Tuesday, 23 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Paulo Rogério

“‘Errar é humano. Culpar outra pessoa é Política’ – Hubert Humpherey, ex-político norte-americano

Em época de eleições como a que viveremos até outubro, a recomendação é de atenção redobrada nas chamadas ‘interpretações’. Dois casos valeram questionamentos ao jornal essa semana. O primeiro do leitor Luciano Alencar. No sábado, 14, a editoria Política publicou matéria – ‘Candidato do PT sai em defesa do aliado Paulo Maluf’ – onde título e abre afirmam um fato e o texto outro. No abre é informado que ‘Fernando Haddad diz que o deputado e presidente do PP é estigmatizado por denúncias de corrupção.’ O texto afirma que Haddad defendeu o partido. Nem Maluf ele cita.

‘Quem é responsável por interpretar as entrevistas que os candidatos dão?’, indagou o leitor. Fato parecido ocorreu na edição de quarta-feira, também em Política, em matéria com o candidato do Psol à Prefeitura de Fortaleza, Renato Roseno. Texto, título e chamadas não se casam. Enquanto a matéria informa que Roseno criticou a FORMA como a Capital está sendo preparada para a Copa, a manchete vende que o candidato criticou a REALIZAÇÃO do evento. A chamada diz que o candidato critica REGRAS para a Copa. Tudo diferente uma da outra.

Existe meio erro?

A assessoria do candidato reclamou da interpretação dada pelo jornal. ‘Título e texto sequer se encontram’. Novas explicações foram enviadas à editoria. O editor-executivo do Núcleo de Conjuntura, Gualter George, concorda que no primeiro caso, a editoria poderia ter feito melhor. ‘Especialmente no título. Um erro, porém, que não compromete o conjunto publicado’. Erro é erro. Não há meio erro.

É visível nesse caso que o texto diz uma coisa e a manchete outra. Já na outra matéria, o editor diz não ver comprometimento no confronto título e abre com o texto. ‘As abordagens são complementares, mas guardam total correspondência entre elas.’ Não é o que parece. Tanto que gerou uma dúvida quanto à continuidade das obras da Copa caso o candidato fosse eleito. O tema foi discutido posteriormente.

Memória esquecida

Leitor do O POVO e músico de antigas bandas de bailes, o guitarrista Francisco de Souza, lamentou os poucos dados sobre a carreira do organista cearense Ed Lincon publicados no Vida & Arte de quarta-feira, 18, dois dias após a morte de Lincon. O leitor reclamou da ausência de uma homenagem feita por Emílio Santiago, o último cantor da banda do cearense, quando do lançamento de CD. ‘Na época que tocava todas as bandas de baile iam com o disco do Ed debaixo dos braços para copiar tudo’, relembrou Souza.

Se fosse só esse ‘esquecimento’ seria compreensivo. A meu ver o jornal pecou pela falta de memória com um dos mais famosos músicos da terra. Ed Lincon marcou época entre as décadas de 50 a 70, sendo apontado como o criador do sambalanço. Tinha um farto material a ser contado e fãs e discípulos espalhados pelo Brasil. Mas o jornal não deu uma linha da repercussão da morte dele. A história de Ed, pelo sucesso que foi na música brasileira, valeria a capa do Vida & Arte e uma boa chamada na capa do jornal. Privilégio dado naquele dia a outro músico: o paraibano Zé Ramalho.

Fantasminha

A descoberta de um funcionário ‘fantasma’ no gabinete do deputado Mauro Benevides (PMDB-CE) abriu a manchete de domingo, 15, na editoria Brasil. Um escândalo denunciado pela imprensa de fora do Ceará ainda na sexta-feira. O destaque era que o parlamentar já havia mandado exonerar o servidor que ganhava R$ 4 mil para nem pisar no gabinete. O tal ‘Gasparzinho’ é gerente do restaurante dos filhos de Benevides. Na segunda-feira, o jornal voltou ao caso para informar que o deputado irá ressarcir a Câmara.

Depois disso nada mais foi divulgado. Silêncio total. ‘Ressarcir é o mínimo. O jornal deveria era ver de quem foi a culpa’, desabafou um leitor, que preferiu não se identificar. Segundo o editor Gualter George, o jornal não ‘silenciou’. Quando houver novidades ele promete voltar ao caso. Pois bem. O próprio ato da nomeação já é um fato a ser investigado. Quem indicou o gerente? Como era verificada a presença dele? Se a imprensa não for atrás, dificilmente aparecerá algo novo.

Esquecido pela mídia: Devolução de R$ 32 milhões pelas prefeituras à União por irregularidades na aplicação de recursos.

FOMOS BEM

LONDRES 2012

Excelente iniciativa do jornal em enviar repórter para os Jogos Olímpicos garantindo material exclusivo

FOMOS MAL

VIOLÊNCIA

Jornal passou batido no incidente que vitimou bebê no Quintino Cunha”