Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Jornal vira empresa multiplataforma

O ombudsman do Washington Post, Patrick B. Pexton, recebeu inúmeros emails de leitores criticando o novo design do site do jornal, lançado no dia 13/3. ‘Um a cada oito era negativo’, comentou em sua coluna [25/3/11]. Para muitos leitores, o site ficou confuso, difícil de navegar e nada parecido com sites de jornais. As reclamações foram as mais diversas: fonte pequena demais, anúncio muito grande, blogs e chats ao vivo difíceis de ser encontrados. Além disso, as páginas demoram muito a carregar.

Pexton explica que o novo design, baseado em um novo código que controla virtualmente cada palavra, foto, vídeo e matéria nas versões impressa e online do Post, faz parte de um conjunto de mudanças que vêm ocorrendo ao longo dos últimos 18 meses. Este código é o novo sistema nervoso central do jornal e levou mais de um ano para ser implantando na redação – sem que o trabalho normal do Post fosse interrompido. ‘É como trocar as turbinas de um avião em pleno voo, sem os passageiros perceberem’, compara Raju Narisetti, chefe de redação do site e coordenador do projeto.

Sistema complexo

O novo programa computacional, chamado de Methode – ou, no jargão técnico, CMS (content management system) –, é complexo, mas possui uma capacidade incrível de gerenciamento de todo o conteúdo do jornal. Ele também é usado pelos sites dos jornais Wall Street Journal, Financial Times, Boston Globe, Seattle Times e New York Post.

Fica mais fácil entender a necessidade da mudança quando se compreende que o Post é agora uma empresa de informação digital que entrega seu produto – a notícia – por meio de diversas plataformas. O novo ‘cérebro’ do Post custou em torno de US$ 7 milhões e permite que fotos e matérias sejam criadas, editadas e diagramadas em um único sistema computacional para, então, ser entregues em cada plataforma.

Há, ainda, um motivo mais preciso para a mudança: sobrevivência. O Post tem dois desafios atualmente: segurar o maior número possível de assinantes da versão impressa, porque é onde os lucros publicitários estão; e aumentar o número de leitores das versões online e móvel, porque é onde os lucros publicitários estarão. ‘Para sobreviver como uma empresa de mídia, temos que ampliar nossa audiência’, diz Narisetti. O objetivo do novo site é aumentar a interação com o leitor. O jornal quer que seu público online seja fiel – e volte dia após dia.