Saturday, 27 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Paulo Rogério

‘‘O jornalista não age para obter resultados que não sejam o de bem informar o público.’ – Eugênio Bucci, jornalista’

Depois de polemizar sobre bolinhas de papel, sacos de água, aborto ou maconha, uma questão ficou no ar: até que ponto a credibilidade da imprensa foi afetada? Afinal, a imprensa ganhou ou perdeu nas Eleições 2010? Fiz esta pergunta a alunos da disciplina ‘Ética e Práticas Jornalísticas’ do curso de Comunicação Social da Universidade Federal do Ceará onde fui convidado para uma palestra na última quarta-feira. Depois de 23 anos de trabalho na mídia impressa, nada melhor do que ouvir o que pensa a nova geração de jornalistas.

E não foi um quadro diferente daquele colocado pelos leitores. A desconfiança do que é publicado é visível. As reclamações são de que há uma febre de denuncismo, de manipulação dos fatos e de pouco aprofundamento. Eles têm razão. Houve tudo isso e muito mais. Se a campanha foi de baixo nível no debate de propostas, a imprensa tem sua parcela de culpa ao acompanhar a baixaria. Um erro que persiste apesar da renovação das redações.

O pior é que a imprensa não faz uma avaliação de suas próprias atividades. Quando criticada alega censura e apela para a liberdade de expressão. Parece não ser capaz de olhar para seu próprio umbigo. O lado positivo desse bate-papo com os novos profissionais é que, a exemplo dos leitores que ligam diariamente para o ombudsman, essa deficiência salta aos olhos. Ninguém mais acredita em tudo o que lê, ouve ou assiste. Estamos aprendendo a questionar, este sim o primeiro passo para o livre pensamento.

Postura e ética

Como em toda cobertura eleitoral, O POVO, preocupado em manter a imparcialidade, entregou aos seus profissionais, um manual de conduta com uma série de regras de postura. Afora alguns comentários ‘apaixonados’ dos leitores por uma ou outra manchete, não percebi grandes problemas na boa cobertura das Eleições 2010 feita pelo jornal. O único caso explicito foi da colunista Suzzy Bandeira. No dia 23 de outubro ela se despediu dos leitores dessa forma. ‘Por falar em eleição, as esquinas estão ficando cada dia mais bonitas com povo balançando as bandeiras encarnadas. Eu estou lá’. A manifestação é clara e contraria o manual. Na semana seguinte, repetiu a dose, de forma mais sutil, ao se referir ao time do Ceará: ‘Esse negócio de viver mudando só é necessário quando as tentativas são fracassadas.’.

Segundo a Chefia de Redação há um erro grave da colunista e do editor. ‘Da primeira por manifestar uma preferência explícita. Isso é proibido. E do editor que deixou passar o texto’. Já no segundo trecho, a avaliação é que ‘Não se pode inferir que há uma manifestação clara em favor de quem quer que seja’. Discordo da colocação exatamente por outros trechos como ‘Para vocês está bom ou ruim? Pois então, pronto!’ e pela data da publicação: 31 de outubro, dia da votação. Pelo bem do manual, ambos foram advertidos. De acordo com a chefia houve outros casos. ‘Um ou outro colunista deixou passar foto de pessoas usando botons de candidatos, mas ao serem advertidos não voltaram a fazê-lo’.

O show não começou

Alguns cadernos do O POVO, por uma questão industrial, são finalizados com antecedência para não sobrecarregar o parque gráfico. O Vida & Arte, por exemplo, é fechado por volta das 15 horas. No último sábado (30/10), porém, ao noticiar abertura do Teleton, profetizou e errou ao afirmar que o apresentador Sílvio Santos havia aberto evento na sexta-feira à noite. O problema é que o Teleton só começaria uma semana depois. O editor executivo interino do Núcleo de Cultura e Entretenimento, Magela Lima, disse que foi utilizado um texto vindo de agência de notícias sem que houvesse conferência. ‘Confiamos no material da Folhapress’ avaliou.

Se tivesse confiado, o erro não teria acontecido. O texto da Agência Folha, de código número 5582302, disponível às 9h29min do dia 29 de outubro é preciso no segundo parágrafo. ‘Na próxima sexta-feira, dia 5, às 22h30min, Silvio Santos comanda a abertura do programa, que terá duração de 27 horas’. Fica evidente que o editor se atrapalhou com as datas e ainda tentou adivinhar que o programa havia começado, mesmo encerrando o caderno horas antes. O Erramos, até sexta-feira, não havia sido publicado.

Esquecido pela mídia: Quitéria Calixto, a mulher que chorava sangue em Caririaçu.

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