Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Plínio Bortolotti

"Esta semana troquei várias mensagens e falei por telefone com o leitor Adriano Nóbrega para obter mais esclarecimentos a respeito deste e-mail por ele enviado (resumido): ‘Assisti à matéria completa sobre a vaquejada de Itapebussu no programa `Vaquejada´, da TV Diário. Vi, com bastante descontentamento, os organizadores louvando a estrutura e, sobretudo, a segurança do evento. Meu espanto se justifica porque assisto à matéria ao lado do meu filho e de sua mãe, ambos convalescendo por conta do desabamento de um camarote naquele parque de vaquejada. Meu filho se recupera de uma cirurgia no pé direito, que lhe valeu uma placa de platina, nove pinos e, em princípio, noventa dias de imobilização. Sua mãe repousa em casa com um colete ortopédico em razão de uma fratura de vértebra. Ademais, a própria filmagem aérea feita pela produção do programa `Vaquejada´ mostrou, claramente, o local do sinistro. Apesar disso, a mídia local não reportou nada a respeito. O POVO publicou matéria sobre o assunto, ressaltando o grande público presente, sem [citar] qualquer incidente grave. Como não me permito acreditar que o silêncio seja resultado da cumplicidade com a inconseqüência dos organizadores, resolvi, por meio desta mensagem, superar a única causa possível dessa omissão: o completo desconhecimento do fato. Apesar da intempestividade da notícia, creio que sua divulgação seria um pequeno grito de justiça em favor de muitos pais e mães que, ingenuamente, até então, acreditavam no engodo dos organizadores do evento, sobre sua `total segurança´‘. Adriano também envia várias fotos da estrutura de metal e madeira dos ‘camarotes’, mostrando o trecho onde a passarela, com cerca de três metros de altura, desabou.

A vaquejada de Itapebussu (distrito da cidade de Maranguape) é anual e está na 62ª edição; a deste ano ocorreu entre os dias 20 e 23/9. O POVO visitou a localidade no dia do encerramento do evento, publicando a matéria na edição de 24/9. O acidente narrado pelo leitor acontecera no dia 22/9, por volta das 22h, um dia antes da visita do jornal ao distrito. Falei com a repórter Fátima Guimarães, uma jornalista experiente, autora do texto. Ela disse ter relatado na notícia o que ouviu de moradores e policiais militares que faziam a segurança no parque: nada de anormal teria acontecido durantes os dias do evento, segundo eles. Pedi à editora de Cotidiano, Tânia Alves, que voltasse o assunto para as devidas verificações. A editoria retomou a apuração e confirmou ter havido o acidente; na Delegacia de Maranguape foram registrados sete boletins de ocorrência, e vários feridos foram atendidos no hospital conhecido como Frotinha de Parangaba (em Fortaleza), conforme relata matéria publicada na edição de ontem.

Falei com o delegado titular da Delegacia de Maranguape, Rommel Kerth. Ele diz não ter como precisar o número de acidentados, pois algumas pessoas podem ter feito o registro em outras delegacias, mas, ‘oficiosamente’, ele avalia entre 20 e 30 o número de vítimas do acidente. Kerth revela ainda que nos quatro dias de vaquejada seis pessoas morreram em acidentes de trânsito, ligados ‘direta ou indiretamente’ ao evento, no trecho da rodovia, cerca de 30 quilômetros, que liga Maranguape a Itapebussu. Acidentes que o delegado credita ao ‘excesso de bebida’.

Se uma notícia é um fato que se torna público pelos meios de comunicação, ficamos diante de uma não-notícia – e é difícil definir o motivo pelo qual um acidente com esse nível de gravidade, em um evento da magnitude da vaquejada de Itapebussu, tenha passado despercebido pela imprensa. Além disso, chama a atenção também a necessidade de as autoridades tomarem medidas mais rígidas quando à segurança das vaquejadas, que se disseminam pelo interior, atraindo tanto público (ou mais) quanto as partidas de futebol.

Falei por telefone com Marina Araújo, produtora do programa ‘Vaquejada’, da TV Diário; tendo também enviado um e-mail com os questionamentos do leitor, perguntando-lhe se queria comentar o assunto. Até o fechamento desta coluna não obtive nenhuma resposta.

COMERCIAL

Na edição de quinta-feira saiu encartada no jornal a ‘Revista Buchicho Estética e Beleza’, assinalada como ‘Produto do Departamento Comercial do O POVO’. Ao Departamento Comercial não é proibido criar seus próprios produtos, mas é equivocado dar a eles o nome de cadernos editoriais, como é o caso de Buchicho, suplemento publicado diariamente pelo jornal. Para piorar, havia uma chamada na Primeira Página, sem nenhuma cercadura ou marca que indicasse ao leitor que se tratava de anúncio.

MUDANÇAS

Jornal é hábito: recebi algumas ligações de leitores reclamando da anunciada mudança do dia de circulação do Jornal do Leitor para sábado (a primeira vez foi na edição de ontem) em vez dos domingos, como era feito tradicionalmente. O editor-chefe Erick Guimarães explica que as mudanças fazem parte de um pacote que também vai mexer nas páginas semanais de Veículos e respectivo caderno mensal (ambos às quartas-feiras); e no Guia Vida & Arte (publicado às sextas-feiras). As páginas semanais sobre veículos deixarão de ser publicadas e o caderno passará a ser semanal, fundindo-se com o ‘Populares’, criando-se um novo produto Populares + Veículos (a primeira edição saiu ontem). O Guia Vida & Arte deixará de ser publicado isoladamente, agregando-se à edição do Buchicho de sexta-feira, surgindo o Buchicho + Guia V&A, cuja primeira edição sairá na próxima semana. O editor-chefe garante que não haverá perda para o leitor, pois o objetivo das mudanças é ‘potencializar’ os produtos, distribuí-los melhor nos dias da semana, e ‘reforçar’ a edição de sábado. À primeira vista não há motivo para discordar do editor-chefe: os que recebem o jornal diariamente ganharão se houver melhoria na qualidade dos suplementos (se se mantiverem com a mesma qualidade, nada perderão); os assinantes de fim de semana passam a receber um caderno a mais (Veículos), e aqueles que se habituaram a ler o Jornal do Leitor aos domingos, poderão guardá-lo para lê-lo, sem prejuízo, no domingo, pois não é um caderno factual."