Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Passageiro e informações preciosas

Com satisfação, informo que nosso documentário O passageiro precioso, sobre a visita secreta que JK fez a Brasília em 1972, quando estava proibido pela ditadura de entrar na cidade que construíra, recebeu o 1º lugar na 2ª Mostra Nacional de Vídeo Universitário em Mato Grosso, realizado pelo Cineclube Coxiponés, da Universidade Federal do Mato Grosso, concorrendo com outros 45 trabalhos de diversos estados.

O passageiro precioso é uma produção de 2002, do Centro de Produção Cultural e Educativa da Universidade de Brasília (CPCE). Foi realizada em betacam, com apoio da lei de Incentivo à Cultura do Ministério da Cultura (Lei Rouanet). Tem 30 minutos de duração. Demandou uma pesquisa de mais de um ano para localizar os personagens, a partir do artigo ‘Brasília não vê JK chorar’, do jornalista Carlos Chagas, publicado em O Estado de S. Paulo. Chagas entrevistou Juscelino dias depois da visita.

Um dos motivos para a elaboração do documentário foi dar fim aos conflitos de informações sobre o fato, já que havia um misto de lenda e verdade em todas as versões. Existiam, por exemplo, informações de que a visita teria sido realizada de madrugada; outros diziam que JK se disfarçara com barba e bigodes postiços. Havia os que asseguravam que Juscelino entrara em Brasília na boléia de um velho caminhão; alguns, que ele viera do Rio de Janeiro numa camionete. Todas essas versões foram checadas e colhidos os respectivos depoimentos, num total de mais de 10 horas de gravação. Na edição final só foram aproveitados os depoimentos que mais se aproximaram da versão correta, após sucessivos cruzamentos de informações.

O documentário não se limita à visita. Faz outras revelações, como a ocasião em que, por ordem dos militares, o avião em pane que transportava o ex-presidente teve seu pouso recusado pela torre do aeroporto de Brasília. Recupera informações sobre a forma como a imprensa noticiou seu enterro, em plena ditadura militar, e que se transformou na primeira grande manifestação popular da história de Brasília. E faz revelações curiosas, como a de que JK, ao entrar na Catedral de Brasília, pela primeira vez viu a obra completa, maravilhando-se com sua grandiosidade. A visita a Brasília causou-lhe impressão tão forte a ponto de confidenciar a amigos que, depois do que sentiu quando inaugurou a nova capital, em 21 de abril de 1960, aquele passeio às escondidas pela cidade que considerava sua terceira filha tinha sido a segunda maior emoção de toda a sua vida.

Equipe

Produtora CPCE – Centro de Produção Cultural e Educativa da Universidade de Brasília

Diretor – Paulo José Cunha

Diretores de fotografia – Jorge Marinho e Paulo Guerra

Editor de som – José Abel

Montador/editor – Alexandre Augusto

Produtor-executivo – Frank Lopes

Diretores de produção – Joyce Del Frari e Giselda Caixeta

Roteirista – Paulo José Cunha

Assistentes – Magno Cavalcante e Geraldo Rodrigues

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Jornalista, pesquisador, professor da UnB, documentarista, autor de A noite das reformas, O salto sem trapézio, Vermelho, um pessoal garantido, Caprichoso: a Terra é azul e Grande Enciclopédia Internacional de Piauiês