Tuesday, 19 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1279

Rita Celia Faheina

‘Na terça-feira, 11, à noite, os brasileiros viveram o drama de um novo apagão. As emissoras de TV começaram a noticiar o blecaute por volta das 22 horas (horário de Brasília) inicialmente com informações de que nove estados do País estavam sem energia elétrica por causa de uma pane que provocara o desligamento da Usina Hidrelétrica de Itaipu. A falta de luz também atingia o Paraguai.

Insistentemente as emissoras de TV davam informações, mostravam imagens de como se encontravam as grandes cidades como São Paulo e Rio de Janeiro. O caos no trânsito, a maioria dos prédios totalmente às escuras, o medo das pessoas que retornavam pra casa, a falta de transportes, o drama enfrentado pelos hospitais que tinham pacientes dependendo de aparelhos ligados à energia elétrica.

Estava em Brasília, participando do I Fórum Internacional de Ouvidorias Públicas /Ombudsmans/Defensores del Pueblo/Provedores de Justiça/Media Teur de La Republique. Um encontro importante para a troca de experiências entre pessoas que têm a função de ouvir os cidadãos e encaminhar suas reclamações em busca de soluções mais rápidas. No entanto, procurei ler os principais jornais do País, ver os sites e até pesquisar na imprensa mundial como estavam sendo divulgadas as notícias do apagão do Brasil.

Na edição de quarta-feira, confesso que fiquei decepcionada com a cobertura do O POVO. Apenas uma notícia na página 2 com o título’Pane em Itaipu deixa até 9 estados sem energia’. E ainda com uma discordância de número no abre da matéria com relação ao título:’Problema atingiu pelo menos sete estados e o Paraguai’. Esperava mais. Mesmo porque o blecaute começou a ser divulgado por volta das 21 horas (horário de Fortaleza). Ainda dava tempo para os repórteres de plantão de editoriais como Brasil, Política e Economia tentarem ampliar o noticiário que chegou através das agências de notícias.

Só na edição de quinta-feira, 12, é que os leitores do O POVO tiveram informações mais completas sobre um novo apagão ocorrido dez anos após o blecaute que atingiu dez estados brasileiros durante a gestão do presidente Fernando Henrique Cardoso (março de 1999). Desta vez, 18 estados ficaram sem luz durante pelo menos quatro horas e o assunto foi destaque na mídia do mundo e até o jornal britânico The Times destacou o fato de o Rio de Janeiro ser a sede da Olimpíada-2016, pondo em dúvida a capacidade de o Brasil sediar os Jogos.

Explicação dos editores

A diretora executiva da Redação, Fátima Sudário discorda da ombudsman com relação à cobertura do apagão. Afirma que’O POVO deu a devida importância ao fato da melhor forma possível diante das circunstâncias temporal e espacial. Nem poderia ser diferente’.

‘Como você estava em Brasília, sei que sentiu de perto os efeitos da falta de luz e isso deve influenciar a sua análise da cobertura. Mas veja bem: você mesma fala da hora do ocorrido, um tanto tarde para os padrões de fechamento dos jornais impressos. Alguns dos principais sites nacionais saíram do ar e assim ficaram até as primeiras horas da madrugada da quarta-feira, 11’.

Considero que, por não obedecermos ao horário de verão como a maioria dos estados que ficaram sem luz (também foram atingidos estados nordestinos) tínhamos uma hora à frente o que poderia ter ampliado a cobertura do O POVO na edição do dia seguinte.

Segundo Fátima Sudário,’as informações eram escassas e, mesmo no adiantado da hora, fomos apurar, logo que soubemos da informação, pelos meios disponíveis, inclusive com um repórter destacado para ouvir, por telefone, pessoas que moravam nas cidades atingidas pelo blecaute’.

‘O assunto foi manchete da Página 2 e teve bastante destaque na capa do jornal, como segunda manchete da edição, em cima da logo do O POVO. Como já escrevi, creia que foi a cobertura possível ante as dificuldades de acesso às informações. Sugiro, inclusive, que você faça uma comparação com outros jornais regionais para ter uma ideia de como foram feitas as coberturas’, sugere Fátima.

Não acho que seja necessário fazer comparações com outros jornais (embora vários tenham dado manchetes sobre o apagão no dia seguinte, 11) porque tratamos da cobertura do O POVO, do seu compromisso para com as informações mais completas possíveis para os leitores. Como escrevi antes, achei fraca a cobertura do dia após o blecaute. Os editores poderiam, por exemplo, ter orientado os repórteres a ouvirem cearenses que moram nos estados atingidos ou que estavam por lá a passeio ou trabalho. Assim como a preocupação dos paulistanos (ou de outros que estavamnos estados sem luz) que moram em Fortaleza com a situação dos seus familiares.

Na edição do dia seguinte, lembra Fátima, O POVO trouxe cinco páginas com as mais diversas abordagens do assunto.’Além disso, deu manchete e bastante destaque na capa. Assim como continuamos a acompanhar o desenrolar dos fatos, como você tem acompanhado. Isso não significa atraso ou não reconhecimento da importância do episódio, apenas que houve limitação no primeiro dia’, conclui.’