A cultura e a sociedade são amplamente perceptíveis nas histórias em quadrinhos. Produto típico da cultura jornalística, os quadrinhos ensaiam, com seus protagonistas e coadjuvantes, representações e imitação do real. Estes detalhes são, sem dúvida, um dos pontos mais intrigantes das páginas das HQ, ou seja, dos velhos conhecidos gibis.
Nas páginas ilustradas, os personagens traçam e criam personalidades e buscam, acima de tudo, convencer seu leitor da veracidade do enredo. Nas ilustrações, a sociedade e os indivíduos transitam em diferentes cores, falas, pensamentos, expressão facial e desejos. Numa tentativa de imitar a vida como ela é, ou deveria ser.
Os desenhos propõem a interpretação e a convivência com fatores culturais e sociais de diferentes realidades. As reflexões nem sempre ocorrem de forma direta. Sendo assim, direta ou indiretamente os desenhistas e roteiristas das HQ buscam na vivência de comunidades a inspiração para a construção de suas narrativas em quadrinhos. Em outros momentos, lançam para essa comunidade de leitores influências e culturas de outros lugares, como é o caso dos mangás – histórias em quadrinhos japonesas –, revistas que destinam um considerável espaço à cultura oriental. Desvendando mitos, ritos e crenças.
Leitura não convencional
Numa terceira perspectiva, as HQ entrelaçam o local com o global. São as histórias em quadrinhos universais exportadas para diferentes países do mundo. Estas histórias sofrem apenas algumas alterações, sejam editoriais, comerciais ou ainda culturais, para ingresso nas diferentes partes do planeta terra.
As linguagens dos quadrinhos estão muitas vezes ligadas à linha editorial do veículo. Talvez o jornal Folha de S. Paulo seja o que mais trabalha com os temas complexos de forma escancarada e direta. Refletindo sexo, violência, caos, entre outros assuntos que intrigam a sociedade.
Uma sugestão para os jornais, entre tantas outras que surgem cotidianamente, seria explorar ainda mais a linguagem das histórias em quadrinhos – tiras, charges, cartuns –, forma que possibilita uma leitura não convencional de diferentes complexidades do homem e seu meio.
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Jornalista, pós-graduando em Linguagem, Cultura e Ensino na Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Foz do Iguaçu, PR