Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Agência Carta Maior

ESTUDANTES VS IMPRENSA
Tiago Ventura e Joanna Paroli

A UNE no rumo certo

‘A imprensa brasileira não quis informar à sociedade que o apoio da Petrobras se deu também no 50º Congresso da UNE, realizado em 2007. Neste encontro, a entidade levou, em parceria com a Coordenação dos Movimentos Sociais, mais de 8 mil estudantes às ruas exigindo o ‘Fora Meirelles’, demarcando a sua posição de discordância com a política econômica do Governo Federal e a sua autonomia política. O artigo é de Tiago Ventura e Joanna Paroli, vice-presidente da UNE e diretora da entidade, respectivamente

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Nos dias 15 a 19 de julho, jovens de todos os estados do País se reuniram para realizar o 51º Congresso da União Nacional dos Estudantes. Contando com a participação de mais de 10 mil estudantes, com delegados eleitos em 92 por cento das universidades brasileiras, o encontro entrou para história como o mais representativo da entidade, reforçando a história de lutas e legitimidade da UNE no seio dos estudantes e do movimento social brasileiro.

O 51º Congresso da UNE teve como marco comemorativo os 30 anos do Congresso da UNE de Salvador, realizado em meio à ditadura militar na perspectiva de refundar a entidade, até então fechada e perseguida pelo governo militar, colocando-a ativamente na luta pela redemocratização do País. Dessa forma, um dos pontos altos do 51º CONUNE se deu em torno do direito à memória dos estudantes perseguidos e mortos durante a ditadura, como o presidente da UNE ‘desaparecido’ Honestino Guimarães, e dos militantes envolvidos nos processos de contestação dos anos de chumbo, como a guerrilha do Araguaia.

Outros momentos importantes fizeram parte desse Congresso. A realização do ato público em defesa da Petrobras, que se desdobrava na campanha contrária à CPI instaurada pela direita privatista contra a empresa, pelo fim dos leilões de petróleo e pela criação de uma empresa estatal para exploração da camada pré-sal. O ato reforçava a luta histórica da UNE por uma nova concepção de Estado, na qual bens estratégicos como o petróleo devem ser encarados e explorados a partir do seu caráter público, tendo como finalidade o combate às desigualdades sociais, em contrapartida ao desejo da direita, que gostaria de ver a Petrobras privatizada nas mãos do capital financeiro mundial. A UNE continua na vanguarda dos movimentos sociais quando colocou, na última gestão, a Campanha pela Legalização do Aborto como pauta prioritária e a construiu nas universidades de todo o país. Nesse Congresso, dezenas de estudantes uniram-se ao Ato contra a CPI do Aborto, instaurada na Câmara Federal, reafirmando o compromisso da UNE com a luta feminista e por uma educação libertária e livre de todas as opressões.

Por fim, o 51º CONUNE reafirmou, ao longo de todas as suas atividades, principalmente nas resoluções aprovadas na plenária final, a opção acertada de diálogo com a sociedade brasileira que a UNE trilhou no último período, reconhecendo os avanços e as contradições do Governo Lula, e dos governos populares da América Latina, entendendo que somente por meio da mobilização e pressão dos movimentos sociais é possível aprofundar as mudanças e construir alternativas ao mercado e ao sistema capitalista consolidado na sociedade mundial.

Foi precisamente no sentido de reforçar o diálogo e a necessária disputa de rumos que ocorreu a participação do Presidente Lula, a primeira participação de um presidente da República em um congresso estudantil na história do país. A atividade foi marcada pelo tom crítico dado pela intervenção da ex-presidente da entidade Lúcia Stumpf, exigindo assistência estudantil aos estudantes do Prouni, a ampliação e aplicação do programa somente em universidades que possuam pesquisa e extensão e a auditoria das contas das universidades que recebem a isenção, reforçando a inclusão de parcelas expressivas da população no ensino superior e construindo marcos regulatórios importantes do ensino privado.

Como era de se esperar, no decorrer do Congresso, e, principalmente, ao seu final, a grande mídia conservadora e monopolista – com destaque negativo para a Folha de São Paulo e as Organizações Globo – produziu uma série de matérias questionando as atividades construídas ao longo do evento, acusando a entidade de estar atrelada ao Governo Federal por receber apoio para realização do Congresso da Petrobras e de ter ‘abandonado a educação e as bandeiras históricas’, ignorando as resoluções aprovadas após cinco dias de debates. Os ataques chegaram ao cúmulo de tentar desmoralizar individualmente o estudante Augusto Chagas, recém-eleito presidente da UNE.

Trata-se de uma nítida tentativa de criminalizar e desqualificar a atuação de uma entidade que possui 72 anos de história em defesa do povo e da juventude brasileira, exemplificada na campanha do ‘Petróleo é nosso’, na luta pelas reformas de base e contra a ditadura militar, nas lutas pelas ‘Diretas Já’ e pelo ‘Fora Collor’ e na resistência à privatização da Universidade Pública, organizada pelo Governo FHC na década de 90. Enquadra-se no contexto de perseguição organizada pelos setores conservadores, com braços infiltrados desde o Poder Judiciário até o Senado Federal, aos movimentos sociais combativos da sociedade brasileira, como os lançados recentemente contra o MST e o MAB, enxergando-os como organizações terroristas, organizadas pelo Governo a partir da liberação de verbas públicas. O enredo é sempre o mesmo, pois ao lado dos movimentos sociais se encontra a UNE, e do outro lado se encontra a aliança Demo-Tucana, que tem a imprensa monopolista como grande porta-voz.

A imprensa brasileira não quis informar à sociedade que o apoio da Petrobras se deu também no 50º Congresso da UNE, realizado em 2007. Neste encontro, a entidade levou, em parceria com a Coordenação dos Movimentos Sociais, mais de 8 mil estudantes às ruas exigindo o ‘Fora Meirelles’, demarcando a sua posição de discordância com a política econômica do Governo Federal e a sua autonomia política, que é constantemente reafirmada na política de boicote ao ENADE, nas críticas à política de comunicação e nas exigências de se avançar cada vez mais nos investimentos e democratização da Universidade brasileira, derrubando, por exemplo, os vetos dados pelo Governo FHC ao Plano Nacional de Educação e a manutenção da Desvinculação da Receita da União na área da educação.

As críticas e a perseguição por parte da imprensa são resultados sobretudo da política acertada da entidade e das resoluções aprovadas no Congresso. Ocorrem porque a imprensa das elites brasileiras é contra a inclusão do setor privado no Sistema Nacional de Educação e a ampliação de vagas nas Universidades Públicas, em especial para os negros e negras filhos da classe trabalhadora; é contra a luta pela autonomia das mulheres e obtêm lucro com a mercantilização de seus corpos e suas vidas; é contra a realização da Conferência Nacional de Comunicação e a construção de um sistema público de comunicação; é contra a abertura dos arquivos da ditadura militar, porque se encontra envolvida com os porões da chamada ‘ditabranda’, conforme editorial da Folha de São Paulo; e, acima de tudo, ataca a Petrobras e a UNE por ser contrária à criação de uma Estatal para a exploração da camada pré-sal com seus lucros voltados prioritariamente para educação, saúde e desenvolvimento social.

À imprensa conservadora resta a UNE responder: se assim não fosse, estaríamos preocupados, se estivessem contentes, estaríamos no caminho errado. Vida longa aos 72 anos de luta e combatividade da União Nacional dos Estudantes.

*Tiago Ventura é Vice-Presidente da UNE e Joanna Paroli é Diretora da UNE, ambos eleitos no 51º CONUNE’

 

Gilson Caroni Filho

A UNE é chapa branca?

‘Não deixa de ser engraçado como é articulada a crítica na grande imprensa. A base de comparação é sempre com uma ‘antiga UNE’, aquela que ‘orgulhava a cidadania’. Quando surgiu essa admiração dos senhores da mídia pela organização? Em 1964, estavam em lados opostos.

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Quem analisa os movimentos sociais a partir de uma perspectiva que leva em conta a contingência e a subjetividade dos atores, sem esquecer os aspectos históricos e institucionais, não ignorou o objetivo do enquadramento da cobertura que a grande imprensa fez tanto do 51º Congresso da UNE ( União Nacional dos Estudantes) quanto da participação do presidente Lula em sua abertura.

O tom sarcástico dos títulos (‘Patrocinada pela Petrobrás, UNE faz manifestação contra CPI’- Folha de São Paulo,16/7) e o coro unificado de articulistas, relacionando o patrocínio público a entidades estudantis com aparelhamento de sua pauta de reivindicações, não deixam margem para dúvidas: o Estado-Maior das redações não mediu esforços para projetar o movimento como setor social cooptado politicamente pelo governo.

Não foi gratuito o destaque dado ao ‘cândido’ senador Cristovam Buarque (PDT-DF) que, contrapondo ingenuidade e oportunismo, afirmou que o ‘ problema da UNE não é que tenha se vendido, mas sem dúvida se acomodou. Há um silêncio reverencial dos jovens que deveriam apoiar qualquer CPI’. Perdeu uma ótima oportunidade de ficar calado.

Finge não saber que os movimentos sociais aprenderam a dialogar com o governo sem perder a autonomia, sua identidade específica. Ignora uma trajetória de lutas que sempre conjugou funcionamento democrático das instituições com a universalização do ensino superior público, a regulamentação do ensino privado e a garantia de métodos de avaliação socialmente referenciados. Graças a isso não caiu na armadilha neoliberal da ‘ideologia antiestal da liberdade’ e, apesar do refluxo dos anos 1990, foi capaz de articular suas demandas específicas com a de outros setores.

O que o senador brasiliense e a imprensa parecem desconhecer é que no 47ª Congresso, realizado em 2001, o PSDB surgiu, como relata Clóvis Wonder para o jornal ‘A Classe Operária’, pedindo ‘ uma CPI para a UNE, com o objetivo claro de confundir os estudantes e abrir uma cortina de fumaça para proteger o governo FHC, saiu amplamente derrotado no congresso. Os estudantes majoritariamente rechaçaram suas intervenções no evento e derrotaram suas propostas’. É estranho que Cristovam Buarque, então quadro político do PT, não soubesse que os jovens não apóiam qualquer CPI.

A UNE nasceu em 11 de agosto de 1937, coincidindo com a instauração do Estado Novo. Combater regimes autocráticos foi, desde sempre, sua marca constitutiva. Em 1947, no 10ª Congresso, os estudantes lançaram manifestos nacionalistas que dariam origem a uma das maiores campanhas popular do país: a do ‘O petróleo é nosso’. Como conseqüência dessa mobilização, em 1953, seria criada a Petrobrás, empresa estatal que, até o governo tucano, detinha o monopólio da exploração do petróleo no Brasil. Há algum desvio quando a atual gestão se opõe a uma CPI que trará imensos danos à estatal? É a isso que a grande imprensa chama de direção chapa-branca? Esse é motivo da estupefação do sempre ético Cristovam?

Seus principais documentos sempre afirmavam que era necessário apoiar as empresas nacionais, dando-lhes privilégios em termos de crédito, legislação e recursos técnicos; reclamavam a realização de uma reforma agrária e o desenvolvimento do mercado interno como forma de estimular a economia brasileira. Uma questão fundamental para os interesses do país, segundo os estudantes, era a adoção de uma política externa independente.

Excetuando a questão agrária, onde ainda há muito que avançar, qual o motivo para a UNE se opor ao governo Lula? Projetos como o Reuni e o Prouni que, respectivamente, ampliam as universidades públicas e concedem bolsas em instituições de ensino privado a estudantes carentes não contemplam reivindicações antigas da entidade? Por que o diálogo desrespeita a autonomia que o movimento estudantil deve guardar em relação aos poderes instituídos?

Não deixa de ser engraçado como é articulada a crítica na grande imprensa. A base de comparação é sempre com uma ‘antiga UNE’, aquela que ‘orgulhava a cidadania’. Seria o caso de perguntar quando surgiu essa admiração dos senhores da mídia pela organização ? Em 1964, estavam em lados opostos. Após sua reconstrução em 1979, ao contrário da grande mídia, a UNE marcou presença nos movimentos de oposição ao Regime Militar, lutando na campanha pela anistia. Em 1981, comandou uma greve nacional diante da recusa do Ministério da Educação em atender a uma pauta de reivindicações. Em 1984, enquanto as corporações midiáticas sabotavam a campanha das diretas-já, os estudantes engrossaram a mobilização popular. A grandeza da UNE se fez na contramão da pequenez de uma imprensa que teima em reescrever a história. E esse dado não é irrelevante para a apreensão da atual conjuntura.

O movimento estudantil não perdeu sua identidade. Como analisou a estudante de jornalismo, Débora Pereira, para a revista Carta Capital ‘a UNE deixou de fazer resistência ao projeto neoliberal para passar a fazer proposições. Mudou a relação do movimento social com o estado’ Com isso ela não disse que cessaram agendas e temas de luta.

Estão presentes, como imperativos para a consolidação da democracia, a extinção do monopólio dos meios de comunicação, o fim da Desvinculação dos Recursos da União, a abertura imediata de todos os arquivos da ditadura militar e punição de todos os crimes cometidos pelo regime, entre outros. Essa agenda coincide com os editoriais de qual jornal? Quem define a cor da chapa? Qual a tonalidade de cada um?’

 

IMAGEM
Venício Lima

Políticos e jornalistas: paradoxos brasileiros

‘Que os políticos gozam de pouca confiança, não é surpresa para ninguém. Eles estão entre as oito profissões que, segundo o GfK Trust Index 2009 merecem a confiança de menos de 50% da população. Qual seria a parcela de responsabilidade da mídia na construção de imagem de tal forma negativa dos políticos?

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O GfK, um dos maiores grupos de pesquisa de mercado do mundo, que opera em mais de 100 países, divulgou no início de junho os resultados do GfK Trust Index 2009, um survey realizado anualmente na Europa e nos EUA, sobre a confiança dos cidadãos em diferentes profissões e organizações (cf. http://www.gfk.es/pdf/pm_trust%20index_june%202009_efin.pdf).

Diante de uma lista de 20 profissões, pede-se aos entrevistados que informem quais são as profissões nas quais confiam mais e confiam menos. Os bombeiros confirmaram o primeiro lugar na confiança popular em todos os 17 países pesquisados e os políticos aparecem, inversamente em último lugar ou em primeiro lugar como a profissão na qual os cidadãos depositam menos confiança (ver quadro abaixo)..

O press release da GfK chama a atenção para a queda de confiança que atingiu os profissionais que trabalham nos bancos, sobretudo na Suécia, na Inglaterra e nos EUA, entre 2008 e 2009. Presume-se que este seja um dos efeitos da responsabilidade ativa do comportamento ilícito de instituições financeiras globais no processo que levou à crise econômico-financeira mundial.

Merece registro a posição no ranking de confiança/desconfiança de algumas profissões do campo das comunicações.. Publicitários, profissionais de marketing e jornalistas aparecem respectivamente em 19º, 16º e 15º lugares, na lista das 20 profissões pesquisadas.

No que se refere aos jornalistas, compreende-se que a profissão esteja em baixa na confiança popular depois da perda de credibilidade provocada pelos casos de manipulação da informação que se tornaram públicos relativos à cobertura da invasão/guerra do Iraque e/ou à rotina da cobertura política em jornais, como o conceituado New York Times. Lembre-se também a queda da circulação de jornais, conseqüência, dentre outros, da disseminação do acesso à internet em todo o mundo.

Surpresa no Brasil

No dia 16 de julho pp. o Jornal Hoje da Rede Globo de Televisão divulgou parcialmente os resultados do GfK Trust Index 2009 acrescidos de resultados obtidos em pesquisa realizada no Brasil (cf. http://g1.globo.com/jornalhoje/0,,MUL1232234-16022,00-BOMBEIROS+LIDERAM+RANKING+DE+PROFISSOES+MAIS+CONFIAVEIS.html ). Curiosamente, os resultados referentes à pesquisa brasileira não estão disponíveis no site da GfK, ao contrário daqueles referentes à Europa e aos EUA.

A chamada do Jornal Hoje colocava o foco na desqualificação dos políticos: ‘Uma pesquisa feita no Brasil, EUA e Europa mostra quais são as profissões mais confiáveis entre 20 categorias. Os políticos são os menos confiáveis em todo o planeta’. Além disso, para surpresa daqueles que já conheciam os resultados do GfK Trust Index 2009 na Europa e nos EUA, entre as cinco profissões mais confiáveis no Brasil apareciam também os jornalistas, dez posições acima daquela registrada na média dos outros 17 países pesquisados.

Os dados fornecidos pelo Jornal Hoje foram:

Profissões mais confiáveis

BRASIL

Bombeiros – 95%

Carteiros – 90%

Médicos – 82%

Professores – 81%

Jornalistas – 79%

Profissões menos confiáveis

BRASIL

Político – 16%

Executivo de banco – 38%

Policiais – 48%

Sindicatos – 49%

Funcionalismo público – 53%

Que os políticos gozam de pouca confiança no Brasil e no mundo, não é surpresa para ninguém. Eles estão entre as oito profissões que, segundo o GfK Trust Index 2009 – advogados, sindicalistas, jornalistas, profissionais de marketing, de bancos, executivos de grandes empresas e publicitários, nesta ordem – merecem a confiança de menos de 50% da população. Mesmo assim, no Brasil, os políticos ainda merecem a confiança de 16% dos entrevistados enquanto na Grécia esse número é de apenas 6%!

É uma triste constatação de vez que não se conhece outra forma de se fazer política democrática a não ser com políticos profissionais. Independente dos inúmeros desvios de conduta envolvendo a atuação de políticos em todo o mundo, há questões que, infelizmente, não são formuladas:

Qual seria a parcela de responsabilidade da própria mídia na construção de imagem de tal forma negativa dos políticos?

Quais as conseqüências dessa imagem para o descrédito do processo democrático?

Já com relação aos jornalistas ocuparem o 5º lugar entre as profissões mais confiáveis no Brasil, colocando-se abaixo apenas dos bombeiros, carteiros, médicos e professores, o mistério permanece:

O que diferenciaria o jornalista brasileiro do jornalista da Europa e dos EUA que o tornaria tão mais confiável?

Para aqueles que acompanham criticamente a grande mídia e o trabalho dos seus jornalistas no Brasil, o resultado da pesquisa GfK divulgado pelo Jornal Hoje certamente mereceria uma boa investigação jornalística.’

 

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