Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Problemas na primeira página

A primeira página é o espaço mais nobre de um jornal e, por isso, obviamente, nenhum editor gosta que ela saia com algum problema. No dia 25/9, segundo aponta coluna do ombudsman do Washington Post [3/10/04], o diário saiu com um grave erro em sua capa. Uma matéria sobre a exploração do subsolo de um santuário de cavalos selvagens no estado do Colorado levava o título ‘Old and gas hold the reins in the Wild West’, o que, traduzido, significa ‘velhos e gás seguram as rédeas no Oeste Selvagem’. O certo seria ‘Oil and gas‘ (petróleo e gás), em vez de ‘Old and gas’. Alguns leitores acharam o engano engraçado e escreveram para Getler dizendo que pensaram se tratar de uma matéria sobre problemas intestinais enfrentados por idosos do interior. Outros quiseram explicações sobre como um erro deste tipo conseguiu passar por todos os editores até chegar à capa do Post. O ombudsman responde que buscou, mas não achou um resposta.

No dia seguinte, saiu outra chamada de primeira página que acendeu a atenção dos leitores. A repórter Anne Hull ganhou destaque com seu texto sobre um garoto de 17 anos que enfrenta as dificuldades de se assumir homossexual numa pequena cidade de Oklahoma. Intitulado ‘Jovem e gay na América real’, o texto foi alvo de reclamações pelo uso da expressão ‘real’ como forma de descrever o interior, como se as grandes cidades fossem menos ‘reais’.

A jornalista justifica que só queria sugerir que ‘há uma grande extensão de terras e opiniões além das áreas metropolitanas’. Para Getler, a escolha do título foi um erro por distrair os leitores do conteúdo da reportagem, que, por sinal, era de grande qualidade. O ouvidor aponta que alguns leitores se queixaram do destaque dado a uma matéria que trata de homossexualismo e consideraram isso uma evidência de que o Post é tendencioso com relação a essa questão. Outros consideraram ainda que havia assuntos mais importantes para serem colocados na primeira página numa época de guerra e eleição presidencial. O ombudsman argumenta que o texto merecia, sim, ganhar chamada de capa, ainda que, talvez, numa posição menos privilegiada.