poder, de 1958, que analisa o mandonismo na tradição política brasileira.


Para a professora, o caso dos Sarney e da censura tem muitas semelhanças com os métodos do senador baiano Antônio Carlos Magalhães, morto em 2007. ‘Há uma cumplicidade do Poder Judiciário com isso, o que é extremamente lamentável. Por outro lado, vemos um silêncio estarrecedor de outros setores do Estado que deveriam denunciar a afronta a um direito irrevogável da Constituição, a liberdade de opinião’, afirmou.


No caso específico da família Sarney, a socióloga disse estranhar certa ‘seletividade’ da Justiça, que não teria agido da mesma forma em outros casos. Em sua opinião, isso pode ter ocorrido porque, justamente no momento em que se iniciou a mordaça ao Estado, os Sarney enfrentavam uma crise de credibilidade.


‘A filha Roseana assumiu o governo do Maranhão em uma posse muito discutível, seu irmão Fernando estava sob investigação da Polícia Federal e o pai, José Sarney, enfrentava vários problemas no Senado’, disse.


INDICIADO


Fernando, que teve pedido de liminar contra o Estado acolhido pelo desembargador Dácio Vieira – depois afastado do caso por suspeição -, foi indiciado pela PF por lavagem de dinheiro, tráfico de influência, formação de quadrilha e falsidade ideológica. Além disso, apareceu em gravações autorizadas pela Justiça tratando de distribuição de cargos no Senado para parentes.


Depois de recursos do Estado, Vieira acabou afastado do caso, mas a decisão de censura foi mantida. O TJ-DF determinou a remessa do processo ao Maranhão.’


 


 


HONDURAS


Roberto Simon


Canais reabrem após fim de estado de sítio em Honduras


‘Um dia após representantes do Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos chegarem a Honduras, o governo de facto de Roberto Micheletti publicou ontem a revogação oficial do estado de sítio. A medida de exceção havia sido imposta no dia 22, logo depois de o presidente deposto Manuel Zelaya retornar clandestinamente ao país. Com o recuo, a Rádio Globo e o Canal 23 – as duas principais vozes zelaystas, que haviam sido fechadas – voltaram ao ar.


Micheletti havia prometido no dia 5 revogar o estado de emergência, mas a medida só foi publicada no Diário Oficial ontem. Segundo o governo de facto, a impressora que seria usada estava ‘com problemas’.


‘Aproveitamos a presença da ONU para reabrir’, afirmou ao Estado David Romero, diretor da Rádio Globo. Embora comemore o reinício das atividades, Romero admite que a rádio estará submetida a uma espécie de autocensura. ‘Pedimos a todos que evitem adjetivos qualificativos, palavras grosseiras e qualquer tipo de violência verbal.’ Um decreto adicional que fora publicado pelo governo de facto há oito dias e continua em vigência, segundo o qual empresas de comunicação que ‘incitarem a anarquia’ terão licenças cassadas, ainda ameaça veículos pró-Zelaya.


O equipamento da Rádio Globo, confiscado por militares e policiais no dia 28, até agora não foi devolvido. ‘Estamos na Justiça atrás disso’, disse Romero. A Rádio Globo foi alvo de duras críticas por ter insinuado uma conspiração judaica em Honduras e até exaltado Adolf Hitler. O Canal 36 de TV, também amplamente favorável a Zelaya, voltou ao ar no fim da tarde de ontem.


A maior parte da imprensa hondurenha apoia o golpe contra Zelaya e as medidas de exceção do governo de facto. Desde a classificação de Honduras para a Copa de 2010, a interminável disputa política deixou as principais páginas do noticiário nacional. O Exército, a Suprema Corte, a Igreja e organizações do empresariado também continuam favoráveis ao governo de facto de Micheletti.


Apesar de o estado de sítio estar tecnicamente suspenso, manifestantes pró-Zelaya continuaram ontem a evitar marchar pelas ruas de Tegucigalpa. Reunidos na esquina do hotel onde ocorrem as negociações, cerca de 200 membros da Frente Nacional de Resistência (FNR) mantinham-se confinados em um terreno baldio cedido por um simpatizante.


INVESTIGAÇÃO


Vinda de Genebra, a comissão da ONU deverá apurar a partir de hoje violações dos direitos humanos cometidas em Honduras desde 28 de junho, quando militares enviaram Zelaya de pijamas para a Costa Rica. O grupo é liderado por Liliana Valiña, que atuou como investigadora no México, e por Roberto Desogus, que trabalhou na Colômbia. Estima-se que a violência iniciada com o golpe deixou pelo menos 13 pessoas mortas. Uma investigação dos crimes cometidos no interior do país, porém, poderá elevar ainda mais a cifra.


Embora não reconheça o governo de facto, a ONU deverá se reunir com autoridades que atualmente ocupam os três poderes. Os investigadores também pretendem se encontrar com Zelaya na embaixada brasileira, onde o presidente de facto está abrigado desde o dia 21.


Os funcionários da ONU permanecerão no país até o dia 7. No entanto, estima-se que o relatório final da investigação seja apresentado ao Conselho de Direitos Humanos da organização apenas em março.


Teoricamente, o processo pode levar a uma resolução vinculante do Conselho de Segurança e até mesmo a uma investigação internacional. Mas essas possibilidades são remotas.


A Assembleia-Geral da ONU aprovou em julho uma resolução contra o golpe e o Conselho de Segurança emitiu um texto exigindo que o governo de facto respeite a integridade da embaixada brasileira. Fontes do Itamaraty disseram ao Estado que, caso o diálogo não evolua esta semana, a Organização dos Estados Americanos (OEA) também planeja medidas adicionais.’


 


 


RIO 2016


Jamil Chade


Mídia estrangeira repercute violência no Rio e Paes se explica em Londres


‘A violência no Rio repercute internacionalmente e muitos questionam se a cidade terá capacidade de organizar a Olimpíada de 2016. Ontem, o prefeito Eduardo Paes foi bombardeado por questões sobre a segurança durante seu primeiro ‘road show’ no exterior para atrair investimentos para os Jogos. Em uma conferência em Londres, Paes tentou acalmar o público europeu.


‘Nunca escondemos nossos problemas. Sempre dissemos que temos problemas e estamos enfrentando’, disse Paes ao Global Sports Industry Summit. Ele garantiu que está sendo ‘duro’ com a violência. ‘Temos certeza de que poderemos organizar Jogos seguros’, insistindo que, em 2016, a violência não será a mesma.


Para evitar a polêmica, o Comitê Olímpico Internacional (COI) optou pela diplomacia. ‘A segurança é claramente um aspecto muito importante de quaisquer Jogos olímpicos, onde quer que ocorram. Isso é de responsabilidade integral de autoridades municipais, regionais e nacionais. Temos confiança na capacidade dessas autoridades em organizar Jogos seguros em sete anos’, disse Mark Adams, porta-voz do COI.


A imprensa internacional não poupou o Rio. Na Espanha, o jornal El País destacou em sua edição de ontem a violência na cidade. ‘Grupos delinquentes continuam fortemente armados, algo que lhes dá poder de fogo que preocupa bastante as autoridades cariocas, principalmente tendo em vista os Jogos olímpicos’, afirmou o jornal.


Nos Estados Unidos, as dúvidas sobre a escolha do Rio também reapareceram. A agência de notícias Associated Press afirmou que o Rio ‘tem uma batalha dura pela frente’ e lembrou que o local de enfrentamentos está a 8 quilômetros de onde estaria a Vila Olímpica. Para o The Independent de Londres, o Rio ‘é considerada uma das cidades mais violentas do mundo’. ‘Mas o espasmo do sábado foi intenso, forçando autoridades do governo a enviar palavras tranquilizadoras em relação aos Jogos.’ Na França, o jornal Libération aponta que o caos do fim de semana ‘dá a medida do desafio que espera as autoridades’ antes dos jogos.’


 


 


TELEVISÃO


Keila Jimenez


Bichinhos virtuais


‘Para quem acreditava que os reality shows chegaram ao seu limite de criatividade, vem aí um confinamento pra lá de bizarro: seres humanos viram uma espécie de pet web, bichinhos de estimação virtuais.


O susto foi apresentado como produção inovadora de uma TV de Israel a produtoras e emissoras de todo o mundo na feira de audiovisual MipCom,há duas semanas, em Cannes.


Em uMan, participantes são uma espécie de tamagoshis (bichinhos virtuais que são alimentados, dormem, divertem-se de acordo com o gosto e a lembrança de seus donos). Confinados em uma casa branca, os concorrentes são 24 horas por dia monitorados via web pela audiência. O público, por meio de votos, é quem decide quando cada um deles come, conversa, toma banho, diverte-se, dorme, troca de roupa, entre outras coisas. A audiência funciona como ‘dona virtual’ dos confinados.


Cada concorrente tem um grau de popularidade, medido por acessos, que funciona como combustível de vida. Os mais ignorados vão perdendo combustível. Os participantes esquecidos por seus donos, morrem – para a competição, claro – e são eliminados.’


 


 


 


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Folha de S. Paulo


Terça-feira, 20 de outubro de 2009


 


DECORO


Fernando de Barros e Silva


A cueca do Suplicy


‘SÃO PAULO – Além de país da piada pronta, agora somos o país da piada ao contrário: o ‘Pânico na TV’ decidiu proteger Eduardo Suplicy de si mesmo. A pedido do senador, o programa humorístico exibido domingo à noite concordou em retirar do ar a cena em que ele, vestindo uma cueca vermelha sobre o terno, corria imitando o Super-Homem pelo salão azul do Senado.


O espírito cívico de Sabrina Sato e sua turma deu chance para que o corregedor da Casa, Romeu Tuma, se apressasse em fazer aquilo de que mais gosta: arquivar investigações contra os colegas. Salvo também pelo ‘Pânico’, o xerife, desta vez, foi poupado de vexame maior.


Sim, porque a cena de Suplicy com a cueca vermelha é obviamente ridícula e inadequada, mas sugerir, no Senado de José Sarney, dos atos secretos e dos compadrios descarados, que brincar de Super-Homem configure quebra de decoro parece -aí sim- piada de salão.


Não será se agarrando ao moralismo mais tacanho que os senadores irão reparar seu notório descaso pela moralidade pública. E não foi por causa dos talentos artísticos de Suplicy que o Congresso -e em particular o Senado- se tornou parada obrigatória do ‘Pânico’.


De resto, é muito ilustrativo dos hábitos machistas que vários dos marmanjos eleitos ali se prestem ao papel de assistentes de palco de Sabrina Sato, desempenhando sorridentes diante das câmeras os números mais lamentáveis.


Suplicy, nesse aspecto, se beneficia da fama de sonso. Há quem o considere uma presa fácil da mídia, mas também quem aponte sua habilidade para atrair as atenções sobre si. Em qualquer caso, o senador do PT lembra uma criança grande.


Ele talvez seja o Brás Cubas do Senado. A renda mínima é seu emplastro, sua ideia fixa, o brinquedo da sua vida. Da cueca às políticas públicas, tudo parece se infantilizar e assumir feições lúdicas nas mãos de Suplicy. Deixemos Eduardinho brincar de super-herói com sua amiguinha. Que mal há nisso?’


 


 


Folha de S. Paulo


Investigação contra Suplicy é arquivada


‘O corregedor do Senado, Romeu Tuma (PTB-SP), arquivou a investigação contra o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) por ter usado uma sunga por cima do terno na Casa. Tuma disse que, como a cena não foi exibida pelo programa ‘Pânico na TV’, da Rede TV!, o possível desgaste da imagem do Congresso foi minimizado.’


 


 


Mônica Bergamo


Herói invisível


‘Eduardo Suplicy (PT-SP) foi um dos poucos que pôde ver a cena do ‘Pânico na TV’ em que veste uma sunga vermelha em pleno Senado. Antes de decidirem não levar a cena ao ar, a pedido do próprio senador, o líder do grupo, Emílio Surita, e o diretor do programa, Alan Rapp, mostraram as imagens ao petista. A conclusão foi a de que elas poderiam ‘ter utilização política’. ‘E não queremos prejudicar ninguém’, diz Surita.’


 


 


POLÍTICA CULTURAL


José do Nascimento Júnior


Cultura Vale-Cultura


‘O BRASIL vive um momento ímpar na conquista de sua autoestima. Crescemos escutando que éramos o país do futuro, mas sempre vinha um ‘mas’, sempre vinham reticências sinalizando que deveríamos esperar o bolo crescer para distribuir…


Agora vivemos o momento da Copa 2014, da Olimpíada 2016, do pré-sal. E somos o primeiro país a sair da crise, apesar da torcida contra.


Estamos em uma agenda positiva.


Nunca o Estado brasileiro teve tanta capacidade de investir como agora, mesmo com a presença daqueles saudosos da agenda neoliberal, que propunham o Estado mínimo, as privatizações, com os que estão de plantão, esperando a oportunidade de ressurgir, mesmo assistindo à meca neoliberal ruir diante de todos.


Na contramão da agenda neoliberal, surge uma nova agenda política, a da cultura, que passa a ocupar papel central nas ações governamentais.


O conjunto das políticas públicas de cultura tem sido percebido como fator de desenvolvimento econômico e de inclusão social, o que implica o reconhecimento da cultura como área estratégica para o desenvolvimento do país.


A cultura deixa de ser um bom negócio, como alguns pregavam há alguns anos, para ser de fato assunto público, ou seja, de política pública.


A dívida do Estado brasileiro com uma política cultural de caráter público começa a ser resgatada. O lançamento do programa Mais Cultura, do governo federal, é o resultado desse resgate.


Sob a liderança do ministro Gilberto Gil (2003-2008) e agora do ministro Juca Ferreira, o Ministério da Cultura constituiu-se como indutor e interlocutor de políticas culturais e conseguiu colocar na agenda do país a cultura com o peso que deve ter.


Pode parecer, mas não é pouca coisa o presidente Lula incluir a cultura como um dos setores beneficiários do Fundo Social do Pré-Sal.


No Congresso Nacional, passam pelo mesmo fenômeno os congressistas. Estão consagrando 2009 como o ano da cultura e priorizando a tramitação de diversas iniciativas legislativas do setor.


Mencionamos a PEC 150/2003, que destina 2% do Orçamento às políticas culturais federais e estabelece percentuais para Estados e municípios, a PEC 416/2005, que cria o Sistema Nacional de Cultura, a reforma da Lei Rouanet -transformando-a em um instrumento de fomento das políticas culturais-, o Plano Nacional de Cultura -projeto estruturante de ações para a cultura nacional- e, agora, o Vale-Cultura, mais um instrumento de fomento e democratização do acesso aos bens culturais.


Essas são apenas algumas iniciativas dentro de um conjunto de projetos setoriais estruturantes das políticas culturais de museus, artes cênicas, artes visuais, audiovisual etc.


O Vale-Cultura vem para dar possibilidade a um conjunto significativo de trabalhadores de matar sua fome de cultura. Acabar, por exemplo, com a diferença entre os que podem ir à livraria e os que não podem e só vão às bibliotecas públicas. Ambas de imensurável importância, mas, com esse novo instrumento, cria-se uma situação mais igualitária, de acesso amplo e democrático aos bens culturais.


A cultura passa agora a valer o quanto pesa.


As políticas públicas de cultura a cada dia se aproximam mais e mais da realidade dos cidadãos, incorporando o tema no cotidiano da população, ou melhor, fazendo parte da cesta básica dos brasileiros, com a compra de livros e CDs, a ida a espetáculos teatrais, museus e cinemas.


A iniciativa do Vale Cultura tem um caráter tão estratégico e inédito que outros países do continente já estão atentos, buscando meios para reproduzir a ação.


O desafio agora é também a estruturação da economia da cultura para absorver esse conjunto de trabalhadores que passam a ser consumidores de bens e produtos culturais Como afirma Jesús Martín-Barbero, intelectual espano-colombiano: ‘Fazer um país é mais que possibilitar que aquilo que se produz em uma região possa chegar às outras, que o que se produz em outra região chegue aos portos para ser exportado. Fazer um país é também um projeto político e cultural’.


O fato é que a cultura foi colocada no centro dos debates de agora e do futuro de nosso país e assume, graças à mobilização do setor cultural e dos gestores públicos e privados, o seu peso econômico, político e social.


Certamente consolidaremos essas políticas durante a 2ª Conferência Nacional de Cultura, em março de 2010, com uma grande mobilização da cidadania para consagrar essas conquistas.


JOSÉ DO NASCIMENTO JÚNIOR , 43, antropólogo, é presidente do Instituto Brasileiro de Museus/Ministério da Cultura.’


 


 


CÂMARA


Folha de S. Paulo


Volta da exigência de diploma a jornalista tem apoio de relator


‘Com parecer favorável, a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara deve votar amanhã proposta de emenda constitucional que tenta reativar a exigência de diploma de jornalismo para o exercício da profissão.


Relator do assunto, o deputado Maurício Rands (PT-PE) deu parecer favorável ao retorno da obrigatoriedade, derrubada pela maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal em junho.


Na ocasião, 8 dos 9 ministros entenderam que restringir o exercício do jornalismo a quem tem diploma afronta o princípio constitucional da liberdade de expressão. Após a decisão, três deputados apresentaram os projetos para tentar retomar a obrigatoriedade. Outro projeto similar está em análise na CCJ do Senado.


Em seu parecer, Rands diz que não vislumbra na exigência de diploma ‘ofensa a princípios constitucionais’.


Se aprovado na CCJ, o texto será analisado por comissão especial, passo anterior à votação em plenário, onde precisa do voto de ao menos 60% dos deputados, em dois turnos, para ser aprovado. Depois, segue para o Senado.


Entidades como Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão) e ANJ (Associação Nacional de Jornais) são contra a exigência. ‘Volta da exigência do diploma é retrocesso, fadada a ser considerada inconstitucional pelo STF’, disse o diretor-executivo da ANJ, Ricardo Pedreira.


Já entidades representativas dos jornalistas defendem a obrigatoriedade. ‘A lei deve resguardar que o jornalismo seja feito por jornalistas. Qualquer órgão de imprensa traz análises feitas por não jornalistas. Isso não é objeto de questionamento’, disse Sérgio Murillo de Andrade, presidente da Federação Nacional dos Jornalistas.’


 


 


TODA MÍDIA


Nelson de Sá


Imposto e ‘high speed’


‘Manchete de Reuters Brasil, ‘Brasil Econômico’, UOL e outros, ‘Capital estrangeiro será taxado em 2% a partir de terça’, hoje. Pouco depois, era o quinto destaque na home page do ‘Wall Street Journal’, ‘Brasil busca resfriar o real quente’.


Pouco antes, o londrino ‘Financial Times’ saudava a estreia da ‘quente’ Bovespa em ‘CEP (complex event processing), uma plataforma de alta velocidade (high-speed trading) para estrangeiros’.


Antes ainda, manchete do ‘Valor’, ‘Fim da crise agita bancos à procura de milionários’. Goldman, Morgan Stanley, JP Morgan, Itaú Unibanco disputam a ‘gestão de fortunas (private banking)’.


ZONA DE RISCO


Enunciado no londrino ‘Observer’, com foto do Pão de Açúcar, ‘Brasil, Índia e China devem agora formar parte central dos portfólios’. E na ‘Adviser’, revista do ‘FT’, ‘Todo um novo mundo’, sobre oportunidades nos Brics e outros emergentes ‘como a Venezuela’.


Por outro lado, o site financeiro TheStreet.com alertou: ‘Fundos dos mercados emergentes entram em zona de risco’. Estão ‘pegando fogo, mas em quase todos os casos no passado eles desabaram pouco depois de alcançarem retorno de 100% ao ano’, como agora.


A POTÊNCIA A ACOMPANHAR


O mesmo ‘FT’ dá o título acima para a coluna de ‘negócios e sociedade’ em que Michael Skapinker relata sua primeira viagem ao Brasil e aposta no país como ‘a maior notícia do próximo ano’ e ‘por muitos anos mais’, mencionando a economia, os Jogos e até o Rio, com toda a violência.


POTÊNCIA NUCLEAR?


Andres Oppenheimer, colunista do ‘Miami Herald’, fala à Efe sobre o lançamento de seu livro ‘Estados Desunidos das Américas’. No título, ‘Oppenheimer diz que Brasil pode arrastar América Latina para maior pragmatismo’, como teria feito a China na Ásia.


Na coluna, na mesma linha: ‘Brasil potência nuclear? Provavelmente não’. Cita a aposta de Lula de que o país será a quinta economia em dez anos e opina que o Brasil ‘quer se manter um bom cidadão global’.


COMPETIÇÃO ARMADA


No ‘New York Times’, ‘Venda de jato francês revela mercado duro para empresas de armamentos’, dizendo que as exigências à Dassault no Brasil ‘ilustram as pressões da competição num mercado global mais apertado’.


JOGOS DE GUERRA


Na manchete do peruano ‘La Razón’, ‘Chile inicia seus joguinhos de guerra’, sobre os exercícios do Chile com EUA, França, Brasil e Argentina. A BBC diz que o treino, segundo o Chile, visa a ‘forçar um país a respeitar as leis’.


DEPOIS DO TERROR


Os comandos do tráfico foram manchete nos portais e telejornais, mas sem enunciado definido, destacando as operações no Rio, a polêmica quanto à ordem dada de um presídio federal, discurso de Lula etc.


A Reuters Brasil, em manchete ao longo da tarde, focou R$ 100 milhões da União para ‘reforçar a polícia no Rio’, no anúncio do governador. E o ‘Jornal Nacional’ voltou à repercussão em agências e sites.


‘WEEDS’


Do ‘NYT’ ao Drudge Report (acima, anunciando ‘Tempos chapados’), o Departamento de Justiça de Barack Obama ‘decidiu não perseguir mais o uso medicinal de maconha’, inclusive ‘aqueles que distribuem’.


A TV SALVA


Na nova ‘Foreign Policy’, ‘Como a TV ainda pode salvar o mundo’. Em texto focado nos emergentes, Índia em especial, a revista cita os estudos que mostram como as novelas da Globo, por exemplo, reduziram a natalidade no regime militar _e sugere que isso poderia se repetir em outros.


Sublinha que ‘o papel menos positivo da Globo, em termos de enviesamento do noticiário’, tem como contraponto hoje, no mundo e no Brasil, ‘a proliferação dos canais’. Citando Collor, avalia que os ‘controladores da TV tem menos poder para mudar eleições’.


A CRISE CONTINUA


Cinco dias depois de anunciar que não vai mais vender o ‘Boston Globe’, porque suas ‘finanças melhoraram’, o ‘New York Times’ anunciou um programa de demissões para ‘eliminar cem vagas’ em sua própria redação, 8% do total, por ‘queda na publicidade’.’


 


 


EUA


Folha de S. Paulo


Pais de menino do balão podem ser acusados de conspiração


‘Richard e Mayumi Heene, que mobilizaram as autoridades dos EUA para buscar um balão que diziam voar com seu filho de seis anos dentro, na quinta-feira passada, podem ser acusados formalmente de conspiração, de contribuir para a delinquência de um menor e de fazer uma falsa denúncia, segundo a polícia do Estado do Colorado.


O advogado dos Heene disse que o casal se entregará se for acusado. Uma condenação pode resultar em pena de até seis anos de prisão e multa de US$ 500 mil.


As autoridades acusam os Heene de trote e dizem que o casal -que participou do reality show ‘Troca de Esposas’- estava em contato com uma produtora para criar um novo programa de TV, que o mostraria como cientistas amadores. Richard usava o balão de hélio para caçar tornados e defendia que os humanos são descendentes de extraterrestres.


Um suposto parceiro de Richard na empreitada televisiva vendeu a um site nos EUA supostos e-mails entre os dois, que indicam que o trote do balão fora planejado meses atrás, para promover o reality show.’


 


 


TELEVISÃO


Rodrigo Russo


MTV prepara programas de verão e especiais para Copa


‘A MTV já está definindo as atrações para o ano que vem. Além da programação de verão, entre janeiro e fevereiro, que apostará no humor, o canal também tem novidades para a Copa do Mundo.


Para o verão, já está confirmado o novo programa ‘Alta Gastronomia de Camping’. Com apresentação de Bento Ribeiro e Fábio Rabin, em um formato definido pela emissora como ‘fake reality doc’, o programa pretende falar sobre comportamento masculino.


Os dois humoristas passarão o verão em uma barraca em Florianópolis, de onde só conseguirão ouvir uma estação de rádio apresentada pelo VJ Didi.


Raquel Affonso, gerente de programação da MTV, aposta na atração como o maior sucesso da temporada, com chance de entrar para a grade fixa, como aconteceu com o ‘Furfles’ em 2009.


Outras atrações confirmadas são o ‘Lobão ao Mar’ e o ‘MTV na Praia’, já apresentados em 2009. Marcelo Adnet segue como ‘15Minutos’, que sai do estúdio e será gravado nas ruas do rio de Janeiro.


Para a Copa do Mundo, um VJ irá à África do Sul, de onde apresentará um reality show com duração de no máximo 15 minutos. Além disso, o ‘Rock Gol’ começa o ano já com o quadro ‘Momento Copa’, e um campeonato de futebol em vídeo game estreia em março.


Formado por 16 duplas, compostas de um artista e um espectador, o programa dará ao campeão a ida à África do Sul para ajudar a cobrir a Copa. ‘É a maior cobertura da MTV de uma Copa, sem os jogos da Copa’, brinca Raquel.


BOFE DE ELITE


O quadro ‘Bofe de Elite’, sátira feita pelo ‘Show do Tom’ ao filme ‘Tropa de Elite’, fará parte do especial de fim de ano do apresentador Tom Cavalcante, na Record. Com participação de Alexandre Frota como o’ Capitão Monumento’, o humorístico tem como mote a preparação da segurança do Rio de Janeiro para a Olimpíada de 2016.


SOLETRANDO


Daniela Beyruti, diretora do SBT,escreveu em sua página no Twitter que ‘Solitários’,um novo reality show do canal, apresenta um ‘conseito’diferente. Em outra mensagem, escrita pouco depois, a filha de Silvio Santos admitiu a internautas o seu erro.


PRÊMIOS NICK


Um mês depois da edição 2009 do ‘Meus Prêmios Nick’, do infantil Nickelodeon, a emissorajá renovou três patrocínios para 2010. Neste ano, durante o evento, o canal foi líder do público de 12 a 17 anos com TV por assinatura.


UM ANO DE ESTÚDIO


No aniversário de um ano do ‘Estúdio i’,no dia 27, o programa apresentado por Maria Beltrão na Globo News terá duas horas de duração e a cantora Paula Toller como convidada.


EMPATE Com o jogador Ronaldo,o ‘Programa Silvio Santos’ teve média de 12 pontos no Ibope, conseguindo um empate com o ‘Programa do Gugu’.’


 


 


Clarice Cardoso


‘Nós 3’ retrata juventude da classe média carioca


‘Dramas juvenis de turmas com 20 e poucos anos sempre foram caldo para reality shows.


Não se trata tanto do caso dos malhados BBBs, mas de programas como o clássico americano ‘The Real World’ ou os nacionais ‘As Quebradeiras’ e ‘20 e Poucos Anos’, da MTV.


Nos EUA, a emissora achou um pote de ouro quando deu a Lauren Conrad, de ‘Laguna Beach’, seu próprio programa.


Logo, ‘The Hills’ transformou as protagonistas em celebridades, a ponto de outra delas ganhar o seu ‘The City’. Todos com formato e cara parecidos.


No Brasil, o Multishow, que exibe a franquia, lança ‘Nós 3’, simpático reality que acompanha o dia a dia das cariocas Cix, 23, Yasmin, 21, e Dinha, 22, em casa, no trabalho e na balada.


Com clima descolado, do ritmo da edição à inclusão de bandas nem tão conhecidas na trilha sonora, o programa aposta em fórmula parecida com a do bem-sucedido americano.


‘Claro que lembra ‘The Hills’, é uma das nossas referências. Seria ridículo a gente dizer que não’, diz um dos diretores, Bruno Natal, 31. ‘O Twitter tá entupido de gente falando isso para elogiar ou para reclamar. Para mim, é um elogio.’


‘Não procuramos pessoas para o formato, já tínhamos as pessoas e buscamos o formato’, diz o outro diretor, Tiago Lins, 30. ‘Pegamos a ideia de fazer algo bem acabado, com o mesmo cuidado com que se faz ficção. Nada de sair correndo com a câmera na mão.’


A iniciativa do programa partiu, de certa forma, das próprias garotas. ‘Elas sempre tiveram a abertura de publicar o que faziam em Fotolog, Orkut. Aí, começaram a se gravar para colocar no YouTube’, diz Lins, que as conheceu em uma festa e as ajudou a organizar esse primeiro material e publicá-lo no site.


‘Quando o Lins me mandou o link, falei: ‘Aí tem coisa, é uma grande entrada em um grupinho desses’.’, conta Natal. No vídeo, elas reclamavam de ir a uma festa sem dinheiro até o pai de uma dar R$ 50 para que elas não se estressassem.


‘R$ 50 não é pouco dinheiro. Você não vê na TV alguém falar: ‘Toma, faz o que você quiser’.


Por que documentário só mostra pobreza e miséria? O cara é pobre e tem que abrir a porta para todo mundo, mostrar a desgraça, a casa esburacada.


Queremos mostrar um recorte social que não se vê’, diz Natal.


Coisas de menina


‘É interessante para os homens ouvirem o que as mulheres falam antes de entrar na boate, no banheiro…’, diz Lins sobre os ‘draminhas de menina’ que acompanha de perto.


‘E elas são mais divertidas e relaxadas que as americanas.’


No episódio desta quarta, Yasmin tem uma entrevista de estágio, Dinha acaba de pedir demissão e Cix prepara o TCC.


Na balada, as três combinam sererm DJs em uma festa, o que deve ir ao ar no quinto capítulo.


NÓS 3


Quando: quartas, às 22h


Onde: no Multishow


Classificação: não informada’


 


 


LIVROS


Marcos Strecker


Maior encontro editorial do mundo é marcado pelo e-book


‘A maior feira de livros do mundo, em Frankfurt, se rendeu ao digital. O grande tema do evento, que se encerrou anteontem, foi o livro eletrônico. E quem deu o tom foi Jeff Bezos, fundador da Amazon.com, que nem foi à feira. Uma semana antes do começo do evento, a livraria virtual americana anunciou a venda para mais de cem países do Kindle, o seu leitor eletrônico. Isso obrigou o mercado editorial a se posicionar e precipitou a ação dos principais concorrentes. É o caso do Google, que divulgou em Frankfurt o projeto do Google Edition, a venda de livros digitais para diferentes plataformas, a partir de 2010.


Para os brasileiros, esse avanço do eletrônico também acelerou tudo. Com a chegada do Kindle no país, iniciada oficialmente ontem, pelo menos uma grande editora já vai aproveitar a plataforma eletrônica para um lançamento de peso. A Ediouro vai lançar ‘O Seminarista’, novo romance de Rubem Fonseca, também para o aparelho da Amazon, já a partir de 5 de novembro. ‘Será no máximo uma semana depois’, disse o editor Paulo Roberto Pires.


Grandes editoras brasileiras foram convidadas a conversar com a Amazon em Frankfurt, assim como a Câmara Brasileira do Livro. Foram feitas ofertas de comercialização sem exclusividade para a gigante americana. Muitas dúvidas sobre o formato comercial persistem, mas algumas editoras estão otimistas. Isso pode levar em breve a vários lançamentos nacionais para o leitor eletrônico.


Já editoras como a Objetiva, de Roberto Feith, acham que o Kindle terá competidores à altura em aparelhos como o iPod. ‘Também há muita dúvida sobre como ficarão os contratos anteriores’, dos livros publicados antes do avanço do digital, aponta a principal agente literária brasileira, Lucia Riff.


Os debates sobre o assunto foram concorridos e provocaram o comentário irônico de que o evento tinha virado uma ‘feira de mídias’. Executivos da Amazon e do Google disputaram espaço com editores veteranos, empresas tradicionais se dedicaram ao assunto, e teve até ex-editora da poderosa HarperCollins, Jane Friedman, que aproveitou a feira para lançar uma empresa dedicada à integração de mídias. Pela primeira vez, o Tools of Change, evento tradicional sobre novas tecnologias de Nova York, também aconteceu na Alemanha.


Em resposta à polêmica chinesa -críticas pela homenagem a um país que pratica a censura-, a feira alemã demitiu ontem seu diretor de projetos, Peter Ripkin, alegando ‘problemas de compreensão’.


Já no universo propriamente literário, marcaram presença Günter Grass, sua colega de Nobel Herta Müller, a canadense Margareth Atwood e o holandês Cees Nooteboom.


A feira teve uma ligeira queda no número de participantes -até sábado, uma cifra cerca de 4,5% inferior a 2008, que teve um montante de 299 mil. O clima foi de cautela por conta da crise que atinge EUA e Europa, e vários estandes encolheram.


Essa prudência contrasta com o otimismo no mercado brasileiro, que tem uma razão extra para comemorar.


Antes da Copa-2014 e da Olimpíada-2016, o Brasil também poderá atrair a atenção internacional no evento. A Feira deve ter em 2013 o país como convidado de honra. A Folha apurou que as negociações estão avançadas entre o Ministério da Cultura e o evento. Até o final do ano, é esperado no Brasil o diretor da feira, Jürgen Boos, para fechar a participação. Em 2010, o país convidado será a Argentina. O Brasil já foi homenageado antes, em 1994.’


 


 


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Diretor de Harvard apoia digitalização, mas questiona o modelo do Google


‘O historiador Robert Darnton, professor e diretor da biblioteca da Universidade Harvard, tem sido voz dissonante entre os que apontam os riscos que os livros correm diante do avanço da tecnologia. A seguir, os destaques da entrevista dele à Folha (MS).


FOLHA – O fascínio pela tecnologia e pelos livros eletrônicos leva à ideia de que os livros desaparecerão?


ROBERT DARNTON – [O fascínio] Tem levado a um caso coletivo de ‘falsa consciência’. Achamos que a tecnologia vai resolver todos os nossos problemas. Mas, na verdade, há um número crescente de livros publicados. E no velho formato do códice, criado na época de Cristo.


Isso não quer dizer que a tecnologia não abra possibilidades maravilhosas. Nosso futuro imediato vai mostrar uma combinação de tecnologia digital e textos impressos.


FOLHA – A internet pode ser comparada com o uso de panfletos políticos e impressos no século 18?


DARNTON – O ideal da democratização do conhecimento está ligado ao Iluminismo. Os filósofos estavam comprometidos com uma república das letras, mas viviam numa sociedade em que apenas a minoria podia ler. A tecnologia permite acesso a milhões de livros. Por isso, cito a digitalização que está sendo feita pelo Google. Não me oponho à criação de um banco de dados digital. O que me preocupa são os abusos de preços e a invasão de privacidade.


FOLHA – O sr. se sente confortável lendo nos leitores eletrônicos?


DARNTON – Não! Sinto falta principalmente dos jornais. Adoro ler meu ‘New York Times’ às 5h30 da manhã. A primeira página é um mapa do dia anterior. Tudo é organizado por profissionais que dão sentido aos fatos. No Kindle, só se veem histórias isoladas.’


 


 


 


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