Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Governo adia limitação
à publicidade de cervejas


Leia abaixo a seleção de sexta-feira para a seção Entre Aspas.


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Folha de S. Paulo


Sexta-feira, 14 de setembro de 2007


PUBLICIDADE
Marta Salomon


Adiada decisão para limitar anúncio de cerveja na TV


‘Cinco meses após a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) concluir texto de uma resolução para proibir a propaganda de cerveja na televisão, entre as 8h e as 20h, ainda não há previsão de quando a proposta sairá do papel. A propaganda continua no ar enquanto ministros discutem a forma e o momento de mudar a lei que só considera alcóolicas bebidas com mais de 13% de teor de álcool.


Fabricantes de cerveja comemoram o aparente recuo do governo. ‘Pressão houve, mas posso garantir que não há recuo’, afirmou o ministro José Gomes Temporão (Saúde), que mantém a defesa dos limites à propaganda. O ministro ouviu críticas de representantes do mercado publicitário.


As mudanças, se vierem, não têm data. Temporão diz que, agora, a prioridade do governo é aprovar a prorrogação da CPMF (imposto sobre movimentações financeiras), ‘e nada pode atrapalhar’. A propaganda de cervejas movimentou em 2006 R$ 751 milhões, 40% mais que em 2005.


Na internet, circula uma primeira versão do texto que poderá estender limites à veiculação de propaganda às bebidas a partir de 0,5% de teor alcoólico -as cervejas têm entre 3% e 5%, em média.


O texto também proíbe a venda de bebidas alcóolicas nas estradas federais- outra medida adiada do pacote da Política Nacional sobre o Álcool, anunciado em maio pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.


Envolvidos no debate, o chefe-de-gabinete de Segurança Institucional, Jorge Felix, e a secretária-adjunta da Senad (Secretaria Nacional Antidrogas), Paulina Duarte, disseram que o assunto está para ir ao Congresso Nacional.


Não há decisão, por ora, se as mudanças serão objeto de medida provisória -com efeito imediato- ou projeto de lei, sujeito a uma lenta tramitação na Câmara e no Senado. Os dois afirmam que ‘a decisão caberá à área política do governo.’


Como uma das principais peças do lobby contra restrições à propaganda, os fabricantes brandem o resultado de pesquisa encomendada à LCA Consultores Associados. A pesquisa, de março de 2007, minimiza o efeito da publicidade e atribui o aumento do consumo ao aumento da renda.


Mas o governo descarta intervir no preço das cervejas como forma de inibir o consumo. Embora mais de metade da população adulta (56%) seja favorável ao aumento dos impostos sobre bebidas, segundo pesquisa encomendada pela Senad, a medida é considerada impopular no governo, apurou a Folha.


O consumo de cerveja aumentou 5,9% entre 2005 e 2006, período em que os investimentos em publicidade cresceram quase 40%.’


RENAN ABSOLVIDO
Folha de S. Paulo


Site do Senado sai do ar; serviço telefônico recebe protestos


‘No dia seguinte à absolvição de Renan Calheiros, a página do site do Senado saiu do ar. O serviço telefônico ‘Alô Senado’, que registra recados da população para os senadores, também entrou em pane, em meio a troca de acusações entre o Senado e a Brasil Telecom, provedora do sistema.


O apagão impediu que senadores recebessem e-mails e mensagens. Mas na tribuna do Senado, José Agripino Maia (DEM-RN), afirmou ter recebido cerca de 7 mil e-mails, a maioria com reclamações.


Diretor adjunto do Prodasen, sistema de informática do Senado, Deomar Rosado disse que o sistema ficou fora do ar entre 10h15 e 16h15. ‘Por enquanto, eles [Brasil Telecom] querem dizer que não tem problema nenhum. Sabe aquela história de eu não sou culpado? Então, vamos ter que sentar à mesa e dizer ‘está tudo mapeado e o problema não foi causado por nós’, disse. ‘Nunca ficamos tanto tempo fora do ar.’


A assessoria da Brasil Telecom negou que tenha causado o problema e disse que técnicos do Senado teriam reconhecido que a origem da pane não seria do provedor. Além da internet, que apresentava problemas até as 19h, o ‘Alô Senado’ não funcionou das 16h30 às 18h30.


Mesmo assim, ontem foram recebidas 674 ligações. Geralmente, são 500. Pela manhã, o engenheiro civil Aloísio Prince, 61, tentou em vão protestar. De Minas, telefonou: ‘Eles disseram que o sistema tinha caído. Muito conveniente’.


Teve quem achasse boa a pane. ‘Nós estamos levando bomba pela internet. Os e-mails que estamos recebendo são todos duros. Tenho impressão que o sistema não agüentou’, disse Delcídio Amaral (PT-MS).


Renato Casagrande (PSB-ES), que recebeu entre anteontem e ontem pela manhã 2 mil mensagens, lamentou. ‘A pane é uma coincidência que deve ter deixado a população mais revoltada ainda, mas os meus colegas pró-Renan não pensem que escaparam’, afirmou.


No fim do dia, o vice-presidente do Senado, Tião Viana (PT-AC), foi hostilizado em um vôo para São Paulo. ‘Que vergonha, hein, senador’, afirmou uma passageira. ‘Esse comentário não me afeta’, rebateu Tião, que disse ter sido cumprimentado por dez passageiros.’


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


Brasil vs. EUA


‘O Google, gigante de busca e web social, fechou acordo com agências como a AP e se tornou gigante também de conteúdo. E a primeira notícia de Brasil neste novo Google foi que ‘quer investigação da ajuda à agricultura dos EUA’, na Organização Mundial de Comércio. É o confronto, em arena ‘onde o Brasil já venceu uma série’. Tem por alvo em especial o etanol subsidiado nos EUA -e visa ‘um futuro verde’, até porque o Brasil não teria como atender à demanda americana por etanol, hoje. A decisão ecoou, por lá. E já levou a nova reportagem, esta sobre a divisão no ‘lobby agrícola’ americano sobre o mesmo subsídio ao etanol de milho. A pecuária abriu pressão oposta.


CARROS AOS BRICS


A ‘Economist’ destaca ‘o caminho à frente’, o futuro da indústria automobilística. ‘Há pouco crescimento ou nenhum nos mercados mais velhos’, diz. ‘Todo o mundo concorda que indústria que visa crescer precisa olhar para os emergentes como China, Índia, Rússia e Brasil’. Daí a VW lançar, agora ela, novo modelo ‘para os emergentes’.


MAIS SUSTENTÁVEIS


No ‘Financial Times’, mais Brics, agora com um ranking Allianz/Dresdner sobre a ‘sustentabilidade fiscal e ecológica’. O Brasil é 3º; a Rússia, 6ª; China e Índia, 13ª e 16ª. Os EUA aparecem em 17º.


VAGÃO LENTO


A Rússia é foco especial na Europa, e o ‘Le Monde’ ouviu um especialista do Instituto Francês de Relações Externas para quem ‘a Rússia não tem como obter os desempenhos’ do Brasil, da China e da Índia.


ÍNDIA NO PETRÓLEO


‘Times of India’, ‘Business Standard’ e agências como a Thompson deram ontem a compra, pelo grupo indiano Bharat Petroleum, da Encana Petróleo. É ‘para explorar blocos de petróleo no Brasil’.


CHINA NAS TELES


E o chinês ‘Macauhub’, de Macau, deu que ‘a parceria sino-brasileira em telefonia começa em 2008 no Brasil’, já no primeiro trimestre. A Transit Telecom fechou com a China Telecom, ‘a maior empresa de telefonia fixa da China’, para operar em Belo Horizonte e em São Paulo.


E A ESPANHA


Já o presidente mundial da Telefônica, César Alierta, deu mais uma entrevista, desta vez ao ‘FT’, para afirmar que está ‘muito confiante’ que a Anatel aprovará a compra da Telecom Itália encaminhada pela ex-estatal espanhola, ‘talvez antes do fim do mês’.


‘VARIETY’ AQUI


O ‘Variety’, maior referência da indústria do cinema e da TV nos EUA, deu sete reportagens sobre o Brasil agora ‘major world player’, protagonista mundial. No primeiro, avalia que a TV brasileira cresce, mas o cinema patina, dependente do Estado e sem distribuição.


Ao longo dos textos, ouve um executivo dizer que a Globo só perde em audiência ‘para redes na China e na Índia’ e destaca os estúdios da Record, ‘que tem os olhos fixos nas novelas’.


A TV Brasil é a única outra rede citada -e o ‘Variety’ entrevista Franklin Martins sobre o ‘modelo da BBC’.


MODA À VENDA


O ‘International Herald Tribune’, de Paris, fez longa reportagem sobre a moda no Brasil, que gastou ‘dez anos para convencer o mundo’ que não era só ‘plumas e biquínis’ e agora, ela que sempre foi ‘edgy’, andaria ‘prudente’. Arrisca o enviado que é para ‘atrair o mercado externo’.


CÉREBROS À VENDA


O ‘Guardian’ destacou ‘A saída de cérebros do Brasil’, questionando a política de atração de estudantes pelo próprio Reino Unido. Diz que 160 mil formados trocaram o país por outros em 2006 -e muitos com bolsas do governo brasileiro. ‘A exportação de cérebros aos centros é fato.’


‘A economia deslancha. Mas a política atravanca o país’.


Da coluna de Sérgio Malbergier na Folha Online, ‘DEMITAM OS POLÍTICOS’, que causou espécie na blogosfera’


CASO MADDIE
Folha de S. Paulo


Kate McCann chama filhos de histéricos em diário, diz jornal


‘A mídia de Portugal publicou ontem o que diz serem trechos comprometedores do diário de Kate McCann, a mãe da menina britânica Madeleine, 4, desaparecida em um hotel no sul de Portugal em 3 maio quando seus pais jantavam em um restaurante próximo. Neles, Kate se diz ‘esgotada’ por cuidar de ‘filhos histéricos’. O diário é, segundo o jornal sensacionalista ‘Correio da Manhã’, material ‘fundamental’ da investigação da polícia lusitana.


O ‘Correio’ afirma que Kate ‘fala de Madeleine como uma criança cujo excesso de atividade lhe consome as forças’. Além disso, ela contaria que o pai de Madeleine, Gerry McCann, não a ajudava nas tarefas familiares e que recaía sobre ela a obrigação de cuidar dos filhos. Acontecimentos do 3 de maio também são relatados, ainda segundo o jornal, mas sem confissão de crime.


Apesar de seus protestos por inocência, tanto Kate quanto Gerry McCann foram declarados suspeitos na investigação da policial portuguesa há uma semana.


O ‘Diário de Notícias’ destaca que a polícia pediu a um juiz que valide a apreensão do diário e de outros documentos íntimos, para que possam ser usados como provas na investigação. Pela lei portuguesa, esses objetos só podem ser usados mediante aprovação da Justiça.


No Reino Unido, a estréia de um filme americano sobre o desaparecimento de uma criança foi adiada devido à semelhança com o caso Madeleine. O lançamento de ‘Gone Baby Gone’, dirigido por Ben Affleck, antes previsto para 28 de dezembro, foi suspenso indefinidamente pela distribuidora. Com agências internacionais’


MÍDIA & TECNOLOGIA
Claudio Angelo


Ministério pede explicações à Dell sobre exigências a físicos


‘O MCT (Ministério da Ciência e Tecnologia) solicitou ontem à Dell Computadores do Brasil esclarecimentos sobre a tentativa da empresa de policiar o uso de computadores da marca por físicos da Universidade Federal Fluminense.


A Folha revelou anteontem que a Dell exigiu que o físico nuclear Paulo Gomes, que comprara máquinas da empresa, assinasse um documento se comprometendo a não transferir os equipamentos a países do ‘eixo do mal’, como Cuba, Irã, Coréia do Norte e Síria, e a não utilizá-los para produzir ‘armas de destruição em massa’. A exigência foi feita depois que a empresa descobriu, por meio de gravações feitas enquanto a compra era acertada, que as máquinas iriam para um instituto de física.


Gomes se recusou a assinar o termo e denunciou o caso à comunidade dos físicos. Vários deles passaram a pedir boicote à Dell. A Sociedade Brasileira de Física manifestou solidariedade a Gomes e recomendou anteontem que seus sócios não assinassem nenhum termo desse gênero.


A filial brasileira da Dell, em Porto Alegre, alegou que o termo era uma exigência da lei americana e que a matriz da empresa nos EUA, uma das maiores fabricantes de computadores do mundo, poderia ser punida pelo governo americano caso a determinação não fosse aplicada. Os EUA têm restringido exportação de alta tecnologia para vários países por temerem seu uso militar. Cientistas brasileiros têm sofrido essas restrições.


O secretário de Política de Informática do MCT, Augusto Cesar Gadelha, vê a questão de outra forma. Para ele, a Dell do Brasil é uma empresa brasileira, que recebe inclusive dinheiro do próprio MCT via Lei de Informática. ‘A Secretaria de Política de Informática surpreende-se que uma empresa brasileira, localizada em território nacional, esteja fazendo exigências, com base em normas de outro país, para venda de seus produtos’, afirmou o secretário em nota.’


PROPRIEDADE INTELECTUAL
Folha de S. Paulo


Direitos autorais criam polêmica entre Brant e Gil


‘Parceiro mais constante de Milton Nascimento, Fernando Brant está do lado de Gilberto Gil no time dos principais autores da dita MPB. Mas, como presidente da UBC (União Brasileira de Compositores), sociedade arrecadadora mais antiga do país (criada em 1942), resolveu radicalizar sua oposição ao ministro da Cultura. Gil defende desde 2003 a flexibilização dos direitos autorais em função das mudanças provocadas pelas novas tecnologias.


‘Ministro bárbaro, exterminador de criadores’, atacou Brant em artigo publicado em ‘O Globo’ na última sexta-feira. Em entrevista à Folha anteontem, ele economizou nos adjetivos duros, mas reafirmou a crença de que Gil está lutando contra os direitos dos autores de canções.


‘Todas as ações dele são contra o direito autoral, principalmente o musical. Ele não pode transformar uma idéia que tem como artista em política de Estado. [A flexibilização] não está no programa do Lula, ele [Gil] não conversou com ninguém da classe’, critica Brant.


O ministro informou, por meio de sua assessoria, que não responderia a Brant. Mas não foram poucas as vezes em que já falou do assunto. Para ele, como a internet permite a disseminação gratuita de músicas, deve-se pensar em outras formas de remuneração dos autores. E cabe ao ministério propor esse debate.


‘A cultura digital carrega consigo uma nova noção sobre a propriedade intelectual, e esta nova cultura de compartilhamento pode e deve abastecer as políticas governamentais’, afirmou ao ‘New York Times’ em março passado.


Para Brant, ‘a tentativa de colocar a mão do Estado nisso’ fere um direito privado. O letrista ressalta que está defendendo, especialmente, os autores que não fazem shows -como é o seu caso- e não podem ganhar dinheiro com venda de ingressos. ‘Se não proteger os autores, ninguém vai mais criar, por que do que vive o autor? Gil não precisa, faz shows. Por que ele não libera os ingressos dos shows dele?’


A polêmica está ligada ao Creative Commons, ONG que, a partir das idéias do norte-americano Lawrence Lessig, concede há seis anos licenças para quem deseja abrir mão de parte de seus direitos autorais em nome de maior divulgação do trabalho ou mesmo para compartilhar idéias pela internet. Artistas nacionais como B.Negão e Mombojó potencializaram assim suas carreiras.


‘Brant diz que, no Creative Commons, o artista abdica de seus direitos. Não é verdade. O artista autoriza que pessoas utilizem as obras de acordo com certas condições. A licença mais escolhida proíbe o uso comercial. Se alguém violar isso, há recursos jurídicos para coibir. O Creative Commons, na verdade, só existe pois existem direitos autorais’, afirma o advogado Ronaldo Lemos, representante do CC no Brasil.


Brant acredita que se vive um momento de transição e que, em breve, haverá dispositivos tecnológicos (uma ‘marca d’água digital’, por exemplo) para cobrar pequenas quantias de quem baixa música. ‘A mesma tecnologia que cria facilidades cria possibilidades de controle. Mas Gil e o ministério são contra o uso da tecnologia para proteger’, afirma.’


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CAETANO ACHA ‘INTERESSANTE’


‘Na terça passada, Caetano Veloso disse achar ‘interessante’ a proposta do Creative Commons. ‘O autor ter o direito de liberar como ele quiser a parte da obra que quiser do jeito que quiser tem a ver com o sentido profundo do que seja o direito autoral, que é uma concessão’, disse, ressaltando que respeita Brant.’


MEMÓRIA / LUCIANO PAVAROTTI
Carlos Heitor Cony


O apagar das estrelas


‘UMA VOZ luminosa servida por excelente técnica vocal e esforçado jogo de cena fizeram de Luciano Pavarotti mais do que um notável cantor lírico, mas uma celebridade mundial.


Notável também o seu empenho em levar ao grande público os trechos mais quentes do repertório operístico (exemplo: ‘Che gelida manina’ e ‘Oh dolci baci o languide carezze’) e as canções populares que já eram standards internacionais (exemplo: ‘O sole mio’, ‘Granada’). Além de sua abertura para artistas de diversos países, todos já consagrados, e que puderam dividir o palco com ele.


Com Pavarotti encerra-se um ciclo no mundo da ópera. Um público especializado manteve o vigor do gênero desde Mozart e Monteverdi, atento apenas ao desempenho de vozes privilegiadas e técnicas refinadas. Aos poucos, com o desenvolvimento do gênero teatral (e uma ópera é basicamente teatro), este mesmo público foi exigindo montagens sofisticadas, cenários, figurinos, iluminação, marcação cênica apurada, que ficassem em pé de igualdade com o teatro de comédia ou drama, baseado no texto e na trama.


Com o surgimento do cinema e dos produtos para a televisão, a exigência visual tornou-se predominante. O público não mais podia aceitar um oficial norte-americano, como Pinkerton (de ‘Madama Butterfly’), com o físico de um lutador de sumô. Nem um toureiro como Camilo, de ‘Carmen’, mais volumoso do que qualquer touro da Catalunha.


Isso sem falar no naipe feminino, uma Mimi tuberculosa terminal (‘La Bohème’) interpretada por um soprano oceânico, uma traviata dando adeus à vida em seu leito de morte com uma saúde escancarada que nenhuma maquiagem poderia disfarçar.


Os vídeos que hoje são feitos diretamente para a televisão, com montagens assinadas por diretores do cinema e do teatro clássico, não mais comportam os cantores e cantoras agredindo personagens que interpretam. Certo que os ouvidos perdoam o paradoxo. Em disco eles e elas continuam tolerados pelo efeito admirável de uma voz privilegiada, mas teatro é para ser visto, exige encenação apropriada.


Pavarotti teve a sorte de pertencer a uma época de transição, quando a exigência de um físico adequado aos personagens ainda não era radical. Sua belíssima voz, os recursos técnicos que dominava, faziam esquecer o tórax imenso, que se tornava maior com a farda espanhola de Dom José e com o uniforme branco da marinha dos Estados Unidos.


Inteligente, traquejado por anos de profissão, Pavarotti aos poucos encaminhou-se para os recitais, quando aparecia em traje de rigor, com um lenço para enxugar o suor do rosto.


Teve sucesso instantâneo, juntou-se a Plácido Domingo e José Carreras, tornaram-se pop, venderam milhares de discos. Mas nem Domingo nem Carreras tinham a perfeição de seu timbre sonoro, sua capacidade de ir ao si agudo ou ao dó de peito, daí que era sempre o mais aplaudido.


Quando se realizou a Copa do Mundo nos Estados Unidos, lá estavam os três, com Pavarotti em destaque, cantando a vinheta que abria todos os jogos: a ária que muitos consideram a mais bela do repertório lírico, com seu ‘tramontate, stelle’, o apagar das estrelas de ‘Nessun dorma’, que passou a ser o seu próprio prefixo musical: ‘Ma il mio mistero è chiuso in me, il nome mio nessun saprà’. Em muitos sentidos, Pavarotti foi o melhor intérprete de Puccini, seu primeiro papel na cena lírica foi o Rodolfo de ‘La Bohème’.


O curioso é que a ária ‘pucciana’, graças à sua beleza melódica e à interpretação de Pavarotti, foi se tornando obrigatória em filmes e documentários sempre que há multidões, como no futebol.


Mal comparando, lembra o nexo perfeito do ‘Que bonito é’, na versão de Waldir Calmon, que servia de vinheta para os flashes de futebol do ‘Canal 100’ do Carlinhos Niemeyer.


Voltando à Copa do Mundo realizada nos Estados Unidos. Os norte-americanos são mestres em espetáculos musicais, os melhores do mundo. Dispõem de gênios como Leonard Bernstein, Aaron Copland, Cole Porter, Irving Berlin e outros. Mas para expressar a coreografia do futebol, a energia dos jogadores e torcedores, o espetáculo em si na beleza dos gestos e das emoções, foram buscar o italiano Puccini e o italiano Pavarotti.’


TELEVISÃO
Daniel Castro


Globo faz esforço para mostrar liderança


‘A Globo enviou nesta semana a anunciantes e publicitários uma revista de 24 páginas em que reafirma sua ‘destacada liderança em todo o Brasil’.


A publicação traz quadros com as dez maiores audiências em 93 das 121 cidades em que possui emissoras. Em todas essas cidades, os dez programas mais vistos são da Globo. Os dados variam de abril a junho, conforme a cidade. Segundo a Globo, representam ‘os maiores mercados brasileiros’ e são a totalidade dos ‘mercados regionais medidos pelo Ibope’.


No mercado, a publicação foi interpretada como uma demonstração da Globo de preocupação com o marketing e com o crescimento de audiência e comercial da Record.


A comparação das audiências regionais da Globo evidencia que a novela da oito, líder na média nacional e nas principais capitais, não é uma unanimidade. ‘Paraíso Tropical’ sofre rejeição nas cidades do interior.


Em alguns centros nordestinos, a novela das oito é apenas a quinta maior audiência. Perde para a novela das seis (‘Eterna Magia’) em Campina Grande (PB) e para a das sete (‘Pé na Jaca’, em maio) em Aracaju. No Nordeste, os telejornais locais das 19h são bem vistos.


Nas quatro afiliadas da Globo no Espírito Santo, o líder de audiência é o ‘Jornal Nacional’, situação que se repete em importantes cidades do Sudeste, como Campinas (SP), Ribeirão Preto (SP) e Uberlândia (MG).


SEM TETO


Depois de perder as freqüências da CNT, a TV JB poderá ficar sem estúdios em São Paulo. A GGP, produtora de Gugu Liberat, que alugou suas instalações em Alphaville (Grande SP) para a nova emissora, entrou com ação de despejo.


NEGÓCIO 1


Licenciadora de ‘O Aprendiz’, a Freemantle fechou acordo com a Record em que poderá produzir até três novos programas para a rede em 2008.


NEGÓCIO 2


As novas produções seguirão o modelo de ‘O Jogador’, que estréia dia 4. Segundo Flávia da Matta, representante da empresa no Brasil, a Freemantle alugou instalações da própria Record para produzir o game show. A Freemantle terá participação nos comerciais.


FLASHBACK 1


Uma semana depois de ter sofrido uma reação alérgica que o obrigou a respirar com a ajuda de aparelhos, Dalton Vigh voltou ontem a uma clínica, desta vez cenográfica.


FLASHBACK 2


O ator gravou cenas em que o seu Adalberto Rangel, protagonista de ‘Duas Caras’, próxima novela das oito da Globo, faz cirurgia plástica para mudar o rosto, após aplicar um golpe na mocinha da trama.


AGENDA


Silvio Santos já decidiu: o novo ‘Você É Mais Esperto do que um Aluno da 5ª Série?’, em que adultos respondem a perguntas do currículo do ensino fundamental, vai ser exibido aos domingos à tarde. Ele já gravou os primeiros programas. Ainda falta definir a data de estréia.’


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Pedro de Lara morre aos 82 anos no Rio


‘O radialista, comediante e jurado de programas de TV Pedro de Lara, 82, morreu ontem no Rio vítima de câncer de próstata. Segundo a família, ele passou mal no início da tarde e foi levado para uma clínica na zona norte do Rio, mas morreu a caminho.


Pedro de Lara tinha câncer de próstata havia cerca de três anos e se tratava em casa.


Lara deixa mulher, Mag, e quatro filhos. O corpo ficou no local até as 19h, quando foi levado para a Câmara Municipal do Rio para ser velado.


O corpo de Lara foi cremado ontem à noite na Câmara dos Vereadores do Rio.


O velório na Câmara continua até hoje, às 14h, quando o corpo deve ser levado em carro aberto dos Bombeiros para o cemitério do Caju, na zona norte da cidade.


Batizado como Pedro Ferreira dos Santos, Pedro de Lara nasceu em Pernambuco, em 1925. Iniciou a carreira artística no rádio na década de 60, mas ficou famoso quando começou a participar como jurado do programa ‘Show de Calouros’, do SBT, nos anos 80.


Lara também foi jurado do ‘Programa do Chacrinha’, da Rede Globo e, como ator, participou do ‘Programa do Bozo’, como Salsi-Fufu, e de pornochanchadas na década de 70.


Colega de trabalho de Lara, Elke Maravilha define o humorista como ‘um sábio’.


‘Lembro que estava triste após levar uma bronca do Silvio Santos, e o Pedro me disse: ‘Ah, Elke, tem gente que é tão pobre, mas tão pobre, que só tem dinheiro’.’


Para Wagner Montes, que trabalhou com ele por mais de 20 anos, ‘Pedro de Lara era como um pai. Ele me ajudou desde o início, ainda na rádio Tupi, nos anos 70.’


Colaborou Folha Online’


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O Estado de S. Paulo


Sexta-feira, 14 de setembro de 2007


RENAN ABSOLVIDO
Ana Paula Scinocca


Para Mônica Veloso, está na hora de ‘virar a página e tocar o barco’


‘Um dia depois de ver o pai de sua filha de 3 anos escapar da cassação, a jornalista Mônica Veloso, pivô da crise, deixou claro que seguirá em frente, sem olhar mais para o que passou. Fria, ela evitou ataques ao presidente do Senado, Renan Calheiros e aos senadores que o absolveram. ‘Está na hora de virar a página. De tocar o barco’, disse. De São Paulo, onde está para uma série de reuniões com a Abril, que edita a revista masculina Playboy – da qual será capa em outubro -, Mônica falou rapidamente com o Estado pelo telefone ontem pela manhã. ‘Não quero dar entrevistas. Não é o momento e não quero polemizar.’


A Abril negou que a visita a São Paulo fosse para novas fotos para a revista. Informou que ela veio tratar das estratégias de divulgação. O ensaio, assinado pelo fotógrafo JR Duran, foi feito no Rio de Janeiro.


Segundo a Abril, o caso Renan não será explorado diretamente pela revista na divulgação.


Por causa do escândalo envolvendo seu nome, Mônica decidiu, segundo relatos de amigos, deixar Brasília e mudar para Belo Horizonte. A mudança começou a ser feita no último dia 7.


REPERCUSSÃO


O jornal britânico The Financial Times destacou: ‘Chefe do Senado brasileiro sobrevive a escândalo.’ O jornalista Jonathan Wheatleyin relata para o público inglês como se deu a vitória do senador Renan Calheiros na votação em plenário e registra que as denúncias ‘paralisavam’ a Casa desde maio.


O texto diz que a oposição está chocada e os governistas, entusiasmados. O FT ainda questiona a habilidade do governo de aprovar a CPMF no Congresso.


O Clarín, jornal de maior circulação na Argentina, deu destaque ao clima do julgamento. ‘Houve pontapés, murros, parlamentar com consideráveis feridas e vários machucados’, relata, sobre os momentos anteriores à votação. De acordo com o jornal de Buenos Aires, a cena lembrou uma ‘barricada juvenil’. O jornal diz que a decisão, para muitos, foi um ‘escárnio’ e lembra que Renan é o terceiro na linha sucessória.


O segundo maior jornal argentino, La Nación, estampou: ‘Indignação pela absolvição de um aliado de Lula.’ Depois de ‘uma novela que incluía lobistas, amantes, testa-de-ferro e gado superfaturado’, prossegue o texto, o presidente do Senado foi absolvido ‘em uma sessão histórica’. O diário analisa que o presidente Lula ‘não respirou aliviado’, embora o seu aliado tenha sido poupado no julgamento político.


O site do jornal espanhol El País destacou ontem: ‘Uma apertada votação absolve o presidente do Senado brasileiro.’ Explica como foi o julgamento político, por suspeita de corrupção, e dá detalhes da sessão em que foi mantido o mandato do parlamentar.


Por fim, salienta que Renan foi o primeiro presidente do Senado a ser submetido a um processo de cassação, lembrando as demais acusações que pesam contra ele.


Também na internet, a emissora de TV e agência de notícias britânica BBC destacou a absolvição de Renan por ‘margem estreita’ de votos. Trata o senador como ‘um dos mais influentes políticos do Brasil’ e diz que ele ‘ lutou com sucesso para a votação ser secreta’, com o objetivo de ganhar mais facilmente o apoio de colegas.


O correspondente da emissora descreve a tensão antes da votação e a briga envolvendo deputados.


No Chile, o jornal El Mercurio destacou em seu site que o senador absolvido, ‘um experiente político de 51 anos’, lutava desde maio contra as denúncias de corrupção. ‘Renan Calheiros, aliado do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por ora se salvou da cassação’, informou o periódico, na internet.


O jornal chileno também relembra as demais acusações contra o presidente do Senado no Conselho de Ética, que poderão levá-lo a novos julgamentos ‘nos próximos meses’.’


VENEZUELA
O Estado de S. Paulo


Venezuela financia TV estatal do Equador


‘O Equador colocará no ar em 30 de outubro uma TV estatal com apoio econômico e equipe da Venezuela, anunciou ontem o governo equatoriano. A inauguração ocorrerá no dia da instalação da Assembléia Constituinte. O total de ‘fundos não reembolsáveis’ fornecidos pelo governo de Hugo Chávez chegaria a US$ 4 milhões, segundo a imprensa equatoriana.’


TELEVISÃO
Clarissa Thomé


Morre o ator Pedro de Lara


‘O comediante Pedro de Lara morreu ontem, aos 82 anos. Ele estava em casa quando se sentiu mal e já chegou morto à Clínica Climede, em Vaz Lobo, na zona norte do Rio. Segundo parentes, o ator sofria de câncer de próstata e não quis fazer quimioterapia. Descobriu a doença há dois anos. ‘Ele ficou muito deprimido e não aceitou o tratamento’, comentou a cunhada Luzia Gomes.


Pedro de Lara mudou-se para o Rio por conta da doença. ‘Nos últimos tempos, ele já não falava com ninguém do mundo artístico, a não ser comigo. Mas, na quarta, eu telefonei e ele não quis falar’, disse a atriz Elke Maravilha.


Pedro Ferreira dos Santos nasceu em Bom Conselho (PE) e começou a carreira na década de 1960, na Rádio Rio de Janeiro. Em 1964, foi chamado para ser jurado de calouros no programa do Chacrinha, na TV Tupi. Lá conheceu Silvio Santos, com quem trabalhou também como jurado. Fez o personagem Salsi Fufu, parceiro de Papai Papudo e Vovó Mafalda no programa do Bozo, nos anos 80. Em 2003, apresentou o programa Calouros em Delírios, na CNT. ‘Aqui o povão tem chance. Aprendi a fazer assim com Chacrinha e Silvio Santos’, disse.


O corpo será velado na Câmara dos Vereadores. O enterro está previsto para as 15 horas, no Memorial do Carmo.’


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Brasil deve passar Argentina em TV paga


‘O Brasil deve passar a Argentina no ano que vem no número de residências que contam com TV por assinatura, disse ontem o presidente da Globosat, Alberto Pecegueiro. Em termos relativos, porém, o Brasil continuará bem atrás. Segundo o executivo, há hoje na Argentina 5 milhões de domicílios com TV paga, de um total de 10 milhões de residências que possuem aparelhos de televisão. No Brasil, de um total de 50 milhões de residências com TV, cerca de 5 milhões possuem o serviço.’


Keila Jimenez


As primeiras em HD


‘Guarde esta data: 1º de outubro. Se você não guardar, pelo menos os almanaques e livros que recontam a história da TV devem registrá-la. Nesse dia entrarão no ar as primeiras novelas totalmente gravadas em alta definição(HD). A primeira será o folhetim Dance, Dance, Dance, da Band, que estréia às 20h15. Na seqüência virá a substituta de Paraíso Tropical, Duas Caras, nova trama das 9 da Globo.


Há quem diga: e daí? Bem, não é apenas a tecnologia na captação e edição das imagens da novela que vai mudar. Um novo jeito de se fazer teledramaturgia vem aí, pelo menos na parte técnica do negócio, incluindo make up e cenografia.


Na Globo, maquiadores estão sendo treinados, uma vez que a nova tecnologia mostrará com nitidez até os poros de artistas e jornalistas. Todas as imperfeições de pele terão de ser corrigidas da melhor forma possível.


Produtores e cenógrafos recebem recomendações extras. Uma simples fita adesiva no cenário, que antes parecia imperceptível, saltará na tela com a imagem em alta definição.


Na Band, o investimento na nova tecnologia gira em torno de R$ 40 milhões.


Aprenda a ser chique com…


Em passagem por Nova York, onde foi conferir os desfiles da semana na moda, Amaury Jr. entrevistou a ex-mulher de Donald Trump, Ivana Trump. No papo, que vai ao ar no sábado, na RedeTV!, Ivana dá dicas de como ser chique. Imperdível.


entre-linhas


Nas chamadas da nova novela das 9, Duas Caras, difícil é crer que Renata Sorrah não seja mais Nazaré. O figurino conspira a favor da lembrança.


E o paulistês de Paulinho Vilhena em Paraíso Tropical, quando seu Fred tem uma crise de nervos como no capítulo de anteontem, é digno de dar inveja ao Xupla, papel do Pânico da TV que imita o cantor Supla.


Quem apostava que ela sairia de cena, enganou-se. Márcia Goldschmidt já negocia a renovação de seu contrato com a Band, que vence em dezembro. A apresentadora está acertando os detalhes da renovação diretamente com a diretora Artística do canal, Elisabetta Zenatti.


Por falar em Band, a nova contratada do canal é a atriz Claudia Lyra, que viverá a personagem Ligia Vasconcelos na novela Dance, Dance, Dance.


A Endemol grava a final do Holland’s Next Top Model em São Paulo e Salvador, onde será anunciada a vencedora do programa que estréia em 22 de outubro na rede holandesa RTL5.


Amanda Françozo batalhou e conseguiu programa novo na TV Gazeta. Estréia dia 5 de outubro, vai ao ar toda sexta, das 22h às 23h30. E promete entrevistas com celebridades em externas ou estúdio.


Co-autor de Paraíso Tropical, Ricardo Linhares participa de chat na Globo.com, hoje, a partir das 16 h, para brincar com os internautas de pistas sobre o quem-matou-Thaís.’


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