Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Mídia nos EUA dá disputa democrata por encerrada

Leia abaixo a seleção de quinta-feira para a seção Entre Aspas.


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Folha de S. Paulo


Quinta-feira, 8 de maio de 2008


ELEIÇÕES NOS EUA
New York Times


TV e blogs dão disputa por encerrada


‘Na madrugada de ontem, a classe dos gurus políticos de elite que vive na televisão se moveu com força, e talvez irreversivelmente, contra a viabilidade da manutenção da candidatura presidencial da senadora Hillary Clinton.


O momento foi retratado em uma afirmação devastadora de Tim Russert, da NBC News: ‘Nós agora sabemos quem vai ser o candidato democrata, e ninguém pode questionar isso. Os mais próximos a ela [Hillary] vão lhe fazer uma dura análise e, se forem sinceros, dirão: ‘Qual é a lógica? O que diremos aos superdelegados que ainda não declararam seus votos? Por que diremos a eles que você continua na disputa?’ E hoje não há nenhuma resposta satisfatória a essas questões’.


O impacto foi imediato, começando pelo ‘Drudge Report’, portal on-line de notícias. Sua história principal era o link para um clip no YouTube com os comentários de Russert, acompanhados por uma fotografia de um exultante Barack Obama com sua mulher, Michelle, e o título: ‘O Escolhido’.


‘Hoje há uma percepção cada vez maior de que Obama será escolhido’, disse Chris Wallace, da Fox News. Post no blog político Daily Kos incluiu recado irônico a Hillary, intitulado ‘lista do que fazer antes de desistir’.


Falando à CNN, David Gergen, que foi assessor de vários presidentes, inclusive do marido de Hillary, Bill Clinton, disse: ‘Acho que os Clinton e seus aliados sabem que o jogo está praticamente terminado’.


Indo mais direto ao ponto, Bob Franken, analista político, disse: ‘Vamos pôr os fatos sobre a mesa: acabou. Acabou’.


E assim continuou a história nos principais noticiários matutinos. É claro que a imprensa especializada em política não viveu exatamente dias de glória neste ano. Freqüentemente, ela fez previsões que foram superadas por votos reais de pessoas reais.


Mas suas opiniões importam mais do que nunca na fase final das primárias, na qual Hillary e Obama batalham para obter apoio dos superdelegados, um grupo que provavelmente levará em conta as opiniões dos analistas políticos de Washington na hora de tomar suas decisões.


Questionado se os duros comentários na TV e na blogosfera não levariam os superdelegados na direção de Obama, o diretor de comunicação da campanha de Hillary, Howard Wolfson, disse: ‘Ainda bem para nós que a palpitocracia não controla esse processo, mas sim os eleitores. E os eleitores nos deram uma importante vitória em Indiana’.’


 


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


O caso Dorothy


‘Final de tarde e um juiz ocupou televisão, rádio, portais com um novo capítulo do ‘caso Isabella’.


Por sorte, o ministro Celso de Mello, do Supremo, havia se pronunciado pouco antes, por portais como Terra e rádios como Jovem Pan, em relação ao caso Dorothy Stang, do fazendeiro absolvido. Disse, no seu estilo, que a decisão ‘pode transmitir não apenas ao país, mas à comunidade internacional, a sensação de que os direitos básicos não teriam sido respeitados’. (Outro ministro correu a falar o mesmo, nas Globos.) No exterior, a libertação do fazendeiro foi noticiada por agências, BBC, Voz da América e, em tom maior de revolta, pela agência católica de notícias CNS.


BRICS AMBIENTALISTAS


National Geographic e o instituto GlobeScan divulgaram um índice sobre ‘opção de consumo e o meio ambiente’, mostrando que brasileiros e indianos são os que menos desperdiçam, com os chineses surgindo no terceiro lugar. Os americanos são os últimos, na lista de 14 países


NOS POBRES


Como seria de esperar, ecoou de imediato pelos sites chineses, com despacho da agência Xinhua destacando Brasil e Índia empatados e ‘seguidos pela China’. E sobretudo pelos indianos, com o ‘Hindustan Times’ postando o enunciado ‘Índia e Brasil são os que mais cuidam do meio ambiente’.


NOS RICOS


A Associated Press soltou o longo despacho ‘Ação ambiental do consumidor ganha índice’, registrando que brasileiros e indianos estão na frente. Sites de jornais como o britânico ‘Daily Telegraph’ também deram atenção, com enunciados como ‘Nações mais pobres cuidam mais do meio ambiente’.


‘MAIS RESPEITO’


Ao vivo por TV Senado, canais de notícias, rádios e portais, depois em vídeos com efeito viral, o senador José Agripino Maia cometeu seu desastre -e Dilma Rousseff ganhou simpatia, dentro do possível, até do ‘Jornal Nacional’. Na Folha Online, Eliane Cantanhêde postou que ela havia sido presa e torturada aos ‘19 anos!’ e que o senador era, pelo contrário, ‘a favor’ da ditadura. No Globo Online, Míriam Leitão cobrou ‘mais respeito aos fatos, senador’, dizendo ser ‘baboseira’ o que ele saiu dizendo. ‘Ela foi presa no pior do regime, ele rompeu quando o barco da ditadura estava afundando.’


DUDA & RECORD


O blog de Lauro Jardim postou ontem que Duda Mendonça e o senador Marcelo Crivella se encontraram e ele deve ser o ‘estrategista’ do candidato, no Rio. Em seu próprio blog, o ex-marqueteiro de Lula tem dito que ‘os formadores de opinião já não influenciam quase nada no voto do povão’


LARRY LÁ


Larry Rohter, o célebre correspondente do ‘New York Times’, cobre agora a campanha presidencial nos EUA. Ontem na home, em podcast, fez a previsão de que Hillary Clinton vai começar a ver seus superdelegados desistindo para apoiar Barack Obama ‘nos próximos dias’.’


 


HISTÓRIAS
Carlos Heitor Cony


Rivalidades


‘RIO DE JANEIRO – Não é somente no amor, na política e nos esportes que predominam as rivalidades. Nos setores profissionais, entre médicos, arquitetos, artistas, advogados, especialistas disso ou daquilo, a concorrência muitas vezes é na base do vale-tudo. E os escritores não fazem exceção à regra. Pelo contrário, há rivalidades históricas.


Em crônica recente, lembrei a bofetada que Theodor Dreiser tacou na cara de Sinclair Lewis, quando este ganhou o Prêmio Nobel.


No terreiro nacional, tivemos diversos galos de briga que se engalfinhavam pelos jornais e, até mesmo, fisicamente, em plena rua do Ouvidor, que era a passarela obrigatória da vida social da cidade.


Um dessas rivalidades separava dois cronistas famosos: Humberto de Campos e João do Rio. A popularidade de Humberto era monumental. Ao tempo dele, era o escritor mais lido e admirado. Quando morreu, o comércio do Rio fechou suas portas na hora do seu enterro.


João do Rio hoje tem mais público (Humberto não tem nenhum), mas, em seu tempo, era discriminado por ser homossexual e ignorante. Isso mesmo: ignorante.


Há um artigo dele falando de Tobias Barreto sem muito conhecimento de causa. Ignorando que havia uma cidade no interior do Nordeste chamada Escada, onde Tobias estudara, João do Rio pintou com cores dramáticas a situação do filósofo, dizendo que sua pobreza o obrigara a ler os grandes clássicos sentado numa escada, pois nem cadeira havia em sua casa.


Em seu ‘Diário Secreto’, publicado 15 anos após sua morte, Humberto de Campos registra a gafe de João do Rio e faz dele um dos alvos mais constantes de suas gozações. Não perdoa sequer suas preferências sexuais. Em tempo: os dois pertenceram à Academia Brasileira de Letras.’


 


RÚSSIA
Folha de S. Paulo


Na posse, Medvedev promete proteger liberdades na Rússia


‘Dmitri Medvedev, 42, ex-presidente da gigante energética Gazprom, tomou ontem posse como presidente da Rússia e, de imediato, nomeou como primeiro-ministro Vladimir Putin, seu antecessor e padrinho político, o que institui no país uma inédita e previsível dualidade de poder.


Medvedev, eleito com 70% dos votos em março, é o terceiro presidente russo após o colapso da União Soviética. Sucede Boris Ieltsin (1991-1999) e o próprio Putin (2000-2008), que permanece como homem forte do regime e com o projeto de voltar à chefia do Estado daqui a quatro anos.


Em seu primeiro discurso, Medvedev afirmou que sua principal preocupação seria a proteção ‘das liberdades civis e econômicas’. Disse ainda ser preciso lutar pelo respeito às leis e superar o ceticismo quanto ao Estado de Direito, o que ‘compromete seriamente o desenvolvimento moderno’.


A bicefalia é algo inédito para os russos, habituados desde os tempos soviéticos à existência de um único e forte dirigente.


Um diplomata ocidental disse à Reuters que opositores a Putin acreditam que ele e Medvedev não terão motivos para conflitos. Curiosamente, são os aliados do ex-presidente que temem desentendimentos.


A dúvida é se Medvedev nomeará uma equipe própria ou se contentará com aliados de Putin ao fazer a nomeação para cargos na burocraia russa.


Confiança externa


‘A mídia está subestimando tremendamente o novo presidente’, disse Florian Fenner, executivo da UFG Asset Management, que tem US$ 1,8 bilhão investido na Rússia.


Pouco depois da cerimônia de posse, televisionada do Kremlin em rede nacional, o primeiro-ministro, Viktor Zubkov, apresentou sua renúncia, e Medvedev assinou decreto nomeando Putin para substituí-lo. A Duma, Câmara dos Deputados, onde o partido do ex-presidente tem maioria, deve formalizar hoje a indicação.


O novo presidente, que chegou para a posse num Mercedes blindado, herda uma economia com PIB de US$ 1,3 trilhão, alimentada pela alta do petróleo, e enfrenta desafios como a corrupção, a inflação crescente, a queda dos índices demográficos e a tensa relação com a Europa Oriental.


A Casa Branca disse que o presidente George W. Bush exprimiu as boas-vindas a Medvedev e se disse disposto a trabalhar positivamente com ele. Ambos deverão se encontrar pela primeira vez no Japão, durante a próxima reunião do G8 (países mais industrializados).


A cerimônia de posse, com trechos de peças de Tchaikovsky e Glinka, foi concebida para em nada lembrar o protocolo da era soviética. Putin agradeceu a guarda presidencial e seus assessores. A portas fechadas com Medvedev, entregou-lhe o código secreto para os disparos nucleares.


Em seguida o novo presidente rumou à catedral da Anunciação, onde o patriarca ortodoxo Alexiy 2º celebrou culto por seu mandato.


Com agências internacionais’


 


TECNOLOGIA
Matt Richtel


‘Pesos pesados’ lançam banda larga sem fio


‘DO ‘NEW YORK TIMES’, EM SAN FRANCISCO – Um ‘quem é quem’ do mundo da tecnologia e das telecomunicações anunciou a intenção de construir a primeira de uma nova geração de redes nacionais de transmissão sem fio de dados. O consórcio inclui parceiros incomuns: Sprint Nextel, Google, Intel, Comcast, Time Warner e Clearwire.


Os parceiros avaliaram o projeto em US$ 14,5 bilhões, valor que inclui o custo das freqüências de rádio e equipamentos oferecidos pela Sprint Nextel e pela Clearwire, e US$ 3,2 bilhões dos demais envolvidos.


Eles esperam que a rede, que oferecerá acesso de alta velocidade à internet com qualidade de próxima geração aos usuários de celulares, seja construída em apenas dois anos. Não existe cronograma para que seja oferecida aos usuários. O preço do acesso não foi definido. Os parceiros querem chegar ao mercado antes que a Verizon Wireless e AT&T Wireless.


A Sprint Nextel será a acionista controladora, com 51% de participação. A Clearwire deterá 27% do empreendimento. A parceria de empresas tão fundamentalmente diferentes sublinha a convergência entre a internet, o entretenimento e os serviços de telecomunicações.


O presidente do conselho da Clearwire, Craig McCaw, um dos pioneiros da comunicação móvel, anunciou em comunicado que ‘o poder da internet móvel, que oferece velocidade e mobilidade, transformará de maneira fundamental o cenário da comunicação’.


Mas a rede terá de enfrentar consideráveis desafios. Dadas as peculiaridades do espectro de comunicação de rádio que os parceiros pretendem usar para distribuir os sinais de dados, pode não ser fácil para o grupo criar um serviço de amplo alcance e alta confiabilidade, disse Craig Moffett, analista do setor de comunicações na corretora Sanford Bernstein.


Ele apontou para o fato de que os parceiros envolvidos eram todos empresas de ponta, mas disse que isso também trabalharia contra os interesses do grupo. Cada membro tem agenda distinta, e isso poderia resultar em conflitos quanto à operação e à gestão da rede.


Lógica do negócio


A Sprint Nextel, que nos últimos anos enfrenta dificuldades diante da força da Verizon e da AT&T, quer aproveitar as freqüências que tem sob controle; as operadoras de cabos querem criar um serviço adicional que ofereça acesso de banda larga fora de casa; a Intel gostaria de vender seus chips e promover uma expansão no uso de computadores; e o Google espera desenvolver mais uma plataforma de publicidade.


O anúncio da parceria surge em um período de crescimento nos negócios, que devem aumentar muito mais. A transmissão sem fio de dados -predominantemente mensagens de texto- respondeu por 23% da receita da Verizon Wireless no primeiro trimestre. Um ano antes, foram 17,5%.


A esperança do setor de telecomunicações é que os usuários comecem a usar esse serviço para diversas aplicações, como navegar pela web em notebooks e celulares, e baixar música e vídeos com mais freqüência para esses aparelhos. A natureza pouco compatível dos participantes na parceria da Clearwire também indica possibilidades. Talvez a mais significativa seja a adesão do Google, o grupo de publicidade vinculada a buscas na internet, que entrou com US$ 500 milhões no negócio.


O Google fornecerá os recursos de busca à plataforma sem fio. A empresa adotou abordagem semelhante quanto a uma proposta para criar uma rede Wi-Fi gratuita em Mountain View, Califórnia, a cidade que abriga sua sede, e em um plano fracassado para uma rede Wi-Fi que cobriria San Francisco.


Os investimentos incluem US$ 1,05 bilhão da Comcast, US$ 1 bilhão da Intel e US$ 550 milhões da Time Warner Cable. A Bright House, operadora de cabos, entrará com US$ 100 milhões, enquanto o grupo Trilogy Equity Partners pretende investir US$ 10 milhões.


Tradução de PAULO MIGLIACCI’


 


PUBLICIDADE
Maria Clara Cabral e Angela Pinho


Lobby adia votação sobre anúncio de bebida


‘Sob o lobby das indústrias de cerveja, das emissoras de TV e rádio e de agências de publicidade, o governo aceitou ontem retirar a urgência constitucional do projeto de lei que proíbe a veiculação de propaganda de todas as bebidas alcoólicas entre as 6 horas e as 21 horas. O recuo do governo significa, na prática, adiar em pelo menos um mês a votação do projeto -que antes tinha prioridade de votação no plenário. Agora, o projeto não tem mais prazo para ser votado.


O principal defensor do projeto era o ministro José Gomes Temporão (Saúde), mas nem o seu partido, o PMDB, brigou pela manutenção da urgência na Câmara. O acordo de adiar a votação foi finalizado ontem, em reunião de líderes da Casa.


Os lobistas aproveitaram a vontade dos deputados de destrancar a pauta do plenário para conseguir o recuo do governo. Um dos principais argumentos de emissoras e das empresas de cervejas é que seriam muito prejudicadas durante a Copa do Mundo, já que os jogos devem ser transmitidos principalmente durante o dia e seus principais patrocinadores são as marcas de cerveja.


A proposta foi defendida diversas vezes pelo governo Lula ao longo de 2007. Em agosto, Temporão disse que a medida deveria sair ‘em breve’. À época, o ministro reconheceu que havia uma grande pressão da indústria, mas negou ‘recuo’.


Ontem, o ministro afirmou não ver problemas no fato de o Congresso querer discutir melhor o tema, mas fez referências indiretas à possível interferência de lobby. Indagado sobre o tema, afirmou que ‘o lobby é legítimo’. ‘Eu vejo pelo ponto de vista da saúde pública, imagino que os empresários vejam sob o ponto de vista dos negócios.’


A Abap (Associação Brasileira de Agências de Publicidade) mantém desde o final de abril uma campanha contra a proposta do governo. Nas propagandas, o órgão diz que a restrição teria o mesmo efeito que proibir ‘a fabricação de abridores de garrafa’. ‘Consideramos o projeto superficial, só joga a sujeira para debaixo do tapete.


É preciso que uma avaliação seja feita com serenidade’, disse o presidente da associação, Dalton Pastore. ‘É péssima qualquer restrição à liberdade de expressão comercial’, afirmou.


O líder do governo, Henrique Fontana (PT-RS), que até ontem brigava para votar o projeto, disse que só aceitou ceder depois de o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), se comprometer a colocar a matéria em discussão em junho. A idéia é que a Comissão de Comunicação realize ainda em maio uma audiência pública para debater o assunto.


Fontana admitiu que foi vencido pela pressão de diversos setores. ‘Há um interesse muito grande, é evidente. Há pressão de todos os lados. No mérito, no entanto, acho que todos concordam que o fim da propaganda de cervejas durante o dia é importante.’ Projetos que tentam limitar as propagandas de bebidas já tramitam na Câmara há mais de dez anos.


O líder do PSDB, José Aníbal (SP), lembrou ainda que a maioria dos parlamentares é favorável ao projeto, mas a oposição defende a votação de propostas de iniciativa dos deputados -esse é do Executivo. Aníbal ressaltou ainda que a proposta tramita em conjunto com outras 149 sobre o tema.


Colaborou ESTÊVÃO BERTONI, da Redação’


 


TELEVISÃO
Daniel Castro


Público pede falso romance gay em novela


‘Símbolo de machão de novela, o ator Humberto Martins terá uma crise de masculinidade na atual trama das sete da Globo, ‘Beleza Pura’. Em breve, seu personagem, o médico Renato, beijará alguém que ele julga ser homem, mas que, na verdade, é uma mulher, interpretada por Monica Martelli, se passando por homem.


O ‘pseudo beijo gay’ foi um pedido do público da novela. Segundo a autora de ‘Beleza Pura’, Andrea Maltarolli, pesquisa feita com grupos de telespectadoras revelou torcida para que Renato e Mateus, a versão masculina de Helena (Martelli) tenham um romance.


‘Eu já tinha pensado nisso, mas estava em dúvida. Agora que o público pediu, vou fazer’, diz Andrea. ‘O Renato vai ficar boladíssimo. Vai beijar um homem, e ainda de bigode. As telespectadoras querem que ele vá para o analista questionar sua sexualidade’, conta.


Andrea espera que as cenas não sejam entendidas pelo Ministério da Justiça como impróprias para antes das 20h. ‘O público sabe que Mateus não é homem’, afirma. A novela acaba de ser reclassificada de livre para imprópria para menores de 10 anos, o que levou a direção da Globo a censurar até uma aparição de travesti.


Segundo Andrea, todos os personagens de ‘Beleza Pura’ foram aprovados na pesquisa com telespectadoras. ‘Gostam até da Norma [Carolina Ferraz], mesmo ela sendo má’, diz.


DESAPRENDIZ 1 Foi frustrante para a Record a audiência da estréia da quinta temporada de ‘O Aprendiz’, anteontem. O programa teve média de 10,3 pontos. Foi dois décimos maior do que a abertura de ‘O Aprendiz 4’, mas a Record esperava no mínimo 13. A estréia de ‘Troca de Família’, em fevereiro, marcou 12,9.


DESAPRENDIZ 2 Marcaram o retorno de ‘O Aprendiz’ uma prova de difícil realização (uma ‘corrida’ de patos de borracha em rios) e uma ainda maior valorização do apresentador e seus assistentes (agora, o consultor Walter Longo também ‘se acha’).


IMPROVISO A Record terá três novelas simultaneamente no ar, mas será apenas durante um mês, entre junho e julho.


O FIM DA CARTA A Globo deixou de divulgar um ranking mensal dos atores que mais recebem cartas. Avalia que, diante de blogs e e-mail, cartas deixaram de ser representativas. Ranking de cartas poderiam apresentar cenários distorcidos de popularidade.


O FIM DA PIADA O departamento jurídico da Globo estuda interpelar a Band pela reprodução de parte da entrevista concedida ao ‘Fantástico’ por Ronaldo. O ‘CQC’ interpôs às respostas do jogador perguntas de duplo sentido.


ALTERNATIVO Embora não transmita os campeonatos de futebol do país, o canal ESPN Brasil tem exibido em seu site os gols logo após as rodadas. Domingo e segunda, sua versão on-line teve mais de 200 mil acessos.’


 


CINEMA
Marco Aurélio Canônico


Desenho clássico vai ao cinema


‘Toda a discrição que permeia a vida privada dos irmãos diretores Andy e Larry Wachowski desaparece quando eles expõem suas idéias nas telas de cinema -e, se isso já era verdade na espetaculosa trilogia ‘Matrix’, é ainda mais evidente em ‘Speed Racer’, que estréia amanhã no país.


Adaptação do célebre mangá e desenho animado japonês criados na década de 1960 por Tatsuo Yoshida (1932-1977), ‘Speed Racer’ é escandalosamente colorido, brilhante, barulhento e rápido, muito rápido (menos na duração, 135 min.).


É também um dos principais lançamentos da atual temporada (estréia em 570 salas no país, cerca de 80 delas em São Paulo), onde vai enfrentar o atual campeão de bilheteria, ‘Homem de Ferro’ (que estreou na semana passada, em 573 salas).


A muito aguardada volta dos Wachowski à direção (depois dos dois últimos ‘Matrix’, de 2003) conta a história do jovem viciado em corridas de automóveis, Speed Racer, herdeiro de uma família com longa tradição no esporte -mas as corridas, aqui, são mortais, verdadeiras batalhas que os produtores apelidaram de ‘car fu’ (mistura de carro com kung fu).


É também ‘um animê [desenho japonês] com atores’, como define o produtor Joel Siver. De fato, o filme dos Wachowski mistura a lógica visual dos animês com atores reais, fazendo com os desenhos japoneses o que ‘Sin City’ (2005) havia feito com as HQs.


Para atingir isso, os irmãos basicamente trocaram as câmeras por computadores. ‘As filmagens, em si, não foram difíceis, foram 60 dias em um grande galpão verde. Mas este filme foi criado digitalmente, você não vê tomadas de câmeras’, diz Silver.


Uma idéia na cabeça


Para os atores, que atuaram em frente a telas verdes, sem cenários reais -eles são inseridos depois, digitalmente- a experiência não foi tão simples. ‘Passei quase um ano filmando ‘Na Natureza Selvagem’ [de Sean Penn] ao ar livre. Sair disso para um galpão fechado não foi tão legal’, diz Emile Hirsch, que faz o protagonista.


‘Eu recusei outros filmes desse tipo porque sempre pensei que me mataria se tivesse que ficar em frente a uma tela verde por mais de três dias. Não vale o dinheiro’, afirma Susan Sarandon, que interpreta a mãe do herói. ‘Mas, se você vai fazer um filme desses, então tem que ser com esses caras.’


A oportunidade de trabalhar com os Wachowski, que adquiriram status de inovadores geniais depois de ‘Matrix’, é mencionada por todos como um dos principais fatores de atração do projeto.


‘Eles são fantásticos. As coisas que eles imaginam…’, diz Christina Ricci, que tem o papel da namorada de Speed, Trixie. ‘Conversando com eles, você nota que têm uma visão bem completa do que querem. Mesmo que você não entenda o que eles estão pensando, você apenas segue, porque tem certeza que é brilhante e que vai fazer sentido no final.’


A sensação de estar trabalhando ‘dentro de um mundo que os irmãos têm na cabeça’ também é citada por todos. ‘Me senti em boas mãos, como se toda a pressão fosse tirada de mim e eu só tivesse que me encaixar nesse mundo incrível que eles criaram’, conta Matthew Fox (de ‘Lost’) que faz o misterioso Racer X.


Para Susan Sarandon, ‘foi um exercício de deixar meu ego de lado em prol do filme’. A oscarizada atriz, que aparece para a entrevista ao lado de John Goodman (que vive o pai da família Racer), vê, no entanto, importância fundamental nos breves papéis de ambos.


‘O desafio do filme é que ele é tão massivo, saturado de cores e com tantas coisas acontecendo que você pode perder a atenção da platéia. Então, esse foi nosso papel, trazer a parte emocional do filme.’


Será que ele é?


É pena que os próprios Wachowski não estivessem presentes nas entrevistas aos jornalistas. Notoriamente avessos a aparições públicas, eles têm ainda mais ojeriza a repórteres.


‘Essa é a única parte em que eles não se envolvem’, afirma Silver. ‘Em todas as outras etapas do filme, eles estão presentes.’ O produtor pode falar: já trabalhou com os irmãos nos três ‘Matrix’ e em ‘V de Vingança’, que eles produziram.


Como figura mais próxima da dupla, cabe a Silver responder sobre o assunto mais polêmico -e o que mais se falou à boca pequena entre os incontáveis repórteres presentes no lançamento: a suposta operação de mudança de sexo a que Larry teria se submetido.


A pergunta é, evidentemente, a que encerra a entrevista. ‘Qual é o gênero [no sentido de identidade sexual] atual de Larry?’, pergunta um corajoso.


‘Ah, por favor… eles são Larry e Andy para mim.’


O repórter MARCO AURÉLIO CANÔNICO viajou a convite da Warner Bros.’


INTERNET
Folha de S. Paulo


Oscar da net divulga os vencedores da 12ª edição


‘Velhos campeões, novos vencedores e inúmeras discordâncias entre o gosto do público e o dos especialistas marcam a lista do 12º Webby Awards, conhecido como ‘o Oscar da internet’, divulgada anteontem.


O prêmio anual, criado em 1996 pela International Academy of Digital Arts and Sciences, aponta os melhores sites e blogs em mais de 70 categorias, de acordo com o gosto do público (que vota on-line, no site) e dos especialistas.


São poucos os que emplacam os dois troféus em uma categoria. Entre eles está o site da Apple (www.apple.com), que ganhou as duas votações por melhor uso de vídeo e ainda faturou como melhor navegação e melhor design visual (funcionalidade) no voto do público.


O célebre Huffington Post (www.huffingtonpost.com) também ganhou no voto do público e do júri, como melhor blog político, e o site da rede ABC venceu os dois prêmios na categoria banda larga.


Entre os velhos vencedores destacam-se o site humorístico The Onion (www.theonion.com), que ganhou novamente na categoria humor (especialistas) e como podcast (público).


O designer Jonathan Harris, que já havia levado dois prêmios, ganhou outro com seu site www.thewhalehunt.com, na categoria site pessoal.’


 


DE PAPEL
Anna Veronica Mautner


Leia jornal e nunca mais fique só…


‘Parece ser muito difícil para os meios de comunicação impressos, especialmente para o jornal diário, competir com as formas mais modernas de divulgar notícias. Falo da televisão e da internet. O jornal diário, calhamaço onde fica perdido quem não está habituado a se orientar, não pode concorrer com a rapidez com que a notícia chega pelo rádio ou pela televisão, muito menos pela internet. Esses novos meios permitem saber praticamente na hora o que está acontecendo em qualquer lugar do mundo.


Antes de a televisão ser tão difundida, quando algo muito especial acontecia, os jornais publicavam uma edição extra e os jornaleiros gritavam pelas ruas: ‘Extra! Extra! Extra!’ Essa edição foi assassinada pela TV e pelo plantão urgente, que interrompe seja lá qual for o programa. Claro que assim é muito melhor. Pudemos ver praticamente ao vivo, em todo o mundo, os aviões entrando nas torres gêmeas e a queda delas, em 2001.


Mas o jornal tem outra coisa que a TV e a internet não têm. Leitora contumaz de jornais que sou, leio-os não para saber o que ou como aconteceu, mas para ler o que meus amigos, fiéis e pensantes, vão me contar sobre o que já sei.


Por onde andou Clóvis Rossi, o que pensa das notícias de ontem Dora Kramer, por onde anda a cabeça de Danuza, será que o Contardo vai opinar sobre Isabella, sobre o que matuta Luiz Weis, que palpite vão dar o Cony, o Loyolla, o Jabor, Nelson Motta, Ruy Castro, Delfim Netto, Moacyr Scliar, Dulce Critelli etc.?


Alguns já vi pessoalmente, outros conheço pouco, mas são todos importantes porque são como uma bússola para meus pensamentos. Com alguns concordo, outros uso como referência de discordância, outros como curiosidade. O fato de eles pensarem me obriga a refletir. Muitos são pagos por nós, leitores, indiretamente, para que nos mostrem a diversidade de opiniões possíveis sobre os acontecimentos de ontem.


Entre ler muitos blogs e ler um jornal, fico com meus amigos do jornal. Sempre ali, envolvem-me numa familiaridade da diversidade. Os articulistas, os colunistas, encontrados no mesmo lugar, no dia deles, me dão a impressão -falsa, eu sei- de viver em um mundo conhecido. Eles todos lêem, pesquisam para mim.


Grandes autores foram grandes cronistas. Especialistas tornam-se colunistas importantes. Pode haver algo melhor do que saber que Claudio Angelo ou Fernando Reinach leram ‘Nature’ nesta semana e escolheram sobre o que me informar? Maria Inês Dolci vai me contar o que há de novo com o consumo, Washington Novaes não vai deixar de me dizer como vai a água na Terra. Que salão literário ou mundano me permitiria ouvir a opinião de tantos sobre o cotidiano?


Estas folhas enormes que nos sujam a mão de preto, que às vezes nos dão dor no braço, são ainda a maneira melhor de dialogar com os bacanas. Quanto mais opinativo, quanto mais variado, mais nosso diálogo é denso e intenso.


O jornal pode ser lido em qualquer lugar, pode ser carregado, pode ser lido quando falta energia, quando o provedor está em pane e em outras situações esdrúxulas -pode ser lido até na semana que vem. É por isso tudo que proponho: leia jornal. A gente não se acostuma logo, mas, depois que toma o vício, nunca mais se sente só.


ANNA VERONICA MAUTNER , psicanalista da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo, é autora de ‘Cotidiano nas Entrelinhas’ (ed. Ágora)’


 


 


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O Estado de S. Paulo


Quinta-feira, 8 de maio de 2008


PROPAGANDA
Christiane Samarco e Marcelo de Moraes


Com propaganda do PAC, Dilma sepulta crise do dossiê no Senado


‘A oposição não conseguiu provar que o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) é só uma peça de propaganda e a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, desinflou a crise do dossiê das contas do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Durante seu depoimento na Comissão de Infra-Estrutura do Senado, ontem, Dilma nem precisou da blindagem que a bancada governista montou para protegê-la dos possíveis ataques da oposição.


A oposição também não conseguiu explorar as versões contraditórias do Palácio do Planalto sobre o dossiê e ouviu sem réplicas contundentes as explicações sobre o PAC. Por conta disso, o desempenho de Dilma foi comemorado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.


Uma pergunta do senador Agripino Maia (DEM-RN), logo no início da sessão, facilitou tudo para a ministra (leia mais nesta página). Agripino disse que Dilma mentiu, sob tortura, durante o regime militar, e poderia, por isso, estar mentindo agora sobre o dossiê. O senador provocou reações até fora do Congresso. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) acusou Agripino de fazer uma ‘insinuação infeliz’. Em nota oficial, o presidente da entidade, César Britto, disse: ‘Na ditadura, a mentira era um direito de resistência inerente a todo cidadão, que não pode ser obrigado a se auto-acusar, ainda mais quando ameaçado de tortura ou de morte’.


No Planalto, com duas horas de depoimento, os assessores mais próximos do presidente já avaliavam que Dilma ganhara ‘o primeiro round’. ‘Ela saiu dessa sessão maior do que entrou’, afirmou o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR). No fim, foi ainda mais enfático : ‘A oposição sai daqui com uma dor de cabeça, um candidato governista a mais para 2010’.


‘Batendo nela, a oposição fez a ministra passar de 2% para 8% nas pesquisas para presidente. Depois dessa sessão, deve ter pulado para uns 12%. Já deve ter passado o Aécio Neves’, ironizou o senador Renato Casagrande (PSB-ES), vice-líder do bloco de apoio ao governo.


Dilma vinha resistindo a comparecer ao Congresso para explicar a montagem do dossiê por conta do desgaste que o assunto produzia na sua imagem pública. Principal pré-candidata do governo à sucessão de Lula, Dilma temia que a exposição às críticas da oposição tirasse seu nome da corrida presidencial.


O bom desempenho na audiência de ontem, entretanto, fortaleceu a ministra, como avaliavam abertamente seus aliados. ‘Ela acertou em tudo, até na cor’, comentou a líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC), ao chamar a atenção para o terninho verde que a ministra havia escolhido.


PONTUAL


Dilma chegou pontualmente às 10 horas ao gabinete do presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), e teve de esperar pelo anfitrião, que chegou logo em seguida e fez questão de acompanhá-la até a sala da comissão.


Ao longo da caminhada de cerca de 80 metros, a ministra ficou cercada por seguranças, líderes governistas e de partidos aliados e petistas de vários Estados. Mas, para espanto geral, sem atropelos. Sorridente, comentou que a cena da qual fazia parte mais parecia uma ‘cerimônia de casamento’. Logo atrás, o líder do governo na Câmara, Henrique Fontana (PT-RS), apostava que a ministra daria ‘um show’ em seu depoimento.


Dentro do plenário da comissão, Dilma também teve platéia vip. Garibaldi fez questão de ficar sentado a seu lado durante toda a primeira parte da sessão. Mais tarde, para não interromper o depoimento, adiou a realização da ordem do dia do Senado para a manhã seguinte. Acompanhando a fala da ministra, aliados como Renan Calheiros (PMDB-AL) e Roseana Sarney (PMDB-MA).


O senador Wellington Salgado (PMDB-MG) foi além na demonstração de seu apreço pela ministra. Quis homenageá-la, como ‘mãe do PAC’, entregando um presente pela senadora Ideli, dizendo que era pelo Dia das Mães, comemorado no próximo domingo. A oposição implicou com o mimo, dizendo que o código de ética dos servidores proíbe o recebimento de presentes de valor superior a R$ 100.


Wellington pediu, então, a caixa de volta e não entregou o presente, um pingente de ouro com o formato do Brasil. Naquela altura, porém, Dilma já nem precisava de agrados para deixar o Senado satisfeita.’


 


Felipe Werneck


Para FHC, PAC é ‘plano de aceleração da comunicação’


‘O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem, na Associação Comercial do Rio, que o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) ‘virou um plano de aceleração da comunicação’. ‘Por enquanto, só vejo o presidente Lula fazendo inaugurações do PAC. Hoje mesmo estava vendo os dados a respeito do investimento efetivo, e nada. Virou um plano de aceleração da comunicação.’


Após criar o trocadilho e afirmar que Lula ‘está no papel dele, está fazendo campanha’, FHC disse que não havia criticado seu sucessor. ‘Se não é eleitoral é o quê? Não sei. Mas não o estou criticando por isso, não, cada um tem o seu estilo.’ Sobre o caso do dossiê com dados de seu governo, disse ser um ‘factóide’. ‘A questão principal é outra: houve ou não desvio de recursos ou mau uso de recurso com os cartões?’. Para FHC, a discussão sobre quem vazou o documento só serve para desviar o assunto.’


 


TECNOLOGIA
Renato Cruz


Dona da Claro fecha acordo com a Apple para trazer iPhone


‘A mexicana América Móvil, dona da Claro, anunciou ontem um acordo com a Apple para lançar o iPhone na América Latina, incluindo o Brasil, ainda este ano. O telefone celular ainda não é comercializado oficialmente no País, apesar de ser vendido até em lojas da Rua Santa Ifigênia, no centro de São Paulo. As duas empresas não divulgaram a data de lançamento ou o preço no Brasil.


‘Estamos muito animados em lançar o iPhone na América Latina ainda este ano’, disse Jennifer Bowcock, porta-voz da Apple, por telefone, sem acrescentar mais detalhes sobre o anúncio. Para o analista Júlio Puschel, da consultoria The Yankee Group, o aparelho pode oferecer uma vantagem competitiva grande no Brasil. ‘Principalmente se vier com um custo mais acessível do que pelas vias não-oficiais’, acrescentou. Isso pode acontecer por causa da política agressiva de subsídios para os clientes de celulares pós-pagos.


Um iPhone com memória de 8 gigabytes pode custar hoje, sem a distribuição oficial, R$ 1,7 mil no Brasil. Nos Estados Unidos, sai por US$ 300 (R$ 510). Havia especulação de que a Telefónica, que tem metade da Vivo, traria o iPhone para o País. No Reino Unido, o aparelho foi lançado pela O2, que pertence à operadora espanhola.


A América Móvil, do bilionário mexicano Carlos Slim Helú, tem 159 milhões de clientes na América Latina, o que faz dela a maior operadora da região. A Telefónica está em segundo lugar, com 102 milhões. ‘O Brasil deve ser um dos primeiros países da América Latina a receber o iPhone, por causa do ambiente competitivo que existe aqui’, disse o analista da Yankee Group. ‘A Telefónica está nas duas maiores operadoras, com a possibilidade até de fusão entre elas, e a Claro tem de estar preparada para esse cenário.’


Além de 50% da Vivo, a Telefónica possui uma participação no controle da Telecom Italia, dona da TIM. A Vivo é a maior operadora celular do País, com 38,3 milhões de clientes, seguida da TIM (32,5 milhões) e da Claro (31,1 milhões).


NAVEGAÇÃO


O iPhone teve um grande impacto no mercado mundial de telefonia móvel, pela facilidade que trouxe para o uso de serviços avançados, como a navegação na internet. Recursos como a tela multitoque foram copiados por outros fabricantes. Somente no primeiro semestre, foram vendidos 1,7 milhão de iPhones no mundo. A empresa espera vender 10 milhões de unidades este ano.


A expectativa é que a Apple lance no próximo mês uma versão do iPhone que funcione em redes de telefonia celular de terceira geração (3G), que permitem o acesso à internet rápida no aparelho. Os modelos atuais são de segunda geração. A Claro lançou seu serviço 3G em novembro do ano passado. ‘Com o 3G, o lançamento do iPhone ficará mais coerente’, disse Puschel. ‘Ele pode fazer com que as pessoas usem os serviços de 3G como conseqüência da compra do aparelho.’


A Apple tem contratos de exclusividade com a 02, na Inglaterra e na Irlanda; com a T-Mobile, na Alemanha e na Áustria; e com a Orange, na França. A Apple normalmente recebe 10% do faturamento da operadora com o tráfego gerado pelos iPhones, oferecendo em troca dois anos de exclusividade. Na Itália, ela anunciou acordos não-exclusivos com a Vodafone, maior operadora da Europa, e a Telecom Italia, a maior do País. A Vodafone também vai vender o aparelho em outros nove países, que incluem a Índia e a Austrália. Segundo estimativa da RBC Capital Markets, a Apple deve vender 14 milhões de iPhones este ano e 24 milhões em 2009.


MOBILIDADE


10 milhões é a expectativa da Apple para a venda de iPhones neste ano em todo o mundo


1,7 milhão de aparelhos foram vendidos pela empresa no primeiro trimestre deste ano


31,1 milhões são os clientes da Claro, terceira maior operadora de telefonia móvel do País


159 milhões são os assinantes da América Móvel, dona da Claro, na América Latina, o que faz dela a maior operadora da região’


 


CINEMA
Franthiesco Ballerini


Valores familiares passam correndo por Speed Racer


‘Distantes da direção desde o fim da bilionária trilogia Matrix, os irmãos Wachowski voltam à cena no comando da adaptação do clássico desenho dos anos 60, Speed Racer, que tem estréia mundial amanhã. A produção de US$ 100 milhões, que chega a cerca de 550 salas do Brasil, foi feita quase inteiramente diante de uma tela verde num estúdio em Berlim. ‘Os diretores sabiam o que queriam, mas a gente custava a entender, pois tudo foi acrescentado depois no computador. Meu papel era o mais chato de todos, mas me diverti em Berlim’, disse ao Estado Susan Sarandon (a mãe de Speed Racer) no lançamento do filme, em Los Angeles.


O elenco praticamente só viu o resultado de suas atuações na apresentação para a imprensa. Ficaram surpresos com a viagem artística dos irmãos Wachowski, que vai além do experimentalismo visual de Matrix. Em Speed Racer, o colorido é retrô-futurista, como um parque de diversão. ‘É para parecer quase uma animação’, diz o produtor Joel Silver.


Os carros do desenho foram modernizados e as pistas de corrida incluem de geleira a desertos, nas quais os carros voam. Algumas seqüências duram mais de cinco minutos, com carros saltando e explodindo. ‘Eu ficava cerca de duas horas dentro do protótipo do carro para rodar as cenas e usava a raiva de ficar lá preso a favor do personagem, fazendo cara de mau’, conta Emile Hirsch, o Speed Racer, que tentou trabalhar com os irmãos em Matrix, mas não passou no teste e agora tem contrato para mais duas seqüências de Speed Racer, que dependem do sucesso de bilheteria para serem feitos.


Criado nos anos 60 pelo cartunista japonês Tatsuo Yoshida, Speed Racer (Mifune em japonês) é a história de um garoto (Speed Racer) que participa de corridas audazes, nas quais os concorrentes tentam sempre jogar sujo. Sua sorte é ser dono de um carro, o Mach 5, criado pelo pai, cheios de defesas contra os inimigos, como rajadas de fogo, bolas de aço e molas propulsoras, além de um motor incrível.


A intenção dos Wachowski foi acrescentar uma trama família ao cartum. Rex Racer (Scott Porter) é um lendário piloto, filho de pais que constroem carros de corrida (Susan Sarandon e John Goodman). Tido como morto num acidente, ele vira ídolo do irmão mais novo, Speed Racer (Emile), que herdou o talento para corridas. No elenco, Christina Ricci vive Trixie, a namoradinha de Speed, e Matthew Fox – o Jack da série Lost – é Racer X, lendário corredor que carrega um mistério. ‘Os irmãos viajaram o mundo captando imagens de prédios e paisagens naturais para o filme. O visual e os valores familiares eram as duas maiores preocupações deles’, conta o ator John Goodman.


Alguns espectadores não vão notar – pois o logo da empresa passa tão rápido quanto os carros -, mas a Petrobrás aparece no filme. Trata-se de uma parceria entre a estatal brasileira e os produtores, na qual a Petrobrás investiu R$ 1 milhão na divulgação do filme no Brasil. Em troca, aparece em duas cenas que duram, no total, três segundos (leia ao lado entrevista com Joel Silver). ‘A exibição está compatível com o volume investido. A presença da Petrobrás está pulverizada em diversas ações e o filme é uma parte delas’, defende Luís Antônio Vargas, gerente de Publicidade da empresa.


Os Wachowski fizeram também parcerias com outras empresas mundiais ligadas a carros, como a japonesa Yokohama. Ficaram satisfeitos com o resultado, mas isso a imprensa só consegue saber por produtores como Joel Silver, já que eles não dão mais entrevista desde Matrix.


O sumiço dos irmãos pode ter relação com comentários de que Larry Wachowski seria, hoje, Lana Wachowski. Segundo imagens na internet, Larry teria feito cirurgia para mudar de sexo. Não é a primeira vez que provocam polêmica. Em 2002, Larry se casou com Karin Winslow, uma dominatrix profissional, (mulheres que dominam homens por meio de fantasias sexuais). Elenco e produtores negam a cirurgia. ‘Dar entrevista é a parte do filme que eles não gostam. Kubrick também não gostava. Mas eles ligam o tempo inteiro para saber se a divulgação está dando certo’, diz Joel Silver. Para um filme-família, é melhor mesmo essas polêmicas ficarem lá para trás na corrida pelos milhões de espectadores.’


 


 


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