Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Novo diretor de Redação

Uma das características mais marcantes de Rodolfo Fernandes, morto precocemente no sábado, era a capacidade de fazer parte e de criar times. Antes de se tornar diretor de Redação, foi peça decisiva numa equipe muito talentosa; depois, soube trazer para ela colaboradores igualmente valiosos. Quando a doença limitou seus movimentos de uma maneira que o fez necessitar de uma ajuda extra para exercer o cargo, foi dele a ideia de promover Ascânio Seleme, então um dos editores executivos, para o posto de diretor de Redação adjunto.

Nesse cargo, com a ajuda indispensável dos demais editores executivos, Ascânio pôde auxiliar Rodolfo na tarefa de liderar a Redação do GLOBO. Assim, aos poucos, a escolha de um sucessor para Rodolfo, uma necessidade tão mais urgente quanto mais cruel era o avanço da doença, tornou-se uma tarefa menos penosa para mim e meus irmãos, Roberto Irineu e José Roberto.

Ascânio, por mérito, é hoje um substituto natural. Ele tem uma já longa e vitoriosa carreira no jornalismo brasileiro. Começou no “Jornal de Santa Catarina”, sua terra natal, e, como repórter, trabalhou na TV Cultura daquele estado, na TV Globo do Rio, na TV Manchete de Belo Horizonte e Brasília, na revista “IstoÉ” e na “Gazeta Mercantil”.

Entrou no Globo em Brasília, em 1988, como repórter de economia. Pouco depois, tornou-se coordenador de assuntos nacionais da sucursal, cargo em que permaneceu até ocupar o posto de correspondente do jornal em Paris, onde trabalhou por quatro anos. Voltou para Brasília até que Rodolfo o convidou em 2001 para ser um dos editores executivos do jornal, primeiro como responsável pela produção de notícias e, depois, pelas edições de fim de semana.

Na sua trajetória profissional, conquistou os mais importantes prêmios de jornalismo e o reconhecimento dos seus pares. Há dez anos no Rio, cedo se transformou num típico carioca por adoção, apaixonado pela cidade e pelo estado.

Com entusiasmo

Ao longo de sua carreira, Ascânio demonstrou que tem aquilo que faz de um profissional um jornalista de excelência: a paixão pela notícia, a escrita certeira, a capacidade de conquistar fontes, o gosto por trabalhar ouvindo a equipe, a habilidade de liderar e, o mais importante, o apego aos princípios éticos da profissão.

Aos 54 anos, Ascânio torna-se diretor de Redação com um desafio enorme: manter a qualidade que caracteriza O Globo desde a sua fundação, mas num mundo em que o jornal é ao mesmo tempo físico e digital. Por sua história e por suas qualidades pessoais, não tenho dúvida de que terá sucesso, ajudado por uma Redação que nunca perde o entusiasmo.

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[João Roberto Marinho é vice-presidente das Organizações Globo e presidente do seu Conselho Editorial]