Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Folha de S. Paulo

ELEIÇÕES 2010
Cesar Maia

Debates na TV

Criou-se uma certa mitologia sobre os debates na TV entre candidatos a presidente.

Os fatos e os estudos realizados não comprovam a importância eleitoral deles.

O primeiro debate na TV, que passou a ser uma referencia como ponto de partida, foi o debate entre Kennedy e Nixon em 1960. Nele, a equipe de Kennedy inaugurou os cuidados visuais com o debate, desde o melhor contraste entre o cenário e a roupa do candidato, a cor do terno e da gravata, até o sorriso leve de quem está seguro no que diz. No final até as pesquisas escorregaram e Kennedy venceu por uma diferença mínima de 120 mil votos. Explicou-se pela ‘maioria silenciosa’, o que seria o mesmo que dizer que não houve influência do debate no resultado final.

Várias análises mostram que, a menos que ocorra um total desastre num debate, no máximo três dias depois o efeito do debate já está dissolvido.

Por isso, nos EUA, o último debate nunca ocorre em intervalo menor que 10 dias das eleições. Esta também é a praxe na Europa. Na América Latina -e o Brasil não é exceção- esse prazo de mais de 3 dias não é observado.

O debate é apresentado como um grande espetáculo pelas emissoras de TV. Os candidatos são estressados com técnicas e táticas, caras e bocas, planejamento de perguntas e respostas, imersão para testar como reagem sob pressão.

Equipes vão aos estúdios conhecer o cenário, de forma a definir o figurino dos candidatos. Discute-se com as emissoras de TV o posicionamento das câmeras, que não podem flutuar pela reação de um candidato enquanto o outro fala.

A audiência cresce, o que em si já é uma excelente consequência para a emissora de TV que o promove.

Quando termina o debate, são feitas pesquisas sobre vitorioso e derrotado. A menos que a eleição esteja muito apertada, o resultado é sempre o mesmo: venceu o debate o que vinha como favorito nas pesquisas eleitorais.

Mas nem por isso tudo o debate na TV é inócuo. Curiosamente é mais importante pela repercussão que lhe dá a imprensa nos dias seguintes que pelo debate em si. Imagens do debate são editadas na TV. Fotos nos jornais, áudio nas rádios. Analistas comentam. Publicitários são entrevistados.

Os eleitores, em função disso, discutem performances. Os militantes se entusiasmam e destacam os melhores momentos de seus candidatos e os piores de seus adversários.

Gafes são exaltadas. Todo um processo desencadeado pelo debate na TV e que ganha vida independente do debate.

Se fosse possível fazer o debate e nada mais, os debates seriam rigorosamente inócuos. Mas seus desdobramentos não são. Nesse sentido cabe preparar os ‘exércitos’ para os dias seguintes ao debate. Esses podem ser relevantes.

 

Ciro Gomes será comentarista em telejornal no Ceará

Após ser preterido como candidato à Presidência e desistir da eleição, o deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE) será comentarista na TV Cidade de Fortaleza, afiliada da Rede Record no CE. Ele fará comentários diários sobre política, economia, violência e drogas, entre outros temas.

Sem data definida para estrear na função, o anúncio foi feito por Ciro em entrevista à emissora anteontem.

Os comentários serão veiculados em um dos programas de maior audiência da emissora, o Cidade 190, telejornal policial e comunitário apresentado pelo vereador de Fortaleza licenciado Vitor Valim (PHS-CE) e o deputado estadual Edson Silva (PSB-CE).

O editor-chefe do programa, José Filho, disse que a escolha deve-se à ‘credibilidade’ de Ciro e que os comentários terão cerca de cinco minutos. A TV Cidade não informou se ele receberá cachê.

 

LUTO
Jornalista dos EUA ‘inimigo’ de Nixon morre aos 93 anos

Morreu ontem, aos 93 anos, o correspondente, repórter e comentarista americano Daniel Schorr. Nos anos 1970, ele teve destaque ao entrar na lista de inimigos do presidente Richard Nixon (1969-74) por críticas feitas como funcionário da CBS, onde trabalhou por 23 anos.

Schorr morreu ontem num hospital de Washington, após passar breve período doente.

O americano começou sua carreira trabalhando com jornalismo impresso, TV e, nos últimos anos, atuava como comentarista na NPR.

Schorr também escreveu livros, incluindo as suas memórias ‘Fique Ligado: Uma Vida no Jornalismo’.

 

ITÁLIA
Revista mostra sacerdotes gays, e igreja pede que padres se afastem

Após a revista italiana ‘Panorama’ divulgar uma reportagem sobre padres gays, a Igreja Católica divulgou ontem uma nota em que pede que eles deixem a ‘vida dupla’ e larguem a batina. A reportagem afirma que entrevistou três padres gays e os acompanhou em festas e até mesmo registrou imagens de um suposto sacerdote tirando a roupa e beijando um outro homem na cama.

Há também fotos de um sacerdote de roupa íntima observado outro homem de cueca.

De acordo com a Diocese de Roma, aqueles que não são fiéis aos seus votos ‘sabem que ninguém os está forçando a continuar a ser padres, tirando vantagem apenas dos benefícios’. ‘Não podemos aceitar que por causa do comportamento deles, a honra dos outros seja desgraçada.’

Além das fotos na cama, a revista expõe em seu site imagens de um clérigo entre dois homens usando sungas de couro.

A reportagem afirma ter entrevistado três padres gays.

A revista acompanha os sacerdotes em casas noturnas gays e em encontros com anônimos, incluindo um dentro de uma igreja.

Em uma das fotografias, um dos supostos clérigos, chamado Paul, entrega uma hóstia em uma missa na manhã anterior ao dia em que contratou dois acompanhantes para ir a uma festa e ao aeroporto.

 

FUTEBOL
Mariana Bastos

Cabral diz que Rio terá QG de mídia da Copa-14

Objeto de obsessão de São Paulo, o Centro de Mídia da Copa de 2014 ficará no Rio.

Pelo menos, foi essa a informação celebrada ontem pelo governador Sérgio Cabral (PMDB) durante um encontro com empresários em Botafogo, zona sul carioca.

‘O Rio conseguiu conquistar o direito de ser a sede de uma das chaves da Copa, da final, e do centro de mídia da Copa, onde os jornalistas ficam. Em Johannesburgo, isso foi motivo de briga natural, e também na Alemanha. Todas as cidades queriam’, afirmou o governador.

‘Aqui, no Rio, brigamos, no bom sentido, com as cidades brasileiras e ganhamos essa luta. E milhares de empregos serão gerados por isso’, complementou Cabral, que concorre à reeleição.

‘Ganhamos porque o Rio vive o momento de ‘ganha-ganha’. O mundo torce pelo Brasil e pelo Rio. Por isso, não vamos mudar o rumo.’

O assessor de imprensa do COL (Comitê Organizador Local), Rodrigo Paiva, negou a informação dada por Cabral.

‘Ainda não há nada definido sobre quem sediará o centro de mídia’, disse ele.

Paiva afirmou que São Paulo, Belo Horizonte e Brasília também estão na disputa para sediar a instalação. O Centro de Mídia da Copa da África do Sul recebeu cerca de 13 mil jornalistas durante o Mundial. Em geral, a instalação fica situada na cidade- -sede da abertura ou da final.

 

Renan Cacioli

Palmeiras já tem a sua ‘lei do psiu’

Durou uma semana a fase ‘paz e amor’ de Luiz Felipe Scolari na volta dele ao Palmeiras. A partir de agora, está instituída a lei do silêncio.

A regra imposta pelo treinador depois do empate por 2 a 2 com o Botafogo, anteontem, é simples: os jogadores não podem falar com os jornalistas no intervalo dos jogos nem imediatamente depois deles, ainda no campo.

Quem descumprir a norma estará sujeito a multas que chegarão até a R$ 10 mil.

‘Ele falou conosco. Não poderemos conversar com a imprensa no trajeto para o vestiário por determinação dele, mas, depois do jogo, será tudo normal. No gramado é que não pode’, confirmou, ontem, o atacante Ewerthon.

Aparentemente, o motivo da lei da mordaça de Scolari foi a declaração concedida pelo atacante Kleber após o confronto de anteontem.

O camisa 30 apenas citou o fato de a equipe estar marcando os gols necessários, mas lamentou não ter o mesmo sucesso para evitá-los.

Desde que Kleber reestreou em partidas oficiais pelo clube, contra o Santos -ocasião em que Scolari já era o técnico, mas não dirigiu a equipe do banco de reservas-, o Palmeiras fez seis gols. Porém, sofreu sete.

Ao que tudo indica, a constatação pública realizada pelo atacante desagradou o técnico, que declarou ainda no vestiário do Pacaembu:

‘O que a gente tem de falar, fala lá dentro. Vocês são muito espertos em criar certas situações, depois criam um problema pra mim lá dentro’, afirmou Scolari, referindo-se aos jornalistas.

Em seguida, veio a regra da cartilha: ‘Portanto, a partir do próximo jogo, se alguém se manifestar a algum repórter, vou fazer uma multa na caixinha de R$ 5 mil, R$ 10 mil, e pronto, vai acabar com tudo isso’, decretou.

Ontem, antes do treino no CT, o comandante reuniu o grupo e explicou a nova determinação. ‘Foi uma determinação imposta e acatada pelo grupo’, disse Ewerthon.

Antes desse fato, Scolari vinha tendo paciência acima da habitual com a mídia.

Negou que tenha mandado fechar o treino na véspera do jogo ante o Santos, quando ainda nem havia assumido o cargo. Quando fechou, pediu desculpas aos cinegrafistas por não ter se lembrado de abrir os portões do CT a tempo de serem registradas imagens dos jogadores. Durou pouco o pavio dele.

 

TRIBUNAL
Mônica Bergamo

Big Brother

Os advogados do goleiro Bruno ameaçam processar a TV Globo e o SBT, que divulgaram vídeos gravados enquanto o atleta era transportado para a prisão em Minas (no ‘Fantástico’) e em conversas dentro do presídio (no ‘Programa do Ratinho’). As imagens foram vazadas para as emissoras. ‘Quando ele sair dessa, dependendo de como sair, muita gente que divulgou isso aí terá processo nas costas, você pode ter certeza’, diz o advogado Frederico Franco. ‘O direito de imagem dele foi vilipendiado de todas as formas.’

TV JUSTIÇA

Sobre a exibição das imagens, a Globo diz que ‘faz um jornalismo sério, pautado pela ética e o interesse público’, e o SBT, que ‘exerce o direito à liberdade de expressão’. As redes não comentam a hipótese do processo.

 

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Estado de S. Paulo – Domingo

Estado de S. Paulo – Sábado

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