Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Paulo Rogério

“‘Tudo que se diz atinge um alvo às vezes inesperado, não previsto’. Nelson Rodrigues, escritor e dramaturgo

O jornal investiu nas duas últimas semanas em um estilo que ganha força no O POVO: as matérias inclusivas. Nelas o repórter sai do posto de observador para virar personagem da história que irá contar ao leitor. Foi assim na edição do dia 4 de outubro quando dois repórteres acompanharam romeiros durante cinco dias na caminhada de Fortaleza a Canindé. Repetiu-se em Esportes, no dia 6, quando uma repórter viveu a experiência de ser gandula. Na última quinta-feira, dois repórteres passaram a noite no terminal da Parangaba para contar a história de como crianças e adolescentes, moradores de rua, festejaram o Dia das Crianças. Todas as matérias foram acompanhadas do selo ‘Entrei na história’.

A matéria (‘Infância Violada’) mereceu elogio, via Portal, do leitor Renan: ‘Uma das reportagens mais bonitas do ano. Espero que possa figurar como instrumento de reflexão acerca do assunto que descreve de forma extremamente sensível’. De fato esta proximidade permite fatos mais realistas. Nem todo jornal tem essa disponibilidade de deslocar profissionais em uma pauta que pode durar dois ou mais dias. Geralmente os jornalistas têm que se desdobrar para apurar, redigir e revisar duas ou três pautas diárias em curto espaço de tempo. Um aperto que gera constantes falhas de apuração e de gramática. Mas aí é outro problema.

PRECAUÇÕES

Para a chefia de Redação os resultados têm sido positivos e referendam o investimento. ‘Na verdade, isso já vem sendo feito há algum tempo. O que mudamos foi, unicamente, a forma de dar visibilidade’ afirmou. De fato a fórmula não é nova. Décadas atrás jornalistas do O POVO se transformaram em mendigo ou Papai Noel para ‘sentir na pele’ como é a vida dessas pessoas. O anonimato é previsto no Guia de Redação do O POVO, principalmente para testar serviços públicos. Mas deve ser usado com cautela.

‘Há pouco tempo um dos repórteres foi assaltado e contou sua experiência na retirada da carteira de identidade. Nada impede que algo nesta linha seja retomada’ ressaltou a chefia. A opção é interessante para o leitor que nem sempre tem como denunciar os fatos. Há, entretanto, duas preocupações que precisam ser avaliadas: a segurança pessoal dos profissionais envolvidos e o limite para o jornalista não se sentir mais importante que a própria história.

ESQUECERAM DELA

‘Vou fazer um apelo a Nossa Senhora Aparecida’. Com esse desabafo o leitor Julio Alcides Filho criticou O POVO por não ter citado, na edição do dia 12 de outubro, que o feriado referia-se á padroeira do Brasil.’A edição vem recheada de matérias (de crianças). Será porque o dia santo não é comercial?’ questionou. ‘Logo, logo, vão pensar que o feriado é em virtude do Dia das Crianças’. O leitor tem razão na chiadeira. A última menção a Nossa Senhora Aparecida saiu no dia 11. O jornal antecipou tanto que, no próprio dia 12, quem procurou por eventos religiosos ficou no pecado. Em compensação, as matérias com crianças encheram 12 páginas (sete tamanhos standard e cinco tablóides). Um desequilíbrio evitável.

NA DOSE CERTA

‘Se o filho do Tiririca ganhou uma reportagem, também quero uma sobre mim’ A afirmação é de um leitor, segundo ele, professor há 25 anos, autor de trabalhos culturais e futuro candidato a vereador em Fortaleza. O recado foi deixado na secretária eletrônica sem identificação de nome e número. Ele considerou exagerada a matéria ‘Filho de Tiririca filia-se ao PSB visando ser vereador’ publicada sábado (8). Não concordo. O jornal acertou ao dar o destaque ao humorista Tirulipa que pode tentar aproveitar a fama do pai. Por mais sério que possa ser o trabalho do leitor, o fato tem ingredientes de uma boa notícia: interesse e regionalidade. O protesto cheira preconceito.

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