Saturday, 20 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Osvaldo Martins

‘Foram tantas, e tão bem fundamentadas, as pressões do público da Cultura, que a direção da emissora decidiu hoje (11/01) que o Caillou volta a ser diário. A partir do dia 24 de janeiro o desenho canadense vai ao ar todos os dias, de segunda a segunda, ao meio-dia. Uma vitória da capacidade de mobilização da nossa Assembléia de Acionistas, como aqui é chamado o conjunto de telespectadores da Cultura.

Caillou virou um case. Amado não apenas pelas crianças, mas também por pais e mães, por seu conteúdo educativo, o desenho estava sendo exibido apenas nos fins de semana em razão de problemas comerciais com o sistema de distribuição. Tão logo o simpático Caillou se ausentou da grade diária de programação, uma enxurrada de mensagens congestionou o meu endereço eletrônico – e, na seqüência, os de todas as instâncias decisórias da TV.

Cheguei a reproduzir neste espaço comentários de pedagogas que, na condição de mães, defendiam a volta da freqüência diária. Aderi à causa e quase cheguei a propor a criação do MSC – o Movimento dos Sem Caillou. Durante os últimos três meses repassei à direção todas as manifestações recebidas e procurei manter informada a assembléia permanente do quase MSC.

Hoje, feliz da vida, a diretora de programação da TV Cultura, Rita Okamura, comemorou ao telefone: ‘Conseguimos! O Caillou volta a ser diário!’ E, de quebra, informou também que no mesmo dia 24 começa uma série inédita do Cocoricó, diária, no ar às 11 horas e às 17h30.

Ficam desse episódio várias constatações: o público da Cultura é diferente dos telespectadores das emissoras ‘comerciais’; a Cultura só cumpre a sua finalidade quando oferece alternativa de qualidade na TV aberta; o público infantil sabe muito bem o que quer e reclama, aos prantos, quando não é atendido; pais e mães, em grande parte ligados na Cultura desde a infância, exigem de forma implacável aquilo que sabem ser o melhor para seus filhos; e a emissora é sensível à vigilância do seu público.

Além dessas constatações, fica no ar um recado bem oportuno no momento em que a direção da emissora desenha a nova grade de programação, que começa a mudar em março: o público infantil constitui um patrimônio valiosíssimo para a TV Cultura. O prestígio da emissora, construído ao longo de 35 anos, repousa principalmente na boa qualidade da programação destinada às crianças – depois vem o resto.’

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‘Filtro necessário’, copyright TV Cultura (www.tvcultura.com.br/ombudsman), 13/1/05.

‘A TV Cultura dá enorme importância à opinião do seu público a respeito da programação – a atual e a que começa a mudar em março. Exatamente por isso, criou, pioneira na televisão brasileira, a função de ombudsman. Meu papel, nessa função, inclui a interlocução do público com a emissora, e vice-versa. Portanto, os comentários de telespectadores são sempre úteis e bem-vindos. Estamos aqui para acolhê-los e levar em consideração os seus conteúdos. Ocorre que alguns escribas têm usado freqüentemente este espaço para comentar assuntos que nada têm a ver com a Cultura – sua missão, sua programação, seus erros e acertos. Por isso, a partir de hoje só exibiremos os comentários cujos conteúdos abordem temas ligados à finalidade deste espaço.’