Thursday, 18 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1283

Steve Jobs lidera lista de mais poderosos da mídia


Leia abaixo a seleção de terça-feira para a seção Entre Aspas.


 


************


Folha de S. Paulo


Terça-feira, 20 de julho de 2010


 


RANKING


Jobs lidera lista de poderosos da mídia


O presidente da Apple superou Sergey Brin e Larry Page, fundadores do Google, em ranking elaborado pelo ‘Guardian’. No levantamento do ano passado, Steve Jobs estava no quarto lugar. Rupert Murdoch, da News Corp. (da Fox e do ‘Times’), passou do sexto para o quarto lugar.


 


 


TODA MÍDIA


Nelson de Sá


Épico


Na capa, Tio Sam oferece ‘emprego com autorização de segurança’. No total, já são 854.000 americanos com acesso ‘top secret’


O ‘Washington Post’ se reergueu ontem com uma radiografia da ‘América top secret’. Na manchete, ‘Um mundo escondido, crescendo além do controle’. Em suma, ‘O governo fez um sistema de segurança nacional tão grande, complexo e difícil de gerenciar que ninguém sabe se está cumprindo seu propósito: manter os cidadãos seguros’.


Entre outros dados do ‘mundo de segredo criado em reação aos ataques de 11 de Setembro’, o ‘WP’ contou 1.271 organizações estatais e 1.931 privadas contra o terrorismo. Em 10.000 escritórios pelos EUA, analistas fazem 50.000 relatórios sobre ‘documentos e conversas’ por ano, ‘volume tão grande que muitos são rotineiramente ignorados’.


Ecoou por sites, mas o ‘New York Times’ escondeu. A ‘Economist’ abriu manchete on-line e chamou de jornalismo épico, na linha das denúncias contra o ‘complexo militar industrial’ dos anos 50. Mas com ‘menos apelo político’, nos EUA de hoje.


ARMAS AOS BRICS


‘Financial Times’, ‘NYT’ e outros noticiaram que ‘a maior empresa de defesa da Europa’, a EADS, quer acelerar vendas para países como Brasil e Índia devido ao corte nos gastos militares de EUA e Europa. Aqui, ‘os gastos cresceram 23% em 2009’. Na Índia, 35%. ‘São emergentes, são grandes mercados’, diz um executivo da empresa.


Mas os contratos ‘agora vêm com apêndices que obrigam a investimentos na base industrial’ local. ‘Está claro que o velho conceito de exportação não vai se manter’, diz a EADS, que faz os aviões Airbus. Como ela, a americana Boeing, após os cortes do Pentágono, ‘também está buscando agressivamente as vendas globais’.


Halliburton vem aí O Huffington Post deu que a Halliburton, multinacional que era dirigida pelo ex-vice-presidente Dick Cheney e atua em defesa e segurança, inclusive no Iraque, agora ‘impulsiona a prospeção em alto mar no Brasil’. Foi o que anunciou o atual presidente, a investidores. A Halliburton trabalhava com a plataforma Deepwater Horizon, quando ela explodiu e passou a vazar no Golfo do México.


O pré-sal continua O ‘FT’ destaca que Lula abriu a produção comercial do pré-sal, dias atrás, ‘sem maior fanfarra’, em contraste com a ‘exuberância’ de três anos atrás, quando tornou o Brasil ‘petropotência do dia para a noite’. Fala dos custos pós-acidente no Golfo, mas diz que ‘o Brasil está mais bem preparado que os EUA’ nas normas e nos procedimentos criados pela Petrobras após perder a P-36 em 2001.


CHINA PASSA EUA


Na manchete on-line do ‘WSJ’, ontem ao longo da tarde, ‘China passa os EUA como maior usuário de energia’. Descreve como um ‘marco’, avaliando que reflete o crescimento chinês e o impacto da recessão na economia dos EUA.


Para o jornal americano, terá ‘grandes implicações geopolíticas’. Cita, por exemplo, as compras que vem sendo realizadas pela China na América do Sul e por todo o mundo. Também já provoca uma ‘mudança no foco’ da Opep, o cartel dos países produtores de petróleo.


TABUS ELEITORAIS


No rastro da aprovação do casamento homossexual na Argentina, o espanhol ‘El País’ destaca que no Brasil, ‘que pode virar a quinta potência econômica do planeta, a política se aferra aos tabus sexuais’. Temas como aborto ‘nem os mais liberais querem abordar’. Critica Dilma, ‘de cultura agnóstica’, Serra, ‘que se diz católico’, e a ‘evangélica’ Marina.


VÍDEO VAZADO


Manchete na Folha.com, ‘Polícia de Minas afasta delegadas do caso Bruno após vídeo’. No UOL, ‘Delegadas deixam caso após vídeo vazar’. E o advogado do goleiro saiu ironizando que a ‘TV Globo está patrocinando o avião da Polícia Civil’.


Até no G1, ‘Delegadas são afastadas’. Já na escalada do ‘JN’, que reapresentou o vídeo, nada. Só na reportagem, no meio do programa.


 


 


COLÔMBIA


EUA negam visto para jornalista crítico a Uribe


Sob a alegação de suposta ligação com ‘atividades terroristas’, Hollman Morris, 41, teve negado o visto após obter bolsa da Fundação Nieman, na Universidade Harvard.


Morris, especialista em cobertura de direitos humanos, já entrevistou membros das Farc. A recusa gerou críticas de órgãos como a Sociedade Interamericana de Imprensa.


 


 


IRÃ


Gabriela Manzini


Petição impulsiona campanha anti-Irã


Um abaixo-assinado aberto há cerca de um mês na internet deu impulso mundial à campanha pela libertação da iraniana Sakineh Mohammadi Ashtiani, condenada à morte por apedrejamento.


O texto conta com mais de 114 mil firmas, a maioria sem valor real. São pessoas identificadas só como ‘chris’ ou ‘lisa’ e manifestações políticas como ‘E agora Lula?’ e ‘fight for freedom’ (luta pela liberdade, em inglês). Há ainda piadas, como ‘Pica Pau’.


‘Essa é só uma das ferramentas da campanha. Com ela, chegamos a milhares de pessoas’, diz Farshad Hoseini, diretor do Comitê Internacional contra Lapidação, autor do documento. ‘O importante é que a pressão internacional chegue ao regime.’


Farshad e muitos de seus colegas do comitê são exilados políticos proibidos de retornar ao Irã e afiliados a entidades banidas, como o Partido Comunista do Irã. ‘Mas o comitê tem princípios próprios. Pessoas do mundo todo participam. Não importa no que você crê, importa abolir a lapidação no Irã’, diz.


Foi a causa que atraiu ao abaixo-assinado também celebridades, embora não haja confirmação da ciência de todas elas. Entre os brasileiros reconhecíveis estão Fernando Henrique Cardoso, Chico Buarque e Caetano Veloso.


‘Fui eu que assinei’, confirmou o ex-presidente, que diz desconhecer os autores da petição. ‘Direitos humanos ultrapassam questões partidárias. Não me preocupo com isso, mas com a visão de não aceitar que mulheres sejam tratadas dessa forma.’


Chico também confirmou a assinatura, mas Caetano não pôde ser localizado.


Entre os estrangeiros famosos estão Shirin Ebadi, iraniana Nobel da Paz, Michael Bloomberg, o prefeito de Nova York, e Yoko Ono.


VÍTIMA


Considerada coautora do assassinato do marido, Sakineh foi condenada, em 2006, a 99 chibatadas por manter ‘relacionamento ilícito’ com outro homem. Paralelamente, porém, ela foi condenada ao apedrejamento por ‘adultério durante o casamento’.


Defensores de direitos humanos questionam não só a crueldade da pena, imposta com muito mais frequência a mulheres que a homens, mas também a injustiça do júri.


Sakineh teria sido forçada a confessar o crime de adultério e, após negá-lo, teve a pena confirmada por outra figura jurídica polêmica, a do ‘conhecimento do juiz’, que dispensa evidências.


Há duas semanas, Teerã sinalizou a revisão da pena, sem esclarecer se podia só convertê-la a morte por enforcamento. Para a autoridade provincial, ela não só está em vigor como pode ser cumprida a qualquer momento.


 


 


TELEVISÃO


Audrey Furlaneto


Caso Bruno tem 33% de show de variedades do ‘Fantástico’


‘Revista eletrônica de variedades’, como é definido pela TV Globo, o ‘Fantástico’ usou um terço de suas quase duas horas no último domingo para exibir reportagens sobre o caso Bruno.


Se há 15 dias o mote do programa havia sido a reconstituição do crime (com atores, durante quase dez minutos), na última edição o ‘show de variedades’ focou numa ‘entrevista exclusiva’ com o goleiro.


Com estética de câmera escondida feita dentro do avião que levou o goleiro a Belo Horizonte, onde está preso, a entrevista ocupou 18 minutos do programa, que, ao todo, usou 38 minutos (33% de seu tempo) no caso.


Desde o início da cobertura, o ‘Fantástico’ quase triplicou o espaço que dedica ao assunto: no dia 4 de julho, eram apenas 14 minutos (ou 12% do total), no dia 11, 29 minutos (26% do total).


O programa ‘denso’ gerou comentários no Twitter, da autora Gloria Perez ao fofoqueiro Nelson Rubens, que comparou a revista eletrônica ao policial ‘Aqui Agora’.


A audiência, no entanto, não responde tão rapidamente: a média de audiência no domingo foi de 24 pontos.


Filho japonês Enquanto a Globo segurava o ‘Fantástico’ com o caso Bruno, a Record tentava seguir com seu próprio ‘escândalo exclusivo’: exibiu no ‘Domingo Espetacular’ entrevista de Paulo Henrique Amorim com a mãe do suposto filho japonês do jogador Ronaldo.


O fim e o princípio O telespectador ficou sem entender a ordem que a Record criou para a série ‘CSI Las Vegas’: a emissora pulou do último capítulo da quinta temporada para a reprise da primeira, sem vinheta de aviso na programação.


Bola de cristal Embora tenha anunciado a compra da sexta temporada, a Record não tem ainda previsão de quando irá levá-la ao ar.


Xixi na cama 1 Embora a Justiça tenha proibido a interação de Silvio Santos com Maisa Alves, 8, por entender que ela era ‘exposta a situações de dor e sofrimento’, ele voltou a brincar com a menina no ‘Programa Silvio Santos’.


Xixi na cama 2 No quadro ‘Pergunte para Maisa’, que voltou há um mês, ela só deveria falar com crianças. No domingo, porém, Silvio fez perguntas como ‘Maisa, você já fez xixi na cama?’ ou ‘Você é uma menina grande. Por que tem medo de barata?’.


Santo de casa A novela ‘Ti Ti Ti’ vai incluir na trama propaganda de um daqueles ‘frozen’ iogurte, moda no Rio, que tem sócio (Luciano Huck) e franqueado (Guilhermina Guinle) da própria Globo.


 


 


Leticia de Castro


Diablo Cody apresenta talk show debochado na internet


Depois de clubes de striptease e gravidez na adolescência, a roteirista e escritora americana Diablo Cody mira o mundo das celebridades em seu novo projeto.


‘Red Band Trailer’, talk show exibido no YouTube, coloca Cody na frente das câmeras para tentar extrair ‘alguma honestidade’ de nomes do showbizz.


Se Cody ficou famosa no cinema pelo roteiro de ‘Juno’, que lhe valeu o Oscar em 2008, foi na internet que ela deu os primeiros passos.


Começou com o blog ‘Pussy Ranch’, em que narrava suas aventuras como stripper, partiu para o livro autobiográfico ‘Memórias de Uma Stripper’ e, depois, veio o convite para Hollywood.


E o programa segue à risca a cartilha do entretenimento on-line: é rápido, leve, irônico e debochado. São dez minutos de conversa, conduzida em um trailer, sobre agruras e encantos da fama.


O nome da atração, aliás, tem duplo sentido: além de fazer referência ao cenário das entrevistas, ‘red band trailer’, no jargão hollywoodiano, é um trailer de filme com conteúdo que pode ser considerado ofensivo.


E é justamente essa tentativa de subversão que dá tônica ao programa.


O sucesso da fórmula, porém, depende do entrevistado. O ator Adam Brody não foi além de clichês, mas a humorista Chelsea Handler rendeu bons momentos.


 


 


 


************


O Estado de S. Paulo


Terça-feira, 20 de julho de 2010


 


VENEZUELA


O lúgubre circo de Chávez


Está na cartilha dos autocratas populistas: se escasseia o pão, amplie-se o circo. Com a economia do seu país em frangalhos e o espectro de uma acirrada eleição legislativa em setembro, o protoditador venezuelano Hugo Chávez faz o que pode ? e o que não poderia fazer se tivesse um mínimo de bom senso e autocrítica ? para desviar as atenções de seus desafortunados concidadãos da crise que o seu ‘socialismo do século 21’ fez desabar sobre a economia, com reflexos devastadores para o nível de emprego e a inflação.


O circo chavista segue o formato clássico. O repertório inclui a fabricação ou exacerbação de ameaças internas e externas e a exploração do culto aos símbolos nacionais de que o caudilho se reveste para aparecer como o detentor exclusivo desse legado ? e, por isso mesmo, alvo dos inimigos da nação. Nos últimos dias, ele levou ao lúgubre picadeiro um programa completo.


O mais novo perigo para os venezuelanos é o cardeal Jorge Savino, que teve a temeridade de afirmar que o coronel está atropelando a Constituição e levando o país ao socialismo marxista. O prelado denunciava a prisão do opositor Alejandro Esclusa, acusado de armazenar explosivos para atos terroristas. O advogado de Esclusa assegura que o material foi plantado pelos policiais que invadiram a casa de seu cliente ? considerando o retrospecto, uma acusação mais do que plausível.


No seu programa Alô, Presidente, Chávez investiu contra o denunciante com a costumeira ferocidade. ‘Vou te dedicar toda a minha vida, cardeal’, rugiu. ‘Não vais conseguir derrubar Chávez, cardeal. Porque eu sei quem és e a estatura moral pequena que tens.’ No embalo, voltou-se contra a Igreja, anunciando a revisão de um acordo de 1964 que, segundo o caudilho, dá ‘certos privilégios’ ao Vaticano.


Em suma, passou a incluir a Santa Sé no extenso rol de aliados do ‘Império’ que desejariam vê-lo morto ou apeado do poder por temerem ‘o sucesso da revolução’. No país, os principais inimigos são os meios de comunicação, que o regime ainda não conseguiu aplastar, e o empresariado ? primeiro, os das multinacionais; agora, os donos de estabelecimentos locais, sem distinção de porte e capacidade de influência. No exterior, descontados os EUA, assoma a Colômbia.


Desde 2007 as relações entre os dois países vieram se deteriorando. Chegaram à beira da ruptura no ano seguinte, quando Bogotá autorizou um ataque a um acampamento das Farc no lado equatoriano da fronteira. Anteontem, no que foi interpretado como sintoma de divergências sobre a questão venezuelana entre o presidente Álvaro Uribe e o sucessor Juan Manuel Santos, que tomará posse em 7 de agosto, Uribe tornou a acusar Chávez de abrigar dirigentes farquistas em território venezuelano.


Ao que se diz, Santos preferiria deixar esse problema em fogo brando para não atrapalhar a reaproximação com Caracas, que interessa a Bogotá por motivos econômicos. De todo modo, Chávez explorou o caso ao máximo: convocou o seu embaixador na Colômbia, disse que não irá à posse de Santos e, bem ao seu modo, chamou Uribe de ‘mafioso’. O toque verdadeiramente circense da ofensiva chavista ? no gênero grand-guignol ? foi exibido na última sexta-feira em rede nacional.


Depois de pedir aos pais que retirassem as crianças da sala para poupá-las das imagens fortes que se seguiriam ? um truque velho como serrar o corpo de um figurante ?, o caudilho apresentou o que seriam os restos mortais de Simón Bolívar, exumados na véspera do Panteão Nacional por ordem dele, alegadamente para provar que ele não morreu de tuberculose, mas sim, assassinado.


‘Chávez sabe que bolsos vazios têm um potencial de mobilização maior do que os discursos da oposição’, observa o economista José Rafael Zanoni, da Universidade Central da Venezuela, ao comentar as manobras do autocrata para neutralizar o efeito eleitoral das agruras enfrentadas pelos venezuelanos. ‘As fichas econômicas de Chávez estão acabando’, ressalta o consultor Maikel Bello. ‘Ele aposta na repressão política e no aumento do controle institucional.’


 


 


POLÍTICA NA REDE


Pedro Doria


Quando todo mundo estiver online, o Congresso será inútil?


Lentamente, a Câmara dos Deputados vem usando mais e mais o formato da consulta pública via internet como apoio para escrever projetos de lei.


Por enquanto, os alvos têm sido temas relacionados com o meio digital. Marco Civil da internet, direito autoral, regulamentação das lan houses – projeto nas mãos do deputado Otávio Leite (PSDB-RJ), história contada na edição de hoje do Link. É um ensaio, um estudo de método moderno, eficiente e que está dando muito certo.


A internet oferece desafios diferentes para vários setores. Ela muda de maneira tão profunda a forma de nos comunicarmos que, não tem jeito: muda junto o negócio da informação – jornalismo, cinema, música – e tudo o que depende de informação. Isso vai da maneira como empresas são geridas ao modo como somos governados.


No momento em que todos tivermos acesso a um celular ou computador conectado e um software seguro para votar, para que Congresso? Para que intermediários se, no fim, o objetivo é criar leis que representem o desejo da população. Políticos não costumam ser lá muito populares e defender num discurso demagógico a democracia direta é fácil. O problema é que a democracia direta é uma forma de ditadura.


Chama-se a ditadura da maioria. Uma das utilidades de um Congresso Nacional, nas democracias, é garantir a proteção das minorias. A democracia não serve apenas para impor o desejo majoritário, afinal.


Outro objetivo, por improvável que pareça, é estimular a conversa sobre temas complexos. Campanhas políticas, por natureza, simplificam o que é complicado. Transformam o que podem num slogan ou num sorriso. Se toda lei fosse decidida em campanha eleitoral, que horror.


O formato da consulta pública via internet ajuda em ambas as pontas. Por um lado, não cria uma campanha eleitoral para cada lei, coisa que a democracia direta exigiria. Por outro, abre as portas para todo cidadão que deseje opinar sobre um assunto.


Antes da rede, consultas públicas eram inatingíveis. Era espaço para grupos de lobby e ONGs empurrarem relatórios extensos e complexos goela abaixo dos parlamentares. Na web, virou espaço de conversa.


Porque a web faz isso bem. No fórum eletrônico aberto pelo governo ou em blogs e redes sociais, quem desejar se mobiliza. Há espaço para os relatórios – mas também para a conversa.


Pegue um tema difícil como o dos direitos autorais. Quando a conversa ocorre num ambiente ao qual qualquer um tem acesso, tudo muda. Os especialistas e aqueles diretamente afetados podem fazer seu lobby, defender sua causa. Mas o cidadão que acha o assunto interessante também pode entrar na discussão. Só de ler as conversas e bisbilhotar os relatórios, já aumenta sua educação a respeito. Torna-se um cidadão informado e, portanto, apto também a encaixar seus argumentos. Democracia de fato, para quem quiser.


Não é que a rede faça milagres. Quem conversa na web sabe que há guerras insanas, discussões de baixíssimo nível e que logo, logo, alguém será comparado a Hitler de forma injustificável – é a famosa Lei de Godwin. Há gente, até, que se mete numa boa conversa com o único objetivo de espalhar a cizânia: mas como tem troll nessa pobre internet.


Ainda assim, talvez por tratar de temas ligados à cultura digital, o formato de consulta pública online está funcionando. Sim, as coisas no Brasil às vezes dão certo. Estar funcionando quer dizer que deixa vontade de mais e mais. Casamento gay, aborto, regulamentação de motocicletas no trânsito, quem sabe até reforma política. O número de assuntos é enorme. Queremos discutir tudo.


 


 


TELEVISÃO


Keila Jimenez


Estudantes viram hamsters na Rede TV!


Uma Roda Gigante que remete às das gaiolas dos hamsters promete ser a grande sensação de O Último Passageiro, game entre escolas da Rede TV! que tem estreia prevista para o dia 22 de agosto, às 20 horas, antes do Pânico. A prova da roda, por sinal, foi dúvida no formato da Endemol na emissora até pouco tempo por conta de seu custo. Sua inclusão chega a encarecer em 30% a produção do programa. Com oito metros de diâmetro, a roda é montada do lado de fora do estúdio da emissora. Suspenso por guindastes de 30 metros de altura, o participante deve correr em cima da roda, assim como um hamster. O Último Passageiro será comandado por Mário Frias.


24 pontos de audiência registrou o Fantástico anteontem, com declarações exclusivas do goleiro Bruno. Foi uma das melhores médias do ano da atração


‘Agora é hora que aquela turminha de machos da redação se diverte’: Sandro Gama, repórter da Band, morrendo de medo de pular de um bungee jump na África do Sul


Domingão sem Copa, e a média da Globo, que foi de 18 pontos no domingo da final do mundial, caiu para 15 pontos. Record subiu de 8 para 9 pontos, SBT foi de 6 para 8 pontos e Band caiu de 4 para 2 pontos de audiência. Os dados são de São Paulo.


Fernando Henrique Cardoso, Luan Santana e Rubens Barrichello estão entre os próximos entrevistados de Marília Gabriela no SBT.


Sumida do circuito Rio-São Paulo, Marlene Mattos está em Manaus criando um reality show com donas de casa, para a afiliada do SBT de lá.


Com contrato assinado no início do ano – e que lhe rendeu até um veto em programas da Globo -, o CD de Jesus Luz como DJ não dá sinal de que vá sair tão cedo do papel na Record Entretenimento.


Em Clandestinos, nova série de João Falcão na Globo, o personagem principal será vivido pelo ator Fabio Enriquez. O papel, um diretor, foi feito no teatro pelo próprio João Falcão.


Luisa Micheletti vai gravar Bastidores, do Multishow, em Budapeste. Ela vai acompanhar por lá as filmagens do thriller The Rite e entrevistar Anthony Hopkins e Alice Braga, que fazem parte do elenco.


O canal internacional da TV Brasil deve estrear nos Estados Unidos bem antes do que na América Latina: entre setembro e outubro.


Luciano Huck? Não, o rei dos sábados em audiência é Rodrigo Faro, da Record. No último sábado, Caldeirão, que não tem confronto direto com o Melhor do Brasil, registrou na Globo média 12 pontos. A atração de Faro alcançou média de 13 pontos de ibope.


Tempos Modernos chegou ao fim com a pior audiência da década no horário: média total de 24,1 pontos de audiência em São Paulo.


 


 


 


************


O Globo


Terça-feira, 20 de julho de 2010


 


INTERNET


Thomas L. Friedman


Não deixe pegadas


A CNN demitiu sua editora sênior para o Oriente Médio, Octavia Nasr, depois de ela postar em seu twitter a mensagem: ‘Triste saber da morte de Sayyed Mohammed Hussein Fadlallah, um dos gigantes do Hezbollah a quem respeito muito.’ Trata-se de um dos mais proeminentes líderes espirituais xiitas do Líbano, que esteve envolvido na fundação da milícia Hezbollah.


Achei a demissão de Octavia preocupante.


Sim, ela cometeu um erro. Repórteres não devem oferecer condolências a qualquer dos personagens de sua cobertura. Prejudica a credibilidade.


Mas também ganhamos muito em ter uma jornalista libanesa cristã, que fala árabe, cobrindo o Oriente Médio para a CNN. Se o seu único pecado em 20 anos é uma mensagem de 140 caracteres sobre uma figura complexa como Fadlallah, ela merecia alguma compaixão.


Deveria ter sido suspensa por um mês, mas não demitida.


Para começar, o que acontece com a gente? Um verbo mal colocado agora e em questão de horas há um bando de linchadores digitais atrás de você — e seus chefes desesperados para se proteger.


Um jornalista deveria perder seu cargo por informação errada, citação errada, por fabricar fatos, por plágio, por preconceito sistemático — mas não por uma mensagem como aquela.


Que lição estamos dando aos jovens? Corte seus voos, seja politicamente correto, não diga nada que o deixe queimado com uma parte ou outra do eleitorado. E caso você pretenda ter um emprego no governo, no jornalismo nacional ou ser presidente de Harvard, não corra riscos intelectuais que possam ofender alguém. Na era Google, quando tudo o que você disser é para sempre achável, o futuro pertence aos que não deixam pegadas.


E há o ângulo do Oriente Médio. Se há uma coisa que devíamos ter aprendido com nossas intervenções no Líbano, no Afeganistão e no Iraque é que poucos americanos entendem esses lugares. Eu estava em Bagdá depois da invasão americana e me encontrei com aqueles jovens nomeados por Bush que, como Rajiv Chandrasekaran diz em seu livro ‘Imperial Life in the Emerald City,’ foram escolhidos porque eram 100% leais a Bush, mesmo que fossem 100% ignorantes em Iraque. Sua ignorância contribuiu para nosso fracasso lá.


Nunca estive com Octavia Nasr ou Fadlallah. Este claramente odiava Israel, apoiava ataques aos israelenses e se opunha a tropas americanas no Líbano e no Iraque. Mas ele também se opunha aos chocantes dogmatismo e obediência do Hezbollah ao Irã; queria que os xiitas libaneses fossem independentes e modernos.


Augustus Richard Norton, da Universidade de Boston, especialista em xiismo, disse sobre Fadlallah, a quem conhecia: ‘Ele argumentava que mulheres e homens deveriam ter oportunidades iguais. Chegava a dizer que mulheres deveriam ter o direito de contragolpear seus maridos, porque não era apropriado que recebessem surras. Ele não tinha medo de falar sobre sexualidade, e chegou a fazer um sermão numa mesquita sobre desejos sexuais e masturbação feminina. Era comum encontrar jovens que seguiam sua orientação em toda a região.’ Octavia explicou que sua mensagem no Twitter foi porque Fadlallah adotou uma posição ‘pioneira entre os clérigos xiitas sobre o direito das mulheres’.


Michael Tomasky, editor de ‘Democracy: A Journal of Ideas’, lembrou um ensaio da jornalista xiita libanesa Hanin Ghaddar, liberal e secular mostrando como Fadlallah interveio junto a seu pai, conservador, para que ela pudesse morar sozinha em Beirute.


Hanin disse que passou a entender que ‘somente figuras como Fadlallah poderiam mudar o status quo. Pessoas que se posicionam como anti-Hezbollah, críticos da resistência ou ateus dificilmente serão ouvidos na comunidade xiita. Fadlallah podia falar-lhes porque era um deles. Pessoas como ele, se fortalecidas, podem tornar a mudança possível. Ele era uma dessas raras pessoas temidas pelo Hezbollah e pela liderança iraniana, porque o povo gostava dele e o respeitava’.


O que sei é o seguinte: o Oriente Médio deve mudar para prosperar, e a mudança deve vir de dentro, a partir de agentes vistos como legítimos e enraizados em suas próprias culturas. Eles podem não ser os preferidos dos EUA.


Mas precisamos saber sobre eles e compreender onde nossos interesses convergem — e não demonizá-los.


 


 


Maiá Menezes


Estado do Rio processa Google


A Procuradoria Geral do Estado do Rio ajuizou na última quinta-feira, na 10 ° Vara de Fazenda Pública, ação contra o Google.


Preparado desde 2008, o processo elenca uma lista de crimes na rede identificados pela Delegacia de Repressão a Crimes na Internet no Rio. Ao todo, são 1.387 registros de ocorrência, que incluem práticas de pedofilia, apologia às drogas e propaganda de facções criminosas, nas páginas do site de relacionamento Orkut. Na ação, os procuradores pedem que o Google crie, em 120 dias, mecanismos para monitorar perfis e comunidades que fazem apologia ao crime.


A suspeita, diz a ação, deve ser imediatamente informada às autoridades policiais. O descumprimento levará à multa diária de R$ 100 mil.


A ação, segundo os procuradores, é inédita: em geral o Ministério Público é que ajuiza ações individuais.


Imagens chocantes ilustram inquérito Entre as imagens anexadas ao inquérito está a de um bebê fumando maconha, que circulou pela rede mundial de computadores em 2008, e ilustra a página de um defensor do uso da droga.


Há ainda casos em que fotos de crianças e adolescentes nuas são exibidas em páginas que propagam a pedofilia. Para essas situações, diz o subprocuradorgeral do Estado, Rodrigo Mascarenhas, a ação pede a retirada da página do ar, imediatamente.


No país, o Orkut alcança hoje 70% dos usuários da rede de internet residencial.


— Não temos a menor intenção de fazer censura ao Orkut.


Queremos que o Google crie um sistema de busca dele, que localize o usuário e permita que ele seja tirado do ar. O estado não quer bloquear o funcionamento da internet. Não é uma ação contra a liberdade de expressão — diz o subprocuradorgeral do Estado do Rio, Rodrigo Mascarenhas.


Na ação, os procuradores pedem a criação de uma ferramenta que identifique perfis, comunidades ou páginas dedicadas à apologia ao crime, comunicando imediatamente a suspeita às autoridades policiais — dando acesso ao conteúdo das páginas.


Na hipótese de descumprimento da decisão, caso seja condenado, o Google será obrigado a interromper o fornecimento do serviço.


Procurado, o Google Brasil informou que não foi notificado e que, portanto, não poderia comentar a decisão. Informou, por sua assessoria, no entanto, que ‘reafirma seu comprometimento com o respeito à legislação brasileira’. Em nota, a assessoria diz ainda que ‘o Google oferece plataformas tecnológicas nas quais milhões de pessoas criam e compartilham seus próprios conteúdos.


Os casos de uso indevido dessa liberdade e que desrespeitem as normas de uso dos serviços que estão claramente expressas nos respectivos sites, são passíveis de denúncia pelos usuários’.


 


 


New York Times


Amazon já vende mais livros para o Kindle que edições em capa dura


Ontem foi um dia para ficar nos livros de história — se eles existirem no futuro.


A Amazon informou que, nos últimos três meses, as venda de livros para seu leitor eletrônico, o Kindle, ultrapassaram as de livros de capa dura, que é o formato das primeiras edições nos Estados Unidos.


No período, segundo a Amazon, foram vendidos 143 e-books para o Kindle contra cem livros de capa dura, incluindo aqueles que não tinham versão eletrônica. O ritmo da mudança também está acelerando, informou a empresa. Nas últimas quatro semanas, essa proporção chegou a 180 livros digitais para cada cem cópias em capa dura. A Amazon tem 630 mil ebooks para Kindle, uma fração pequena dos milhões de títulos vendidos pelo site.


O diretor-executivo da Amazon, Jeff Bezos, disse em nota que a mudança ‘é surpreendente quando se considera que vendemos livros de capa dura há 15 anos, e livros para Kindle há 33 meses’.


Os amantes dos livros que lamentam o fim das edições de capa dura, com peso e cheiro característicos, precisam de um choque de realidade, disse Mike Shatzkin, diretor-executivo da consultoria em edição digital Idea Logical Company.


— Esse era um dia que acabaria chegando, que tinha de chegar — disse Shatzkin, para quem, em dez anos, menos de 5% de todos os livros vendidos serão em versão impressa.


Os números não incluem ebooks gratuitos, no caso aqueles cujos direitos já caíram em domínio público. A Amazon não divulgou a comparação entre e-books e livros em brochura, mas estima-se que as vendas destes ainda sejam superiores às dos digitais.


O surpreendente, disse Shatzkin, foi que isso ocorreu depois de aparecer um sério concorrente para o Kindle: o iPad, da Apple, lançado nos EUA em abril.


Ainda assim, segundo a Amazon, as vendas do Kindle subiram em todos os meses.


Em junho, ela reduziu o preço do Kindle de US$ 259 para US$ 189.


A Amazon se beneficia ainda do fato de que os e-books para o Kindle podem ser lidos em iPads, iPhones e BlackBerrys.


Já quem tem o Kindle está preso à Amazon. A explosão nas vendas de e-books é geral. Segundo a Associação de Editores Americanos, este ano, até maio, elas quadruplicaram.


 


 


Jobs desbanca fundadores da Google


Graças ao iPad e ao iPhone, Steve Jobs, diretor-executivo da Apple, desbancou os fundadores da Google, Larry Page e Sergey Brin, do topo do MediaGuardian 100. O ranking, elaborado pelo jornal britânico ‘Guardian’, é composto pelas personalidades de mídia com influência econômica, política e cultural no Reino Unido. Jobs nunca ocupou o topo da lista. Page e Brin ficaram em segundo.


O jornal explicou que a escolha se deveu ao fato de que Jobs, ‘que revolucionou a maneira como ouvimos música, quer agora mudar a maneira como consumimos todo o resto’. Para o ‘Guardian’, o iPad é ‘uma revolução na maneira como consumimos a palavra impressa, que pode beneficiar livros e revistas, além de transformar ainda mais a maneira de ver TV e filmes’.


Segundo o ‘Guardian’, o ranking deste ano mostra o avanço da mídia digital sobre a impressa. Entre os cinco primeiros estão ainda o diretor-geral da BBC, Mark Thompson, o diretorexecutivo da News Corp., Rupert Murdoch, e o fundador do Twitter, Evan Williams. O jornal admitiu que o painel responsável pelo ranking debateu muito até escolher Jobs — antes mesmo da polêmica resposta do chefão da Apple aos problemas da antena do iPhone 4.


Depois de várias queixas de consumidores sobre queda de sinal conforme a maneira como o iPhone 4, lançado em 24 de junho, era segurado, na sexta-feira Jobs prometeu distribuir capas de borracha para resolver a questão. E disse que o problema da antena era comum a todos os smartphones, o que irritou os rivais.


Ontem, a Samsung afirmou não ter recebido queixas significativas quanto ao sinal de seus smartphones.


Research in Motion (RIM), fabricante do BlackBerry, Nokia, Motorola e HTC também reclamaram. ‘A tentativa da Apple de envolver a RIM no fiasco que eles mesmos causaram é inaceitável’, afirmaram Mike Lazaridis e Jim Balsillie, co-presidentesexecutivos da RIM, em nota. E acrescentaram que ‘os clientes da RIM não precisam de uma capa para manter a conexão do Blackberry’.


Enquanto isso o iPad chegará a mais nove países na sexta-feira — só que o Brasil não é um deles. Com Áustria, Bélgica, Hong Kong, Irlanda, Luxemburgo, México, Holanda, Nova Zelândia e Cingapura, o iPad estará disponível em 19 países. A Apple disse que o tablet deve chegar a ‘muitos outros’ até do fim do ano, mas não deu detalhes. O mercado estima que a Apple, que divulga hoje seu balanço, tenha vendido 3,3 milhões de iPads no segundo trimestre.


 


 


 


************