Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Erivaldo Carvalho

“A internet aproxima quem está longe e distancia quem está próximo.” Autor desconhecido

Há exatos dois meses abordei o impacto do Facebook sobre a mídia impressa – particularmente, nos jornais que circulam em Fortaleza. O gancho: a utilização da rede social pelo governador do Ceará, Cid Gomes (Pros), para anunciar mudanças no secretariado. Ele fez isso à noite. No dia seguinte, o assunto foi manchete nos três jornais. Daí fiz uma série de considerações. A íntegra pode ser lida neste link: http://bit.ly/1fQqklp. Duas das teses que levantei foram as de que a imprensa de papel está perdendo espaço e prestígio em coberturas. Especialmente, grifo como segunda observação, no caso do Ceará, em que o chefe do Executivo já disse que não lê jornal – daí se podendo tirar uma série de suposições sobre os porquês. No mais, observei o incômodo e o distanciamento com que O POVO tratou o “pronunciamento”.

Na última quinta-feira, 7, Cid voltou à carga. Na mesma página, desafiou o ex-governador e ex-senador Tasso Jereissati (PSDB) para uma comparação direta entre os dois períodos de governo. Como daquela vez, da dança das cadeiras, em setembro, a ida de Cid ao Face esta semana foi destaque nos jornais. O POVO deu-lhe a manchete. Seguramente, foram dois dos fatos mais marcantes do noticiário político cearense de 2013. Com uma diferença fundamental: da primeira vez, falou o Cid governador, que do alto da linha de comando, tinha o controle absoluto do processo. Agora, manifestou-se o Cid político, sabedor da tensão e polêmica que causaria ao bater de frente com Tasso, “o maior político cearense vivo” – palavras dele. A pauta, claro, tocou fogo na rede. Há vários outros momentos em que o Facebook roubou a cena dos jornais no Ceará. Citaria a apresentação do projeto da ponte estaiada sobre o parque do Cocó e a publicação de foto de helicóptero cuja licitação causou polêmica, entre outros.

Fonte, faturamento e futuro

Como já fartamente demonstrado, na teoria e na prática, é muito mais fácil, rápido, barato e eficiente usar as redes sociais do que veículos tradicionais. O método usa o melhor de dois velhos e conhecidíssimos elementos da imprensa: a entrevista coletiva e a nota oficial. Nos Estados Unidos, o Facebook já é fonte de notícias para 30% da população adulta (até os 25 anos). No caminho inverso de outras plataformas, o faturamento da empresa pontocom não para de subir. O Brasil, um dos principais cases de sucesso da rede, não dispõe de pesquisas relacionando Facebook como fonte noticiosa. Mas, assim como lá, por aqui poucos (se houver) executivos e especialistas em comunicação apostam em um futuro do jornalismo diferente do que a atual tendência aponta.

A longa travessia

O desafio de sobrevida nem é de hoje. A mídia impressa teve seus “anos dourados” há mais de um século (1890-1920). Com a chegada do rádio, os jornais foram redimensionados em forma e conteúdo, ampliando e aprofundando as coberturas. A partir dos anos 1950, a televisão impôs um novo ciclo, baseado na incorporação da imagem como elemento informativo. A onda mais recente começou há pouco mais de uma década. Estamos, claramente, em uma transição rumo à interdependência das plataformas. Como será daqui a alguns anos é uma incógnita. Mas já há pistas. Uma delas vem da própria internet. Impressiona como o gigantesco volume de informações que circula na rede acaba, como efeito inevitável, passando a sensação de que quase tudo é repetido. A nova geração de jornalistas acomodou-se à técnica do “copiou/colou”. Repete, às vezes até com os erros, o que pescou nos mecanismos de busca. O problema é ainda mais grave entre os amadores e seus blogs de todo tipo e gosto.

Tudo isso significa que a criatividade e o talento dos novos e futuros jornalistas, somados à visão e à valorização profissional por parte das empresas, podem ser a chave para o sucesso na longa travessia. Sem isso, a cultura do descartável, tão ao gosto do mundo em rede e das comunidades virtuais, engolirá não só a forma de fazer jornalismo como nós a conhecemos hoje. Curtiu?

FOMOS BEM

COPA DO MUNDO

Antecipamos o que poderá ser o esquema de segurança em Fortaleza

FOMOS MAL

MORADIAS IRREGULARES

Concorrência foi melhor no recorte e detalhamento da pesquisa