Thursday, 18 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Procuradoria pede que BBB evite ‘banalização do sexo’


Leia abaixo a seleção de quarta-feira para a seção Entre Aspas.


 


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Folha de S. Paulo


Quarta-feira, 12 de janeiro de 2011


 


Procuradoria pede que Globo evite ‘banalização do sexo’ no ‘BBB’


Após as polêmicas do ‘BBB 10’ com Marcelo Dourado, que disse que heterossexuais não pegam Aids, a Procuradoria Geral da República pediu à Globo que evite ‘banalização do sexo’ e ‘incitação de discriminação, racismo e homofobia’.


No documento, diz que a Globo pediu que o ‘BBB 11’ fosse classificado como não recomendado a menores de 12 anos -as edições anteriores eram de 14. Portanto, cenas de ‘nudez quase explícita’ não poderiam aparecer.


A Central Globo de Comunicação afirmou que ‘é grande a preocupação da Globo com o conteúdo, tanto que possui o documento de Princípios e Valores no Vídeo, balizador para todas as equipes e a área de controle de qualidade da programação. Os programas são adequados ao público a que se destinam.’


 


 


TELEVISÃO


Marco Altberg


Quem ainda tem medo de cotas na TV?


Aprovado na Câmara dos Deputados após três anos de intensa discussão, o projeto de lei nº 29 seguiu em 2010 para tramitação no Senado, batizado agora de PLC 116. Afinal, do que trata o PLC 116? Entre outras medidas importantes, permite a entrada das empresas de telefonia no mercado de TV por assinatura. Beirando hoje 10 milhões de assinantes, prevê-se a triplicação desse mercado.


A concorrência obrigará uma melhoria dos serviços e seu consequente barateamento. Quem ganha com isso é o consumidor, ‘surrado’ por serviços nem sempre eficientes, com canais internacionais muitas vezes mal adaptados ao mercado brasileiro, como se fôssemos o mesmo público da Argentina ou do Paraguai, constantemente obrigado a assistir ao lixo internacional.


O Brasil mudou, cresceu, se modernizou. A TV em geral e a TV por assinatura em particular devem acompanhar essa transformação.


Isso passa pelo conteúdo brasileiro, assim como foi anos atrás com a indústria fonográfica.


Não temos que provar mais nada a ninguém: nossos filmes são assistidos por multidões. Nossas produções independentes para TV -séries, animações, documentários, programas regulares e especiais- registram alto índice de audiência.


Não faz sentido supor que o assinante brasileiro não queira se ver em sua própria tela. Esse sentimento de vergonha e de baixa estima, felizmente, parece ter ficado para trás. Temos boas histórias, bons profissionais, bons artistas. Afinal, somos brasileiros e desejamos nos ver também na TV por assinatura.


Com cota ou sem cota. Quem tem medo de uma cota simbólica de mínimas três horas e meia por semana? Na verdade, para a produção independente a cota é de apenas a metade: uma hora e 45 minutos por semana. A outra metade, segundo o projeto de lei, é de conteúdo oferecido pelos canais.


Assistimos na TV por assinatura a mais produções independentes estrangeiras do que à nossa própria produção independente.


Queremos ter espaço para os nossos conteúdos. Essa discussão toda já aconteceu ao longo desses anos em que o projeto de lei tramitou na Câmara dos Deputados, com todos os agentes desse mercado: canais abertos, canais brasileiros e internacionais por assinatura, produtores independentes, operadores, teles, governo, agências reguladoras e entidades representativas do setor, o que resultou na sua aprovação pela Câmara.


Gostaria de conclamar todos aqueles que ainda tenham resistências ao PLC 116 -que será tratado na nova legislatura do Senado no início deste ano-a se apresentar ao debate às claras, de forma transparente, sem medo da defesa legítima de seus interesses, para que, uma vez aprovada a lei no Senado, possa seguir para regulamentação e atender a todos os envolvidos.


Lembrando que o projeto prevê um período de dois anos para que o mercado se adapte. Essa é uma construção coletiva e não deveria ser uma batalha de bastidores.


MARCO ALTBERG, 57, produtor e diretor, é presidente da Associação Brasileira de Produtoras Independentes de TV.


 


 


Keila Jimenez


‘A Fazenda’ deixa Record de ressaca


A Record já sofre abstinência de ‘A Fazenda 3’.


Menos de um mês após o fim do reality show (que terminou no dia 21/12), a emissora vê sua audiência cair.


Aproveitando o sucesso do formato, a grade da Record bateu recorde de audiência em novembro e dezembro.


Do dia 1º ao dia 21 de dezembro, com ‘A Fazenda’ no ar, a média/dia da Record foi de 7,1 pontos. Sem o reality, passou para 6,5 pontos (do dia 22/12 ao dia 7/1). (Cada ponto equivale a 60 mil domicílios na Grande SP).


A faixa nobre (das 18h à meia-noite) perdeu mais público no período: foi de 9,2 pontos para 8,1 pontos.


SUCUPIRA


Odorico Paraguaçu (Marco Nanini) em cena de ‘O Bem Amado’, gravada especialmente para a TV; o filme estreia como microssérie na Globo dia 18


Macho Man O seriado ‘Algo Errado’, de Alexandre Machado e Fernanda Young, já tem data de estreia na Globo: 1º de abril. A produção, que conta a história de um ex-gay, terá 14 episódios e começa a ser gravada em março.


Cera Homens grandes e peludos, conhecidos como ‘ursos’ entre os gays, são a atração do canal adulto For Man em janeiro, que exibirá longas como ‘Ursos Carinhosos’.


Morros O reality ‘Operação de Risco’ (Rede TV!) acompanhará este ano ações da polícia no Rio de Janeiro.


A PERGUNTA É…


O que mais assusta: acordar vendo na TV os mais de 50 pontos de alagamento em São Paulo ou uma reportagem especial sobre caramujos gigantes no ‘Mais Você’ (Globo)?


Humor Depois de ‘Chico Total’, ‘Viva o Gordo’ será reprisado no canal Viva, a partir do dia 7 de fevereiro, às 21h.


Cifras O ‘BBB 11’ (Globo) deve bater recorde de faturamento. Estreou com 18 anunciantes em merchandising.


Top Mariana Weickert ganhará um programa só dela. A modelo deixa o ‘GNT Fashion’ e estreia em março, às segundas-feiras, no GNT, o ‘Vamos Combinar’, que dará dicas de moda e beleza.


O NÚMERO É…


A volta de Totó (Tony Ramos) em ‘Passione’ (Globo) bateu recorde de audiência anteontem: 54 pontos e 76% de share (participação entre TVs ligadas). Índice que a rede não via desde o capítulo final de ‘Caminho das Índias’ (2009), que marcou 55 pontos.


Chuva No mesmo dia, o ‘Jornal Nacional’ bateu recorde: 42 pontos, com 65% de share. Não marcava tanto desde 2009. A estreia de ‘O Clone’ no ‘Vale a Pena Ver de Novo’ voltou a elevar a audiência no horário. Obteve 15 pontos.


A FRASE É…


‘É claro que o Totó tava fingindo de morto. Todo cachorro faz isso’


PIADA NO TWITTER


sobre a volta do personagem de Tony Ramos em ‘Passione’ (Globo)


com SAMIA MAZZUCCO


 


 


‘Luz & Ação’ investiga o certo e o errado no cinema brasileiro


O primeiro acerto de ‘Luz & Ação’, que o Canal Brasil exibe em três episódios, é o subtítulo: ‘Quase Fomos o que Queremos Ser’.


O objetivo dos diretores Maurice Capovilla e Marília Alvim é entender a sina do ‘quase’ que parece marcar o cinema brasileiro.


Com a câmera ligada, perguntam aos entrevistados: o que deu certo e o que não deu certo em nossa produção?


O produtor Luiz Carlos Barreto, sempre ele, acha que deram certo os filmes -muitos deles-, mas que não deu certo o sonho da indústria.


O episódio inicial recupera a história da DiFilme (1965) braço comercial da experiência estética do Cinema Novo.


‘Pela primeira vez, a gente tinha contato com a realidade da economia do cinema’, diz Cacá Diegues. A empresa chegou a ser responsável pela distribuição de 80% dos filmes brasileiros.


Mas o que parecia perfeito foi tendo as imperfeições ressaltadas e, depois de atingir seu auge, a DiFilme acabou e abriu espaço para o surgimento da Embrafilme (1969). Mas aí já é outro capítulo, o segundo da série.


NA TV


Luz & Ação


Estreia da atração


QUANDO quartas, às 21h, no Canal Brasil


CLASSIFICAÇÃO livre


 


 


CULTURA


Ana Paula Sousa


Linha de frente


Antonio Grassi ainda não foi empossado presidente da Fundação Nacional das Artes (Funarte). Mas anda pelo Palácio Capanema, no Rio, à vontade, como quem conhece cada canto do prédio traçado por Le Corbusier.


O edifício que Gustavo Capanema, o ministro da Educação de Getúlio Vargas, idealizou para abrigar ‘o ministério destinado a preparar, compor e afeiçoar o homem do Brasil’, será, pela segunda vez, o local de trabalho do mineiro que virou ator porque queria fazer política.


‘Você já viu esse jardim?’, pergunta, feito cicerone. Grassi sabe até o nome das espécies das árvores escolhidas por Burle Marx. E sabe também que o sonho de Capanema há muito se perdeu.


‘A cultura precisa, de uma vez por todas, fortalecer o trabalho com a educação’, diz. A depender de Grassi, a nova gestão do Ministério da Cultura (MinC) carregará essa bandeira. ‘E não podemos pensar só nos alunos. Temos que pensar também nos professores, que pouco leem, que não vão ao teatro’, diz.


‘O desmembramento dos dois ministérios [da Cultura e da Educação, em 1985] não levou em conta que o divórcio pudesse ser tão litigioso.’


VOZ FORTE


Grassi recebeu a Folha, anteontem, depois de ter acompanhado a ministra da Cultura, Ana de Hollanda, em seu primeiro compromisso público: um visita ao Complexo do Alemão. Hollanda, nestes primeiros dias no cargo, tem preferido o silêncio. Seus assessores dizem que ela ainda precisa tomar pé da situação.


Prosador seguro, o novo presidente da Funarte, instituição que administra um orçamento de R$ 140 milhões, parece, por sua vez, saber muito bem o que encontrará pela frente e o que pretende fazer -não só na Funarte.


‘A Funarte não pode ser separada do Ministério’, afirma. A Funarte é o braço do MinC destinado a cuidar ‘das artes’. Tão vaga quanto a definição parecem ter se tornado suas atribuições.


‘Você não entende por que tem um edital de teatro na Funarte e outro no MinC? Pois é, eu também não’, diz.


As atribuições ficaram ainda mais embaralhadas quando, em 2010, o MinC anunciou prêmios para artistas no valor de R$ 350 milhões. Agora, circula a informação de que esse dinheiro não está disponível. ‘Estamos verificando. Mas os editais serão pagos’, diz, com a habilidade para convencer o interlocutor de que a política lapida.


TEATRO E POLÍTICA


O flerte de Grassi com a política remonta aos anos de 1970, quando entrou no Colégio Estadual Central de Belo Horizonte, por onde passou também Dilma Rousseff.


Não demorou para que o então secundarista aderisse ao grêmio estudantil e ao grupo de teatro. ‘A gente tinha aquela ideia do teatro como uma tribuna livre’, conta. ‘Fui fazer teatro porque adorava política e porque achava que, assim, poderia viajar muito.’


Grassi continuou com um pé em cada canoa ao entrar na Faculdade de Ciências Sociais na Federal de Minas Gerais. Mas o teatro acabou por sequestrá-lo.


No auge do teatro de grupo, Buza Ferraz convidou-o para integrar o grupo Pessoal do Cabaré, no Rio. ‘Eu era ator, mas, como todo mundo, cuidava de tudo: figurino, bilheteria, borderô. Não havia nada da economia da peça que nos escapasse. E as discussões terminavam sempre em política cultural.’


Foi assim que se deu a aproximação com o PT. ‘Era o partido mais aberto para essas discussões’, diz


De tanto discutir políticas públicas para a cultura foi convidado, em 1989, para elaborar, ao lado de gente como Lucélia Santos, Paulo Betti, Wagner Tiso, Sergio Mamberti e Marilena Chauí, o programa de Lula.


Coordenou também o programa da primeira eleição vitoriosa, em 2002.


Foi, portanto, com um travo de decepção que Grassi e seus companheiros da cultura receberam a indicação de Gilberto Gil, do PV, para a pasta. ‘A primeira reação foi de surpresa, mas logo em seguida tivemos uma atitude de respeito. O desenlace é que foi complicado’, diz, referindo-se a sua demissão da Funarte, por Gil.


Três anos depois, Grassi ouve a inevitável pergunta sobre o conflito, mas não se desnorteia. ‘Prefiro citar Shakespeare: ‘Guardar ressentimento é como tomar veneno e esperar que a outra pessoa morra’. Aceitei o convite para a Funarte porque acho que o apoio aos artistas tem que ser encarado de maneira mais séria.’


 


 


TECNOLOGIA


Financial Times


Murdoch lança jornal para iPad no dia 19


Richard Branson, fundador da Virgin, e Rupert Murdoch, dono da News Corp, estão lançando publicações exclusivas para o iPad. Branson vai lançar uma revista chamada ‘Project’, cuja assinatura custará US$ 2,99 ao mês, e Murdoch, o jornal ‘The Daily’, pelo qual ele espera que 800 mil pessoas paguem US$ 1 por semana – o lançamento será no próximo dia 19, em companhia de Steve Jobs.


Ambas as publicações serão pagas, em uma era na qual a maior parte das publicações na rede é gratuita. Os anúncios geraram ceticismo nos círculos da mídia digital, e isso se enquadra em um debate mais amplo quanto à possibilidade de que as companhias estejam balcanizando a web em busca de vantagens econômicas.


MUITO CONTEÚDO


A verdade é que a internet provou ser pouco interessante para as empresas que originam muitas notícias. Isso estava menos claro antes de surgirem o iPad e outros tablets, mas fica evidente quando você compara a leitura de uma publicação com muito conteúdo.


O computador é bom para surfar em várias fontes de notícias, mas não para imersão mais longa em uma delas.


As pessoas tendem a ler sem muita atenção a homepage de um site. Se você tenta se aprofundar, as páginas muitas vezes carregam lentamente e é difícil encontrar o caminho de volta, o que tende a favorecer sites rasos.


O iPad, com seus aplicativos de tela cheia que oferecem uma só fonte de informação, altera essa norma. O mesmo se aplica ao fato de que toda uma edição pode ser baixada de uma vez. Isso torna mais fácil navegar em profundidade, trazendo experiência semelhante à da mídia impressa.


Existem indícios de que as pessoas estão dispostas a passar muito mais tempo lendo uma publicação no iPad do que em seu site.


Caso Branson e Murdoch desejem oferecer produtos em uma nova mídia, que o façam. Eles concorrerão com milhares de aplicativos.


Não há como saber se obterão sucesso, mas alguém encontrará um jeito de fazer leitores e anunciantes pagarem por conteúdo digital aprofundado, entregue em forma editada para o iPad.


Eles estarão concorrendo com um navegador de web, e não combatendo a internet.


Tradução de PAULO MIGLIACCI


 


 


Rodolfo Lucena


Caça ao iPad


A indústria de eletrônica de consumo vai bem, obrigado. Esse parece ter sido o principal recado a emergir de uma feérica CES, maior feira do setor no mundo, realizada na semana passada em Las Vegas. A dolorosa queda nas vendas sofrida em 2009 passou, indicam números esgrimidos pela indústria. E as perspectivas para este ano são róseas: expansão de 10%, chegando a uma receita global perto da emblemática marca de US$ 1 trilhão.


Vários fatores contribuíram para a retomada. Um dos mais significativos, segundo a Consumer Electronics Association, que organiza a feira, foi o impacto exercido nos consumidores por produtos inovadores que chegaram ao mercado no ano passado, notadamente celulares inteligentes e, claro, os tablets -leia-se iPad, da Apple, que chacoalhou a indústria com a velocidade e o número de vendas, que superaram os 7,5 milhões de unidades em cerca de seis meses.


Por isso mesmo, inovação foi a palavra de ordem das 2.700 empresas que demonstraram sua força nos pavilhões do Centro de Convenções de Las Vegas, atraindo cerca de 140 mil visitantes, segundo os organizadores.


A palavra inovação, no geral, pode ser traduzida para tablet, os aparelhos eletrônicos com tela sensível ao toque que se transformaram em meio de diversão e instrumento de trabalho.


Eles já haviam despontado no ano passado, timidamente, surgindo mais como uma resposta antecipada ao burburinho de então, que apontava o próximo lançamento de uma surpresa pela Apple.


Hoje, porém, a ordem é caçar o iPad, buscar tirar alguma fatia do mercado dominado pela empresa dirigida por Steve Jobs. Todas as grandes empresas presentes mostraram suas armas prontas para chegar às lojas ou anunciaram que em breve terão concorrentes que, prometem elas, serão rivais à altura da sedução exercida pelo iPad.


Se terão, só os consumidores poderão dizer. O certo é que os novos tablets oferecem recursos superiores (pelo menos, do ponto de vista da especificação) aos disponíveis no modelo da Apple atualmente no mercado, a começar pelo tamanho.


Os principais candidatos a rivais vêm com tela de 10,1 polegadas e trazem processador mais potente que o do iPad, além de câmeras para videoconferência e para captura de imagens e porta USB, para comunicação direta com outros dispositivos.


Outra tecnologia onipresente na Consumer Electronics Show foi a 3D, vista em televisores de todos os tamanhos e demonstrada em celulares e tablets. Como vem acontecendo em grandes feiras do setor nos últimos anos, a indústria repete que ‘este é o ano do 3D’.


Talvez não seja, pois os preços ainda são altos e há falta de conteúdo. Mas que está no caminho, está.


O jornalista RODOLFO LUCENA viajou a Las Vegas a convite da Motorola


 


 


BANDA LARGA


Internet móvel atingirá 1 bi de usuários


O número de usuários de banda larga móvel deve superar 1 bilhão em 2011, poucos meses depois de ter atingido a marca dos 500 milhões, segundo a Ericsson.


‘Durante o curso de 2010, um marco significativo em termos de usuários de banda larga móvel foi alcançado, uma vez que seus números superaram os 500 milhões no mundo’, disse a Ericsson, maior fabricante de equipamentos para telefonia móvel do mundo, em comunicado.


‘A Ericsson estima que esse número vá dobrar antes que 2011 acabe.’


O uso de computadores portáteis, celulares e tablets, mais recentemente, impulsionou a internet móvel nos últimos anos.


O tráfego crescente de dados é visto pelo mercado como impulsionador das receitas das operadoras de telecomunicações e está provocando investimentos em redes, o que também ajuda o faturamento dos fabricantes de equipamentos.


A região Ásia-Pacífico deve representar a maior parte do número de usuários, cerca de 400 milhões, seguida pela América do Norte e pela Europa Ocidental, com mais de 200 milhões cada uma, segundo a Ericsson.


A companhia divulgou que, em 2008, usuários de internet móvel somavam 200 milhões. Até 2015, a Ericsson aposta em um crescimento para 3,8 bilhões, indicando uma aceleração no ritmo de expansão do setor.


BRASIL


Segundo os dados mais recentes divulgados pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), o Brasil concentra 19,45 milhões de acessos à banda larga móvel.


Isso representa quase 10% da população brasileira, que, de acordo com os dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), chega a 190,7 milhões de habitantes.


A Claro lidera o segmento, com 39,83% do mercado, ou 7,74 milhões de internautas. A Vivo aparece logo atrás, com 6,24 milhões (ou 32%).


Já a TIM detém 4,32 milhões de acessos -o que representa 22,26% do total.


A Oi vem com 5,47% do mercado, ou 1,06 milhão.


Demais operadoras registraram porcentagens inferiores a um, de acordo com os dados da agência.


 


 


Sofia Fernandes


Governo sinaliza que banda larga poderá custar menos de R$ 35


O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, sinalizou ontem que o preço para a internet banda larga pode ser ainda menor do que vem anunciando o governo com o PNBL (Plano Nacional de Banda Larga), de R$ 35 para uma conexão de 512 kbps.


Para esse efeito, o governo vai interferir para ajudar os provedores de acesso com medidas que vão de linhas de financiamento a conversas com os Estados para redução de ICMS sobre serviços de telecomunicações.


Representantes dos provedores estiveram ontem com o ministro e listaram diversas reclamações, incluindo as altas cargas tributárias, dificuldades de crédito e de formalização de pequenos provedores. Essas empresas fazem a última etapa da conexão, ligando internet às casas.


O governo vai criar uma linha especial de financiamento no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), com liberação do investimento por meio do cartão BNDES.


Como contrapartida, o governo espera que os provedores ofereçam internet mais barata e de qualidade e que os pequenos provedores possam penetrar em regiões que não despertam interesse das grandes empresas.


Paulo Bernardo quer fechar as propostas até maio.


‘Não podemos ficar aqui só negociando e negociando’, disse. Ele convocou as empresas a voltar com uma planilha com todos os custos e problemas que enfrentam o quanto antes. ‘Não é filantropia, queremos que os provedores tenham condição de fornecer internet a preços baixos.’


 


 


ENCICLOPÉDIA


Carlos Oliveira


Wikipédia faz dez anos entre polêmicas


Em 15 de janeiro de 2001, primeiro mês de atividade da Wikipédia, o projeto de enciclopédia livre acumulou parcos 25 artigos. Quase dez anos depois, o site é o oitavo mais acessado do mundo e contém mais de 17,6 milhões de verbetes em 262 línguas.


A Wikipédia foi fundada por Jimmy Wales e Larry Sanger e é mantida pela entidade sem fins lucrativos Fundação Wikimedia e por doações privadas. Todo o seu conteúdo é gratuito.


Ela ostenta o título de livre -em tese, qualquer usuário anônimo pode criar e editar páginas-,mas conta com diferentes níveis de permissão, conquistados com um histórico de edições. Verbetes polêmicos, por exemplo, só podem ser editados por usuários experientes e confiáveis.


Essa liberdade é o maior alvo de críticas do modelo wiki. Os céticos questionam a credibilidade de informações que podem ter sido postadas por anônimos.


Atos de vandalismos recorrentes, por sua vez, dão dor de cabeça para os editores assíduos.


Nesse cenário, a Wikipédia pretende mudar de foco: da quantidade para a qualidade. Para Telma Johnson, autora de ‘Nos bastidores da Wikipédia lusófona’, ‘É uma mudança na trajetória do projeto inicial, que buscava se popularizar. Agora, vencida esta etapa, o que parece interessar é a busca de credibilidade junto às instituições sociais, especialmente escolas, universidades e centros de pesquisa’.


WIKIPÉDIA LUSÓFONA


A Wikipédia Lusófona conta com cerca de 660 mil artigos, sendo a oitava maior wiki em número de verbetes.


Para Fernando Souza, relações públicas do portal lusófono, o crescimento é positivo: ‘Como o projeto entrou na lista de sites mais acessados do mundo, veio gente de todo tipo, com os mais ricos interesses, e agora temos uma Wikipédia democrática no sentido de artigos. Temos desde artigos biográficos sobre personagens feios de mangás até presidentes norte-americanos’.


Porém, um grande número de verbetes não quer dizer, necessariamente, conteúdo de alta qualidade.


Vander Marcovecchio, também relações públicas, faz as ressalvas: ‘Uma ânsia por somar números fez com que a Wikipédia Lusófona adquirisse uma grande quantidade de artigos, porém, em sua maioria, eles não possuem qualidade e fontes fiáveis.’


Estatísticas reforçam a afirmação: segundo dados do site s23.org, um dos portais que monitoram os projetos da Fundação Wikimedia, atualmente 26,7% dos artigos lusófonos são esboços -verbetes incipientes, com conteúdo limitado. Ou seja, mais de um quarto dos artigos ainda está em estágio inicial. O índice mundial é de 26,43%.


‘Embora a comunidade tenha amadurecido em muitas coisas, ela ainda precisa priorizar mais por qualidade do que por quantidade’, complementa Marcovecchio.


TENSÕES INTERNAS


A pesquisadora Telma Johnson revela que ‘Uma das principais particularidades da Wikipédia Lusófona é a tensão permanente entre brasileiros e portugueses em torno da língua portuguesa.’


Segundo a autora, isso ocorre porque as Wikipédias não são baseadas em países, e sim em línguas, o que impede uma eventual divisão entre Wiki brasileira e portuguesa, por exemplo.


A atual disputa lusófona ‘pode ser vista como uma via de destruição do projeto lusófono caso não seja resolvida’, opina.


 


 


 


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O Estado de S. Paulo


Quarta-feira, 12 de janeiro de 2011


 


DEMOCRATIZAÇÃO


Presidente do Ipea espera acordo sobre lei de mídia


O presidente do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), Márcio Pochmann, defendeu ontem uma maior ‘democratização’ do setor de comunicação e telecomunicações no País e lamentou que iniciativas como o Conselho Federal dos Jornalistas ainda não tenham obtido ‘convergência política’.


‘A Constituição de 1988 estabeleceu parâmetros do ponto de vista da regulação da economia. No caso da comunicação, ainda há um debate a respeito de como melhor regular e dar transparência e importância a esse setor’, disse ele, no lançamento do Panorama da Comunicação e das Telecomunicações no Brasil, organizado pelo Ipea e pela Federação Brasileira das Associações Científicas e Acadêmicas de Comunicação (Socicom).


Questionado sobre a criação do Conselho, proposto pela 1.ª Conferência Nacional de Comunicação, em 2009, Pochmann disse que ‘infelizmente não conseguimos ainda uma boa convergência política de como melhor regulamentar’. Especialistas e entidades da sociedade civil enxergaram na iniciativa tentativa de controlar a imprensa do País. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


 


 


TELEVISÃO


Patrícia Villalba


Uma enfermeira fora do padrão


Não será desta vez, na sua avaliação, que Glória Pires voltará a encarnar uma ‘vilã de Gilberto Braga’, posição mais do que cobiçada por qualquer atriz que se preze e que ela teve a oportunidade de desfrutar quando foi a Maria de Fátima de Vale Tudo (1988). ‘Não vejo a Norma como uma vilã, mas imagino que algumas pessoas vão achar que ela é vilã, sim’, observa ela, em rápida conversa com o Estado na coletiva que apresentou Insensato Coração à imprensa na semana passada no Rio. ‘É uma personagem riquíssima, e terá uma reviravolta surpreendente. Muitos vão se assustar!’


Comparada a Fernanda Montenegro pelo diretor Dennis Carvalho e disputada por autores na Globo, Glória volta às novelas três anos depois de Paraíso Tropical, da mesma dupla Gilberto Braga e Ricardo Linhares. Desta vez, começa a novela despida de vaidades como a enfermeira simplória que se deixa iludir pelo charmoso e pérfido Léo (Gabriel Braga Nunes).


Viúva, a personagem facilmente se ilude e é envolvida num golpe pelo vilão. Presa, passará por uma traumática transformação. Apesar de não ser a protagonista da novela, a história dela é um dos pontos fortes da trama, que estreia na próxima segunda-feira, substituindo Passione. ‘Ela não tem malícia, nem preparo, chega a ser simplória. Por estar apaixonada, acaba se envolvendo numa história sem pé nem cabeça, e vai pagar pelo que não fez. Dentro da cadeia ela vai criar a estrutura para se vingar’, detalha a atriz.


‘Ex-detenta de Gilberto Braga’ é informação que remete à inesquecível Júlia Matos, papel que foi de Sônia Braga na novela Dancin’Days (1978). ‘Eu acho que tem a ver, sim. Na verdade, quando teve a conversa de fazer o remake de Dancin’Days, meu sonho era fazer a Júlia Matos. Mas acabou não rolando’, contou Glória, que participou da novela original, como Marisa, a filha que Júlia tentava reconquistar após sair da prisão. ‘Agora, quando estava conversando com o Gilberto sobre a Norma, ele me disse ‘acabou que é um pouco Júlia Matos’. Mas a Júlia era uma personagem que seguia mais dentro do aceitável, só teve um casamento por interesse. Mas era tudo mais doce. Desta vez, as tintas são mais fortes.’


Na coletiva, realizada num dos cenários da novela montados no Projac, Glória respondeu uma dezena de vezes sobre o sucesso da reprise de Vale Tudo no canal pago Viva. Causou frisson quando disse que foi um alívio se livrar de Maria de Fátima – ‘Foram 247 capítulos!’, justificou – e que só parou para ver dois capítulos da reprise. ‘Não gosto muito de me ver, não acho graça. Gosto muito de fazer, isso sim!’


 


 


INTERNET


Karla Mendes


Governo quer apressar plano de banda larga


O governo quer concluir até maio as negociações para solucionar os gargalos para colocar em prática o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL) e cumprir a meta de levar internet rápida por preços populares para 1.163 municípios até o fim do ano. ‘Até maio, devemos ter uma definição’, anunciou ontem o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, após reunião com diversos representantes de provedores de internet, em Brasília.


Uma das medidas em análise é a proposta de inclusão do cartão Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vinculado ao PNBL no Fundo Garantidor de Investimentos (FGI). Essa medida, segundo o ministro, poderia solucionar a falta de garantias dos pequenos provedores para acesso a linhas de crédito do BNDES.


O cartão BNDES, atualmente, é restrito à liberação de recursos para capital de giro e não é vinculado ao FGI. Segundo Nelson Fujimoto, assessor da Presidência já indicado para o cargo de secretário de Telecomunicações do Ministério das Comunicações, o BNDES já deu um ‘sinal verde’ em 2010, mas a proposta ainda depende de aprovação do Conselho de Administração do banco. ‘Está na fila’, disse. O ministro citou também a possibilidade de a Telebrás ser parceira dos provedores em alguns investimentos, o que resolveria o problema da falta de garantias.


Entraves. Os provedores apresentaram outros entraves para ofertar banda larga com velocidade de 512 Kbps por até R$ 35, que é a meta do governo para massificar o acesso no País. Além do preço médio de R$ 60 do mercado, os altos impostos, a falta de crédito e a burocracia para conseguir linhas de financiamento foram apontados como as principais dificuldades dos pequenos provedores em aderir ao PNBL. O ministro solicitou aos provedores a apresentação de uma planilha com todos os custos que interferem no preço da banda larga em um próximo encontro.


Há casos, por exemplo, em que uma distribuidora de energia elétrica cobra R$ 2 por poste para levar internet pela rede elétrica, ao passo que outras cobram R$ 9. Em algumas situações, o preço do boleto bancário chega a ter peso de 10% sobre o custo do serviço ofertado. ‘O governo não pode resolver tudo isso. Mas vamos arregaçar as mangas em cima dessas questões’, afirmou Bernardo.


 


 


 


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