Wednesday, 08 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1286

Dia de debate eleitoral na TV


Leia abaixo a seleção de quinta-feira para a seção Entre Aspas.


 


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Folha de S. Paulo


Quinta-feira, 5 de agosto de 2010


 


ELEIÇÕES 2010


Catia Seabra, Bernardo Mello Franco, Valdo Cruz, Márcio Falcão e Ranier Bragon


Caos aéreo e segurança em SP são armas para debate


Principais adversários da disputa pelo Palácio do Planalto, a petista Dilma Rousseff e o tucano José Serra chegam hoje, ao primeiro debate da corrida presidencial, com munição para explorar os dois temas mais quentes da semana: caos aéreo e ataques à polícia de São Paulo.


Serra reuniu material sobre o que deve chamar de ‘apagão aéreo’ no governo Lula. Dilma, por sua vez, está preparada para abordar problemas da segurança em São Paulo, Estado que o tucano governou até abril.


O debate será exibido a partir das 22h pela Band.


Embora o comando das duas campanhas aposte na inclusão dos temas espinhosos entre as perguntas dos jornalistas -livrando os candidatos de abordá-los diretamente-, Serra e Dilma estudaram os assuntos, seja para questionar o adversário ou para replicar respostas.


Serra levará munição também sobre o loteamento político nas agências reguladoras e até sobre o escândalo do mensalão. A menção dependeria do calor do debate.


Segundo aliados, o tucano está determinado a dirigir perguntas diretamente a Dilma. A petista, por sua vez, foi orientada a isolar Serra, endereçando suas perguntas a Marina Silva (PV) e a Plinio de Arruda Sampaio (PSOL).


Nas críticas, Serra evitará a expressão ‘governo Lula’, que Dilma deve repetir.


BLINDAGEM


Já contando que os temas delicados pautarão o debate, os candidatos anteciparam as respostas durante a semana. Dilma, por exemplo, falou do caos aéreo. Serra negou ontem, em Poços de Caldas (MG), que São Paulo vive uma crise na segurança.


‘É um comentário puramente eleitoral’, afirmou. ‘São Paulo é o Estado onde a criminalidade mais caiu nos últimos dez anos.’


A equipe de campanha de Dilma passou o dia fechando suas propostas para a área de saúde, material que serviria para tentar desconstruir o ‘legado’ de Serra, que comandou o Ministério da Saúde entre 1998 e 2002.


A petista também intensificou as simulações de debates feitas com o presidente do PT, José Eduardo Dutra, com o deputado Antonio Palocci (PT-SP) e a consultora de imagem Olga Curado.


O receio da coordenação é que Dilma cometa algum deslize por falta de traquejo. Além do evento da Band, ela participa de encontros em outras quatro emissoras e do debate Folha/UOL no próximo dia 18, em São Paulo.


A petista deve dedicar parte de sua participação no confronto direto com os adversários para falar de educação, sempre colocando em prática a principal estratégia de sua campanha: comparar o governo Lula com o de Fernando Henrique Cardoso.


Dilma deve ser acompanhada no debate por integrantes do comando da campanha e pelo vice, Michel Temer. Cada candidato tem direito a levar 25 convidados.


Estreante em debates, Marina Silva (PV) foi orientada pelo publicitário Paulo de Tarso Santos a mudar o estilo de oratória, trocando as metáforas por respostas mais curtas e objetivas.


A senadora quer aproveitar o debate para se exibir em situação de igualdade com os adversários e espera se beneficiar de embates entre Dilma e Serra.


 


 


Fernando Rodrigues


Com tantas regras, efeito de debate é incerto


A audiência de debates eleitorais na TV nunca é das maiores. O assunto (política) é pouco atraente para o grande público na comparação com novelas e reality shows. Para complicar, esses eventos são quase sempre transmitidos após as 22h, quando a maioria dos eleitores já pensa em ir dormir.


A influência dos confrontos diretos é incerta. Ocorre sempre nos dias seguintes se uma grande gafe foi cometida. Quando os candidatos se mantém dentro do esperado, o impacto é menor.


Foi assim em todas as eleições presidenciais desde 1989. Mas a repercussão tem ficado cada vez mais anódina e padronizada. Há uma lista caudalosa de imposições legais. Por exemplo, nenhum político pode usar nas suas propagandas eleitorais na TV cenas com políticos de outros partidos -ou seja, imagens constrangedoras de adversários em debates.


Criou-se também uma cultura de autocensura das emissoras de rádio e de TV: na dúvida sobre como divulgar um comentário mais ácido de um político, evitam assuntos que possam resultar em uma multa aplicada pela Justiça Eleitoral. As TVs também só conseguem fazer debates se aceitam acordos prévios com os candidatos.


Para ter o debate de hoje à noite, a Bandeirantes se comprometeu a usar em seus telejornais imagens e áudios editados apenas das primeiras perguntas (iguais para todos) e as considerações finais. Os trechos com candidatos perguntando uns aos outros estão proibidos nos noticiários da emissora.


Os candidatos só aceitam participar assim, com regras rígidas. Querem minimizar previamente possíveis danos. A tática de responder de maneira genérica, com tergiversações, passa quase incólume. Jornalistas presentes aos debates são proibidos de comentar dizendo ‘o sr. (ou a sra.) não respondeu ao que foi perguntado’.


CONFRONTO DIRETO


Ainda assim, o encontro direto entre candidatos a presidente é o que há de mais próximo de uma área de risco para políticos de olho no Palácio do Planalto.


Apesar das regras bizantinas e das intensas sessões de treinamento a que os candidatos se submetem (ou ‘coaching’, para usar o anglicismo corrente nas campanhas), existe sempre a possibilidade de alguém perder o controle, de falar fora do tom ou de se revelar menos preparado do que nas belas propagandas partidárias filmadas em película.


Embora as imagens do programa tenham um tratamento comedido por parte das emissoras de TV nos dias seguintes, no território livre da internet haverá todo tipo de interpretação -ou manipulação. Será também uma forma de aferir o efeito dos vídeos na web no atual processo eleitoral brasileiro


 


 


Evento na TV é novidade no Reino Unido


Presentes na corrida eleitoral brasileira desde a redemocratização, os debates televisionados entre candidatos são um expediente antigo nos EUA. Já a Argentina nunca conseguiu realizar um encontro na TV ou no rádio entre os postulantes à Presidência, enquanto a Inglaterra estreou o formato neste ano.


Nos Estados Unidos, os debates ocorrem desde a fase das primárias entre os pré-candidatos democratas e republicanos. Nas eleições gerais de 2008, houve três debates entre os candidatos a presidente e um entre os candidatos a vice.


O formato utilizado foi o de dividir o debate em segmentos para tópicos diferentes, com tempo para exposição de cada participante e discussão entre eles.


No Reino Unido, não há candidatos à Presidência -o líder do partido que consegue maioria na Câmara dos Comuns é indicado primeiro-ministro. Nos debates de abril deste ano, participaram os líderes dos três maiores partidos. Eles responderam a perguntas do entrevistador e da plateia.


Na Argentina, canais de TV a cabo sempre tentam reunir os principais presidenciáveis, mas o favorito, via de regra, recusa o convite ou cancela a presença.


O contato com os eleitores ocorre pela publicidade paga na TV aberta e em comícios. Não há horário eleitoral gratuito.


 


 


Renata Lo Prete


Em defesa do bate-boca


SAIRÁ FRUSTRADO quem ligar a TV hoje à noite confiante em que, com o início dos debates entre os candidatos, finalmente haverá ‘discussão de propostas’ na campanha presidencial, em substituição ao bate-boca até aqui dominante. Muita gente dá corda a essa expectativa, mas só porque pega mal afirmar o contrário. Seja pela camisa de força das regras, seja pela exiguidade do tempo, debates não se prestam ao exame aprofundado de programas de governo -de resto virtuais.


No evento da Band, cada participante fará dez intervenções, com pouco mais de 16 minutos de microfone no total. Esquadrinhar educação, saúde, segurança e economia nessas frações e ainda se desviar dos tiros dos adversários? Sem chance. Do ponto de vista do conteúdo, o confronto é menos de ideias que de bordões, mais próximo dos 140 caracteres do Twitter que de uma entrevista pingue-pongue.


Além disso, a televisão é o veículo da subjetividade: a fala em si importa menos do que a impressão causada.


No debate inaugural do segundo turno de 2006, Geraldo Alckmin se perdeu não pelo que disse -alguém se lembra?- a Lula, mas sim por ter se mostrado colérico, sempre uma operação de alto risco na TV e ainda mais se praticada por alguém cuja imagem está associada ao bom comportamento.


Por fim, conspira contra a ‘discussão de propostas’ o fato de que as soluções apresentadas pelas principais campanhas são, retirada a espuma, semelhantes.


A ênfase dada tanto por Dilma quanto por Serra ao ensino técnico, para citar um exemplo, deriva do diagnóstico compartilhado de que esse é o único caminho para enfrentar o problema da qualificação e da empregabilidade dos jovens.


A convergência embute ainda um componente conjuntural. Pesquisas mostram que a maioria do eleitorado está satisfeita e quer, no máximo, correções pontuais. A oposição não tem interesse em caracterizar a escolha de 2010 como continuidade x mudança.


Nesse cenário, o bate-boca é mais útil do que sugerem os detratores dessa ‘forma inferior’ de comunicação política. Campanhas não se desenvolvem como seminários. Do Bolsa Família à política externa, muitas vezes é por meio de cotoveladas que temas ditos programáticos acabam por ganhar espaço na agenda.


A ‘pauta propositiva’ é invariavelmente blindada: testada em pesquisas, controlada por assessores e lipoaspirada de tudo o que puder afugentar eleitores e/ou financiadores.


Já o destempero, dentro e fora dos debates, escapa do roteiro da marquetagem, criando a rara oportunidade de descobrir o que o candidato de fato pensa sobre determinado assunto.


Mais: esses episódios não são folclorizados pelo eleitor. Ciro Gomes sabe o preço que pagou por ter dito, em 2002, que o papel de Patrícia Pillar na campanha era o de dormir com ele.


Portanto, longa vida ao bate-boca, a mais reveladora forma de expressão dos políticos.


 


 


Clóvis Rossi


Debates. Ou a última chance


A série de debates que começa hoje é, talvez, a única chance de José Serra reverter um quadro eleitoral que é claramente favorável a Dilma Rousseff.


Favorável menos pelo que dizem as pesquisas e mais pela lógica. Pode-se até argumentar que lógica e eleições nem sempre se casam, mas é o único instrumento para análise, já que, por definição, não dá para trabalhar com o imponderável.


Qual é a lógica? Repito: há uma sensação bastante disseminada de bem-estar no país, o tal ‘feel good factor’. É natural que, nessas circunstâncias, o eleitorado prefira o continuísmo à mudança.


Para alterar essa lógica, os candidatos oposicionistas teriam que pôr no cenário alguma emoção, alguma utopia, alguma ilusão convincente. Nada disso está à vista, e resta demasiado pouco tempo para que possa aparecer.


A alternativa para a oposição é desmontar Dilma, o que só pode acontecer nos debates. No horário gratuito, ela será devidamente embalada para presente, como de resto todos os demais, exceto Plínio de Arruda Sampaio (PSOL). Plínio prefere a autenticidade ao embrulho, ainda que não lhe dê votos.


O debate fica sendo, portanto, a única chance de, eventualmente, fazer a candidata governista escorregar, mostrar-se indecisa, atrapalhada, insegura, sei lá. Algo enfim que leve o público a acreditar que ela não é a garantia de que o ‘feel good’ vai continuar.


No caso de Serra, o debate terá um elemento adicional para ajudá-lo na difícil tarefa de desconstruir Dilma. Chama-se exatamente Plínio de Arruda Sampaio, o único com coragem suficiente para dizer que o imensamente popular governo Lula é ‘nefasto’, como o fez em entrevista à Folha.


Claro que o candidato do PSOL tampouco vai poupar Serra. Mas o tucano está habituado a levar bordoadas da esquerda, muito ao contrário de Dilma.


 


 


Eliane Cantanhêde


Debater é preciso, mas…


Hoje é um dia nervoso para os candidatos à Presidência. Debates ao vivo pela TV não elegem ninguém, mas bem podem derrotar alguém. Quem está na frente vai pronto para simplesmente não errar. Quem está atrás tem que ‘criar fatos novos’ -expressão muito comum em política- na dose suficiente para avançar, mas sem extrapolar.


Consta que José Serra, pelo passado de prefeito, governador, deputado e senador, tem mais cancha e conteúdo, enquanto Dilma Rousseff, neófita nesse tipo de embate, entra em desvantagem.


Mas Dilma tem maior número de aliados, mais tempo na propaganda eleitoral gratuita, pilhas e pilhas de informações e dicas que os ministros lhe passam. E Serra vai entrar no estúdio num momento em que tudo parece dar errado na sua campanha: desânimo, desmobilização, dúvidas quanto a Aécio, deserção de prefeitos no Nordeste, risco de perda do palanque no DF.


Isso pode dar mais moral a Dilma e mais insegurança a Serra. O que conta -e muito. Em TV, a forma supera o conteúdo.


A última contra Serra foi a informação de que sua campanha foi a que menos arrecadou até julho: R$ 3,7 milhões, contra R$ 11,6 milhões para a de Dilma e de R$ 4,6 milhões para a de Marina.


Pode ser por desorganização, mas cria uma dúvida interessante: o PT vive dizendo que Serra é ‘de direita’ e ‘candidato das elites’, mas os financiadores estão despejando mais dinheiro em Dilma?


A questão ‘direita’ versus ‘esquerda’ deve permear o debate de hoje, mas subliminarmente. A grande massa de eleitores não tem a menor ideia do que se trata -se é que se interessa por debates políticos. E o financiador de campanhas não está nem aí. O que interessa não é ideologia; é quem tem mais chance de ganhar e garantir seus lucros. Banqueiros, empresários e PMDB, tudo a ver.


 


 


Breno Costa, Bernardo Mello Franco e Ranier Bragon


Aparição no ‘JN’ pauta agenda eleitoral


De olho num público estimado em 40 milhões de telespectadores, os três principais candidatos à Presidência da República têm, desde segunda-feira, o ‘Jornal Nacional’ como prioridade na formulação de suas agendas, a ponto de criarem compromissos apenas para não perder a oportunidade de aparecer na edição.


O noticiário da TV Globo dá 50 segundos de exposição para José Serra (PSDB), Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PV). É uma espécie de pré-horário político obrigatório, que só começa a ser veiculado no próximo dia 17.


Na terça-feira, Dilma já havia improvisado uma agenda, na qual concedeu uma coletiva falando genericamente sobre suas propostas para a educação.


Ontem, ela e a primeira-dama, Marisa Letícia, visitaram o hospital Sarah Kubitschek, especializado na recuperação de pessoas com movimentos comprometidos.


O hospital -administrado com recursos federais- e a campanha petista fizeram uma produção para facilitar a captação de imagens: prepararam uma estrutura em frente aos elevadores da ala infantil, onde 13 crianças participaram de atividades como canto e pintura.


Ao lado do cenário, foram alojados fotógrafos, cinegrafistas e repórteres.


O argumento do hospital e da campanha para a montagem da estrutura às pressas foi o de que era preciso evitar tumulto no hospital.


SERRA


Entre os tucanos, ficou a lição de 2006, quando o então candidato Geraldo Alckmin não aproveitou o espaço do ‘JN’ a contento.


Enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que disputava a reeleição, aparecia em meio a eventos com participação popular, Alckmin protagonizava cenas em locais fechados, sem povo.


As duas primeiras agendas de Serra mostram a guinada. Na segunda-feira, fez corpo a corpo na Liberdade, bairro oriental na capital paulista, sempre movimentado. Na terça, foi a Heliópolis, maior favela paulistana, onde foi orientado por uma equipe da Globo a cumprimentar eleitores numa viela.


A TV Globo nega que oriente seus repórteres a fazer sugestões para os candidatos nas ruas.


Segundo a emissora, não houve qualquer orientação a Serra: a equipe de reportagem ‘apenas pediu a colaboração dos colegas para que o nosso cinegrafista pudesse registrar o evento, coisa que não tinha conseguido até ali, dado o tumulto’.


MARINA


Após cancelar a visita a um projeto social em São Paulo, Marina Silva (PV) interrompeu ontem o treinamento para o debate da Band apenas para garantir a aparição no telejornal.


Em breve aparição diante das câmeras, ela informou que divulgará, na próxima semana, um pacote de propostas para famílias pobres chefiadas por mulheres.


Na prática, o anúncio serviu apenas como pretexto para fazer uma declaração sobre um tema alheio ao dia a dia da campanha.


A assessoria de Marina havia convocado uma entrevista coletiva, mas surpreendeu os repórteres ao anunciar que ela não responderia perguntas. ‘Não vou ter como interagir com vocês, gente, por favor. Todo santo dia…’, murmurou a senadora.


Diante da insistência dos jornalistas, ela deu uma declaração protocolar sobre o encontro do aliado Fernando Gabeira, candidato do PV ao governo do Rio, e Serra.


‘O Gabeira disse reiteradas vezes que o projeto dele é o de Marina e do PV. Ele só veio colher junto ao PSDB propostas para seu plano de governo’, disse. Para ela, não há ‘nenhuma sombra de dúvida’ no apoio de Gabeira.


 


 


TODA MÍDIA


Nelson de Sá


Colômbia muda?


No colombiano ‘El Tiempo’, ‘Lula visitará Caracas e Bogotá para fomentar o diálogo’. No venezuelano ‘El Universal’, ‘Lula confia que crise será superada sob governo de Santos’. Sites venezuelanos dão que o argentino Néstor Kirchner, da Unasul, tem reunião com Hugo Chávez hoje para ‘criar condições para o diálogo com Santos’, que assume no sábado.


E as instituições Americas Society, de Nova York, e Inter-American Dialogue, de Washington, se voltam para Juan Manuel Santos. A primeira postou ‘quem é quem’ no governo e ressaltou a chanceler experiente em Venezuela.


No ‘El Colombiano’, o presidente do IAD enfatizou que Santos ‘fará o possível para evitar confrontos pessoais’. Ao ‘Financial Times’, Santos disse e ecoa há semanas: ‘Agora posso ter prioridades diferentes, e as minhas não são segurança. Têm mais a ver com emprego e a luta contra a pobreza’.


MODERAÇÃO LÁ


A estatal Agência Brasil destacou o presidente emérito do Inter-American Dialogue, Peter Hakim, que afirmou em Brasília que ‘os Estados Unidos não podem implementar sua agenda na América do Sul sem a colaboração do Brasil’.


Argumenta que ‘o peso do Brasil é maior do que o de qualquer outro país’ na região ‘por causa das políticas práticas, das boas decisões e da moderação na política e na economia’.


O IAD divulgou dias atrás que a socialista Michelle Bachelet, ex-presidente do Chile, se tornou a co-presidente de seu comitê diretor, ao lado da americana Carla Hills, ex-representante comercial dos EUA.


EUA VS. BRASIL ‘New York Times’, ‘Washington Post’, ‘Miami Herald’ e outros noticiaram ontem a convocação da seleção dos Estados Unidos para o jogo contra o Brasil, terça que vem, em Nova York, ‘grande oportunidade’


OBAMA E O REI


Ecoando nos agregadores, o site Daily Beast, de Tina Brown, postou a análise ‘Obama supera Bush na Arábia Saudita’. Em suma, ‘longe de questionar o rei pelo histórico medonho em direitos humanos e questões da mulher, Obama vem pressionando uma grande venda de armas e amontoa elogios ao monarca’.


‘Foreign Policy’ e outras vêm alertando para a morte próxima dos dois ditadores pró-americanos, Abdullah e o egípcio Hosni Mubarak. E o site Politico destacou pesquisa do instituto Brookings em seis países árabes, mostrando que Obama só tem o apoio de 16%, contra 51% um ano atrás -e que a maioria ‘agora enxerga um Irã nuclear como melhor para o Oriente Médio’.


SEM CHOQUE Sites de mídia ironizaram ontem que a ‘Time’ ‘esperava protestos’ por sua capa com uma afegã mutilada, ‘mas…’ a reação não aconteceu. A discussão no site da revista focou a presença americana no Afeganistão, que a capa procurava defender


COMUNIDADE


O portal iG destacou ontem que ‘a comunidade judaica’ se reuniu em São Paulo, para abrir nova ala do hospital Albert Einstein, e ‘o assunto era o apoio do governo brasileiro ao Irã’. O presidente do hospital, em discurso, criticou ‘aqueles que negam o holocausto’ -e lembrou, diante do governador Alberto Goldman, que a obra começou com José Serra. Já o banqueiro Joseph Safra ‘evitou críticas à relação de Lula’.


O ex-chanceler mexicano Jorge Castañeda alertou Lula, em coluna no espanhol ‘El País’ quando do acordo nuclear no Irã, que ‘o anti-semitismo de Ahmadinejadi é mal visto pela comunidade judaica de São Paulo’ e não havia o que ganhar com a aproximação.


ANGOLA, MOÇAMBIQUE ETC.


A Angola Press noticiou que ‘Angola e Brasil estabelecem parceria estratégico-militar’. O ministro da Defesa chegou ontem.


A chinesa Xinhua despachou que ‘Seis milhões de jovens estudantes de Moçambique vão se beneficiar da distribuição gratuita de alimento’ em acordo fechado com o Brasil. E o ‘Cameroon Tribune’ destacou ‘visita histórica’ do presidente camaronês ao Brasil, falando do salto no comércio desde a primeira visita de Lula.


 


 


TELEVISÃO


Audrey Furlaneto


TV Cultura não prevê demissões, afirma Sayad


Presidente da TV Cultura, João Sayad negou boatos de que a emissora, com 1.925 funcionários, passaria por demissões em massa. ‘Isso é resultado de fofocas de ano eleitoral. Estamos fazendo nova grade de programação, o que implica reformulação de algumas posições’, disse.


No início da manhã de ontem, surgiram rumores de demissão em massa, que poderia atingir 36% do quadro de funcionários da emissora. Ao longo do dia, os boatos se intensificaram, e a Cultura emitiu uma nota oficial.


O comunicado, que não abordou os boatos, defendia a necessidade de o canal se ‘renovar’, já que a TV ‘perdeu audiência, qualidade e se tornou cara e ineficiente’.


Segundo Sayad, ‘não há nenhum plano de demissão de ninguém’. ‘A não ser que haja necessidade de trocar um por outro melhor, nós faremos’, afirmou.


A emissora planeja ‘substituições’ no processo de reformulação da grade, sem afetar os carros-chefe da programação, como o ‘Roda Viva’ e o ‘Metrópolis’.


As transformações, lembrou Sayad, já estavam previstas no contrato de gestão que assinou quando assumiu a presidência da emissora, em maio deste ano.


‘No futuro, a Cultura precisa ter mais produção independente, e isso é uma novidade. Vou propor ao conselho que ela tenha um foco e que seja a TV, e não uma porção de [outras] coisas que faz, que não trazem receita suficiente e desviam a pouca capacidade administrativa que a gente já tem’, afirma.


A ideia é que a grade seja ‘muito estável’ com exibição de documentários do É Tudo Verdade e filmes da Mostra Internacional de Cinema, entre outros. O ‘Jornal da Cultura’, sob comando de Maria Cristina Poli, volta-se, segundo ele, para debates.


A ideia é abrir a emissora para produções independentes, com editais e concursos para produtos terceirizados. A área de prestação de serviços, que inclui o fornecimento de conteúdo para a TV Justiça, por exemplo, não terá contratos renovados.


‘Essas TVs continuam existindo, mas provavelmente outras produtoras farão [seus conteúdos]. Nós temos que nos concentrar no nosso veículo principal que é a TV Cultura. Não há nada de errado nisso, nem implica desemprego, mas em substituição de empregadores’, disse.


 


 


Leila Coimbra e Larissa Guimarães


Governo quer grupo nacional na TV digital


O governo prepara um leilão para a construção da infraestrutura da rede pública de TV digital, um contrato de R$ 2,8 bilhões por 20 anos a ser gerido pela estatal EBC (Empresa Brasileira de Comunicação). A licitação prevê a construção, pela iniciativa privada, de 256 torres de transmissão de sinal digital de TV em todo o país.


E já atraiu a atenção de grandes multinacionais de tecnologia, como a americana Cisco, a francesa TDF e a japonesa Marubeni, que articulam consórcios com construtoras nacionais como Engevix, OAS e Andrade Gutierrez, para as obras civis.


As torres, apesar de públicas, poderão abrigar antenas de emissoras privadas, sob pagamento de aluguel.


A preocupação do Palácio do Planalto é incluir nesses consórcios empresas nacionais de tecnologia para conter o avanço das gigantes estrangeiras numa área estratégica e fomentar a indústria nacional de TV digital.


O Brasil adotou um padrão de TV digital híbrido, baseado no japonês, mas que ainda não possui escala de venda interna e tampouco em mercados externos que tenham provocado o desenvolvimento do parque industrial nacional. Sem forças para fazer frente às múltis, a indústria local procura acordos com a bênção do governo.


Sob coordenação da Casa Civil, a Marubeni já fechou pré-acordo com a nacional Linear, fabricante de transmissores com sede em São Paulo, mais a Engevix, para formação de um consórcio.


Outra japonesa, a NHK, também deverá integrar o grupo. Outra empresa nacional, a mineira STB (Superior Technologies in Broadcasting), conversa com os franceses da TDF e com os executivos americanos da Cisco. Outras empresas brasileiras, como a Telavo e a Tecsys (ambas de SP), conversam com a italiana Screen Service Technologies e a sueca Ericsson.


A participação de empresas nacionais nos consórcios é fator primordial para o acesso ao empréstimo do BNDES. O chefe de telecomunicações e fontes alternativas da área de infraestrutura do BNDES, Alan Fischler, explica que a instituição financia apenas a compra de equipamentos nacionais na área de telecomunicações, e os consórcios têm interesse nos recursos do banco.


MODELO


O modelo de empréstimo para o projeto ainda não foi definido, segundo Fischler, mas poderá cobrir em média 70% do valor total.


O edital está em fase final de elaboração no Ministério do Planejamento e deve ser enviado ao Tribunal de Contas da União nos próximos dias. O objetivo, segundo o assessor especial da Casa Civil, André Barbosa, é que a versão final saia até setembro para que o leilão ocorra em novembro ou dezembro.


O projeto do Operador Único da Rede Nacional de TV Pública Digital inclui, além da EBC, as TVs do Executivo (NBR), do Legislativo (Câmara e Senado), do Judiciário (TV Justiça) e a TV Brasil, que exibirão seus programas em tecnologia digital.


As 256 torres serão distribuídas em todo o país. A principal delas, a operadora nacional de rede, ficará em Brasília. Haverá outras 48 torres em capitais e cidades de grande porte. As demais ficarão em municípios com cerca de 200 mil habitantes.


 


 


Audrey Furlaneto


Canal de sexo explícito terá animação para ‘arejar’ grade


A ruiva Barbara vai observar um casal que ‘brinca’ com uma amiga num parque público. A animação 3D tem um objetivo que é quase contrário ao restante da programação do canal do qual faz parte, o Sexy Hot: ‘arejar’ a grade de programação.


Com cerca de 200 mil assinantes, a franquia da Playboy do Brasil na TV paga descobriu em pesquisa um número interessante: embora seja tradicionalmente um canal mais procurado pelo público masculino, as mulheres são maioria.


Segundo a pesquisa, 51% dos espectadores do canal que exibe filmes de sexo explícito são mulheres. Os homens são 49% dos que assistem à programação.


A animação 3D de Barbara, que estreia no sábado, entra no pacote para tonar mais ‘lúdico e leve’ o canal e ‘respeitar’ a maioria feminina, diz Maurício Paletta, o gerente-geral da Playboy do Brasil.


‘Já tínhamos criado para elas a sessão ‘Boa de Cama’, que virou sucesso e subiu para o horário nobre’, lembra. ‘A animação é uma estratégia para dar respiro à grade.’


Com apenas três minutos de duração, o desenho 3D não demanda óculos ou aparatos especiais. Dá apenas ao espectador a sensação de volume e contornos mais definidos, detalhes tão caros ao público dos canais chamados adultos da TV paga.


MRS. ROBINSON Em Goiás, Júlia Lemmertz começa a encarnar Amélia, a mulher do vilão da próxima novela das seis, ‘Araguaia’, que se envolverá com o noivo da filha


Saída Cícero Feltrin, diretor de captação e marketing da TV Cultura, foi demitido da emissora na semana passada. Ele comandou o setor no período em que o faturamento com propaganda na Cultura saltou de R$ 20 milhões para R$ 60 milhões.


Sinais 1 A TV Cultura não vai renovar os contratos de prestação de serviço (fornecimento de programas) com emissoras públicas de Brasília, como a TV Assembleia e a TV Justiça. O setor tem cerca de 400 funcionários.


Sinais 2 A medida reforça o novo posicionamento da emissora, que nega cortes de pessoal, mas confirma que vai enxugar setores de publicidade e prestação de serviços. O projeto, comandado por João Sayad desde maio, é voltar os esforços para televisão e rádio.


Vice feliz O ‘Programa do Gugu’, na Record, registrou média nacional de 9,9 pontos de audiência. O número fez a alegria do apresentador nos bastidores da emissora, já que representa a vice-liderança isolada no mês de julho.


Ainda líder Na mesma faixa de horário aos domingos, a Globo manteve-se em primeiro lugar: marcou 21,5 pontos de média. Já o SBT obteve o terceiro lugar no ranking, com 8,6 pontos.


Efeito especial Para os debates com os candidatos à Presidência, a Band quer inovar o cenário numa linha high-tech. Vai instalar no cenário um painel de LED com 18 metros de comprimento atrás dos candidatos. O painel vai ser usado para projeções de imagens estáticas previamente acertadas com os candidatos.


 


 


Vitor Moreno


Ficção nerd do mesmo produtor de ‘Buffy’ chega à 2ª temporada


Ficções científicas costumam funcionar quando apresentam um mundo em que suas maluquices fazem sentido. O roteirista e produtor Joss Whedon (‘Buffy’, ‘Angel’) virou ícone nerd por ser especialista nisso.


Em ‘Dollhouse’, ele volta com uma trama em que humanos têm memórias e habilidades falsas implantadas para realizar missões -de encontros sexuais a operações de alto risco. Após a tarefa, eles têm a memória apagada e descansam na tal casa de bonecas do título.


A diferença da protagonista, Echo (Eliza Dushku), é que ela tem lampejos tanto dessas tarefas quanto de sua vida antes de virar ‘boneca’.


Nos EUA, o seriado sofreu com baixos índices de audiência, mas foi renovado graças ao status ‘cult’ que ganhou -em boa parte por conta do público de Whedon.


A segunda temporada, que chega ao Brasil após o cancelamento da série, será exibida no horário antes destinado às reprises.


No primeiro episódio, Echo se casa com um traficante de armas para tentar desmascará-lo. As coisas dão errado e ela passa a embaralhar as diversas identidades.


NA TV


Dollhouse – 2ª temporada


QUANDO dom., 11h, no FX


CLASSIFICAÇÃO não informada


 


 


 


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O Estado de S. Paulo


Quinta-feira, 5 de agosto de 2010


 


ELEIÇÕES 2010


Malu Delgado e Julia Duailibi


Dilma e Serra terão seu primeiro confronto direto em debate na TV


Na preparação para o primeiro confronto direto da campanha presidencial, os principais adversários, Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB), passaram os últimos dias treinando estratégias para que hoje, no debate da Rede Bandeirantes, as suas próprias biografias não se transformem em armadilhas.


No caso de Dilma, a ordem é dosar sua associação com o presidente Lula para que ela não endosse a tese do rival, de que é ‘fruto de marqueteiro’ e não tem ideias próprias. Com o intuito de não ficar à sombra do governo Lula, a petista foi orientada a enfatizar propostas para um próximo mandato.


Dilma vai também explorar o que sua equipe define como ‘pontos fracos’ do tucano quando governou São Paulo: educação e segurança pública. Uma das estratégias será lembrar graves problemas de segurança no Estado e citar dados da Organização Mundial da Saúde indicando que a taxa de homicídios virou ‘epidemia’.


Para Serra, o fundamental no confronto é evitar que sua atuação no governo Fernando Henrique Cardoso se transforme em fato negativo quando indicadores da administração tucana sejam confrontados com os do governo Lula.


A orientação da campanha de Serra é evitar o confronto e buscar o debate de propostas. A estratégia é mostrar que o tucano tem mais ideias e mais experiência para governar e um clima de enfrentamento não seria favorável ao candidato.


No sábado e no domingo, Serra se reuniu à noite em seu escritório para discutir o debate com os marqueteiros Luiz Gonzalez e Woile Guimarães, o estrategista Felipe Soutello, a coordenadora da campanha na internet, Soninha Francine, e o sociólogo Eduardo Graeff. Também estavam no grupo colaboradores da época do Palácio dos Bandeirantes, que levaram dados da gestão.


A tática de Marina Silva (PV) também será evitar acusações e confrontos pessoais. Sua estratégia é mostrar que as propostas de política econômica de Serra e Dilma estão ultrapassadas, do ponto de vista do desenvolvimento sustentável. A candidata do PV chama os concorrentes de ‘crescimentistas’, que ignoram as possibilidades de uma nova economia, com fontes de energia alternativa.


Já Plínio de Arruda Sampaio (PSOL) participa do programa na confortável posição de franco atirador.


 


 


Cinco ‘nanicos’ ficam de fora dos debates na TV


A legislação eleitoral determina que apenas os candidatos à Presidência de partidos com representantes no Congresso tenham participação garantida nos debates na televisão. Mas os candidatos de legendas nanicas reclamam e procuram alternativas judiciais para entrar nos eventos futuros. São eles Zé Maria (PSTU), Levy Fidelix (PRTB), Ivan Pinheiro (PCB), José Maria Eymael (PSDC) e Rui Costa Pimenta (PCO). Eles reclamam e procuram alternativas judiciais para entrar nos eventos futuros.


Na terça-feira, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) negou por unanimidade o pedido de Zé Maria para participar do debate de hoje. O candidato vai recorrer. Os nanicos reclamam também da cobertura jornalística da corrida presidencial pelos telejornais, que os ignora. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


 


 


Moacir Assunção


‘É só mais um elemento de formação da opinião’


O debate da TV Bandeirantes, para o cientista político e diretor-geral do Centro de Pesquisas e Análises da Comunicação (Cepac), Rubens Figueiredo, marcará o encontro da candidata mais bem colocada nas pesquisas, Dilma Rousseff (PT), com o grande público. Figueiredo considera que muita gente que diz que votará na petista nunca a viu, apenas pretende apoiá-la porque ela é a candidata de um governo bem avaliado. ‘Ela vai ser apresentada, de fato, à população e sair dos nichos mais próximos da classe média. Esta é a primeira vez de que me lembro de um candidato que é líder nas pesquisas, mas quase desconhecido do grande público’, diz. Para ele, entretanto, ainda há muitas dúvidas sobre como se sairá a candidata, acuada pela primeira vez por adversários calejados como José Serra (PSDB), Marina Silva (PV) e Plínio Arruda Sampaio (PSOL).


Os debates como este de hoje ajudam a formar o voto?


O voto é formado por um conjunto de informações que chegam ao eleitor, o que inclui as aparições de TV, rádios, jornais, comícios e atividades típicas de campanha. O debate é somente mais um elemento de formação da opinião, interligado com os demais. No entanto, no de hoje haverá alguns problemas, entre os quais a concorrência com o futebol, já que haverá o jogo entre São Paulo e Internacional (RS), mas haverá um interesse especial de parte do público que é a curiosidade por ver como se saem os candidatos sem a proteção do horário eleitoral. Nesse sentido, será a primeira vez que Dilma será acuada de verdade. Serra leva vantagem porque tem uma experiência bem maior.


Mas um debate poderia, por exemplo, mudar os rumos de uma campanha?


Não acredito nisso. O público que assiste a um debate dificilmente chega a 10% do número de eleitores. Quase sempre vence o debate quem já está na frente das pesquisas. O eleitor que já declara o voto naquele candidato tende a achar que ele se saiu melhor no embate. Lembro-me de dois debates que mudaram a eleição, como aquele entre Kennedy e Nixon, nos EUA, em 1960, e entre Collor e Lula no Brasil, em 1989, mas são casos raríssimos. Em geral, nenhum candidato esmaga o outro neste tipo de disputa. Há um vencedor, mas sempre por pequeno porcentual, embora os candidatos sempre digam que foram os vitoriosos, naturalmente puxando a brasa para sua sardinha.


Qual a força real da TV?


A TV é fundamental em qualquer análise, porque está presente em 97% dos lares brasileiros e é o nosso grande veículo de massa. Basta ver o que houve depois do último programa partidário do PT, exibido na TV em junho. Depois da exibição, Dilma cresceu sete pontos e Serra caiu uns cinco. Não temos a que creditar a mudança nos porcentuais a não ser à exposição na TV, embora não tenha sido ainda o suficiente para fazer com que o grosso da população a conheça. Os níveis de conhecimento da candidata do governo são extremamente baixos. Ela não é uma personagem do mundo político como os demais, mas egressa do setor administrativo do Estado.


 


 


TELEVISÃO


Jotabê Medeiros


‘Ideia é racionalizar a TV Cultura’


O presidente da Fundação Padre Anchieta, João Sayad, nega que pretenda demitir 1.400 funcionários em um processo de reformulação da TV Cultura, gerida pela instituição. A notícia, publicada ontem pelo portal R7, também dá conta de que a emissora pretenderia vender parte de seu patrimônio para se capitalizar. Sayad atribui o noticiário, que considera ‘exagerado’, à proximidade das eleições presidenciais, mas aponta ‘inchaço’ na TV e confirma que vai extinguir programas.


Em nota distribuída no início da tarde, a emissora explicava que ‘precisa se renovar’, pois perdeu ‘audiência, qualidade e se tornou cara e ineficiente’. Na TV Cultura, fontes ligadas à direção ouvidas pelo Estado trabalham com a perspectiva do corte de 400 funcionários nos próximos meses. Sayad confirma que haverá demissões, mas diz que não serão horizontalizadas. ‘Serão examinadas caso a caso’, diz, nesta entrevista ao Estado.


Hoje (ontem) foi um dia de notícias bombásticas sobre um provável desmonte na TV Cultura.


Nós reformulamos a grade de programação, o jornalismo, trouxemos a Marília Gabriela, e alguns programas vão ser terminados. E isso criou um ambiente explosivo, devido principalmente ao ano eleitoral. A ideia é racionalizar a televisão.


O diagnóstico dos srs. é de que há um certo inchaço?


Tem um certo inchaço, mas isso tem de ser visto caso a caso. Tem gente muito talentosa em todas as áreas.


Então, o número de 1.400 demissões é exagerado?


É um número eleitoral. Até porque isso tudo passa pelo conselho e pela proposta de reformulação da grade. Haverá mudanças nos quadros, isso é certo.


O sr. pode dizer quais programas serão extintos?


O Vitrine deverá ser suspenso para reformulação. O Manos e Minas sai da grade, assim como o Login. Em compensação, haverá um jornal com debates todo dia. Teremos sessões de cinema em acordo com a Mostra de Cinema de São Paulo.


O Metrópolis será mesmo extinto?


Não, o Metrópolis será exibido todo dia, é parte do jornalismo.


E quem será contratado para os novos programas?


A Maria Cristina Poli, por exemplo, dirigirá o novo Jornal da Cultura. Não temos recursos para fazer grandes investimentos, então deveremos cortar nas despesas de custeio.


Qual será a fatia cortada do custeio da emissora?


Algo na ordem de R$ 10 milhões.


Há uma grande possibilidade de o ex-governador Geraldo Alckmin ser eleito novamente. O sr. tem algum diálogo com ele, no sentido, por exemplo, de melhorar o volume de recursos para a emissora?


Acho que há uma boa condição. Mas não conversei com ele ainda, acho um pouco prematuro.


É verdade que o sr. pensa em vender o terreno onde está a sede da TV Cultura, na Água Branca?


Isso é um implicância minha. Eu acho que, numa reformulação, quando a TV for mais ágil e mais moderna, quando nos tornarmos compradores de conteúdo, pode perfeitamente prescindir de um espaço tão grande. Mas não tem nada certo. O terreno lá tem 30 mil metros quadrados de área, com uns 8 mil metros de área construída. Isso é um modelo da TV dos anos 60, que hoje pode ser menor e mais eficiente. Mas é um projeto a longo prazo.


E como essas mudanças podem fazer com que a audiência e o interesse pela TV Cultura aumentem?


Audiência é algo que muda muito lentamente. Em 20 anos, a TV Globo perdeu audiência, mas algo em torno de 10%, 20%. Nós precisamos ter claro que a TV Cultura é um canal de difusão público. Então é preciso trazer programas que interessem ao público, mas que sejam diferentes da TV comercial. Não pode servir para veicular filmes que não deram certo, que só estão ali porque foram produzidos pelo Estado, pelo governo. Nós não temos essa obrigação. As mudanças serão para dar dinamismo. O Jornal da Cultura será basicamente de debates. Documentário que ficou chato ou feio, não é porque foi financiado pelo Estado que vamos ter de exibir. Hoje mesmo eu me reuni com o conselho de programação e apresentei a nova proposta. Queremos ter uma grade estável e que seja reconhecida pelo público, com ênfase nos jornais, na exibição de documentários e filmes. Mas vamos manter aquilo que representa o espírito da TV Cultura, como o Roda Viva, o programa da Inezita, o Rolando Boldrin e o Provocações.


O orçamento da TV Cultura para 2010 já está definido?


Sim, mas as receitas foram superestimadas. Há um otimismo exagerado no que pode ser arrecadado com publicidade. Foi tudo feito de uma forma muito sonhadora, vamos ter de fazer um grande ajuste no segundo semestre. O Cícero Feltrin (ex-diretor de marketing e captação) elaborou uma proposta que ele mesmo não conseguia executar, e que é parte das dificuldades orçamentárias deste ano.


Outra notícia dá conta de que o sr. pretende diminuir ainda mais o espaço da publicidade comercial na TV Cultura.


Não, eu digo que não se pode depender tanto de serviços para terceiros (gravações de programas e vídeos para o Tribunal Superior Eleitoral, a Procuradoria da República, a TV Assembleia e a TV Justiça). Dá um trabalhão, gera uma porção de problemas trabalhistas, e em vez de se dedicar à atividade-fim da própria TV, passa a se dedicar à produção para outras duas TVs. A receita que se consegue não justifica o comprometimento de tanta gente da TV Cultura trabalhando.


 


 


MERCADO


Anúncio de venda faz ações da Barnes & Noble dispararem


O anúncio de que a rede de livrarias Barnes & Noble está à venda surpreendeu analistas e o mercado editorial americano e fez com que as ações da empresa disparassem na Bolsa de Nova York.


A notícia gerou especulações de que o fundador da companhia e principal acionista, Leonard Riggio, poderia fazer uma oferta pela empresa como integrante de um grupo investidor. O mercado também cogitou uma combinação da empresa com a rival de menor porte Borders Group. Ontem, as ações da Borders subiam 3,8%, enquanto os papéis da Barnes & Noble disparavam 20,56%.


Maior cadeia de livrarias dos Estados Unidos, a Barnes & Noble tem sido afetada por mudanças profundas na indústria editorial e no varejo nos últimos anos. A receita das vendas de livros têm migrado para o caixa de grandes lojas, como Costco, Wal-Mart e Target.


‘A pressão sobre o setor tem sido muito grande’, analisa o diretor da corretora Stifel Nicolaus, David A. Schick. ‘O mercado não tem sido bom para as livrarias tanto por razões novas, como a concorrência com a Apple e a Amazon, como por razões mais antigas, como a diminuição do hábito da leitura dos últimos 20 anos. Os americanos têm dedicado menos tempo aos livros’, resume.


Pontos de venda. Para o analista-sênior da empresa de pesquisa Simba Information, Michael Norris, os consumidores hoje preferem comprar livros online ou em pontos de venda diferentes. ‘Hoje eles podem pegar um livro quando estão comprando álcool em gel para as mãos ou Band-Aids, em vez de procurar uma livraria como um destino e sair de lá com um livro.’


Na tentativa de se adaptar à nova realidade do mercado, a Barnes & Noble adquiriu, no ano passado, a Fictionwise, loja virtual de e-books. Em março, promoveu William Lynch, então chefe de sua divisão de internet, a CEO. Lançou, ainda, seu próprio dispositivo de leitura, o Nook, como uma alternativa ao Kindle, da Amazon, e ao iPad, da Apple. Mas os investimentos no desenvolvimento do Nook acabaram se tornando uma das principais causas do prejuízo divulgado pela empresa em junho. / THE NEW YORK TIMES E AGÊNCIAS INTERNACIONAIS


 


 


Keila Jimenez


Globo terá série sobre noivas neuróticas


Fernanda Torres e Andréa Beltrão estrelarão seriado na Globo especialmente dedicado às noivas e, quanto mais malucas, melhor. Ainda sem título, a sitcom de Claudio Paiva, com direção de Maurício Farias, começa a ser gravada em janeiro e vai ao ar no primeiro semestre de 2o11 na Globo. Na trama, Fernanda e Andréa viverão, respectivamente, Fátima e Suely, vendedoras do Palácio das Noivas, loja de vestidos de noiva no Saara, uma espécie de 25 de Março carioca. O slogan da atração é ‘você só precisa arranjar o marido, o resto elas resolvem para você!’ Detalhe: Fátima é amante de Armane, um camelô casado, e Suely foi largado no altar e ainda guarda o enxoval.


‘Não vejo a hora de chegar a Playboy da Cleo Pires. Tô louco pra ler a entrevista!’ Bruno Mazzeo fazendo graça com a revista da colega no Twitter


3% das pessoas que possuem celular usam TV digital nele, segundo pesquisa do ibope de agosto de 2009 a janeiro deste ano.


Já foi praticamente descartado pela direção do SBT o Quem Não Viu Vai Ver, uma espécie de Vídeo Show da emissora. A produção da atração, realocada de outros programas, já foi dispensada.


No lugar de um Boka Loka, o remake de Ti-Ti-Ti vai lançar uma linha inteira de batons, cada um com o nome de uma personagem da novela.


Fontes do mercado apostam que Paulo Nicolau, ex-diretor de jornalismo do SBT, pode voltar em breve para a Record.


O canal pago do Corinthians, já em negociação com as operadoras TV por assinatura, será comercializado no esquema à la carte.


Coletiva anteontem da Associação Brasileira de TV por Assinatura (ABTA ) sobre as hiper, ultra, super tecnologias do setor, foi interrompida por falta de luz na região.


A Rede TV! fará gravações internacionais em O Último Passageiro, game que estreia dia 22 de setembro. Cancún ou Bariloche deve ser sede de parte do formato da Endemol.


O Tudo É Possível venceu o cabo de guerra com o Programa do Gugu pelo concurso que escolherá integrante da versão nacional da novela Rebelde. A opção da Record pelo programa de Ana Hickmann causou mal-estar entre as produções.


A Globo fará uma exposição sobre seus 45 anos em sua 14.ª edição da Feira de Eventos e Projetos Regionais, nos dias 23 e 24.


Depois de decidir, e voltar atrás, a Record voltou a falar na troca de cargos envolvendo o pastor Carlos Geraldo, presidente da emissora no Rio, e o presidente da Record Europa, Aroldo Martins.


A Record foi líder de audiência na manhã de terça, das 7h às 11h59, com média de 8 pontos de ibope.


 


 


 


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