Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Deputado culpa jornal por indiciamento

O deputado pelo estado do Texas e ex-líder da bancada republicana na Câmara dos Representantes dos Estados Unidos Tom DeLay, acusado de financiamento ilegal de campanha eleitoral, afirmou que um editorial publicado no jornal American-Statesman, de Austin, pressionou o promotor Ronnie Earle a indiciá-lo por ‘conspiração criminosa’, como noticia Kelley Shannon [AP, 29/9/05].

O deputado e dois aliados políticos – John Colyandro, ex-diretor-executivo de um comitê político fundado por DeLay, e Jim Ellis, que chefia seu comitê nacional – foram acusados de conspiração para fraudar o financiamento de campanha eleitoral. O indiciamento forçou DeLay a renunciar ao cargo de líder da maioria na Câmara até que a investigação seja concluída.

A punição para o crime de que DeLay é acusado é de seis meses a dois anos de prisão e multa de até US$ 10 mil. A lei eleitoral do Texas proíbe empresas e sindicatos de contribuir para campanhas de candidatos a cargos eletivos estaduais, permitindo apenas doações de pessoas físicas. Segundo Earle, os três conspiraram para lavar US$ 150 mil em contribuições de empresas recebidas pela organização política ‘Texanos por uma Maioria Republicana’, fundada por DeLay e outros políticos do estado, e repassadas ao Comitê Republicano Nacional, que gastou o dinheiro nas campanhas de deputados estaduais nas eleições de 2002.

DeLay afirmou que o promotor, que é ligado ao Partido Democrata, teria dito há cerca de duas semanas que ele não era alvo ou foco de seu inquérito. ‘Logo depois, o jornal da cidade natal de Earle publicou um editorial sobre sua investigação, perguntando retoricamente qual teria sido o motivo dela se eu não fosse indiciado’, afirmou o deputado.

O editorial, publicado em 11/9, questionou o inquérito de Earle, já que o promotor indiciou apenas organizações, e não indivíduos – o nome de DeLay não foi mencionado no texto. Arnold Garcia, editor da página editorial do American-Statesman, alega que o jornal estava fazendo seu trabalho ao escrever um artigo de opinião. ‘Estávamos comentando um assunto de interesse público. Mas não devemos esquecer que não foi o jornal que indiciou o senhor DeLay, mas sim o grande júri’, disse Garcia.

O jornal republicou o editorial em questão em seu sítio na quarta-feira (28/9), junto com um novo editorial comentando o indiciamento e os comentários do deputado. ‘DeLay não foi mencionado por nome, nem houve uma alusão a ele. Ou é insolência dele ou foi sua consciência que o levou a pensar que o editorial o tinha como alvo’, dizia o novo artigo.