Saturday, 27 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Os pequenos e frequentes erros

Um único grande erro pode prejudicar a credibilidade de uma organização jornalística, mas erros menores frequentes podem ser ainda mais prejudiciais, comenta, em sua coluna de domingo [29/8/10], o ombudsman do Washington Post, Andrew Alexander. Como um câncer, eles podem destruir gradualmente a credibilidade e eliminar a confiança da audiência.

Muitos leitores alegam que é isto que está acontecendo com o Post. Neste verão e, especialmente no último mês, houve um pico de reclamações sobre ‘pequenos’ erros indesculpáveis. O problema não é novo. Duas colunas no ano passado já revelavam o aumento do número de reclamações sobre, em sua maior parte, erros de digitação e gramaticais. Entretanto, mais recentemente, leitores também vêm reclamando de erros óbvios factuais que deveriam ser facilmente detectáveis.

Na última semana, por exemplo, uma matéria na seção metropolitana divulgou que uma mãe ‘recebeu uma sentença de 30 dias’ após ter sido condenada por crime de negligência. Mas os leitores ficaram confusos, pois a legenda da foto erroneamente informava que ela recebeu uma sentença de três anos. No último final de semana, um box de uma matéria sobre Nova Orleans dizia que a população da área metropolitana era de 1,2 bilhão – e não milhão.

São vários os exemplos. E, mesmo aqueles não relacionados aos fatos, como erros gramaticais, prejudicam a confiança no jornalismo do Post. ‘Pequenos erros podem ser um sintoma de um problema maior e eles diminuem o prestígio do jornal como um todo’, escreveu a leitora Trena Taylor.

Para Anne Ferguson-Rohrer, editora de produção do Post, a culpa é da redução das equipes – menos pessoas estão sendo pressionadas a fazer mais e também muitas estão nas férias de vérão – e da distração de implementar um novo e complexo software de gestão de conteúdo para produzir as edições impressa e online do jornal. Segundo Teresa Schmedding, presidente da Sociedade Americana de Editores, o problema está em toda a indústria jornalística. ‘É muito difícil trabalhar em um caos completo e manter o nível de energia lá em cima’, observou.