Tuesday, 16 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1283

Rita Célia Faheina

‘O espaço ‘Erramos’ nas páginas 6 ou 7 (primeiro caderno), como o próprio nome define, é utilizado para as correções dos erros das matérias publicadas no O POVO. Na página 6, a seção fica abaixo das cartas do leitor (Fala, Cidadão) e, na página 7, abaixo dos artigos. É um espaço reduzido e que, muitas vezes, passa despercebido pelo leitor. Os mais acostumados, quando notam as incorreções em matérias, procuram a seção para ver se foram corrigidas.

Mas muitos reclamam da pouca visibilidade do Erramos e acham que O POVO deveria corrigir os erros de informação, de títulos das matérias e legendas (textos que explicam e acompanham as imagens) nas mesmas páginas onde foram divulgadas as incorreções. Dou aqui um exemplo recente. Domingo passado, 19, um artigo da jornalista e escritora Socorro Acioli foi divulgado, no caderno Vida & Arte, com o seguinte título: ‘A Excência do Gênero’ (sic), referindo-se à obra do cartunista Maurício de Sousa.

Socorro enviou um e-mail explicando que tinha sido convidada a escrever o texto para o caderno e enviara o artigo com o título: ‘Maurício de Sousa: A Excelência do Gênero’. Antes do caderno circular, mas já impresso, a escritora disse que recebeu um e-mail do editor-assistente do Núcleo de Cultura & Entretenimento, Magela Lima, comunicando que o artigo fora impresso com o erro no título.

‘O Magela me explicou que a versão do caderno que saiu da editoria estava correta, mas por algum motivo, no meio do caminho, o texto foi adulterado. Trata-se de um erro muito grave! Não existe uma revisão antes do jornal ser impresso? Fica a impressão de que eu intencionava escrever ‘essência’ e troquei os dois ‘s’ pelo ‘xc’. Veja que coisa mais negativa para um título atribuído a mim’, lamentou a autora.

Socorro disse ainda que o editor-assistente prometera colocar ‘uma errata no primeiro caderno’, mas que iria pedir a correção também no Vida & Arte. ‘É o mínimo que pode ser feito’, disse. E, de fato, no domingo, mesmo dia em que circulou o caderno, a correção estava na seção Erramos. O pequeno texto dizia que ‘diferente do que estava publicado, o título do artigo da escritora Socorro Acioli era ‘A Excelência do Gênero’.

Mesmo assim, inclui a reclamação da escritora no comentário interno de segunda-feira passada. Antes, o editor-assistente Magela Lima me enviou um e-mail falando sobre o problema que, segundo informou, ocorrera na hora da diagramação. Explicou que o artigo foi inserido, revisado e liberado corretamente. Mas logo após o fechamento o diagramador cometeu um erro e acabou apagando letras do título original. Desta forma, a palavra ‘excelência’ acabou sendo publicada como ‘excência’.

‘Como editor, fiz todo esforço para averiguar o ocorrido e comuniquei, ainda na sexta-feira, a falha à autora do texto. Encaminhamos uma errata à Editoria de Opinião e corrigimos tanto na versão on line, quanto no view impresso do Portal. Fizemos o que foi possível’, explicou Magela.

Na terça-feira, 21, foi publicada, no caderno Vida & Arte, na página 5, uma matéria secundária explicando que a autora (Socorro Acioli) tinha enviado o titulo corretamente, ‘mas por um erro no fechamento da edição, as letras ‘e’ e ‘l’ da palavra acabaram sendo excluídas’. O texto explicava ainda o teor do ensaio da jornalista.

Para Socorro Acioli a solução que o editor-assistente Magela Lima encontrou foi a melhor: fazer uma errata com destaque e no mesmo caderno onde o erro fora cometido.

‘Alguns leitores não leem todo o jornal. E não é natural que se busque o espaço do Erramos, tão escondido’. A escritora acha que a atitude tomada pelo editor-assistente do Núcleo de Cultura & Entretenimento é a correta, pois demonstra o respeito pelo colaborador e pelo leitor.

Como Socorro, outros leitores pensam desta forma. A correção na própria página é o mais correto. E até citam exemplos recentes de correções feitas na mesma página onde saíram erros de informação em matérias de Fortaleza, Ceará, colunas do Alan Neto (Gol!) e Vertical. Acrescento as correções também feitas nas páginas de Política e Economia.

O professor de jornalismo da Universidade Federal do Ceará (UFC), Ronaldo Salgado, diz que ‘embora considere importante o espaço Erramos que alguns jornais dispõem para corrigir possíveis falhas na edição, vejo que a seção, em página diferente na edição seguinte ao erro, é prejudicial ao leitor e às fontes ou aos personagens das notícias ou reportagens. Simplesmente porque os leitores menos atentos ou esclarecidos sobre esse procedimento não recebem a informação corrigida com o mesmo destaque da edição original. É um erro grave, do jornal, insistir com essa seção’.

Na opinião do professor, ‘deveria, sim, na edição seguinte ao erro, destacar o que foi feito de errado e corrigir, chamando a atenção dos leitores e das fontes e personagens da informação, com destaque. É isso que é correto e ético; o resto é falácia e embromação’.’