’11/08/2006
Folha e ‘Estado’ trataram de forma bem diferente o anúncio de que a polícia britânica impediu uma nova série de atentados aéreos terroristas. O ‘Estado’ está seguríssimo de que são verdadeiras as informações passadas pela Scotland Yard: ‘Ingleses frustram maior plano terrorista desde 11/9’. A Folha parece ter um pé atrás: ‘Inglaterra diz que evitou atentados’. Como as informações ainda são precárias e como em outras ocasiões os jornais publicaram informações oficiais dos governos dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha que posteriormente não se confirmaram, acho correta a cautela da Folha. O ‘Globo’ saiu por outra linha, esta sem perigo de erro: ‘A globalização do medo’. Independentemente da veracidade das informações da polícia, o medo se espalhou pelos aeroportos da Europa e dos Estados Unidos.
O segundo assunto mais importante foi o relatório da CPI que investiga as fraudes no Ministério da Saúde.
Folha – ‘CPI dos Sanguessugas pede cassação de 72 congressistas’.
‘Estado’ – ‘CPI acusa 12% do Congresso em relatório’.
‘Globo’ – ‘CPI quer cassar 72, mas eleitor pode punir antes’. O ‘Globo’ está tentando enfocar o caso dos sanguessugas sob o prisma do que poderia ser chamado de ‘jornalismo cívico’ ou ‘jornalismo público’, com a idéia de não apenas relatar os fatos, mas de estimular os eleitores a não votar nos parlamentares envolvidos: ‘A maioria dos acusados pela CPI tentará a reeleição em outubro e o processo no Conselho de Ética deve demorar, o que significa que só o eleitor pode punir antes, nas urnas, os acusados’, escreve, na Primeira Página.
O terrorismo ofuscou as outras três guerras: a que devasta o Líbano, a do PCC, que amedronta São Paulo às vésperas do Dia dos Pais, e a do Rio, que já deixou 15 mortos em menos de uma semana.
‘Painel do Leitor’
A discussão sobre o Fura-Fila, travada entre a atual e as últimas administrações municipais para saber quem é o responsável por tanto desperdício de dinheiro do paulistano, deveria estar nas páginas de ‘Cotidiano’ e acompanhada de uma intervenção jornalística da Redação, e não no ‘Painel do Leitor’, como vem ocorrendo ao longo da semana.
Ao reproduzir as versões e desculpas no ‘PL’, o jornal está ocupando um espaço do leitor e está abdicando de questionar jornalisticamente os argumentos levantados pelo atual prefeito e pelos ex-prefeitos. O jornal levantou a bola de um assunto importante, mas deixou os seus desdobramentos para o ‘PL’.
Sanguessugas
O melhor tratamento de edição dado ao relatório da CPI dos Sanguessugas foi, dos que vi, o do ‘Globo’: o quadro trazia os nomes, partidos, fotos (a Folha também trouxe fotos; o ‘Estado’, não) e um pequeno texto com a acusação que pesa sobre cada um.
A edição da Folha se sobressai por um aspecto importantíssimo: o jornal reservou um bom espaço, com destaque, para as versões dos acusados (‘Citados negam acusações e atacam CPI’, pág. A6). O jornal fez bem em evitar o texto corrido. As defesas têm mais visibilidade com o formato escolhido pelo jornal.
Eleição 2006/Presidência
A Folha resolveu, enfim, cobrir bem uma entrevista do ‘Jornal Nacional’ e editou a entrevista dada pelo presidente Lula com o preparo, o espírito crítico e o acabamento gráfico que deveria ter tido, mas não teve, nas outras entrevistas feitas por William Bonner e Fátima Bernardes ao longo da semana. Ficou hoje evidente o tratamento diferenciado que o jornal dá para os três principais candidatos que disputam a Presidência da República, Lula, Alckmin e Heloísa Helena.
‘Mundo’
O tom do noticiário sobre a ação da polícia britânica está corretamente cauteloso, como na Primeira Página.
O ‘Globo’ teve uma boa idéia, ao ouvir dois participantes ilustres, e com pontos de vista bastantes diferentes sobre o terrorismo, da Festa Literária de Paraty, o escritor Tariq Ali e o jornalista Christopher Hitchens.
‘Ilustrada’
O jornal deve estar com repórteres sobrando. Três deles foram escalados para acompanhar a jornalista Lillian Ross num almoço em Parati (‘Lílian Ross tem `aula de história´ em almoço com dom João durante a Flip’, pág. C5 da Edição Nacional e C10 da Edição SP). Deu menos de três parágrafos por repórter.
Podiam ter aproveitado para entrevistar Tariq Ali e Christopher Hitchens, que teriam o que dizer sobre o medo que ontem tomou conta dos aeroportos da Europa e Estados Unidos.
Aliás, o jornal grafa Lillian e Lílian.
Calhau
Causa sempre má impressão (de imagem, não de imprimir) a edição cheia de calhaus (anúncios da própria Folha que substituem anúncios comerciais que não chegaram a tempo), como a Edição Nacional de hoje e suas páginas A9, A10, A11 e A12.
10/08/2006
A manchete da Folha é o resultado, já conhecido desde ontem e sem novidade, da pesquisa do Datafolha sobre a disputa eleitoral pelo governo de São Paulo: ‘Serra mantém vantagem em SP e vence no 1º turno’.
Manchete do ‘Estado’: ‘Israel amplia ofensiva no sul do Líbano’. Do ‘Globo’: ‘Rosinha prorroga a farra das vans até 2011 no Rio’.
Manchetes dos jornais econômicos:
‘Valor’ – ‘Enxurrada de dólares leva o risco-país a recorde de baixa’.
‘Gazeta Mercantil’ – ‘Risco despenca com retorno de investidor’.
‘Painel do Leitor’
Não entendi por que a mensagem da Petrobras foi parar no ‘Painel do Leitor’ (‘Gás’) de hoje (pág. A3). Como não há resposta do jornal à mensagem, é de se supor que as informações enviadas sejam verdadeiras e relevantes e, neste caso, deveriam estar no caderno ‘Dinheiro’ como suíte de reportagem anterior.
Eleição 2006/Presidência
Não é correto rotular um profissional como ‘um velho simpatizante do malufismo’, como a Folha se refere hoje ao radialista Paulo Barboza no resumo da entrevista de Lula à rádio Capital (‘Lula diz que Saulo deveria ser mais sensato’, pág. A10). Se a Folha acha relevante traçar um perfil ou miniperfil do radialista, que o faça com fatos e dados, e não com um rótulo preconceituoso, impróprio para um jornal sério.
O leitor da Edição Nacional da Folha (praticamente metade da circulação do jornal) não recebeu o relato da entrevista dada pela candidata Heloísa Helena ao ‘Jornal Nacional’ de terça-feira à noite, mas teve acesso hoje a um artigo (‘A bela e a fera’) comentando a entrevista. A entrevista dada pelo candidato Geraldo Alckmin saiu na Edição SP de terça, mas na quarta-feira saiu mal dada na Edição Nacional, e sem artigo que a comentasse. A Folha deveria ter um único padrão para a cobertura destas entrevistas, que têm sido importantes pela condução das perguntas e pela repercussão. O tratamento diferenciado faz sugerir improviso e coloca em cheque o princípio do equilíbrio da cobertura.
Eleições 2006/São Paulo
Nenhum outro candidato ao governo de São Paulo fez campanha ontem? O jornal só conseguiu, para a Edição Nacional, informações sobre José Serra?
Sanguessugas
O texto ‘CPI racha sobre número de parlamentares acusados’ (pág. A12) usa o termo inocentes entre aspas para designar os parlamentares citados nas investigações, mas contra os quais ainda não existem provas. Está certo o jornal em usar as aspas, porque eles não estão inocentados, apenas não estão na relação dos citados com provas. O intertítulo ‘Lista dos inocentes’ deveria vir, portanto, com o termo inocente entre aspas. Sem aspas, fica parecendo que foram inocentados.
Brasil
Segundo o ‘Estado’, ‘Incra pagou R$ 61,5 milhões a mais por fazenda’. O presidente do Incra e mais quatro funcionários foram condenados pelo TCU.
Guerra urbana
Segundo o ‘Estado’, a prisão de um jovem ex-integrante do PCC ajudou na prisão de 135 criminosos. Vinte pessoas envolvidas nos ataques já estariam no Programa Estadual de Proteção à Testemunha.
Digitação
A coluna ‘Mônica Bergamo’ abriu, em sua edição que veio para o Rio, com um ‘Palácio do Palácio’ (nota ‘Chá das Cinco’).
09/08/2006
A Folha tem duas manchetes, uma para a pesquisa eleitoral – ‘Alckmin cai e Lula vence no 1º turno’ – e outra para o PCC, o principal assunto dos dois maiores concorrentes:
Folha – ‘PCC concentra novos ataques no interior’ (manchete) e ‘Polícia encontra granada no túnel Nove de Julho’.
‘Estado’ – ‘Planalto atua para impor o Exército a São Paulo’ (manchete), ‘PCC pagou propina a diretor de presídio’ e ‘Ataques se deslocam para o interior’.
‘Globo’ – ‘SP mantém indulto a 11 mil presos apesar de atentados’.
O ‘Globo’ conseguiu colocar um repórter em Havana.
Eleição 2006/Presidência
Os leitores da Edição Nacional da Folha foram privados da interpretação feita por cientistas políticos para a queda de Alckmin nas pesquisas eleitorais divulgadas ontem (‘Para especialistas, discurso de Alckmin explicaria queda’, pág. A6 da Ed. SP). Mas, registre-se, já foi um avanço a Edição SP contemplar uma análise da pesquisa eleitoral.
Ficou confusa a edição da página A5 da Edição Nacional com os infográficos da pesquisa do Datafolha ilustrando o texto sobre a pesquisa da CNT/Sensus. Os títulos dos infos deveriam informar logo que eram gráficos do Datafolha. Nem todos procuram ou conseguem ler as letras miúdas que informam a fonte.
Estava errado, ontem, o título ‘No `JN´, Alckmin defende política de segurança e promete baixar IR’ (pág. A8 da Edição SP). Como a própria reportagem informava no seu quarto parágrafo, a promessa de baixar o Imposto de Renda não foi feita durante a entrevista no ‘JN’, mas para a Globonews.
Eleições 2006/São Paulo
Embora o título afirme que ‘Serra defende mudanças na política de segurança estadual’, a abertura da reportagem da página A8 da Edição SP deixa claro que ele defendeu a manutenção da política de segurança dos últimos 12 anos do governo do PSDB. O relato da Folha não aprofunda o teor das ‘mudanças’ prometidas por Serra, o que dificulta saber se são mudanças de fato ou apenas adaptações da atual política que está sendo questionada publicamente. O jornal continua patinando neste tema.
Nenhum outro candidato ao governo de São Paulo fez campanha ontem? O jornal só conseguiu acompanhar José Serra, e assim mesmo para fazer um relato superficial de uma entrevista dada para uma rádio? A Folha ainda não começou a cobrir a disputa pelo governo de São Paulo, Estado onde tem sede e em que vive a maioria de seus leitores.
Oriente Médio
Estão muito confusas as contas de mortes na guerra no Líbano feitas pela Folha na edição de hoje (pág. A13). O título da reportagem principal informa que ‘mortos vão a 790’; o infográfico (‘Balanço de mortos’) dá, em um de seus cálculos possíveis, os tais 790, mas admite 1.099; e no texto da reportagem chega a 761 ou a 1.006. É claro que estas contas são sempre difíceis em tempos de guerra porque os vários lados envolvidos não dão informações precisas. Mas o jornal deveria ter a preocupação de ajudar a organizar e a entender.
Guerra urbana
Folha e ‘Estado’ têm informações contraditórias a respeito da estratégia do governo Lula em relação ao envio de tropas do Exército para São Paulo.
Segundo o ‘Estado’ – e esta é inclusive a sua manchete – ‘Governo atua para impor o Exército a São Paulo’. O jornal informa que o governo aumentou a pressão para que o Estado aceite a ajuda e fará um ato simbólico na sexta-feira, ao visitar o quartel-general do Comando Militar do Sudeste. Segundo a apuração do ‘Estado’, o governo federal avalia que a convocação do Exército traria ganhos eleitorais para Lula porque mostraria que o governo estadual (Alckmin) não conseguiu controlar o PCC sozinho.
Já a Folha garante que ‘Lula não gostaria de enviar as Forças Armadas ao Estado em plena campanha eleitoral’. O título da reportagem é ‘Resistência ao Exército convém a Lula’, que informa ainda que ‘dúvidas sobre a eficácia da utilização das tropas militares no combate ao PCC fazem governo federal temer danos eleitorais’.
São, portanto, duas informações completamente divergentes, opostas.
A ver.
A discussão sobre a aplicação do conceito de terrorismo aos ataques do PCC é muito pertinente e merecia melhor tratamento do que o recebido na reportagem ‘Participação do Exército nas ruas é alvo de críticas’ (pág. C5 da Edição Nacional). A discussão sumiu na Edição SP.
A Edição Nacional da reportagem ‘Participação do Exército nas ruas é alvo de críticas’ (pág. C5) trata o antropólogo Luiz Eduardo Soares várias vezes como Eduardo Soares. Ou é Soares ou Luiz Eduardo Soares.
A Folha não deu muita bola, na edição de hoje, para um aspecto da crise que o ‘Estado’ destacou e o ‘Globo’ elegeu como o assunto principal do dia e deu manchete: a liberação de cerca de dez mil (onze mil) presos no Dias dos Pais. Segundo o ‘Estado’, ‘Justiça deve liberar 10 mil detentos no Dia dos Pais’ e ‘população não quer saída’. A manchete do ‘Globo’: ‘SP mantém indulto a 11 mil presos apesar de atentados’.
Na Edição SP da Folha, o assunto é apenas uma pequena nota e, aparentemente, desatualizada: ‘Promotores tentam restringir saída de presos’. Segundo o ‘Estado’, os argumentos dos promotores para impedir a liberação já teriam sido rejeitados pela Justiça. A ver.
Segundo o ‘Estado’, o diretor de presídios recebeu R$ 20 mil para dar privilégios para o chefe do PCC.
08/08/2006
Do Líbano para São Paulo:
Folha – ‘PCC faz 100 ataques em 18 cidades’.
‘Estado’ – ‘PCC faz 3ª onda de ataques e secretário pede Exército’.
‘Globo’ – ‘Crime reage em SP com nova onda de atentados’.
Eleições 2006
Senti falta de dois pontos na edição das opiniões dos principais candidatos ao governo de São Paulo a respeito do PCC (‘Serra, Mercadante e Quércia admitem ajuda do Exército’, pág. A4):
1 – Faltou a pergunta que deveria anteceder as feitas: como a situação de insegurança pública pôde chegar a este ponto? O diagnóstico da crise ajudaria o leitor a entender melhor como cada candidato a avalia e, portanto, por que sugerem as propostas que vêm a seguir.
2 – Faltou submeter as respostas dos candidatos a especialistas independentes que pudessem fazer uma análise das propostas apresentadas: algumas já não estão sendo implementadas sem sucesso? As outras teriam realmente eficácia? Algumas não demonstram o desconhecimento dos candidatos sobre o assunto?
O ‘Globo’ foi mais crítico do que a Folha na cobertura da entrevista de Geraldo Alckmin ao ‘Jornal Nacional’. Título do jornal do Rio: ‘Alckmin erra nos números da educação’ (Primeira Página). Título da Folha (pág. A8): ‘No `JN´, Alckmin defende política de segurança e promete baixar IR’. É muito boa vontade da Folha, que tem o compromisso de praticar um jornalismo crítico em relação aos governos, destacar uma promessa vaga de redução de Imposto de Renda em detrimento a outros aspectos mais importantes da entrevista. Outro título do ‘Globo’: ‘Candidato [Alckmin] se esqueceu de falar sobre os erros’.
Reforma política
Ao ler hoje o comentário de Jânio de Freitas (‘A armadilha’, pág. A5) sobre o uso indevido, por parte do Planalto, da reunião com os ex-presidentes da OAB na quarta-feira _quando a informação vazada para a imprensa foi a de que os representantes da Ordem haviam apresentado a proposta de Assembléia Constituinte exclusiva para a reforma política_, fica evidente que a Folha editou mal, no sábado, a reportagem em que ouviu os advogados que participaram da reunião. O texto ‘Reforma foi `tema periférico´, dizem advogados’ (pág. A11 de sábado) mostrou que os advogados não levaram a proposta de Constituinte ao presidente Lula, como saiu nos jornais, e que praticamente todos eram contra a idéia. Houve, portanto, uma manipulação (‘uma montagem dos fatos mal intencionada’, segundo Jânio) que o jornal captou, mas não deu o devido destaque, preferindo destacar, mais uma vez, uma declaração efêmera (‘Serra diz que proposta de Constituinte é só `frufru´‘).
O ‘Estado’ mostrou hoje a fraude com todas as letras e com destaque: ‘OAB rejeita idéia de Constituinte defendida por Lula – Ordem sustenta que plano partiu do Planalto e Roberto Busato o define como `factóide político´ do presidente’.
Operação Dominó
O infográfico ‘Dois esquemas de fraude’, que acompanha a reportagem ‘Desvios em Rondônia podem ser maiores’ (pág. A6), não informa em que períodos foram repassados os R$ 14,9 milhões para os laranjas dos deputados estaduais e os R$ 70 milhões que a Polícia Federal calcula como valor total dos desvios.
Ponto para a reportagem da Folha em Porto Velho por ter escapado do enfoque folclórico que acometeu o ‘Estado’: ‘Assembléia de Rondônia pagava até pai-de-santo’.
Oriente Médio
Está perdida no meio do texto principal da cobertura sobre a guerra no Líbano a informação relevante de que os bombardeios de Israel provocaram ontem mais 55 mortes em Beirute e no sul do país. É uma informação mais importante do que ‘Israel, `sem limitações´, impõe toque de recolher no Líbano’.
Manchete interna do ‘Estado’ e título forte na Primeira Página: ‘Bombardeio da aviação de Israel mata 55 no Líbano’.
Guerra urbana
A Folha continua a dever uma avaliação séria, independente, da política de segurança pública implementada pelo que o editorial de hoje (‘Rotina’, pág. A2) chama de ‘consórcio de poder que há 12 anos comanda o Estado mais rico do país’.
07/08/2006
A Folha deu manchete ontem e hoje para a busca de uma saída para a guerra no Líbano: ‘EUA fazem acordo com a França para trégua no Líbano’ (domingo) e ‘Líbano rejeita proposta de trégua; Hizbollah mata 15’ (hoje). O Oriente Médio também é a manchete do ‘Estado’ de hoje: ‘Israel sofre maior ataque; Líbano rejeita plano de trégua’.
A China está na capa da ‘Veja’ – em edição especial -, na capa do caderno ‘Dinheiro’ da Folha de hoje – ‘Real forte impulsiona comércio popular – Importação de produtos baratos da China deve crescer 66% em volume neste ano, segundo associação do setor’ – e na manchete de hoje do ‘Valor’: ‘China passa Brasil na venda de manufaturados para a América Latina’.
Eleições 2006
É notável a falta de cobertura, por parte da Folha, da disputa pelo governo do Estado de São Paulo.
Alta
A nota ‘Ex-juiz Nicolau dos Santos Neto sai do hospital’ (pág. A6) não informa para onde ele foi levado após a alta. O ex-juiz continua a cumprir a pena a que foi condenado em casa?
Oriente Médio
A Folha noticiou ontem que o Centro Comunitário da Sociedade Israelita Brasileira Beth Jacob, de Campinas, foi alvo de um atentado na madrugada de sábado (‘Centro judaico sofre atentado em Campinas’, pág. A18). O assunto sumiu na edição de hoje. Não era o caso de o jornal insistir na apuração e condenar o atentado antes que a prática se propague?
Segundo o ‘Globo’, o rabino Sobel também foi ameaçado.
Bolívia
Vi dois problemas de informação na reportagem ‘Constituinte de Morales é instalada com festa étnica’ (pág. A13 da edição de hoje):
– O texto faz referência ao fato de que o presidente Evo Morales não tem maioria na Constituinte, mas não informa os números (ou percentuais) das bancadas eleitas; assim, fica difícil saber se é possível ou não ele obter maioria com alianças com outras forças.
– A ‘lupa’ informa que o ‘ato não teve representantes dos cultivadores de coca’, mas o texto não sustenta a informação. Segundo o texto, o que houve é que ‘não foi feita menção aos `cocaleros´‘, o que é diferente. É provável que vários constituintes, assim como o próprio presidente, os representavam na cerimônia de instalação da Constituinte.
Cuba
Muito boa a entrevista com Caleb McCarry (‘Entrevista da 2ª’, pág. A16) e sua edição (com o quadro ‘Para entender McCarry’).
Educação
Não há novidade no título da capa do caderno ‘Cotidiano’, ‘Elite brasileira vai estudar fora do país’. A elite brasileira sempre estudou fora do país. A reportagem merecia outro título.
Fura-Fila
É um escândalo (mais um) a história do Fura-Fila, como mostra hoje o jornal (‘Fura-Fila, 10, gasta R$ 675 mi parado’, pág. C3 da Ed. Nacional e C6 da Ed. SP).
Não entendi por que não foi a capa do caderno.
E senti falta de uma comparação com o preço de quilômetro construído do metrô e de projetos semelhantes ao fura-fila em outras cidades ou países. A impressão é que ficaria ainda mais evidente o desperdício de dinheiro público.