Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Circunflexo em solução

O país decretou seu mais novo inimigo público e nessa guerra existem dois combatentes divididos em pelotões de infantaria terrestre, máquinas de destruição em massa e bases-satélites distribuidoras de informações sigilosas. Estou descrevendo apenas o lado mais forte envolvido na história, apesar de ultimamente acreditar nas estratégias inteligentes do inimigo – por este sobreviver durante tanto tempo a esse confronto linha-dura.

Minha analogia se baseia no caso assombroso que gira em torno do assassinato da menina Isabella. Seria inaceitável se os jornais tratassem disso com simplicidade; seria anormal deixá-lo de lado publicando apenas uma notinha nas capas dos principais veículos impressos do país. Isto porque, infelizmente, é natural ter uma população que assiste a esse fato e se cala em frente à televisão. Assim como em toda teledramaturgia brasileira, a opinião geral prejulgou, crucificou e buscou na mídia sua mais forte aliança.

A verdade assustaria qualquer ser humano. Isso já era previsto pelos agentes de comunicação e tal alarde, com certeza, renderia inúmeras matérias jornalísticas, todas manipuladas para se gerar cada vez mais audiência, é claro. Conseqüentemente, criou-se um estado de inconformismo, revoltando tanto as pessoas informadas quanto aquelas desinformadas. E, por fim, tivemos inúmeras análises descabidas ou desconexas.

Desmoralização social

O senso geral foi deturpado sem o menor pudor, todos resolveram mostrar as caras desvairadas de sentido próprio, cada qual registrando a ‘sua interpretação’ do assunto. Pessoas explanando aos murmúrios relativos, interjeições e provérbios; prevalecendo verdadeiramente a indignação, porém sem faltarem especulações sobre cada novo indício. O circo já fora armado e, mesmo sendo necessária extrema paciência, a fim de se manter a cautela por parte dos órgãos oficiais da justiça, estes deixaram se envolver com os noticiários, completando o espetáculo.

Não podemos nos deixar influenciar pela mídia, ou ser pressionados pela massa sedenta de críticas ao outro, pois nos forçarmos a um ato banal é ser adverso à forma real da situação. Digo uma expressão do tipo ‘queimar a língua’, pois isso tudo nos ridiculariza a tal ponto que nos torna ignorantes perante a informação mediada. Nós, telespectadores, entendemos por intermédio dos jornais quem são os atuais culpados pela desmoralização social do Brasil. Resta, enfim, saber quem estaria falando a verdade?

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Estudante de Jornalismo da FACHA, Rio de Janeiro, RJ