Na noite de quarta-feira, o repórter de rádio Tito Alberto Palma foi assassinado a tiros na casa de um amigo em Mayor Otaño, cidade localizada no sudeste do país. O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) instou hoje as autoridades a investigarem exaustivamente o assassinato e a levarem os responsáveis à justiça.
Palma, repórter da rádio local Mayor Otaño e correspondente da Radio Chaco Boreal, em Assunção, estava jantando na casa de um amigo quando dois indivíduos vestidos com uniformes camuflados entraram, por volta de 22h40, segundo informes da imprensa e entrevistas realizadas pelo CPJ. Sem dizer uma palavra, os dois homens começaram a disparar, informou à imprensa local o dono da casa, Aparicio Martínez. Palma foi atingido na cabeça, pescoço, braços e pernas, disse ao CPJ Vicente Páez, secretário-geral do Sindicato dos Jornalistas do Paraguai. Wilma Martínez, amiga de Palma, ficou ferida na perna, mas, segundo a imprensa local sua condição é estável.
Palma, de 48 anos, era cidadão chileno. Freqüentemente denunciava o crime organizado, o contrabando de combustíveis e a corrupção no governo local do departamento de Itapúa, disse ao CPJ Erico González, colega da Radio Chaco Boreal. Palma também havia noticiado, recentemente, a existência de rádios ilegais em Mayor Otaño, cidade na fronteira com a Argentina, localizada a 458 quilômetros de Assunção.
Tráfico de drogas
Gonzáles informou ao CPJ que Palma havia recebido ameaças de morte durante anos. No entanto, as ligações anônimas com ameaças de morte contra o repórter e sua família se intensificaram durante o último mês, contou González. Na semana anterior a seu assassinato, Palma havia anunciado no ar que regressaria ao Chile por causa das ameaças contra ele, explicou Páez ao CPJ. Palma residia no Paraguai desde 1991.
Segundo o noticiário da imprensa paraguaia, hoje a polícia local divulgou um comunicado informando que estava sendo realizada uma investigação, embora não tenha especulado sobre um possível motivo. González disse ao CPJ que os colegas de Palma acreditam que seu assassinato ocorreu em represália por seu trabalho.
‘Expressamos nossas mais sinceras condolências à família, aos colegas e aos amigos de Tito Palma’ disse Joel Simon, diretor-executivo do CPJ. ‘Instamos as autoridades paraguaias a conduzirem uma investigação pronta e exaustiva sobre o assassinato de Palma, a encontrar todos os responsáveis e a levá-los perante a justiça.’
As pesquisas do CPJ indicam que os jornalistas que informam sobre narcotráfico ou corrupção local nas regiões fronteiriças do Paraguai sofrem, com freqüência, violentas represálias. Em fevereiro de 2006, pistoleiros não identificados dispararam contra Augusto Roa, correspondente da ABC Color em Encarnación, depois que ele escreveu três matérias investigativas detalhando a produção e o tráfico de maconha no sul do Paraguai. Roa não ficou ferido.
Em julho de 2006, Luis Alcides Ruiz Díaz, repórter do semanário Hechos na cidade fronteiriça de Pedro Juan Caballero, foi ameaçado de morte depois de publicar os nomes de supostos traficantes. Em maio deste ano, Oscar Bogado Silva, correspondente em Encarnación do jornal Ultima Hora, de Assunção, recebeu repetidas ameaças de morte após informar sobre corrupção e tráfico de drogas. [Nova York, 23 de agosto de 2007]
******
O CPJ é uma organização independente, sem fins lucrativos, sediada em Nova York, que se dedica a defender a liberdade de imprensa em todo o mundo