Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Tania Alves

Fazer títulos em jornal não é tarefa das mais fáceis. Além de chamar atenção do leitor, que hoje é disputado cada vez mais por outras plataformas, eles precisam ser claros, informativos e capazes de expressar a síntese do texto. Por isso, a tarefa exige treinamento e cuidado na escolha das palavras certas e sentidos exatos. Caso contrário, pode cair em ambiguidades. Foi o que ocorreu na quarta-feira passada, 23/9, em que o título de uma matéria sobre o Bolsa Família, publicada na editoria Cotidiano, dava a entender uma coisa, mas o conteúdo era outro. O caso chamou atenção dos leitores.

Logo cedo, um deles alertava no Twitter para a dubiedade do título que informava: “96,7% dos alunos têm frequência mínima”. Respondendo à postagem feita na rede social com a matéria, ele destacava que o título não estava errado, mas abria espaço para dupla interpretação. O leitor tinha razão. O título em questão estava dissociado daquilo que a matéria informava. Uma das leituras possíveis dava o entender que a maioria dos alunos oriundos de famílias cadastradas no programa comparecia pouco à escola. Era o contrário.

A presença na aula estava garantida, pois 97% dos estudantes cumpriam a meta de frequência estabelecida pelo projeto. Uma notícia que era boa se transformou em ruim por causa de um título ambíguo. O conteúdo foi postado nas redes sociais. A partir do comentário do leitor, acionei a editora-executiva do Portal O POVO Online, Juliana Matos Brito, que tratou de mudar o título da matéria na internet para uma síntese mais real do texto. “96,7% dos alunos beneficiários do Bolsa Família cumprem a meta de frequência às aulas”. Quanto ao impresso, não tinha como reparar. Apesar de ambíguo, o título não estava errado.

PESQUISA PUBLICADA E RETIRADA

A publicação de uma matéria sobre uma pesquisa feita pelo Ibope Inteligência postada no O POVO Online, na segunda-feira passada, 21/9, e reproduzida na página do Facebook do jornal causou estranhamento dos leitores na última segunda-feira. “Gostaria de saber o que foi feito com uma pesquisa publicada à tarde por vocês”, questionou um leitor.

Ele falava de dois conteúdos que foram postados a partir do levantamento. O primeiro versava sobre os números de aprovação do prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio (Pros). O segundo era sobre a preferência dos eleitores acerca dos prováveis candidatos ao cargo de prefeito da Capital em 2016. Após um período, o link da matéria postada no Facebook não abria, assim como do texto que esteve entre os mais lidos do Portal naquele dia.

Na segunda-feira à tarde, quando constatei que havia problema em abrir o link da matéria, enviei comentário extra para a Redação perguntando o que ocorreu. No dia seguinte, mandei novo questionamento a partir do comentário do leitor. Nos dois casos, não recebi resposta. Enviei, então, um pedido formal para ser reproduzido na coluna.

A diretoria da Redação: “O POVO Online publicou a pesquisa na tarde da última segunda-feira (21). A publicação foi feita logo após o site do Ibope disponibilizar o resultado. Ela esteve destacada na capa do O POVO Online pelo tempo normal da dinâmica da publicação das demais informações – que ficam destacadas e depois cedem espaço para as demais notícias e análises. Isso faz parte da dinâmica de um portal informativo. As matérias com a pesquisa (como todas as demais outras já publicadas) continuaram disponíveis no ambiente do portal para quem desejar acessá-las através dos links aqui http://migre.me/rCUQH e aqui http://migre.me/rCUSB.”

PENSAR ANTES DE PUBLICAR

As matérias indicadas pela Diretoria da Redação estão lá, mas com títulos diferentes. O texto na rede social não aparece. Mudar título faz parte da dinâmica de quem edita notícia na web, especialmente, em caso de erro. Porém a demora em responder ao leitor pode levantar conjecturas que não devem fazer parte do dia a dia do noticiário do O POVO. Além disso, uma pesquisa feita com antecedência de um ano pouco diz sobre as eleições. O cenário é indefinido. Por isso, deve-se refletir muito antes de publicar levantamento com tamanha indefinição. E, se publicou, ele deve permanecer.

SOBRE REFUGIADOS

Na terça-feira passada, 22/9, O POVO publicou o caderno especial “Refugiados – A Nova Diáspora” (ver imagem) sobre o drama de milhares de pessoas que estão chegando à Europa fugindo da guerra. A publicação faz parte de um projeto pessoal e de interesse acadêmico da repórter Isabel Figueiras. Ela pesquisou o assunto, visitou a área de conflito, entrevistou pessoas. O texto serve de ponto de partida para quem deseja se informar um pouco melhor sobre o drama que toma conta do mundo. É um produto que pode ser usado em sala de aula.