Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Acerca de erros e de limites

Por conta de sua coluna publicada em 10/10, o ombudsman do New York Times, Daniel Okrent, recebeu diversas reclamações de leitores. Intitulado ‘Como Jackson Pollock cobriria esta campanha?’, o texto tratava das acusações de parcialidade política na cobertura das eleições presidenciais recebidas pelo jornal. Na ocasião, Okrent mencionou o nome de alguns leitores que haviam criticado o Times e mostrou que as críticas vinham dos dois lados: republicanos acusando o jornal de beneficiar os democratas e vice versa.

Em um exemplo específico de seu artigo, o ombudsman falou sobre uma mensagem enviada pelo leitor Steve Schwenk ao repórter político Adam Nagourney. Por considerar que o repórter tivesse escrito um texto favorável a Bush, Schwenk dizia que esperava que seu filho tivesse ‘sua cabeça arrancada numa guerra republicana’. Okrent quis mostrar a falta de limites do leitor e, além de publicar seu nome, o chamou de covarde.

Na coluna de 24/10, o ombudsman publicou algumas das mensagens que recebeu dos leitores nas últimas duas semanas:

‘Você responde as cartas dos leitores criticando-as, ao invés de criticar os artigos que as inspiraram. Você acha que o termo ‘editor público’ significa que seu trabalho é editar o público?’, questionou a leitora Rebecca Stanton, de Nova York.

Rogers Cadenhead, da Flórida, disse que ficou desapontado com a decisão de Okrent ‘de revelar o nome do autor do e-mail ofensivo. (…) Eu não acho que o representante dos leitores deveria ridicularizar seus leitores. Eles precisam saber que o ombudsman está do seu lado.’

O ombudsman se defende explicitando sua política de trabalho. ‘Eu considero que todas as mensagens enviadas a mim, ou encaminhadas a mim pela equipe do Times, são públicas; a não ser que o autor tenha solicitado que sua identidade não fosse publicada’. Ele explica que todo e-mail enviado a ele recebe uma resposta instantânea perguntando à pessoa se ela deseja que seu nome não seja publicado.

Okrent diz ainda que publicou o nome do homem que escreveu a Nagourney pela mesma razão que jornais publicam nomes de pessoas que cometem atos miseráveis. ‘O homem que vandaliza uma igreja, por exemplo, também não quer que seu nome apareça no jornal. Mas não é por isso que ele deve ser protegido da responsabilidade pública por aquilo que fez’.

Mas o ombudsman concorda que ele, assim como o polêmico leitor democrata, também passou dos limites. ‘Eu errei ao chamá-lo de covarde; usei do mesmo discurso depreciativo que condeno. E, por isso, peço desculpas’, conclui Okrent.