Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Paulo Rogério

‘A campanha para as eleições de 2010 já está nas ruas, repleta de ideias sem aprofundamento, frases de efeito e desafios verbais de força, típicos de boxeadores prestes a entrar no ringue. Nada de mais profundo é discutido pelos políticos. A preocupação é aparecer, ganhar espaço na mídia. E a imprensa acaba deixando-se envolver neste clima de bravatas.

O POVO publicou há duas semanas um bom material sobre as ’baixarias’ produzidas pelos políticos em época de campanha como a que estamos vivenciando. Se o nível do debate político é baixo, a imprensa tem sua parcela de culpa. Prefere divulgar adjetivadas acusações a aprofundar temas sociais importantes. Será que esse ’blá, blá, blá’ interessa ao leitor?

Festival de besteiras

O exemplo de espaço perdido foi dado essa semana. Na terça-feira, O POVO abriu espaço para o deputado Eunício Oliveira (PMDB) provocar o PT e o ex-presidente Fernando Henrique ironizar a ministra Dilma Rousseff. No dia seguinte, o jornal é utilizado para novas provocações. Dessa vez de deputados contra Eunício, de Ciro Gomes(PSB) contra FHC e – uma manchete – de Tasso Jereissatti(PSDB) nomeando a liderança de Rousseff de silicone. Muito interessante.

O teatro seguiu adiante com a imprensa sendo passivamente usada. Na quinta-feira (11) e sexta (12) mais futilidades. A manchete mostrou bate-boca de deputados com expressões como ’Se puxar a faca, eu puxo do mesmo jeito’ ou ’Não vou acanalhar debate com pessoas que sujam mais que gado na várzea’.

Publicidade grátis

Aos leitores – e eleitores – interessam essas noticias? ’Esse tipo de coisa só faz é dar publicidade para eles que querem aparecer. A solução é não publicar as discussões’ afirmou o leitor José Mário. O Guia de Redação e Estilo é claro: ’O POVO tem como princípio fazer um jornalismo crítico e imparcial. Mesmo sem opinião é possível noticiar de forma crítica, comparando fatos, estabelecendo analogias ’. Esse tipo de jornalismo de fofoca, de frases de efeito e de futilidades interessa mais aos políticos & para aparecer – e aos jornalistas & para vender suas matérias – do que ao próprio leitor.

Esqueceram os internautas

A implantação do RAP10, a nova ferramenta de classificados on line do Grupo de Comunicação O POVO, causou uma intensa movimentação dos leitores. Acostumados com a versão digital dos Populares, muitos se viram perdidos diante da novidade. ’Do jeito que está é bom para as imobiliárias, não para o anunciante pequeno’ protestou Percival Palmeira. O leitor Pierre Lira reclama que o novo sistema tem um número bem inferior ao que consta na versão impressa. ’Preferia do outro jeito. Mudou foi para pior’ reclamou a leitora Jane.

Segundo a editora de Convergência do O POVO, Marília Cordeiro, as reclamações foram levadas ao grupo que está implantando a ferramenta. A versão impressa dos Populares continua sendo disponibilizada, mas em outro local. O problema, porém, é que nada disso foi explicado ao internauta, acostumado ao sistema antigo. Até que se crie um novo link e as pessoas acostumem com a novidade, o caminho para a versão impressa é este: na 1ª página do Portal, clique na capa do jornal localizada do lado direito. Na próxima tela, selecione Publicações. Uma lista aparecerá logo embaixo. O terceiro item é os Populares. Pronto, é RAP10. Custava deixar isto mais claro?

Contradição

A seção de cartas do O POVO, denominada Fala, Cidadão, começa a entrar em um caminho perigoso: o uso de comentários colocados via Portal. Perigoso porque muitos termos ali utilizados são de baixo calão, sem compromissos com a verdade e o pior, sem identificação. Há anônimos como Bidu, Profetinha, Zezinho ou Zeus, que não podem ser levados a sério. Alertada, a editora de Opinião, Manoella Monteiro, disse que tem feito uma seleção rigorosa e que está em estudo um mecanismo para aproveitar as opiniões expostas. Atualmente, há na seção, a orientação para que as opiniões sejam enviadas com nome completo, endereço, RG e telefone para confirmar procedência. No entanto, tal alerta fica desnecessário se comentários do Portal forem mantidos.

E o substituto?

Até a próxima quinta-feira a publicação da coluna ’Um dia como hoje’ volta a ser publicada diariamente no caderno Vida & Arte. Questionado sobre os motivos da ausência da mesma desde quarta-feira(10), o editor-executivo do Núcleo de Cultura e Entretenimento, Émerson Maranhão, informou que a responsável pela seção está em período de licença médica. O jornal, porém, deveria repensar o assunto e definir um substituto para a coluna, uma das mais lidas.’