Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Tereza Rangel

‘No final de março, quando novo site olímpico estreou no UOL, critiquei a falta de conteúdos importantes (alguns que a concorrência trazia), como a lista dos brasileiros já classificados, quem ainda tinha chances, com quantos atletas cada modalidade deveria contar, quais modalidades serão disputadas, quem são os favoritos para cada uma delas. Na época, o gerente geral Alexandre Gimenez disse que fizera a opção de fracionar as novidades, de modo a poder oferecer o melhor em cada nova atualização.

Hoje o UOL anuncia o lançamento de página com a lista e perfil dos brasileiros já classificados. Está de parabéns. Os perfis estão em páginas graficamente bonitas, cada qual com foto, uma frase destacada do atleta, ficha com dados básicos e textos que dão informações relevantes sobre cada um. Além disso, permite a navegação entre os perfis. Até agora, somente o iG lançou perfis dos brasileiros, mas em fichas bem menos completas.

Faltam ainda as páginas de modalidades, que Gimenez diz estar no forno.

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Destaque imerecido (17/4/08)

O UOL vem investindo em reportagens de colaboradores pelo Brasil e, às vezes, tem supervalorizado esse material, que ganha destaque imerecido na home page do portal. Hoje, o portal deu como submanchete, por mais de cinco horas, um texto, assinado, sobre indenizações a parentes e vítimas do massacre de Eldorado do Carajás.

Em primeiro lugar, parece-me exagero dar submanchete a esse assunto, que deveria ser secundário à intensificação de protestos organizados pelo MST em vários Estados brasileiros. Se decidiu dar esse espaço todo, por tanto tempo, o UOL deveria, pelo menos, garantir que o texto tivesse qualidade impecável, até porque era assinado. Logo no lide, a cidade de Eldorado do Carajás virou Eldorado dos Carajás. O texto falava em massacre, mas não dava os mínimos detalhes, necessários: quantos morreram, quantos ficaram feridos, por que houve o confronto, quantos policiais havia na hora, quem comandava a operação, quem era o governador na época, quem foi condenado, qual é a versão do Estado para o massacre? A reportagem do UOL dizia que indenizações seriam pagas por meio de precatórios, mas não explicava o que são e como funcionam os precatórios. O mérito do texto era trazer depoimentos de vítimas.

Para complementar o texto, uma foto e dois links relacionados. Poderia haver mais. Poderia haver um álbum de fotos históricas do massacre ou ter havido (re)aproveitamento de material de arquivo preparado quando houve o início do julgamento, em 1999, facilmente encontrável numa busca: fotos, reconstituição em Flash do massacre e dois depoimentos excelentes de jornalistas que fizeram a cobertura do evento na época (um deles, inclusive, trabalha hoje no próprio portal).

O UOL precisa melhorar a qualidade dos repórteres e da edição do que publica. Caso contrário, fica a sensação de que dá destaque porque gastou dinheiro para comprar o material, e não porque ele tem relevância ou qualidade jornalística para tal.

P.S. Após receber comunicado da ombudsman sobre os problemas no texto, a redação alterou-o, contextualizando o massacre. Só no final da tarde, veio uma explicação sobre precatórios, mantendo, porém, a informação de que indenizações ‘foram pagas’. Até onde sei, os precatórios são dívidas judiciais do Estado que seguem uma ordem cronológica de pagamento. Assim, suponho, a indenização anunciada pelo UOL pode levar anos até chegar às mãos dos parentes e vítimas do massacre, já que o próprio texto diz que o depósito foi feito no Tribunal de Justiça do Estado. Se o dinheiro foi pago, de fato, isso deveria estar explícito no texto.

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Conteúdo exclusivo? (15/4/08)

O índice de conteúdo exclusivo do assinante do UOL não reflete a realidade.

Há mais de 30 itens apontados como exclusivos que estão disponíveis para qualquer internauta, assinante ou não do portal. Entre eles, os dicionários Michaelis, o UOL News, o Guia da Folha, as biografias em Diversão e Arte.

Fica chato uma empresa de mídia, que lida diariamente com informação, como o UOL, não ter a lista real nem mesmo de seu índice de conteúdos exclusivos dos assinantes, que, afinal, respondem por boa parte das receitas da empresa. Se o UOL decidiu abrir conteúdos a não-assinantes, deveria tornar isso transparente aos assinantes. Há quem note e não goste.

‘Olá, boa noite! O UOL em sua página de ´Conteúdos exclusivos` afirma que o Dicionário Michaelis é oferecido com exclusividade aos seus assinantes. Entretanto, gostaria de saber por que qualquer internauta mesmo não estando ´logado` no UOL consegue acessar o dicionário gratuitamente. E por que sendo um serviço livre aparece como exclusivo para assinantes? Precisam atualizar isso também…’

José Manoel’