Thursday, 28 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1316

Polícia Federal agride repórter fotográfico

Membros da Polícia Federal Preventiva (PFP) detiveram e agrediram o fotógrafo Gabriel Huge Córdoba enquanto este tentava cobrir, na tarde de domingo, um acidente automobilístico fatal, no qual a polícia estava implicada, na cidade portuária de Veracruz, informou o repórter hoje (27/02). O Comitê para a Proteção dos Jornalistas instou as autoridades federais a investigarem o assunto sem demora.

Às 14h45, Huge, um fotógrafo que cobre a editoria policial para o jornal Notiver de Veracruz, chegou com um grupo de jornalistas locais ao lugar do acidente no qual estava implicado um comboio da PFP, segundo informações da imprensa local. Oficiais da PFP indicaram aos fotógrafos que estes deviam deixar o local, segundo o relato de Huge e informes da imprensa. Huge contou ao CPJ que quando ele procurou outro ponto para fotografar o acidente, foi cercado por outros membros da PFP que estavam usando máscaras. Segundo Huge, os oficiais o acusaram de não acatar suas ordens, o algemaram, o agrediram nas costas com a culatra de uma de suas armas e o empurraram para a parte traseira de uma caminhonete.

Huge informou ao CPJ que foi conduzido ao redor da cidade durante horas, enquanto era repetidamente chutado e mantido de bruços no piso do veículo. Membros da PFP disseram ao fotógrafo que ele estava sendo castigado pela cobertura negativa que os meios de comunicação locais dão à PFP. Vários meios de comunicação divulgaram o relato de Huge. Uma das matérias informava que a câmera de Huge fora confiscada.

Denúncia oficial

O fotógrafo disse ao CPJ que foi levado para o Ministério Público de Veracruz por volta das 18h00, onde foi acusado de desacato à autoridade. Segundo Huge, antes de entregá-lo às autoridades locais, um membro da PFP o advertiu que ‘na próxima vez não haveria dor, disso ele iria se encarregar’.

O comboio da PFP transportava três oficiais acusados pelo assassinato de um homem em Veracruz na semana passada, informaram a imprensa local e nacional. Um membro não identificado da PFP morreu no acidente.

A secretaria de Segurança Pública Federal da Cidade do México, à qual está subordinada a PFP, não respondeu de imediato aos telefonemas do CPJ solicitando um comentário. O escritório da Procuradoria Geral da República (PGR) em Veracruz remeteu todas as perguntas do CPJ para aquela agência.

‘O relato de Huge, que informa que oficiais da polícia federal o ameaçaram e o agrediram, é alarmante’ declarou Joel Simon, diretor-executivo do CPJ. ‘Instamos as autoridades federais a investigarem estas acusações sem demora.’

Huge disse ao CPJ que pretende fazer uma denúncia oficial ante a PGR e as autoridades locais de direitos humanos.

Quatro repórteres no estado de Coahuila, no norte do país, foram detidos por membros do exército mexicano em agosto de 2007, enquanto cobriam uma operação rotineira contra o narcotráfico. Os repórteres, que indicaram terem sofrido abusos pelas autoridades, foram acusados de portar maconha e uma arma de fogo. Um juiz federal eximiu os repórteres um mês depois, enquanto a Comissão Nacional de Direitos Humanos disse que investigaria os soldados implicados no acidente. [Nova York, 25 de fevereiro de 2008]

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CPJ é uma organização independente, sem fins lucrativos, sediada em Nova York, que se dedica a defender a liberdade de imprensa em todo o mundo