Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Rita Célia Faheina

‘A cobertura da greve dos professores das escolas públicas estaduais e municipais feita pelo O POVO já vinha sendo criticada pelos leitores quando o jornal divulgou, no último dia seis, a manchete: ‘Greve de professores é ilegal, diz Justiça’. Foi o suficiente para aumentar o número de e-mails e telefonemas reclamando e pedindo que a ombudsman acompanhasse com atenção as matérias consideradas tímidas, incompletas e até com erro de informação.

Uma leitora reclamou que O POVO não deu destaque às reivindicações da categoria, mas a decretação da ilegalidade da greve saiu na manchete. De fato, no dia em que saiu a matéria, não foi divulgada a pauta de reivindicação dos professores das escolas estaduais que são, basicamente, reajuste salarial de 19.2%, implantação do piso salarial nacional de R$ 950,00, reformulação do Plano de Cargos e Carreira e concurso público para professores efetivos.

José Eldimar citou o erro de informação. Na mesma matéria que anunciava a decretação da ilegalidade dizia que a greve da rede estadual terminara, quando, na verdade tinha sido suspensa, pois o fim da paralisação só é decidido em assembleia da categoria.

O POVO corrigiu a informação no dia seguinte. Mas o leitor observou também que deixaram de ser noticiados dados importantes como implantação do piso salarial conforme determina lei federal aprovada em 2008, melhoria das condições de trabalho e o grande número de professores temporários em sala de aula – cerca de 10 mil – enquanto que a promessa de concurso público é para preencher quatro mil vagas.

A leitora Irene Jucá diz que a manchete sobre a ilegalidade da greve ajudou a desmobilizar e a amedrontar professores. Ela exige do jornal um destaque maior para as reivindicações da categoria, que se encontra em greve há cerca de um mês.

Faltou ainda, na cobertura do jornal, acompanhar mais a paralisação nas escolas, ouvir a comunidade escolar e promover debates com o governo e o sindicato para esclarecer os pontos de divergência, como sugerem os próprios educadores tanto da rede estadual como do município.

A editora-executiva do Núcleo Cotidiano, Tânia Alves, diz que, desde o início, a cobertura da greve dos professores foi feita de forma isenta. ‘Quase diariamente cobrimos as manifestações e assembleias, sempre destacando as várias perspectivas do movimento: reivindicações da categoria, dentre elas a unificação do piso salarial nacional; o impacto para o aluno e, além disso, a posição do governo em níveis municipal e estadual’.

Sobre a reclamação da leitora Irene Jucá, de que a matéria ‘Greve de professores é ilegal, decreta Justiça’, manchete do dia 6 de junho, teria desmobilizado e amedrontado a categoria, a editora diz que ‘há um equívoco claro e seletivo. O POVO cumpriu seu papel, que é o de informar. O jornal não criou ou inventou um fato, apenas informou uma decisão da justiça que tem relevância, mexe com um grande público’.

Tânia diz ainda que ‘quem decretou a ilegalidade foi a Justiça e O POVO deu a informação. Objetivamente qual é o problema? Problema teria se O POVO ou qualquer outro jornal deixasse de dar essa notícia. Uma decisão judicial que vai influir nos destinos de um movimento como o de professores, que mexe com alunos, pais, professores, movimento sindical é manchete’.

Mata-mosquito

Leitores enviaram e-mails se dizendo indignados com o artigo publicado no último dia 4, de autoria do diretor da Faculdade Christus, Roberto de Carvalho Rocha. O articulista se refere, no texto, ao antigo funcionário chamado ‘mata-mosquito’ que entrava nas casas, destampava os potes e derramava querosene na água além de matar as muriçocas.

O professor exagerou quando disse que as baratas são inteligentes e há hospitais, como dizem as serventes, em que as baratas esperam que o elevador abra a porta para entrarem e mudarem de andar. Leitoras se disseram envergonhadas com a leitura e lamentaram que o artigo tenha ocupado o espaço mais nobre do jornal (página de Opinião).

Sobre a publicação do artigo o editor de Opinião, Valdemar Menezes, diz que o professor Roberto de Carvalho Rocha é um dos articulistas fixos da página 6 e que escreve a cada 15 dias. Informa que os articulistas fixos são convidados para escrever naquele espaço, respeitando a Carta de Princípios do jornal.

’Só interferimos em seus textos quando estes violam esses princípios. Não foi o caso do artigo referido. As pessoas podem ou não gostar do estilo, ou discordar do conteúdo de um artigo, é natural. O POVO é pluralista, procurando acatar todas as expressões de pensamento existentes na sociedade brasileira e que estejam de acordo com os códigos de princípios atinentes à dignidade da pessoa humana, a partir da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Os articulistas não expressam necessariamente o pensamento do jornal: são responsáveis por suas próprias idéias e isso vale para os articulistas fixos e para as contribuições eventuais. Os critérios para estas últimas compreendem, principalmente, representatividade, oportunidade e qualificação, segundo o entendimento da Editoria de Opinião’.’