Tuesday, 19 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1279

Tânia Alves

Escrevo a coluna lembrando a última reunião do Conselho de Leitores do O POVO, na segunda-feira passada (1º/8), quando o conselheiro Marcelo Alcantara lembrou que a greve dos professores da rede pública do Estado estava prestes de completar 100 dias. Ele havia lido uma nota na coluna Fábio Campos do domingo passado (31/7), com o título “Lamentável”, em que o colunista escrevia: “São milhares de estudantes prejudicados, mas aparentemente só quem liga para isso são os próprios e suas famílias”. O conselheiro queria saber mais sobre o assunto. Sobre as reivindicações dos professores, sobre os estudantes sem aulas. Achou um assunto grave demais que merecia atenção redobrada dos jornalistas e, em especial, do O POVO.Tania erramos julho

A angústia do conselheiro tem razão de ser. Determinados assuntos não deviam sair da pauta do jornalismo. Considero educação um deles. Greve de professores da educação básica está incluída neste leque de prioritários. Não é banal. O POVO tem feito a cobertura do movimento de forma esporádica. Após a nota da coluna Fábio Campos e do alerta do conselheiro, o Núcleo Cotidiano voltou a publicar matéria sobre o assunto na quinta-feira passada (4/8). O conteúdo informava que a paralisação já contava com 102 dias e mostrava como estavam se dando as negociações. Foi um acerto ter voltado ao tema. Mas ainda é pouco. Conforme levantamento feito pelo Banco de Dados do O POVO, a pedido da ouvidoria, do dia 25 de abril, quando foi aprovada a greve, seis matérias específicas deram destaque ao assunto, como manchete ou secundária. A maioria centrada em temas factuais, pautados por algum movimento dos docentes. A última, no dia 18 de junho, quando a greve fez 50 dias.

Além disso, nos textos das matérias, pouco se abordou sobre os prejuízos dos alunos, especialmente aqueles que estão se preparando para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) ou ainda se a maior parte deles está em sala de aula. Foi esta a preocupação de um leitor que perguntou em comentário deixado na postagem da última matéria no Facebook: “Tem alguma autoridade preocupada com o prejuízo dos alunos das escolas públicas que irão fazer o Enem?”.

Citado para avaliar a questão, o editor executivo do Núcleo Cotidiano, Érico Firmo, reconhece que, pela importância, o assunto merecia mais espaço. No entanto, considera que outros temas estavam em evidência no Estado e que disputavam com a greve dos professores. “Ao longo dos 100 dias, contabilizei 18 matérias que trouxemos no impresso sobre a greve. A maioria delas sob a perspectiva dos estudantes, inclusive com manchete do jornal. Não apenas no núcleo de Cotidiano, mas também em outras editorias, como Conjuntura. Temos mais duas matérias em produção e uma terceira pauta em perspectiva.” Como comparativo, o editor citou outras coberturas no período. “A crise de abastecimento de água, principal assunto dos últimos meses, teve 28 matérias. As doenças causadas pelo Aedes aegypti (dengue, microcefalia, chikungunya) foram assuntos de 12 matérias.” O editor lembra que em julho com o período de férias as escolas que não entraram em greve pararam do mesmo jeito. Tornou-se mais difícil ter a percepção da abrangência da adesão.

Só esclarecendo: para efeito de estatística, o editor contabilizou as matérias sobre greve dos professores e ocupação de escolas pelos estudantes. Este último resultou em uma manchete do jornal. Por fim, vale dizer que O POVO não deixou de cobrir o movimento, mas faltou um pouco mais de continuidade e profundidade, tratando, por exemplo, dos prejuízos que ela pode acarretar para a geração que está hoje no Ensino Médio. A partir da minha experiência na Redação sei o quanto é difícil cobrir uma paralisação tão extensa, com equipe curta e assuntos em abundância. Mas greve de professor traz um prejuízo tão grande para a sociedade que é preciso driblar as dificuldades e apostar na criatividade.

ERRAMOS PUBLICADOS E OS NÃO PUBLICADOS

Publico, em quadro ao lado, a quantidade de reparos feitos na seção Erramos assim como o número de atendimento ao leitor de julho passado. O levantamento dos erros é pesquisado mensalmente pelo Banco de Dados do O POVO por solicitação da ouvidoria. Foram 13 reparos. Porém, como vem acontecendo sistematicamente, algumas informações publicadas de forma incorreta deixaram de ser reparadas. Sejam elas enviadas por leitores, sejam apontadas pela ombudsman. Cito abaixo alguns dois casos.

Dois leitores entraram em contato com a ouvidoria para apontar que a matéria “Meridiana altera rota Fortaleza-Milão”, no dia 11 de julho, não havia levado em consideração o fuso horário quando informava sobre o tempo de viagem entre Fortaleza e Milão na Itália e de lá para a capital cearense. Até hoje, não foi publicada a correção, mesmo com um dos leitores solicitando que fosse corrigido.

Na matéria “Aplicativo para denunciar Caixa 2”, do dia 19, o nome da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) foi grafado de forma incorreta e também não mereceu reparo. Não fora a primeira vez que se trocava Conferência por Confederação.