Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Um dia contra a baixaria

Você conseguiria desligar o seu televisor durante uma hora no domingo à tarde? A proposta foi feita pela campanha ‘Quem Financia a Baixaria é Contra a Cidadania’, no domingo (17/10). O boicote foi um protesto simbólico para inaugurar o Dia Nacional Contra a Baixaria na Televisão, escolhido para ser um marco na luta contra a má qualidade da programação de TV no Brasil. Nesta mesma data é comemorado também o Dia Internacional pela Democratização da Comunicação.

‘Com o dia 17 esperamos resgatar o respeito aos direitos humanos na programação televisiva. Nunca se viu tanta violência na televisão como nos dias atuais’, afirma o deputado Orlando Fantazzini (PT-SP), coordenador da campanha. Para mobilizar a população, uma edição especial do programa Diálogo Brasil foi gerada dos estúdios da TV Nacional, em Brasília, para todo o país, com um debate sobre o tema.

Mediado pelo jornalista Florestan Fernandes Júnior, o programa contou com a participação de Fantazzini, do professor da Escola de Comunicações e Artes da USP Laurindo Lalo Leal Filho; do representante do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação Daniel Herz; da presidente da TVE, Beth Carmona; do presidente do Conselho Curador da Fundação Padre Anchieta (TV Cultura), Jorge da Cunha Lima; e da psicanalista Maria Rita Kehl. Foram feitas também entrevistas ao vivo com estudantes e telespectadores. O debate foi retransmitido por emissoras públicas, estatais, legislativas e comunitárias.

Programas desligados

O horário proposto pelo boicote, entre 15h e 16h, atingiria programas como Domingão do Faustão, da Rede Globo, e Domingo Legal, apresentado por Gugu Liberato no SBT. Além dos dois, seriam ‘desligados’ também o concurso ‘A mais bela negra do Brasil’, na Record, e o Jogo da Vida, de Marcia Goldschmidt, na Bandeirantes.

Para uma boa parte da população brasileira, domingo é o dia de descansar do trabalho, de esfriar a cabeça, esquecer dos problemas, relaxar… em frente à televisão. É o dia de maior briga pela audiência e, conseqüentemente, de maior apelação ao sensacionalismo. Vale tudo para conquistar a atenção do telespectador. É difícil a missão de conscientizá-lo a tomar atitude e não engolir qualquer coisa que seja oferecida pelas emissoras.

O protesto, por simbólico que seja, é meritório. A proposta da campanha – resumida no slogan ‘Por que mudar de canal se você pode alterar a programação?’ – serve para refletir sobre o poder que o telespectador possui e não sabe que possui. Está na hora de descobrir.