Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Mario Vitor Santos

‘Nas vésperas de seu 100º aniversário, o Christian Science Monitor, tradicional jornal americano editado em 1908, anunciou nesta semana que será o primeiro jornal americano a encerrar sua versão impressa e substituí-la pela edição na internet. A publicação deve ser total e unicamente on-line até abril de 2009.

Com redução do quadro de funcionários e assinaturas para acesso ao conteúdo, o ‘jornal’ pretende recuperar sua sustentabilidade financeira. A diretora Judy Wolff afirma que o objetivo é ‘entregar o material do Monitor mais rapidamente, para aumentar a atemporalidade e relevância do jornal, e para aumentar o rendimento e reduzir custos’.

Este é um período de dificuldades financeiras para as organizações de mídia impressa nos Estados Unidos. O publisher do ‘New York Times’, Arthur Sulzberger Jr., por exemplo, foi questionado em conferência realizada em outubro se o Times ainda seria um produto impresso daqui a 10 anos. Ele afirmou que espera que os impressos resistam por mais algum tempo mas que ‘nós devemos estar onde as pessoas querem nossa informação’.

O Minha Notícia e as novidades do iG

Com a renovação do ‘Minha Notícia’, a participação do internauta no iG parece estar sendo mais valorizada. Além do novo visual – mais atraente, jornalístico, limpo e organizado –, o site de jornalismo cidadão ampliou as formas de colaboração com vídeos, torpedos e fotos, além dos textos que já publicava antes.

O primeiro passo foi dado, mas é apenas um passo. Resta conferir agora se o site trará informações relevantes e curiosas dos internautas. No passado, ele foi desvirtuado, com a presença excessiva de notícias sobre celebridades e press releases de assessorias de imprensa interessadas.

Um aspecto positivo na nova versão é a colaboração de internautas de fora de São Paulo e Rio de Janeiro – justamente nos locais onde o jornalismo do iG não tem equipe de reportagem. Hoje, por exemplo, a página destaca uma notícia sobre o trânsito de Salvador.

O destaque na home feito hoje até o início da tarde, próximo às notícias feitas pelo Último Segundo, também é um incentivo para a participação do internauta, o que dá sentido a um portal que se diz inserido na web 2.0.

Resta garantir consistência à iniciativa, alimentá-la com boas informações, cuidar dela. As novidades que o iG sempre lança precisam ser seguidas de esforços para que elas perdurem com a mesma qualidade ao longo do tempo.

Natal, mas sem amigo secreto

No dia 28 de outubro, a internauta Ana Marchesini entrou em contato com o ombudsman para reclamar da falta do serviço de amigo secreto (ou oculto) que havia no ano passado. Em 2007, o iG apresentava uma ferramenta que fazia o sorteio automaticamente, além de possibilitar perguntar o que seu ‘amigo’ gostaria de ganhar sem ser descoberto:

‘Eu e minha família costumamos fazer o amigo secreto pelo site de vocês. Quando ele estará disponível?’

Na quarta-feira, o iG lançou o hotsite especial de Natal que, por enquanto, traz mais notícias curiosas do que conteúdos realmente úteis para a época. O Natal do iG neste ano não tem, porém, o amigo secreto usado por ana e sua família. Consultado pelo ombudsman, o diretor de Conteúdo do iG, Caique Severo, esclarece que ‘infelizmente neste ano não teremos no nosso especial de Natal o serviço de amigo secreto. Sentimos muito, mas pretendemos retomá-lo no próximo ano’.

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Leitor reclama e iG promete melhorar busca (6/11/08)

Recebi a seguinte reclamação do leitor Miguel Antonio da Silva:

‘iG Busca, exemplo termo ‘Israel’. Ele retorna que a última noticias fora de 4 semanas atrás, 7 notícias – 3 semanas atrás, uma de 2 semanas atrás e outra de uma semana atrás e hoje zero, quando na página principal tem uma matéria com o assassino de Rabin.

Se você acompanhar a evolução das notícias, todos os dias tem notícias sobre o conflito no Oriente Médio e a diz que não tem notas. Coréia do Norte, a mesma coisa.’

Em resposta, Ana Luiza Maia, Gerente de E-Business do iG, afirma que:

‘O iG reconhece que vem tendo problemas na indexação de seu conteúdo, apresentando resultados insatisfatórios aos nossos usuários. Em função de problemas recorrentes, como o citado pelo Sr. Miguel, o iG está trabalhando em uma nova ferramenta de pesquisas.

A previsão é que o novo iGBusca esteja disponível para os usuários ainda no mês de novembro.

Assim que a nova busca estiver em produção avisaremos ao Sr. Miguel para que ele possa vir a ser um dos primeiros usuários a testar e a contribuir com o desenvolvimento da ferramenta.

Equipe iG.’

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A epopéia (5/11/08)

A eleição presidencial americana mostrou-se uma epopéia inigualável para a internet como veículo. O auge foi a cobertura da apuração, em que só a televisão mostrou-se mais jornalística e quente, principalmente os canais internacionais a cabo. Na internet, porém, como se sabe, as notícias ganham mais permanência. A TV guia o espectador, não favorece a reflexão. As notícias na internet são acionadas de maneira mais pessoal do que na TV. Esta favorece o conforto e às vezes deslumbra o olhar, mas é excessiva: a profusão de imagens, som e informação às vezes esgota os limites da mente. Estressada e impotente, a audiência migra. A internet torna o sujeito é mais senhor das notícias. Sem falar da rede como instrumento de campanha, inigualável nos EUA, mas onde também ocorreram excessos que merecem estudos.

Hotsite

O canal criado pelo iG para as eleições nos EUA teve um desempenho correto nessa cobertura. Em termos gráficos, superou o próprio canal dedicado às eleições municipais brasileiras. Parece influência do dinamismo gráfico da imprensa internacional, que procura inovar sempre nessas grandes coberturas. Seria bom anotar: cada grande cobertura deve ser planejada com uma grande inovação editorial, capaz de ultrapassar uma nova fronteira jornalística. Neste ano, houve Jogos Olímpicos, eleições municipais e eleições americanas. Qual foi a grande inovação que o iG introduziu em suas coberturas?

No ar desde dezembro do ano passado, o site eleitoral do iG deu certo durante boa parte da maratona eleitoral. Sem romper barreiras, trouxe formato, conteúdo e edição diferenciados.

Consistência

O trabalho de edição das notas e do site especial foi instável. No início, havia um infográfico nas notas, que depois, desatualizado, sumiu. Em muitos momentos faltaram fotos e links. Neste final de cobertura, em que o destaque para as notas e para o hotsite deveria ser ainda maior, tudo continuou igual.

Reportagem in loco

O iG acertou ao enviar o editor de Mundo, Leandro Meirelles, para a cobertura nos Estados Unidos. O trabalho do correspondente, no entanto, poderia ter sido mais bem aproveitado. No começo, as reportagens não apresentavam fôlego de uma cobertura desse porte. Quando Meirelles produziu material diferenciado (Imigrantes brasileiros afetados por crise têm esperança na eleição, Eleitores de McCain temem que Obama seja socialista, Cindy McCain faz comício na Pensilvânia, Turistas aproveitam crise para visitar Wall Street), este não teve o destaque que merecia. Faltou melhor edição do material.

Blog especial

Além das matérias, Leandro Meirelles fez o blog Fronteira Livre. A proposta de apresentar o lado mais ‘leve’ da cobertura é indispensável. No entanto, os posts acabaram recebendo mais destaque do que as reportagens mais complexas. Equilibrar os dois aspectos é um desafio para os editores, que precisam estar atentos para reagir com vigor às novidades que aparecem. É fundamental ter autonomia e iniciativa para garantir atualizações indispensáveis, correr riscos, e também colocar no ar a extensa lista de notícias regulares a serem destacadas. Há muita automatização na internet, mas quem decide são mentes pensantes e alertas para o novo.

Parcialidade

Assim como boa parte da mídia mundial, o iG favoreu Barack Obama . A quantidade de matérias e o tom majoritariamente positivo sobre o então candidato democrata foi visível. Os primeiros perfis de Obama e McCain mostravam isso claramente, como foi escrito aqui. O tom não mudou até o final dessa cobertura.

Debates

A cobertura dos debates, tanto durante as prévias, quanto na reta final das eleições, foi competente. Houve agilidade e qualidade no tempo real, além de boas reportagens e vídeos, especialmente na fase final, após a inauguração da TViG. Esta, porém, continua com menu confuso

Tempo Real no ‘dia D’

A cobertura da votação e resultado das eleições foi centralizada no tempo real. A ferramenta é útil, mas se já havia um hotsite, porque não concentrar a cobertura na página com edição e visual especial?

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Notícia quentinha, página (con)gelada (4/11/08)

A maior fusão de bancos no Brasil e uma eleição épica nos Estados Unidos. Esses dois assuntos merecem todo destaque e aquela sensação de novidade que um portal de notícias pode apresentar a seu público. Assuntos que fogem à rotina merecem uma apresentação que consiga refletir a sua importância. O design gráfico existe para criar soluções a altura dos acontecimentos. No caso do iG, porém, o desenho da capa é engessado e quase sempre mostra informações fora do comum com a mesma aparência do noticiário normal.

Ontem, a notícia da fusão do Itaú e do Unibanco foi destaque durante todo o dia, mas o máximo que se pôde fazer foi colocar a manchete toda em caixa alta. Hoje, com eleições dos EUA, nem isso.

A questão visual nos portais de internet é muito importante. Ela tem a ver com a personalidade do veículo, com sua temperatura, com o sabor de notícias recentes e relevantes. O design ‘agarra’ o leitor, orienta seu olhar e ajuda a manter a audiência conectada ao portal. O design também tem a ver com a velocidade de carregamento das páginas, um item em que o iG melhorou muito neste ano (como destaquei aqui no dia 28 de outubro). Mas além de qualidade, quantidade e velocidade, é preciso oferecer urgentemente formatos mais flexíveis, ao menos da página principal.

É interessante notar como essa flexibilidade de formatos é mais complicada na internet. Nesse sentido, a rede e toda a sua parafernália tecnológica parecem mais atrasadas do que mídias mais antigas, como os jornais e as revistas, que de um dia para outro mudam a diagramação da primeira página. A internet tem a marca da mudança, troca e atualiza as informações em questão de segundos, mas não consegue realizar com rapídez operações simples, como alterar a sua aparência. Nesse sentido, o iG ainda está engatinhando. Ganha em velocidade, mas não supera os concorrentes e nem mesmo os veículos impressos que, de um dia para o outro, mudam a diagramação da primeira página.

Onde estão os infográficos?

Um recurso que desapareceu das coberturas do iG são os infográficos. Além de facilitar informações, eles podem tornar reportagens especiais ainda mais claras e atraentes para o leitor.

O iG, que já foi premiado com seu infográfico sobre a crise aérea, agora investe pouco nesta linguagem que é inesgotável, pois pode reunir recursos de todos os veículos como animações, fotos, áudio, vídeos. O futuro do jornalismo, como se pode verificar nos melhores veículos, é o inforgráfico.’