Repórteres sem Fronteiras expressa sua satisfação pelo anúncio da detenção, em 4 de março de 2008, de quatro agentes da Polícia Militar, acusados do assassinato, em maio de 2007, de Luiz Carlos Barbon Filho, colaborador do semanário Jornal do Porto, do diário JC Regional e da Rádio Porto FM.
‘Essa quádrupla detenção constitui um princípio de vitória contra a impunidade que não era de todo previsível, tendo em conta a condição dos acusados. Significa, por isso mesmo, um inegável progresso do Estado de Direito. No entanto, nesta fase do processo o mais conveniente é manter a prudência e apurar as responsabilidades exatas de cada um dos policiais pela morte de Luiz Carlos Barbon Filho. O julgamento dos assassinos deve servir como exemplo’, declarou Repórteres sem Fronteiras.
Indiciados em 19 de fevereiro de 2008 por homicídio, tentativa de homicídio e formação de quadrilha, o capitão Adélcio Carlos Avelino, o sargento Edson Luiz Ronceiro e os soldados Paulo César Ronceiro, irmão do anterior, e Valnei Bertoni foram presos, no dia 4 de março, a pedido de Gaspar da Silva Júnior, promotor do Grupo de Atuação Especial Regional para Prevenção e Repressão ao Crime Organizado (GAERCO). Carlos Alberto da Costa, primo do capitão Avelino e proprietário da arma do crime, já se achava em prisão. A data de início do processo ainda não foi marcada.
Abusos sobre menores
Luiz Carlos Barbon Filho encontrava-se num bar de Porto Ferreira, no estado de São Paulo, quando se aproximaram dois homens encapuzados numa moto. Um deles entrou no estabelecimento e disparou duas vezes, atingindo o jornalista na barriga e nas costas. A vítima tinha 37 anos.
Segundo sua mulher, Kátia Camargo, Luiz Carlos Barbon Filho recebera múltiplas ameaças de morte pouco tempo antes do crime. Na altura da sua morte, o jornalista apurava uma denúncia contra agentes da polícia local. Em 2003, publicara uma reportagem acusando quatro empresários e cinco funcionários de Porto Ferreira de abusos sexuais sobre menores. Os acusados foram absolvidos ou condenados a penas ligeiras.
Desde 2002, o Brasil viu oito jornalistas serem assassinados.
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