Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Suzana Singer

“As colunas de Janio de Freitas sobre o julgamento do mensalão têm provocado reações de 'amor' e 'ódio'. É fácil entender por quê.

Enquanto a quase totalidade dos colunistas aplaudia as decisões do Supremo Tribunal Federal, Janio de Freitas criticava ministros e levantava dúvidas sobre as provas e teorias citadas para condenar os réus.

No domingo passado, por exemplo, o jornalista afirmou que 'a condenação de José Dirceu está apoiada por motivos políticos'. Criticou ainda a forma como Joaquim Barbosa tratou Ricardo Lewandowski, o revisor do processo, e afirmou que, no futuro, o julgamento será visto como 'essencialmente político'.

Nos últimos cinco meses, o colunista incluiu no seu rol de críticas a imprensa, por ter feito, segundo ele, uma cobertura parcial. No final de julho, escreveu: 'O julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal é desnecessário. Entre a insinuação mal disfarçada e a condenação explícita, a massa de reportagens e comentários lançados agora, sobre o mensalão, contém uma evidência condenatória que equivale à dispensa dos magistrados e das leis a que devem servir os seus saberes' (http://folha.com/no1128832).

A turma do 'ódio' tacha o colunista de 'porta-voz do PT', 'chapa-branca' e 'ingênuo'. Os seus defensores o consideram 'corajoso', 'ético' e 'lúcido'. Elogios e insultos à parte, o que os leitores parecem não entender é a salutar distância entre os artigos de opinião e o noticiário.

As dúvidas levantadas por Janio a favor dos condenados não 'destroem a imagem de independência do jornal', como apontou um leitor, mas também não 'provam que as reportagens publicadas são sempre contra o PT', como acredita outro.

Janio de Freitas é membro do Conselho Editorial. Em junho do ano que vem, sua coluna publicada na seção política completará 30 anos. A importância do jornalista não significa, porém, que seus textos devam ser lidos como 'a' opinião da Folha, que é expressa nos editoriais -escritos por uma equipe chefiada pelo editor de 'Opinião', não pelo Conselho Editorial.

Uma das características mais elogiáveis da Folha é manter a diversidade no seu plantel de colunistas. Eles não precisam estar alinhados com as posições do jornal, o importante é que não pensem em uníssono para que sejam apresentadas diferentes visões sobre um fato.

Tanto os detratores do colunista quanto os seus seguidores se indignam com o jornal. Os primeiros porque a Folha mantém quem 'renega o trabalho dos seus próprios repórteres' (ele já escreveu que o termo 'mensalão' não faz sentido). Os outros porque a Redação 'ignora tudo o que Janio escreve' (e não investiga as dúvidas apontadas por ele). Nenhum dos extremos percebe que estão fazendo um tremendo elogio ao perguntarem 'como a Folha dá destaque a alguém que confronta aquilo em que ela própria acredita'. O nome disso é pluralidade.

Meu pedido para 2013

O trabalho do ombudsman depende, em grande parte, da participação dos leitores. Suas observações ajudam a detectar problemas no jornal e a sentir a repercussão de certas notícias.

Com o surgimento dos comentários on-line, ficou fácil postar uma opinião embaixo de cada reportagem do site. Basta clicar e escrever o que lhe vem à cabeça.

Mandar um e-mail comentando o que está no impresso dá mais trabalho. Neste ano, o mais frequente colaborador da ombudsman foi um fã de nanotecnologia, que tem nome de estrangeiro e vive na praia.

O engenheiro aposentado Richard Domingues Dulley, 73, escreveu 58 vezes, sobre diversos assuntos, de política a ciência. 'Sempre ofereço sugestões e críticas, mas adoro a Folha', diz Richard.

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