Tuesday, 07 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1286

Vende-se um aparelho de televisão

Foi o anúncio que eu li nos classificados de um jornal que me fez questionar o motivo pelo qual Dona Abigail (identificação da proprietária) estava vendendo sua televisão. Um pequeno texto descrevia: ‘Panasonic, 29 polegadas, prata, novinha. Aceito ofertas.’ Na mesma hora lembrei da ‘pretinha’ lá de casa e pensei como seria minha vida sem aquela televisão.

Pensei nos telejornais que, mesmo repletos de subjetividade, são os mais úteis; nos programas de entretenimento, cada vez mais chatos; e ainda nos programas esportivos, com aquela famosa mesa-redonda que trata do esporte de maneira extremamente quadrada. Tem também o Big Brother Brasil, seguindo a linha reality show, e as novelas, todas com o mesmo enredo, sempre repetitivas. Exigir uma programação de qualidade fica difícil – afinal, o que não falta é público para esses programas. Mas para não ser hipócrita, eu assumo: assisto novela, vejo BBB, programas de esporte e todos os telejornais possíveis.

Lixo televisivo

Na verdade, vejo de tudo um pouco. Talvez pela vontade de criticar a TV. Ou, quem sabe, por costume mesmo, por ter me acostumado com o ruim. O fato é que, apesar de tantas coisas desprezíveis existentes na telinha, ainda encontramos algumas opções de qualidade. E não adianta fugir da TV aberta para a TV por assinatura. A crise é geral! Não há tecnologia alguma que melhore o conteúdo na televisão. Digital ou não, ela sempre busca o lucro através da propaganda. E os anunciantes gostam dos programas de baixo nível. Quanto pior, melhor, mais gente assistindo e mais produto vendido. Infelizmente é assim que funciona. Sem contar com R.R.’s da vida que vendem na televisão aquilo que Deus disponibiliza gratuitamente.

Enquanto a TV fica ligada, o lixo televisivo invade nossas casas. Como poeira, fica impregnado em nossas roupas, em nossa comida, vocabulário, filhos, manias e, às vezes, até no corte de cabelo. Tudo de ruim que a televisão mostra é copiado pela sociedade (eu e você). O que há de bom, muitas vezes não é assistido e nem sequer divulgado. Agora dou razão a Dona Abigail em querer vender sua TV. Resta-me apenas a opção de desejar-lhe boa sorte, pois se o comprador ler este texto certamente desistirá do negócio!

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Estagiário de Comunicação Social, Guapimirim, RJ