Monday, 18 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1279

Uma sociedade que se mata

Foi assim que um sociólogo espanhol definiu o Brasil quando em visita ao país anos atrás. Agora, neste mês de dezembro, um comerciante derrubou e chutou covardemente, no chão, uma vigilante, em um clube da polícia (!) de Três Corações – Minas Gerais. Passados poucos dias, um motociclista martelou, isto mesmo, bateu com um martelo na cabeça e depois tentou chutar a pessoa caída, em Uberlândia – Minas Gerais. E no mesmo dia, dois primos chutaram até a morte um ambulante na estação do Metrô – Pedro II, de São Paulo-Capital.

Todos fatos foram devidamente filmados e repetidos a exaustão nos noticiários de TV. No caso de São Paulo, o linchamento dos assassinos só não aconteceu porque a polícia resolveu suspender uma reconstituição exibicionista do crime, responsável por uma  multidão revoltada na estação do metrô paulistana.

No noticiário sensacionalista da TV, os apresentadores se sucederam dizendo que justiça não se faz com as próprias mãos, ao mesmo tempo que voltavam a bradar contra a falta de Justiça no país e pela pena de morte. Isto enquanto policiais em todo Brasil estão em greve branca devido aos atrasos de pagamentos e ameaça de cortes salariais.Ou como se explicar o massacre perpetrado dentro da estação do metrô de São Paulo, sem que nenhum dos tantos agentes da segurança da estatal paulista interviesse ?

O clima de insegurança e a criminalidade no Brasil estão atingindo níveis desesperadores e a imprensa vem contribuindo para que eles piorem

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Zulcy Borges é jornalista e editor do portal Momento Itajubense, Itajubá, Minas Gerais.