Tuesday, 23 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Os dois Posts

Em sua coluna de domingo no Post [11/12/05], a ombudsman Deborah Howell fala das versões impressa e digital do jornal. Embora os leitores considerem que o sítio Washingtonpost.com seja igual ao jornal The Washington Post, ela aponta as diferenças entre as duas versões.

Para Deborah, o Post é um jornal local, não importa como e onde é lido, com uma circulação diária de 671.322 e dominical de 965.920, de acordo com dados de setembro. Já o sítio tem um alcance muito maior: oito milhões de visitantes únicos ao mês – destes, 1.3 milhão são de Washington. Os leitores locais usam o sítio mais freqüentemente, mas há uma grande audiência nacional e internacional. ‘Fico diversas vezes surpresa quando leio um e-mail sobre o Post e vejo que o leitor é do Novo México ou Oregon – ou ainda da China, Israel ou Austrália’, revela Deborah.

O sítio do Post é de propriedade do grupo Washington Post Company, mas não é administrado pelo jornal, e sim por uma empresa separada chamada Washington Post-Newsweek Interactive (WPNI, sigla em inglês), com escritórios em Arlington, na Virgínia. O jornal fornece a maior parte do conteúdo do sítio, mas o Washingtonpost.com possui uma equipe de 65 funcionários com suas próprias funções, como Brian Krebs (cibersegurança), William M.Arkin (segurança nacional) e Jefferson Morley (que relata como o mundo vê os EUA). O sítio conta ainda com blogs e conteúdo multimídia exclusivo. Caroline H. Little, executiva-chefe e publisher do WPNI, afirma que o sítio pretende oferecer mais ferramentas interativas. ‘Nós acabamos de lançar um banco de dados políticos e já temos uma grande lista de blogs que fazem links a ele’, informa.

Cooperação e divergências

Há diferenças culturais entre as duas redações, mas Jim Brady, editor-executivo do sítio, acredita que a redação do Post é ‘incrivelmente cooperativa’. Os dois Posts interagem todos os dias e os repórteres e editores das duas redações participam de chats online (cerca de 50 horas por semana).

No entanto, há algumas divergências. Os repórteres políticos do Post não gostam da coluna ‘White House Briefing’ (Informe da Casa Branca, tradução livre), do colunista do sítio Dan Froomkin, por considerá-lo muito opinativo e liberal. Eles reclamam ainda que o título da coluna pode confundir os leitores a pensar que Froomkin é um repórter da Casa Branca. ‘O título causa confusão e diminui nossa credibilidade como repórteres objetivos’, opina o editor de política nacional do Post, John Harris. Deborah confirma a declaração de Harris e diz que muitos leitores pensam que Froomkin é um repórter da Casa Branca.

Um grande número de jornais nos EUA já integrou as duas redações e o New York Times é um dos que está se preparando para fazê-lo. Don Graham, CEO do grupo The Post Co., afirma que o Post e o WPNI devem cooperar entre si, mas também encontrar um caminho de fazer trabalhos diferentes.

Na opinião de Deborah, o sítio aumenta o prestígio do Post e a internet se torna cada vez mais importante, sendo um canal para divulgar informações complementares e análises mais profundas aos leitores.