Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Crítica interna

13/07/2006

Os ataques do PCC em SP ofuscaram o noticiário sobre a invasão do Líbano pelo Exército de Israel e tiraram da Primeira Página os atentados terroristas na Índia.

Folha – ‘Novos ataques do PCC matam 8’.

‘Estado’ – ‘75 ataques e 6 mortos em nova onda de terror em SP’.

‘Globo’ – ‘Crime organizado faz 73 ataques e mata 9 em SP’.

‘Zero Hora’ – ‘A volta do terror em São Paulo’.

‘Correio Braziliense’ – ‘Terrorismo brasileiro’.

‘Jornal do Commercio’ (PE) – ‘PCC retoma guerrilha’.

Eleições 2006/Vale tudo

Não há justificativa jornalística para a Folha destacar, como manchete de sua principal página de política (A5), as ‘desconfianças’ e ‘dúvidas’ do presidente do PFL: ‘Bornhausen diz que desconfia de elo entre PT e PCC’. Não há fato, não há prova, são apenas declarações eleitoreiras que o jornal não soube avaliar. Deveria ter lido antes o editorial da página A2 de hoje, ‘Novos ataques’: ‘Políticos, na crise da segurança paulista, travam uma batalha retórica que confunde e ofende a opinião pública’.

Se ‘desconfianças’ e ‘dúvidas’ com acusações graves como estas viram manchete na Folha, imagine o que esperar desta campanha e da cobertura jornalística.

Eleições 2006/PCC

O foco da cobertura eleitoral em ‘Brasil’ está acertadamente voltado para a repercussão da nova onda de ataques do PCC nas campanhas presidencial e para o governo de São Paulo. O ‘Estado’ ignorou o assunto no primeiro caderno e o seu noticiário eleitoral ficou gelado.

Os textos da Folha deixam claro que as duas candidaturas principais – Lula e Alckmin – ainda não dispõem de programa de governo para a área de segurança pública e estão perdidas em relação à estratégia a adotar neste momento em relação aos ataques do PCC. A reportagem sobre o PSDB – ‘Alckmin revê agenda para se esquivar da crise paulista’ (A4) – tem um bom apanhado dos bastidores da campanha tucana e revela a dificuldade que tem para tratar publicamente a crise de segurança no Estado. Falta, no entanto, detalhar as informações que obteve sobre o programa que já esboçou para a área. Tem novidades? São apenas propostas antigas? Como os especialistas avaliam?

As mudanças feitas entre a Edição Nacional e a Edição São Paulo no texto relativo ao PT (‘PT ainda não definiu proposta para segurança’ e ‘Propostas de Lula para segurança não estão definidas’) mostram que o próprio jornal não estava bem informado. É hora de o jornal não apenas relatar as deficiências percebidas nas duas campanhas mas já ter uma avaliação própria dos erros que vêm sendo cometidos pelas gestões dos dois partidos na área de segurança pública. É hora de aprofundar a discussão sobre os programas (e a falta deles) dos vários candidatos. Isso é mais importante do que as declarações eleitoreiras.

Isso vale também para os candidatos ao governo do Estado. Serra, Mercadante e Quércia respondem hoje a um questionário do jornal (boa iniciativa). Os três usam dados e fazem sugestões. Os dados apresentados estão corretos? E as sugestões fazem sentido?

Parece faltar base para o jornal interferir neste assunto e fugir das armadilhas das declarações e acusações eleitoreiras.

‘Cotidiano’/Guerra urbana

Achei boa a cobertura da Edição SP dos ataques do PCC.

Com quatro páginas a menos, a Edição Nacional não trouxe as reportagens ‘reflexivas’: ‘Especialistas criticam reação do Estado’ e ‘Promotoria vê PCC ‘poderoso e eficaz’’. A Edição SP também trabalhou melhor as informações sobre a gênese dos ataques, ‘Grampo flagrou a ordem para os ataques’.

O jornal fez bem em destacar as acusações que recebeu do secretário de Segurança pela divulgação da lista de presos que seriam removidos e em tratar do assunto, mesmo que rapidamente, no editorial ‘Novos ataques’.

Equilíbrio

Ficou incompreensível o ‘olho’ da reportagem sobre galinha-d´angola: ‘[…] a galinha-d´angola é o único animal africano que continua a fazer parte’.



12/07/2006

Folha e ‘Estado’ destacam os atentados em Mumbai:

Folha – ‘Bombas em trem matam 179 na Índia’ (número da Edição SP).

‘Estado’ – ‘7 atentados matam 190 na Índia’ (números da última edição).

O ‘Globo’ chama a atenção para a participação de advogados na criminalidade em São Paulo: ‘Advogada entregava clientes para facção do tráfico em SP’.

Eleições 2006

Enfim, um pouco de reflexão em ‘Brasil’, com a coluna de Elio Gaspari, sobre o andamento da campanha eleitoral para a Presidência da República.

A cobertura da Folha continua focada em detalhes da organização das campanhas e na formação de alianças. É uma cobertura voltada para o micro, para o varejo. Assim, algumas informações irrelevantes ganham espaço desmesurado. Qual a importância para o (e)leitor de que a concessão de CNPJ por parte da Receita Federal para as campanhas eleitorais atrase alguns dias? Nenhuma. É uma informação que merecia no máximo um registro, e não o abre da página mais nobre de política, a página A5 – ‘Burocracia retarda arrecadação de verba para as campanhas’.

O acompanhamento do candidato Geraldo Alckmin à Europa se limita ao registro das visitas e a declarações. Qual o objetivo da viagem e da agenda? Que avaliação pode ser feita da viagem e dos contatos? Todos os candidatos programam viagens internacionais. Elas acabam tendo alguma importância de fato? As fotos posadas já indicam a irrelevância destas iniciativas? Não há um bastidor (ou uma análise) desta viagem que mereça ser dividido com o leitor?

A reportagem principal de política é a reunião de Lula com os seus ministros. O título já diz tudo da irrelevância do foco da cobertura: ‘Lula exige dos ministros defesa coletiva do governo’. Seria notícia se Lula não exigisse a defesa do seu governo.

E a disputa pelo governo de São Paulo, Estado sede da Folha? Pelo que foi possível deduzir da leitura do jornal, apenas um candidato fez campanha ontem, José Serra (‘Serra defende mais presídios e o fim das cadeias em delegacias’, pág. A8). E os outros? A cobertura ficará restrita ao acompanhamento da agenda de candidatos e a declarações?

‘Cotidiano’

Para os leitores de fora de São Paulo, aqueles que recebem a Edição Nacional, os atentados do PCC contra agentes penitenciários são mais importantes como notícia do que o acidente com um ônibus em São Paulo. A capa da Edição Nacional de ‘Cotidiano’ deveria ter sido o novo assassinato do PCC e as notícias correlatas, como foi a capa da Edição São Paulo.

A Edição Nacional não traz as informações importantes sobre os projetos de lei de cotas e do Estatuto Racial que estão na Edição São Paulo (‘Governo reabre debates sobre o estatuto racial’, pág. C5).



10/07/2006

Folha e ‘Globo’, por caminhos diferentes, chegaram à mesma manchete, no domingo:

Folha – ‘Aumento da renda tira 6 milhões da classe D/E’.

‘Globo’ – ‘Sete milhões de pessoas sobem para classe média’.

A Folha teve como base pesquisa do Datafolha. O ‘Globo’ usou levantamentos feitos por vários institutos a partir de pesquisas do IBGE.

A Folha editou no contexto eleitoral: ‘Lula promove 6 milhões de eleitores para a classe C’ (manchete da página A4). O Datafolha também detectou outros indicadores favoráveis ao governo Lula: ‘otimismo de 49% com economia ; 37% dizem consumir mais alimentos’.

O ‘Globo’ não fez uma associação direta ao desempenho do governo federal e editou o seu material na seção de economia.

O ‘Estado’ também optou por destacar na manchete dominical um levantamento econômico também positivo, mas com um contraponto: ‘Investimento cresce, mas cria pouco emprego – Volume é 24,5% maior, mas em áreas que usam pouca mão-de-obra’.

Mais eleição na ‘Veja’: a revista publicou a lista, com fotos, dos 94 parlamentares investigados por crimes. A relação pode ser maior.

Eleições 2006

A Folha completou a pesquisa Datafolha com outros estudos sobre renda e um estudo da UFRJ sobre saneamento e investimentos sociais.

É um esforço para criar uma base de dados que ajude o leitor a avaliar os resultados das políticas públicas.

A cobertura da disputa pelo governo de São Paulo ainda não decolou. O jornal ouviu os dois principais candidatos, o do PSDB e o do PT, sobre segurança e sistema penitenciário para a edição de domingo. Mas a campanha sumiu novamente na edição de hoje, segunda-feira.

A nota ‘Contas abertas’, na coluna ‘Mônica Bergamo’ de hoje (pág. E2), compara o crescimento patrimonial de Lula nos últimos quatro anos ao do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso no seu primeiro mandato (declarações de 1994 e 1998). O valor do patrimônio de Lula publicado pela imprensa na semana passada estava em reais e o de FHC, na coluna, em dólares. É correto? Não deveriam estar na mesma moeda para que a comparação fosse possível?

Copa

O caderno especial ‘Ranking Folha’ informa que a terceira cidade onde mais ocorreram partidas em Copas é Guadalajara, e localiza a cidade no Uruguai.’