Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Universo de milagreiros

Quando parece que já inventamos tudo, um grupo de Santos Homens e Mulheres reacende a visagem do ilimitado espaço que a imaginação pode desenhar através da cultura. Criando um Pássaro de 12 kg, cenários tão vivos quanto o céu pintado à mão de dar gosto ao Criador, construindo um universo de magia onde já foi uma ‘bolha de roque’, resgatando mais de cem anos de documentos e outros milênios de histórias muito bem contadas, provando que tudo de bom pode crescer e florescer quando se juntam o sonho, a esperança, a competência, a genialidade e a força produtiva de quem detém o Cetro da Comunicação.

Justo quando me divorcio da televisão e suas bbbobagens, surge um novo milagre. Quando pensamos que já vimos de tudo um pouco, Luiz e Luís ressuscitam Sofreddini para contar as desventuras da infância roubada da menina Maria que só não é mais Brasil porque a ficção tem dia e hora para encerrar sua história.

Não posso acompanhar a série, ainda, devido ao divórcio de que falei. Mas foi como amante ressabiado pelo novo brilho da velha companheira que visitei a página da megassérie (que de micro não tem nada). Está tudo lá. Todos os sonhos, a história acalentada há tantos anos, as referências a Sílvio Romero, Câmara Cascudo, Ariano e Dom Quixote, o processo de engrandecimento do novo através da ancestralidade tão cara à nossa cultura, o imagético completo no que há de melhor entre a casa de farinha e a franja do mar.

Amante velhonovo, me sinto redescoberto em ver que pode haver nova vida na televisão; e reconheço assim a primeira paixão deste ano. Virão outras, eu sei, pois que em nossa veia corre um sangue que não é vermelho, tampouco azul, mas multicolorido. E cada tom guarda em si a genética transcendental de que são feitos nossos perpétuos milagres. Apesar de tudo, não falemos nos amores futuros. Não criemos expectativas sobre o que ainda está por vir. O futuro a Deus pertence, não é? Fiquemos por aqui. Porque hoje, meus amigos, o dia é de Maria.

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‘Matuto e deslumbrado’ do Recife, analista de sistemas, estudante de Filosofia e (se tudo correr bem) futuro jornalista