Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Renan será investigado
por relação com rádio


Leia abaixo os textos de sexta-feira selecionados para a seção Entre Aspas.


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O Estado de S. Paulo


Sexta-feira, 10 de agosto de 2007


CASO RENAN
Rosa Costa e Ana Paula Scinocca


Corregedor vai apurar se Renan usou laranjas para comprar rádio


‘O corregedor do Senado, Romeu Tuma (DEM-SP), disse ontem que vai pedir ao ministro das Comunicações, Hélio Costa, todos os documentos da empresa JR Radiodifusão, suspeita de pertencer ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Após uma série de alterações contratuais, a emissora está hoje registrada em nome de José Renan Calheiros Filho e Ildefonso Antonio Tito Uchôa Lopes – os sócios são filho e primo do senador.


Além da JR, Renan Filho e Tito Uchôa constam como sócios do Sistema Costa Dourada, que inclui uma rádio, afiliada da CBN FM de Maceió. O grupo está montando, ainda, outra emissora de rádio, na cidade de Matriz de Camaragibe, também em Alagoas.


De acordo com a revista Veja, que revelou no fim de semana passado a nova denúncia contra o senador, nos registros do Ministério das Comunicações a JR continua em nome de antigos sócios – José Carlos Pacheco Paes, indicado pelo ex-deputado João Lyra, e Carlos Ricardo Nascimento Santa Rita.


Tuma comentou ontem que, nos documentos enviados pelo ministério para a renovação da concessão da JR, o nome de Renan realmente não aparece como proprietário. ‘Precisamos analisar se depois houve a mudança na sociedade’, disse.


Nesse cenário, o DEM e o PSDB apresentaram nesta semana nova representação à Mesa Diretora do Senado. Cobram a apuração da denúncia de que o presidente do Senado Renan teria usado laranjas para comprar emissoras de rádio.


Hoje, Renan já responde a um processo no Conselho de Ética, por suspeita de ter contas pessoais pagas por Cláudio Gontijo, lobista da construtora Mendes Júnior. A pensão de uma filha fora do casamento e o aluguel da mãe da criança, a jornalista Mônica Veloso, seriam custeados pelo amigo.


Além disso, o senador tornou-se alvo de mais uma representação, acatada nesta semana, na qual é acusado de interferir no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e na Receita Federal para beneficiar a Schincariol. A empresa teria comprado uma fábrica do clã Calheiros em Alagoas com sobrepreço de mais de 500%.


DECISÃO


Na terça-feira, a Mesa deve encaminhar a denúncia do DEM e do PSDB ao Conselho de Ética. O presidente do colegiado, senador Leomar Quintanilha (PMDB-TO), adiou para segunda-feira a divulgação do nome dos relatores das duas representações – do suposto uso de laranjas na compra das rádios e do caso Schincariol.


Enquanto isso, como Renan nega todas as acusações e não abre mão da presidência do Senado, a oposição insiste em obstruir as votações. A intenção foi confirmada ontem pelo presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (PSDB-CE).


O tucano considera prudente o afastamento do senador até a conclusão de todas as investigações envolvendo o seu nome. Para Tasso, a insistência do peemedebista ‘é ruim para a instituição, porque tira a credibilidade do Senado’.’


Ana Paula Scinocca


Senador diz que apenas despachou decisão sobre rádio


‘O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), voltou ontem a acusar a Editora Abril de fazer negócios ilegais, ao mesmo tempo em que demonstrou irritação com a repercussão da renovação da concessão da JR Radiodifusão, que tem seu filho entre os sócios. Ele assinou a medida, publicada anteontem no Diário Oficial da União.


Em entrevista, Renan se defendeu dizendo que apenas assinou o decreto. ‘O presidente do Senado despacha o expediente. Ele informa às pessoas o que acontece. Não é o Congresso que aprova, são as comissões técnicas’, disse. ‘Às vezes, as pessoas divulgam as coisas e não prestam atenção no que fazem.’


A emissora, que ganhou concessão por mais dez anos, está em nome de José Renan Calheiros Filho – que assumiu a parte de Carlos Santa Rita – e Ildefonso Antonio Tito Uchôa Lopes. Esses últimos são apontados como sócios ocultos do senador. Santa Rita é funcionário do peemedebista em Brasília e Tito Uchôa, primo do senador.


Mais tarde, em sessão no Senado, Renan focou suas declarações na Editora Abril, que publica a revista Veja – autora de várias denúncias contra ele -, e evitou abordar novamente o caso da prorrogação da concessão.


DISCURSO


Mais uma vez – pela segunda vez na semana – o senador deixou seu posto na Mesa e ocupou a tribuna para atacar a Editora Abril. De acordo com Renan, a empresa fez negócios suspeitos ao vender o controle acionário da TVA para a Telefônica.


Ele classificou a transação de ‘tentativa de fraude à lei brasileira, negócio escuso e pantanoso’. Disse que o objetivo é repassar ‘ilegalmente’ à Telefônica 100% do controle da TVA, 86,7% da Comercial Cabo e 91,5% da TVA Sul.


O senador informou que enviou ontem à Polícia Federal, ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), ao Ministério das Comunicações, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao governo e Parlamento espanhóis ofícios sobre a transação, na tentativa de que seja ‘abortada’.


‘Para tentar fraudar a lei, ludibriar o País, a editora que se arvora em guardiã da lei, que vive a enxovalhar pessoas sem provas, é a mesma editora que recorre a métodos pouco ortodoxos de formação de um verdadeiro pomar, de um verdadeiro laranjal, tamanha a quantidade de laranjas criados, se tal proposta for adiante’, disse.


A Editora Abril divulgou nota dizendo que as revelações sobre Renan ‘foram rigorosamente apuradas e, portanto, as confirma integralmente’. E completou: ‘É fruto do desespero do senador a acusação leviana de que ainda haja alguma coisa a verificar na transação entre a TVA e a Telefônica.’


No discurso de 11 minutos, Renan ainda acenou com um pedido de trégua – dois dias após ter partido para o confronto com a oposição e feito insinuações sobre o líder do DEM, José Agripino (RN). ‘Podem contar com minha absoluta e integral correção.’’


TELECOMUNICAÇÕES
Renato Cruz, Irany Tereza e Nilson Brandão Junior


Mercado quer unir teles sem dar poder ao governo


‘Críticas à proposta do ministro Hélio Costa são mais em relação à forma que ao conteúdo


A proposta anunciada na semana passada pelo ministro das Comunicações, Hélio Costa, de criar uma grande operadora nacional de telecomunicações, pela união da Oi (antiga Telemar) e da Brasil Telecom, vem sendo bombardeada pelos empresários. O que incomoda, no entanto, não é a fusão em si, mas o momento em que ela foi anunciada e o poder que o governo teria sobre a nova empresa.


Hoje, as regras do setor impedem a união entre concessionárias de telefonia fixa, que são a Oi, a Brasil Telecom, a Telefônica e a Embratel. O que as empresas querem é uma mudança de regras, sem limite ao capital estrangeiro, em que o governo participaria como investidor, permanecendo afastado da administração. Como acontece hoje na Oi, onde o BNDES é o maior acionista individual, com 25% de participação, mas o grupo de controle é formado por um grupo de empresas privadas nacionais.


‘A fusão deve acontecer cedo ou tarde’, afirma o analista Julio Puschel, da consultoria The Yankee Group. ‘Faz bastante sentido e torna o ativo muito atraente para outro investidor.’ Já faz algum tempo que executivos da Oi e da Brasil Telecom expressam publicamente o desejo de unir as companhias.


O mal-estar provocado pelo anúncio de Costa foi causado, em primeiro lugar, pelo momento. A Oi encontra-se num processo de compra de ações preferenciais, e a fala do ministro cria turbulências. A operação simplifica a estrutura acionária da companhia, o que facilitaria a fusão. Em segundo lugar, pela proposta da golden share, que afasta investidores e cria uma ferramenta para o governo influir na gestão.


Na quarta-feira, o presidente da Oi, Luiz Eduardo Falco, defendeu que não haja impedimento para participação de investidores estrangeiros nas fusões entre concessionárias. A Telefônica é espanhola e a Embratel pertence ao grupo mexicano Telmex. Os dois grupos têm interesse em ampliar a presença no Brasil. Na terça-feira, o presidente do Grupo Telefônica no Brasil, Antônio Carlos Valente, disse que a empresa quer ter o direito de avaliar as oportunidades.


Segundo um acionista da Telemar, não há consenso a respeito de possível fusão com a Brasil Telecom. Alguns acionistas defendiam, inicialmente, a compra da Brasil Telecom, o que permitiria que suas participações dentro da empresa aumentassem. Outros defendem uma fusão, com a entrada da Portugal Telecom e a formação de um novo bloco de controle acionário.


Uma incógnita seria a participação dos fundos no processo. Há duas versões. Numa delas, os fundos simplificariam a estrutura societária da Brasil Telecom e a preparariam para a venda. Uma outra versão dá conta de que os fundos defenderiam a fusão e ficariam com grande peso na companhia resultante da união dos dois grupos.’


TELEVISÃO
Keila Jimenez


Você Decide gay


‘O tão anunciado ‘casal gay’ da próxima novela da Record, Caminhos do Coração, não deve ser tão gay assim. Bem, pelo menos no que depender dos cuidados do autor da trama, Tiago Santiago, que se apega aos critérios da classificação indicativa para justificar tanta cautela.


Classificado como livre, o folhetim terá dois personagens homossexuais: Bené (Deo Garcez), homossexual assumido, e Danilo (Cláudio Henrich), garoto rico e gay enrustido.


‘Começarei essa relação de leve, no clima de comédia, por causa da classificação. Vou ficar atento à reação popular e proceder de acordo com ela. No meio, vou colocar uma campanha social contra a homofobia’, conta Tiago Santiago.


A relação do casal começará bem ao estilo ‘amiguinhos’. Mais adiante, se o público quiser – e a cúpula da Record deixar, é claro – pode rolar até o tão esperado beijo gay na teledramaturgia. ‘Um beijinho’, adianta o autor. Para tanto, Santiago pretende promover, interatividade com a audiência, uma espécie de Você Decide, a fim de saber se haverá ou não o ‘estalinho’ na novela. A militância gay, sempre atuante, deve brigar pelo beijo no ar.


entre-linhas


Confinado nos últimos meses no line up analógico da Net, o Shop Tour enfim chegou ao line up digital da operadora: está no canal 14.


Outra que desembarca na listinha digital da Net é a TV Climatempo, que chega lá (e só avisando para encontrar a sintonia), pelo canal 211, bem longe dos canais de maior zapping.


Camila Pitanga tem sido alvo de presentinhos de diversas marcas. Não param de chegar à Globo roupas, acessórios e jóias de presente para a atriz, a fim de pegar carona no sucesso da moça.


A Record promove festaça para o mercado publicitário do Rio na terça-feira, com direito a pocket show de artistas da casa. É um afago pelos bons índices de audiência alcançados na região.


Procura-se um apresentador: A TV Cultura quer alguém entre 19 e 30 anos, criativo, dono de boa dicção, gosto por cinema e capacidade de improvisar, para o Zoom. Interessados que procurem o site www.tvcultura.com.br/zoom e se inscrevam até 20 de setembro.


Sem mudar de sintonia, ainda na Cultura: um telejornal infanto-juvenil para a faixa das 12h vem sendo ensaiado na emissora. O novo produto ocupará o espaço do Cultura Meio Dia.


João Miguel, o ator de Cinema, Aspirinas & Urubus, O Céu de Suely e agora na série Te Quiero América, com Denise Fraga, fará participação especial no quarto episódio da série Antonia, da O2/Globo.’


Ubiratan Brasil


V de Vingança propõe que todos participem de uma revolução


‘Em uma Inglaterra do futuro, onde está em vigor um regime totalitário, vive Evey Hammond. Ela é salva de uma situação de vida ou morte por um homem mascarado, conhecido apenas pelo codinome V, que é extremamente carismático e habilidoso na arte do combate e da destruição. Ao convocar seus compatriotas a se rebelarem contra a tirania e a opressão do governo inglês, V provoca uma verdadeira revolução. Quando estreou no cinema, V de Vingança foi pouco valorizado pelos críticos – seu tom solene incomodou. Tire suas conclusões sintonizando a HBO Plus a partir das 23h15.


Natalie Portman é a moça que acredita nos ideais do vingador, interpretado por Hugo Weaving, que não exibe nunca seu rosto, sempre escondido pela máscara. A história é inspirada na visionária minissérie em quadrinhos de Alan Moore (texto) e David Lloyd (desenhos), que transformou o modo como as pessoas encaravam a arte seqüencial na metade dos anos 1980. A trama era complexa, cheia de referências, de elementos subliminares. E o filme consegue reter muito bem o conteúdo dos quadrinhos, especialmente por não abusar da pirotecnia e se apoiar (corretamente) nos atores.’


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Folha de S. Paulo


Sexta-feira, 10 de agosto de 2007


CASO RENAN
Fernanda Krakovics e Silvio Navarro


Corregedoria quer apurar relação de senador com rádio


‘O corregedor do Senado, Romeu Tuma (DEM-SP), afirmou que vai investigar se o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), usou ‘laranjas’ para obter concessões de rádio. Ele deve chamar os donos da JR Comunicação, da qual Renan seria sócio oculto, para prestar esclarecimentos.


Tuma também disse que pedirá ao Ministério das Comunicações os pareceres sobre as concessões de rádio da empresa. Renan assinou na terça-feira um decreto legislativo aprovando uma nova concessão de rádio para a JR Comunicação.


O decreto autoriza a União a assinar contrato de concessão de uma rádio FM, na cidade de Joaquim Gomes (AL), com a JR Radiodifusão. A concessão é pelo prazo de dez anos, renováveis, e foi adquirida pela empresa em licitação do Ministério das Comunicações. A concorrência foi aberta em 2001, e a empresa venceu com a proposta de pagar R$ 222.121.


‘Os indícios são graves. Precisamos analisar os documentos e questionar a empresa para ver se houve fraude’, diz Tuma.


Segunda a revista ‘Veja’, Renan teria utilizado ‘laranjas’ para comprar um jornal e duas rádios em Alagoas com dinheiro de origem desconhecida. O PSDB e o DEM apresentaram nesta semana uma representação para que seja aberto um processo por quebra de decoro.


Renan nega ter ligação com a empresa e tentou se eximir de responsabilidade pela última concessão, dizendo que esta foi aprovada pela Comissão de Comunicação, Ciência e Tecnologia. ‘Não é o Congresso enquanto Congresso que aprova, são as comissões técnicas’, disse Renan. ‘Ontem [anteontem] assinei umas 40 concessões.’


Do contrato da empresa que o ministério enviou ao Congresso consta que a JR Comunicação pertence a Carlos Nascimento Santa Ritta e a José Carlos Pacheco Paes. A empresa tem sede em Maceió e capital social de R$ 100 mil. Santa Ritta ocupa cargo em comissão no gabinete de Renan, como assessor técnico, desde 2004. Recebe salário bruto de R$ 9.031 por mês. Ele nega que o senador tenha participação nas rádios.


Segundo a ‘Veja’, Pacheco transferiu sua cota na empresa (50%) para Antonio Tito Uchôa Lopes, primo de Renan, em 2005, mas dos documentos da empresa arquivados no Senado não consta a mudança.’


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CONCESSÕES: LEGISLAÇÃO É AMBÍGUA SOBRE PARTICIPAÇÃO DE PARLAMENTARES


‘A Constituição de 1988 diz que as emissoras de rádio e de TV prestam um serviço público (art. 21) e proíbe aos deputados e senadores ‘firmar ou manter contrato’ com ‘concessionária de serviço público’ (art. 54), sob pena de perda do mandato (art. 55). O Ministério das Comunicações, porém, afirma que o artigo não proíbe parlamentares de serem donos de emissoras, mas de ter contratos com elas. Baseado no Código Brasileiro de Telecomunicações, de 1962, o ministério diz que parlamentares podem ser proprietários ou sócios das empresas, mas não podem ser diretores ou gerentes.’


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‘Não serei algoz de ninguém’, afirma Renan


‘Pela segunda vez nesta semana, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), ocupou ontem a tribuna da Casa para rebater acusações, mas desta vez mudou a estratégia ao amainar o tom e prometer aos senadores que não será ‘algoz’ de ninguém. Renan centrou fogo apenas no Grupo Abril, que edita a revista ‘Veja’. Acusou a empresa de formar ‘um verdadeiro laranjal’ para fraudar a legislação brasileira na operação de venda da TVA para a espanhola Telefônica.


Ao se dirigir aos demais senadores, Renan recuou do tom de ameaça que havia adotado na tentativa de intimidá-los. ‘Nunca fui dado a arroubos nem serei algoz de ninguém. Prefiro ser vítima a ser autor de injustiças’, disse ele, num discurso de 11 minutos.


Renan anunciou ter enviado ofícios pedindo investigação da operação de venda da TVA para a Polícia Federal, Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), Ministério das Comunicações, CVM (Comissão de Valores Mobiliários), presidente Luiz Inácio Lula da Silva, governo e Parlamento espanhóis. Ele já solicitou o mesmo ao Ministério Público.


‘Para tentar fraudar a lei, ludibriar o país, a editora que se arvora guardiã da lei, que se auto proclama defensora dos interesses brasileiros, que vive a enxovalhar pessoas sem provas, é a mesma editora que recorre a métodos pouco ortodoxos de formação de um verdadeiro pomar, de um verdadeiro laranjal, tamanha a quantidade de laranjas criados se tal proposta for adiante’, disse Renan.


O presidente do Senado tentou desqualificar denúncias feitas pela revista ‘Veja’ de que ele comprou, utilizando ‘laranjas’, um jornal e duas rádios em Alagoas, com dinheiro de origem desconhecida. A revista também acusou Renan de ter despesas pessoais pagas por um lobista da empreiteira Mendes Júnior e de favorecer a cervejaria Schincariol em troca de vantagens pessoais.


Segundo Renan, o Grupo Abril pretende repassar ilegalmente para empresa estrangeira o controle de 100% de uma operadora de televisão com transmissão MMDS (microondas). A mesma transação ameaçaria transferir 86,7% de uma operadora a cabo, a Comercial Cabo, e 91,5% da TVA Sul.


Aliado de Renan, o presidente da Comissão de Comunicação, Ciência e Tecnologia, Wellington Salgado (PMDB-MG), disse que apresentará requerimento de convocação de representantes do Grupo Abril, da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) e do presidente da Telefônica para prestarem esclarecimentos.


A expectativa era que o presidente do Senado revelasse fatos desabonadores dos colegas. Na última terça-feira, Renan fez referência, em tom de ameaça, a uma dívida do líder do DEM, senador José Agripino (RN), com o Banco do Nordeste, e insinuou que haveria irregularidades em concessões de rádio e TV de sua propriedade.


Uma mostra do incômodo dos senadores é que ninguém aceitou ser relator do novo processo contra Renan, no Conselho de Ética, para investigar o caso Schincariol. O presidente do conselho, senador Leomar Quintanilha (PMDB-TO), teve que transferir o anúncio de ontem para a semana que vem.


Senadores não se contentaram com o discurso feito ontem por Renan. ‘Esperava que ele fizesse um discurso sobre as rádios’, disse Agripino. ‘É legítimo ele fazer denúncias contra a revista, mas ele precisa responder à denúncia sobre os laranjas’, afirmou o senador Renato Casagrande (PSB-ES).’


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SAIBA MAIS: ANATEL IMPÔS RESTRIÇÕES PARA A COMPRA DA TVA PELA TELEFÔNICA


‘No último dia 18 a Anatel analisou a compra da TVA pela Telefônica, em 2006. A TVA fornece TV por assinatura por duas tecnologias: microondas e cabo. A Anatel aprovou a operação no que diz respeito aos serviços oferecidos por meio de microondas e cabo fora de São Paulo. As operações usando cabo no Estado de São Paulo não foram aprovadas.’


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Acusação é ‘desespero’ de Renan, diz Abril


‘A Editora Abril informa que as revelações de ‘Veja’ sobre o senador Renan Calheiros foram rigorosamente apuradas e, portanto, as confirma integralmente. As aflições e problemas do senador derivam de suas condutas. Estas foram consideradas suficientemente problemáticas pelos seus pares e pelo Procurador-Geral da República, que as encaminharam para investigação, de um lado, para o Conselho de Ética do Senado Federal e, de outro, para o Supremo Tribunal Federal.


É fruto do desespero do senador a acusação leviana de que ainda haja alguma coisa a verificar na transação entre a TVA e a Telefônica.


A Abril reitera que a parceria em questão está rigorosamente dentro da lei e já foi aprovada pelo Conselho Diretor da Anatel após nove meses de tramitação e análise.’


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


Aqui, dólares sobrando


‘Foi manchete larga no site do ‘New York Times’ a reação negativa das bolsas ‘após os bancos centrais europeu e americano agirem’, distribuindo bilhões. WSJ.com e FT.com foram na mesma linha. Antes da queda, a nova ‘Economist’ já trazia a avaliação, em título, de que ‘os BCs no mundo rico’, os dois citados, ‘não determinam mais as condições monetárias, não são mais as fontes centrais da liquidez global’. Agora emergentes tipo Brasil ‘têm papel maior’ e seus BCs, como o chinês, o russo, ‘devem ter impacto crescente nas economias desenvolvidas’. Fechando, ‘podem até ter papel maior na estabilização global, se o aperto no crédito ficar agudo’, como se assistiu horas depois.


Por aqui, o ministro Guido Mantega disse à Reuters e outros que o país ‘está muito sólido para enfrentar’ -aliás, ‘temos dinheiro sobrando, dólares sobrando’.


‘DOENÇAS DOS RICOS’


O mercado global mudou com a globalização, destacou também texto no ‘Monde’.


Até a saúde, acrescentou a ‘Economist’. ‘Mundo pobre está pegando as doenças do mundo rico’, sublinhou num título -e cobrou atenção a câncer e outros, que crescem em países como China e o Brasil, com prioridade ainda para as ‘doenças exóticas’.


IGUAL DESIGUALDADE


A ‘Economist’ alerta ainda que a ‘desigualdade na Ásia emergente está chegando a níveis latino-americanos’.


Arrisca até que, ‘crescendo na China enquanto cai no Brasil, a desigualdade chinesa já pode ser tão grande quanto a brasileira’. No quadro de 2004 sobre desigualdade, o Brasil lidera com vantagem ampla, mas a China avança.


À ESQUERDA?


A capa da ‘Economist’ pergunta se os EUA vão para a esquerda, afinal. Responde, no editorial, ‘provavelmente sim, mas não do jeito que muitos estrangeiros esperam’. EUA ‘mais protecionistas fariam os pobres do mundo lamentarem rapidamente’ um novo presidente democrata.


‘JULITA’ E OS TRAIDORES


Fidel Castro um dia antes avisou, ‘vou pedir ao ‘Granma’ que dê a entrevista’ dos dois boxeadores a ‘Julita Osendi’.


Assim foi, por duas páginas, com destaque na capa. E com as incríveis perguntas de Julia Osendi, tipo: ‘Como boxeador formado pela Revolução, parte do povo cubano, o que sente por ter perdido medalhas que fizeram falta?’, ‘Que sentimentos tem, dor por trair, arrependimento do que fez, felicidade por estar de novo entre os seus?’. E por aí foi o negócio.


ESTRATÉGIA DE DEFESA


Na escalada do ‘JN’, por William Bonner, o enunciado para as acusações à TVA e à Telefônica: ‘Renan Calheiros recorre a ataques mais uma vez como estratégia de defesa contra denúncias’. Ponto.


OUTRAS ESTRATÉGIAS


Ontem no site Teletime, o presidente da Telefônica, ao tratar da ‘estratégia’ para TV paga, ‘reconheceu um valor diferenciado’ nos conteúdos da Globosat e ‘negociações cordiais’ para um acordo.


SAI TV, ENTRA IPTV


Em destaque no ‘Financial Times’, ‘Telecoms mudam de canal para a internet’. Telecoms, no caso, são a gigante americana AT&T, que acaba de priorizar a transmissão por IPTV, a primeira nos EUA a seguir tendência adotada antes pelas européias France Telecom, BT, a Telefônica -e pela maior no uso global do sistema, a chinesa PCCW.’


CASO MADELEINE
Folha de S. Paulo


Reportagens são ofensivas, dizem pais


‘DA EFE – Os pais da menina Madeleine McCann, desaparecida há três meses em uma praia da região portuguesa do Algarve, afirmaram ontem serem ‘ofensivas’ informações publicadas pela imprensa portuguesa dando conta de que eles seriam suspeitos da suposta morte da filha.


Segundo a agência britânica Press Association, Gerry e Kate McCann disseram que a imprensa portuguesa passou dos limites e desrespeitou os outros filhos do casal. Os gêmeos, de 2 anos, estavam com Madeleine, 4, no dia em que ela sumiu de um quarto de resort em Praia da Luz. Os pais jantavam em um restaurante próximo.


Nesta semana, o português ‘Diário de Notícias’ afirmou, citando fontes policiais, que Madeleine está morta e que seus pais são suspeitos de terem responsabilidade no caso.’


TELEVISÃO
Daniel Castro


Novo canal da Record terá jornais regionais


‘A Record News, novo canal de notícias que a Record corre para lançar em 27 de setembro, terá três telejornais regionais. A estrela da grade, no entanto, será um telejornal nacional, de uma hora de duração, às 21h, que terá outras duas edições, uma de manhã e outra à tarde.


A grade será ocupada ainda por boletins noticiosos e programas jornalísticos de 30 a 45 minutos. Haverá programas de debates e de entrevistas, sobre esportes e celebridades.


O canal ficará ao vivo das 6h à 1h. De madrugada, exibirá reprises (inclusive de jornalísticos da TV Record). Não haverá programas da Igreja Universal.


Os telejornais regionais serão apresentados de Salvador (‘Record News Nordeste’ deve ser o nome), de Porto Alegre (‘Record News Sul’) e do Rio de Janeiro (‘Sudeste’). Eles só terão notícias dos Estados dessas regiões, mas serão transmitidos para todo o país.


Os demais programas, telejornais e boletins serão produzidos e apresentados de um ‘newsroom’ que a Record está construindo em São Paulo. À frente, haverá uma bancada. As cores serão fortes.


A fonte de inspiração da Record é a Fox News. ‘O canal vai ser elétrico. Não terá o ritmo morno dos outros canais de notícias’, diz Douglas Tavolaro, diretor de jornalismo.


A Record News ocupará os canais (abertos) da Rede Mulher e será distribuída também por operadoras de TV paga.


FORA DO AR O telejornal ‘Cultura Meio-Dia’ vai acabar nos próximos dias. Será o segundo jornal extinto pelo jornalista Paulo Markun, o que intriga jornalistas da emissora. Mas não haverá demissões. A mudança se enquadra no ‘novo’ conceito de grade, de faixas de programação para públicos distintos.


NO AR No lugar do ‘Cultura Meio-Dia’, entrará um jornal infanto-juvenil, o ‘Agendinha do Metrópolis’.


REBELIÃO Segundo o blog do jornalista James Akel, que acompanha a emissora, um grupo de conselheiros da Cultura, descontentes com a atuação de Paulo Markun, se articula para pedir a cabeça de um diretor da TV.


CHUTE A Record decidiu tirar do ar em setembro os programas de Milton Neves, o ‘Debate Bola’ e o ‘Terceiro Tempo’. Faz parte de uma ‘modernização’, que será concluída até outubro. Ainda não é certo se Neves terá programa na Record News _ele pode ir para a ‘geladeira’.


EMBALAGEM Além de um documentário, a Record exibirá em setembro ou outubro uma mega-entrevista dada por Edir Macedo a Paulo Henrique Amorim.


TARDE FRIA Não está nada fácil a vida de Adriane Galisteu, de volta às tardes do SBT. Anteontem, com apenas 2,2 pontos, ela perdeu no Ibope até para o ‘Mulheres’, da Gazeta, que entrevistava Cris Poli, a ‘supernanny’ de sua emissora.’


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