Monday, 23 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Conceitos sublimares entre traço e texto

Atualmente, o mundo passa por inúmeras alterações, mudanças cada vez mais rápidas que exigem dos cidadãos respostas rápidas e certas. Fato que gera um grande embaraço nos modos de vida em sociedade.

A agilidade desta realidade é proporcionada pela velocidade da transmissão de discursos nas costumeiras imagens com auxílio de textos nos distintos meios de discussão. Esses aspectos ilustram as mensagens audiovisuais e gráfico-visuais em geral nos jornais e revistas impressas e, principalmente, nas tiras diárias e traços de diversos meios de comunicação – impressa e online.

Nestes espaços, são apresentados valores, ideologias e crenças, entre outras questões. Situações que podem gerar ou afetar inquietações nos indivíduos refletidos, apresentados e submetidos a estes mecanismos lingüísticos. Passagem que pode também alterar a própria identidade dos sujeitos implicados nas questões.

Construção social

Para chegarmos ao campo da produção, é preciso verificar qual é o lugar das determinações ideológicas no complexo fenômeno que é a linguagem. Neste campo (Fiorin, 2003, p.7), ‘não nos interessa apenas mostrar que uma pronuncia de prestigio é imposta com finalidade de discriminar as pessoas; que o acesso a determinadas posições de destaque está ligado também à aparição das variedades lingüísticas consideradas corretas, elegantes.’

O autor aponta alguns procedimentos para adentrarmos o mundo da produção discursiva. Para ele, é necessário considerar alguns aspectos. O primeiro cuidado é não considerar a linguagem algo totalmente desvinculado da vida social nem perder de vista sua especificidade, reduzindo ao nível ideológico; um segundo fator deve refletir sobre as possibilidades de o falante organizar a estratégia discursiva em função de um jogo de imagens: a imagem que ele faz do interlocutor, a que ele pensa que o interlocutor tem dele, a que ele deseja transmitir ao interlocutor.

Nessas relações discursivas, os sujeitos constroem suas falas e a maneira de se expressar sobre o meio social e seus anseios, contribuindo para a produção de seu discurso. Feito que Fairclough (2001) e Moita Lopes (2003), acreditam ser um dos pilares da formação da identidade dos indivíduos. De acordo com os autores, a identidade que cada pessoa possui é entendida como uma construção social que se dá nos e pelos discursos, os quais podem nos posicionar, por exemplo, como pai de família, jornalista, estudante, empregado, homem, entre outros posicionamentos.

Reflexão dialética

A relação destas construções é dinâmica. Todas as produções carregam significações implícitas que podem ser reveladas em uma leitura atenta com o objetivo de identificar o discurso e suas implicações.

Essas práticas discursivas são determinantes na maneira de fazer sentido. Como esclarece Fairclough (2001), como tipos de linguagem usada em diferentes tipos de situação social, exemplo – jornalismo, publicidade, ensino.

Para o autor, a compreensão e o entendimento de fatores implícitos se faz necessário, não apenas por despertar a importância do papel da linguagem na reprodução das práticas sociais e das ideologias, mas por acreditar que é preciso ir além, com leituras que apontem a contribuição da linguagem na transformação social. Nesse sentido, o teórico propõe uma reflexão dialética na medida em que considera o discurso por um lado moldado pela estrutura social e por outro constitutivo da estrutura social.

Referências bibliográficas

FAIRCLOUGH, Norman. Discurso e mudança social. Brasília: UnB, 2001.

FIORIN, José Luiz. Linguagem e ideologia. São Paulo: Ática, 2003

MOITA LOPES, Luiz Paulo da (org.). Discurso de identidades: discurso como espaço de construção de gênero, sexualidade, raça, idade e profissão na escola e na família. Campinas: Mercado das Letras, 2003

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Jornalista especialista em linguagem, cultura e ensino; Foz do Iguaçu, PR