Saturday, 20 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Guálter George

‘Uma página inteira da edição do O Povo do último domingo, dia 20, anunciava, em espaço publicitário, o excepcional resultado obtido por alunos do colégio Batista de Fortaleza na VI Olimpíada Brasileira de Informática. Foram três medalhas de ouro, feito expressivo, considerando-se que a disputa envolvia estudantes de instituições do porte da Unicamp, ITA, UFRJ, Uece, UFC, além, conforme aparecem naquele anúncio entre os que também obtiveram conquistas, os colégios ‘B’ e ‘C’. Como o Batista bancava o espaço, nada há de questionável na opção por esconder que onde aparecia o colégio ‘B’ se poderia entender Farias Brito e onde encontrava-se colégio ‘C’ havia uma possível referência ao Sete de Setembro. Poderia ser também vice-versa, já que os dois estabelecimentos escolares cearenses, concorrentes do patrocinador daquela página, obtiveram, através de seus representantes, duas medalhas de ouro, cada.

Cinco dias depois, na sexta-feira passada, O Povo, em espaço da editoria de Cotidiano, saia com matéria na página 7 anunciando, em manchete, que o colégio Farias Brito conquistara dois ouros na Olimpíada Nacional de Informática. O fato de seu próprio texto, logo no início, informar que tinham sido 42 medalhas obtidas por cearenses não chamou a atenção do jornal, que passou direto do número às histórias dos dois vitoriosos alunos do Farias Brito, Cesário Bruno e Felipe Alves, os quais, inclusive, ilustravam o material, de cunho eminentemente editorial. Os 40 outros medalhistas de ouro do Estado não mereceram uma menção, um registro, uma citação. Sequer uma lista com os nomes nos preocupamos de fazer constar.

No que omitiu, mentiu

O que publicamos gerou uma indignada, e justa, cobrança do coordenador de Pré-Vestibular do Colégio Batista, professor Ademar Celidônio. Sua indagação: como o jornal faz uma matéria sobre os resultados da Olimpíada de Informática, diz que foram 42 medalhas para cearenses, dá o endereço eletrônico onde todos os nomes estariam disponíveis e, no final, fala apenas do Farias Brito e dos seus dois representantes? Passei a pergunta à Redação, já contactada antes pelo próprio Ademar, onde o assunto já fôra analisado e a conclusão era de que, realmente, o jornal se portara com ‘negligência’. Carlos Ely, diretor-executivo da Redação, e interinamente respondendo pelo Núcleo de Cotidiano, fez um mea culpa imediato e, concordando com o protesto do Batista, reconheceu que a pauta era para ter sido ampliada.

A dificuldade da pauta fácil

No entanto, decidi ser insistente, a pergunta foi refeita ao interino responsável pelo Núcleo de Cotidiano: por quê? Toda Redação, a do O Povo também, precisa manter uma atenção permanente quanto ao risco de se entregar à acomodação resultante do que se poderia definir como uma ‘pauta fácil’. No caso, por exemplo, fomos procurados pelo Farias Brito com a história dos estudantes que conquistaram medalha de ouro na disputa que mobilizou importantes estabelecimentos de ensino de quase todos os estados brasileiros. Uma atitude legítima da parte do colégio, deve-se dizer. Nós é que fugimos ao que recomenda a melhor regra jornalística, pois ao invés de transformarmos a história que nos chegou em meio para elaborarmos um texto completo acerca de uma boa presença de cearenses no evento de abrangência nacional, optamos por fazer dela um fim. Esta acomodação, que às vezes avança sobre nós sem que percebamos, impediu que se enxergasse aquele número 42, que parecia o indicador principal de que seria necessário dar à pauta um maior alargamento. Para um ambiente de extrema concorrência, como é este que envolve as escolas particulares em Fortaleza, restam as leituras desconfiadas. Em relação às quais, me garantiu Carlos Ely, nada se pode fazer senão reafirmar que a Redação assume a falha. Ele chegou a me anunciar que se faria uma reposição imediata na seção de ‘Erramos’ ainda ontem, promessa não cumprida, e também adiantou que já se planeja uma nova abordagem breve para recolocar as coisas no seu lugar devido. Valorizando o feito do Farias Brito, mas sem omitir as conquistas dos demais.

Por falar em erramos

Sinto-me na obrigação de fazer alguns reparos quanto à coluna do domingo passado, prejudicada por mudanças decorrentes do projeto gráfico, que inaugurava nova fase naquele dia. Prejudicada porque o tamanho mudara, tornando-se menor e obrigando alterações de última hora, feitas já com o material na página, dentro de um processo marcado pelo atropelo. O resultado é que um empastelamento na primeira nota fez dobrar uma pequena parte do texto, dificultando seu entendimento, e a palavra ‘fundamentais’ saiu em lugar de fundamentos, prejudicando parcialmente a compreensão do que está dito na última nota.

Por falar em mudanças

Muitas mensagens chegaram ao longo da semana com observações, favoráveis e desfavoráveis, às novas mudanças gráficas que O Povo experimentou a partir de domingo passado. A intenção é de aproveitá-las melhor para a coluna externa do próximo dia 4 de julho, mas, como impressão inicial, o maior incômodo está sendo determinado pela última página do primeiro caderno, uma espécie de complementação informativa da capa. Inovadora para os padrões locais, especialmente para um jornal que lida de maneira surpreendentemente tranqüila com o tradicional e o moderno, a página exigirá mesmo algum tempo para ser compreendida na sua idéia, objetivo e linguagem. Além de representar um dos grandes desafios para a redação, devido ao nível alto de exigência quanto aos critérios de ocupação que exige.’