Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Tania Alves

As coberturas do O POVO para as manifestações Fora Dilma, no domingo, dia 16/8, e Fica Dilma, quinta-feira, 20/8, foram alvo de críticas dos leitores durante a semana passada, por motivos bem específicos. Na segunda-feira, as redes sociais do jornal e o Portal O POVO Online receberam inúmeros comentários, criticando a cobertura do Fora Dilma em Fortaleza, especialmente a publicação da matéria “Queixa unânime durante protesto em Fortaleza: a alta do dólar”. “Que matéria sofrível”. “Tendenciosa essa matéria”. “Bizarra”. Foram algumas das frases deixadas na matéria postada na página do Facebook.

Já na sexta-feira, 21, as críticas vieram para a cobertura do Fica Dilma. Leitores entraram em contato com a ouvidoria para reclamar da falta de destaque que a manifestação recebeu na capa. “Nenhuma foto na capa, nenhum ponto de vista. Foi, no mínimo, desigual”, “Chamada não dá para entender de que se trata”. Foram alguns dos relatos feitos após a comparação entre a capa da segunda-feira passada, 17, e a de sexta-feira, 21/8.

No primeiro caso citado acima, para se fazer uma análise isenta, é necessário se observar o todo. No comentário interno enviado à Redação, avaliei que a matéria, abordando pessoas muitos ricas que estavam no protesto, começou de forma inadequada. Desnecessário destacar no início do texto algumas palavras que faziam alusão a roupas de grife de luxo e óculos de até quatro dígitos, por exemplo. A palavra “unânime” do título também é imprecisa. Porém, a matéria é cabível. As pessoas entrevistadas estavam lá e fazem parte do todo da manifestação, sem, no entanto, serem o todo. O texto, uma coordenada, não pode ser analisado isoladamente. Ele faz parte do material executado em quatro páginas e que mostrou vertentes positivas da manifestação como o número de participantes, cidadãos explicando os motivos para a presença no ato e os protestos pelo Brasil num mapa.

No caso do Fica Dilma, os leitores estão certos no ponto em que cobraram uma foto, assim como uma chamada mais precisa na capa. Dizer “Variedades de pautas marcam protestos em Fortaleza e mais 31 cidades” é vago demais. No comentário interno para a Redação, destaquei a ausência da foto na capa. Se a manifestação não conseguiu reunir grande quantidade de pessoas, ela tem uma simbologia para o momento, que O POVO não captou. É o outro lado do embate político nos nossos dias. No entanto, a cobertura interna destinou um espaço considerável para o protesto, mostrou os atos pelo Brasil num mapa.

O editor do Núcleo de Conjuntura, Guálter George, também comentou sobre a cobertura dos protestos. “Temos total respeito pelas manifestações críticas ao nosso noticiário. Elas são consideradas em cada análise que fazemos de uma cobertura e assim tem sido quanto aos últimos acontecimentos políticos acompanhados pelo O POVO. Ressaltamos, no entanto, que uma cobertura desse porte não deve ser vista de forma isolada, mas em seu conjunto. E isso faz parte de uma postura nossa que é alicerçada sempre considerando o equilíbrio e a pluralidade.”

O QUE CABE AO JORNALISMO
Nesse clima de excitação e agitação, o que cabe neste momento, ao jornalismo, é procurar, cada vez mais, se pautar pelo interesse público, pela transparência e pela precisão. É não se deixar levar pelo clima do só eu tenho razão. Fortalecer o pluralismo, como diz Guálter George, o confronto das ideias é o primeiro passo para se fazer uma cobertura de qualidade.

SOBRE “OS QUINZES”
Na terça-feira passada, O POVO publicou um caderno especial de 10 páginas, denominado “Os Quinzes” (ver fac-símile), para lembrar a efeméride dos 100 anos da seca de 1915. A produção elaborada pelo Núcleo de Reportagem Especial do O POVO foi um momento marcante do jornalismo feito pelo O POVO na semana passada. Os repórteres percorreram 2.500 quilômetros em 11 municípios cearenses para catar belas histórias e experiências de pessoas que superaram as adversidades e convivem com a seca. As histórias de hoje se entrelaçam com os personagens do livro O Quinze, de Rachel de Queiroz. O caderno se espalha em várias plataformas, com vídeo e página no Portal elaborados especialmente sobre o tema.

CORREÇÃO
Na segunda-feira passada, recebi um email do editor-adjunto de Conjuntura, Luiz Henrique Campos, alertando que um dado destacado pelo leitor na coluna do dia 16 passado estava errado. Ele tem razão. Só que o erro não foi do leitor. Foi meu. O leitor se referia à matéria publicada dia 12/8, em Política, com o título “Dança do ‘Fora Dilma’ em protesto viraliza na Internet”. Informei erradamente que tinha sido no dia anterior, na Radar. Peço desculpas.