A mídia burguesa não se conteve ante a renúncia de Fidel e promoveu excessiva parcialidade. Parecia mesmo torcida organizada festejando a vitória do time do coração: o imperialismo anti-Cuba. A Veja foi categórica ao sintetizar na capa da revista todo seu ódio contra o líder cubano. A manchete ‘Já vai tarde’, sobre a imagem assombrada de Fidel, revela a mancha imperialista que reina o projeto editorial da revista.
Assim como a Veja, a tropa de elite da imprensa brasileira tomou partido e deu o veredicto: o capitalismo deve voltar a imperar na ilha ora socialista. A partir da renúncia de Fidel, o futuro do povo cubano passou a ser objeto de especulação dos magnatas da comunicação. Estes que servem tão bem ao senhor dono de tudo, o todo-poderoso imperialismo capital. Abertamente, a megamídia saiu em defesa dos EUA e divulgou a vontade do seu amo: uma ‘transição democrática para o povo cubano’.
Essa interferência sem limites dos meios de comunicação de massa em assuntos de Estado faz parte do jogo do poder, que usa a influência da imprensa para se perpetuar no comando. O debate sobre o processo histórico é deixado de lado para dar vez e voz aos poderosos. Desse modo, a ditadura da mídia representa verdades que são convenientes aos interesses do seu patrimônio. Este tem sido o papel do poderoso império global e seus comparsas da comunicação ao longo dos tempos. Foi para cumprir essa tarefa de montar realidades que no dia 1º de setembro de 1969, em pleno AI-5, a Rede Globo inaugurou o Jornal Nacional.
Olhar crítico
Atualmente, Rede Globo, Folha de S.Paulo, Editora Abril e suas máquinas de fazer alienação controlam a imensa maioria das notícias que chegam aos milhões de (e)leitores/telespectadores no Brasil inteiro.
As notícias sobre a renúncia de Fidel só reforçam a opinião de que não existe neutralidade na imprensa. Todos os veículos de comunicação falam a língua do seu dono. A informação, que deve ser tratada como instrumento de liberdade e de interesse coletivo, tem sido manipulada a toque de caixa. Essa troca de favores entre imprensa e poder termina por manchar o jornalismo.
Diferentemente dos vendedores de notícias e conteúdo, que não têm compromisso algum para com o coletivo social, existem profissionais da comunicação que não se deixam manipular pela elite dominante e não aceitam esse lado podre da mídia.
Precisamos amplificar o nosso coletivo de comunicação independente. Que seja um instrumento utilizado a favor da senzala, contrapondo-se ao poder da Casa Grande. Uma mídia que seja capaz de provocar olhares críticos acerca dos acontecimentos. A intervenção de rádios comunitárias, fanzines, a imprensa livre na internet, além de jornais e revistas independentes, são maneiras de realizar uma comunicação autônoma. Um espaço onde todos possam trocar informação, produzir e interferir nos mais diversos processos de comunicação.
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Jornalista, Natal, RN