Leia abaixo a seleção de terça-feira para a seção Entre Aspas. ************
Terça-feira, 2 de outubro de 2007
RECORD vs. GLOBO
Record acusa Globo de ‘operação covarde’
‘Em editorial lido ontem no ‘Jornal da Record’, a Record atacou a Globo, acusando-a de ter feito ‘uma operação covarde e leviana para impedir o sucesso do lançamento da Record News’, com a presença do presidente Lula, na última quinta.
A Record disse que a Globo sempre operou no ‘subterrâneo do poder constituído’ e que já usou ‘o Brasil e os brasileiros para os seus interesses mais vis’, citando ‘a falsificação de documentos cometida pela família Marinho na época da compra da TV Globo de São Paulo’, alvo de um processo que corre na Justiça do Rio.
Segundo a Record, o editorial foi uma resposta à ‘pressão desesperada’ que a Globo fez nos bastidores, na semana passada, para sensibilizar ministros de que a Record News é uma operação ilegal, já que a Record tem dois canais abertos na cidade de São Paulo.
O editorial citou texto publicado no blog do jornalista Josias de Souza, na Folha Online. Souza informava que Evandro Guimarães, vice-presidente de relações institucionais das Organizações Globo, procurou o ministro das Comunicações, Hélio Costa, e se queixou da duplicidade de canais da Record na capital. A assessoria do ministro confirma que ele recebeu queixas de Guimarães e que sugeriu ‘ajustes’ à Record News, mas nega ter agido nos bastidores em prol da Globo.
A Record negou que a Record News seja irregular. A legislação proíbe uma mesma pessoa ou entidade de explorar ‘mais de uma outorga do mesmo tipo de serviço de radiodifusão na mesma localidade’. A Record diz que a TV Record de São Paulo é do bispo Edir Macedo, mas a Rede Mulher, nome oficial da Record News, não.
Outro lado
Ontem à noite, a Central Globo de Comunicação enviou uma nota à imprensa na qual definiu como ‘calúnias requentadas; todas já desmoralizadas pela Justiça’ as acusações da Record. ‘Esse ataque leviano não chega a ser surpreendente: é de se esperar que um grupo que lucra pela manipulação de fé religiosa queira também manipular a opinião pública.’’
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Lula inaugurou emissora ilegal, diz ONG
‘Apresentado ao lado do presidente Lula como dono da Record News, em cerimônia na última quinta-feira, o bispo Edir Macedo não aparece entre os cotistas da Rede Mulher de Televisão, nome oficial do novo canal de notícias da Record.
A Rede Mulher tem seis sócios, todos de confiança de Macedo. Assim, dribla-se a legislação, que impede que uma pessoa tenha mais de cinco concessões _o bispo é formalmente dono de cinco TVs Record.
Em texto publicado no portal ‘Observatório do Direito à Comunicação’, a ONG Intervozes, que atua na fiscalização de concessões, diz que Lula inaugurou uma emissora ‘ilegal’.
A ONG afirma que a Record transformou uma retransmissora da Rede Mulher, o canal 42 de São Paulo, em geradora. A concessão da Rede Mulher fica em Araraquara (SP), mas toda a programação é produzida em São Paulo. Dessa forma, aponta a ONG, a Record acaba tendo duas concessões na mesma cidade (São Paulo), o que é ilegal.
A Record afirma que a operação Record News é legal. Diz que Edir Macedo é dono da TV Record, que atua como ‘fornecedora’ de programação (Record News) para a Rede Mulher. Afirma também que apenas o centro de produção fica em São Paulo: o sinal é enviado para Araraquara e depois reenviado, via satélite, para SP.
Procurado desde sexta-feira, o Ministério das Comunicações não se manifestou.
RANKING 1 A Band foi a emissora que mais cresceu em setembro. Em relação ao mesmo mês de 2006, aumentou sua audiência na Grande SP em 40%, de 2,0 para 2,8 pontos, na média diária (7h/24h). A Globo fechou com 18 pontos (-11%), seguida de longe pela Record, com 7,0 (+25%), e SBT, com 5,9 (-19%).
RANKING 2 Na média acumulada de 2007 (de janeiro a setembro, comparada com o mesmo período de 2006), a líder de crescimento é a Record, com 18% de alta. O SBT acumula queda de 15%, e a Globo, de 11%.
SACOLA Silvio Santos está de viagem marcada para Cannes. Vai às compras na Mipcom, uma das maiores feiras de TV do mundo, que começa segunda-feira.
BALANÇO A TV paga brasileira fechou o primeiro semestre com 4.895.502 assinantes, divulgou ontem a PTS – Pay TV Survey, empresa que monitora o mercado. O crescimento foi de 3% no segundo trimestre.
CONFIRMADO ‘Paraíso Tropical’ teve média geral (do primeiro ao último capítulo) de 42,8 pontos e se confirmou como a segunda pior novela no Ibope na década (só ganha de ‘Esperança’). Com 54,7, seu último capítulo foi um pouco melhor do que o derradeiro de ‘Páginas’ (54,4).
MALDADE Piada de ontem na Globo: o que será do ‘Fantástico’, agora que ‘Paraíso Tropical’ acabou? Suas últimas edições tiveram reportagens sobre a novela. A de anteontem deu 23,9 pontos.’
MÍDIA & POLÍTICA
Ministros de Lula intensificam discursos otimistas na TV e no rádio
‘Ministros do governo Lula se utilizaram sete vezes nos últimos dois meses de tempo em cadeia nacional de rádio e TV para capitalizar os próprios feitos, em pronunciamentos que nem sempre trouxeram novidades ou trataram de temas de ‘relevante importância’ para a nação. Até a ‘semana do peixe’ ganhou espaço, na fala do secretário de Aqüicultura e Pesca, Altemir Gregolin. Ontem foi a vez da ministra Marta Suplicy (Turismo) estimular os brasileiros a viajarem mais pelo país.
‘O lazer é um direito e uma necessidade para o ser humano’, discursou Marta, que enalteceu números da economia sem ligação com o Turismo.
Desde a última reunião ministerial, em 30 de agosto, quando foi feita a avaliação de que o governo estava caminhando para o seu melhor momento e que era preciso externar tais feitos, cinco ministros já levaram mensagens otimistas à população.
Neste ano, o primeiro escalão do governo já fez 12 pronunciamentos em cadeia nacional. O número se assemelha ao de anos anteriores e é menor do que a maioria dos registrados no governo FHC.
Segundo a Secretaria de Comunicação do Planalto, os pronunciamentos dos ministros não obedecem a nenhuma orientação de Lula, que só os autoriza a utilizar o expediente. Também diz que os discursos tratam de serviços de utilidade pública e de relevância nacional, e que são feitos com ‘parcimônia’. ‘Os números são inferiores à média histórica dos últimos governos. Não vejo motivo para espanto’, afirmou o ministro Franklin Martins.
O último decreto que regula o uso de cadeia nacional de rádio e TV pelo governo é de 1979. Diz que ‘na preservação da ordem pública e da segurança nacional ou no interesse da administração, as emissoras de radiodifusão poderão ser convocadas para, gratuitamente, formarem ou integrarem redes, visando à divulgação de assuntos de relevante importância’. Ministros podem utilizar o serviço com autorização do presidente.
Pescado
Um dia após a reunião ministerial, o ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional) foi à TV e ao rádio para falar da transposição do rio São Francisco. ‘Começa a virar realidade um dos maiores projetos sociais da história do Brasil’, anunciou, para então defender e explicar a obra.
Um dos destaques, no entanto, foi no último dia 24, quando os brasileiros foram apresentados à ‘Semana da Pesca’, campanha do governo para incentivar o consumo de pescado. Gregolin ensinou: ‘O peixe é um alimento saudável, rico em proteínas e sais minerais. Significa mais saúde e qualidade de vida para as pessoas’. E pediu: ‘Na Semana do Peixe e em todas as semanas do ano, acrescente o pescado às suas refeições’.
José Gomes Temporão (Saúde) foi o que mais vezes falou desde o início do ano – foram três pronunciamentos, o último para falar sobre a campanha de vacinação contra a pólio. No governo FHC, ministros da Saúde também encabeçam o ranking de pronunciamentos.’
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Casa Civil paga R$ 4 mil a ex da Radiobrás
‘Cinco meses após deixar a presidência da Radiobrás, estatal de radiodifusão do governo, o jornalista Eugênio Bucci foi contratado pela Presidência da República como palestrante de seminário sobre a imprensa, realizado ontem à noite em Brasília. A contratação foi por ‘notório saber’, o que significa que houve dispensa de licitação.
Bucci afirmou à Folha que está completamente desligado do governo e que agora se dedica a escrever artigos e a dar palestras. Ele diz que não tem relações pessoais ou profissionais com os diretores da Imprensa Nacional, apesar de os dois órgãos pertencerem à Presidência da República. ‘Eu comecei agora a dar palestras remuneradas. Fiquei quatro meses numa quarentena voluntária’, afirmou Bucci.
Ele receberá R$ 4.000 para dar a palestra no ciclo comemorativo aos 200 anos da Imprensa Nacional, órgão da Casa Civil. Outros quatro especialistas chamados para o debate receberão R$ 1.000.
Os palestrantes, segundo o diretor-geral da Imprensa Nacional, Fernando Tolentino de Sousa, foram escolhidos por uma comissão de servidores.’
TODA MÍDIA
Jean Charles
‘Um ano do acidente da Gol e os dois pilotos americanos do Legacy não voltam mais. Mais de dois anos da morte de Jean Charles de Menezes e, ontem em destaque nos sites de ‘Guardian’, ‘Telegraph’, ‘Times’ e outros londrinos, o enunciado da abertura do julgamento do caso era para a acusação de ‘erro chocante e catastrófico’ da polícia inglesa. É só tirar os adjetivos e sobra ‘erro’, não crime nem, provavelmente, punição. Daí o irmão de Jean Charles dizer à Folha Online que acompanha o julgamento, sim, mas hoje ‘com pouca esperança’.
MCDONALD’S REAGE
Depois dos Brics, ontem foi Wall Street. O índice ‘Dow nunca chegou tão alto’, dizia o site MarketWatch, que monitora mercados, ligado ao ‘Wall Street Journal’. A explicação é singela: os investidores já têm uma melhor idéia dos estragos da crise de crédito imobiliário e podem atuar com segurança. Foi o aniversário do ‘crash de 87’ nos EUA -e a ação mais valorizada foi do McDonald’s.
NOVO VELHO FMI
O francês agora diretor do FMI deu longa entrevista ao ‘Le Monde’ e depois coletiva, nos sites de ‘Financial Times’, ‘WSJ’, para sublinhar a mudança nas ‘forças geopolíticas’ do mundo, para sugerir mais poder para China, Índia, Brasil, África do Sul e México no Fundo, para defender ‘mais multilateralismo’. E para avisar, no fim, que ‘ninguém pensa que os EUA vão ter a cota diminuída’ no FMI.
… E AS MIGALHAS
Mas a notícia no ‘FT’ era que a ‘troika’ do G20 formada pelos emergentes Brasil, África do Sul e Austrália chegou a uma proposta ‘flexível’ de reforma do Fundo. O relatório propõe elevar em 12,5% o capital, o que resultaria em, no máximo, 3% de maior peso aos emergentes na entidade.
No mesmo ‘FT’, o ministro russo das finanças bradava que ‘A era dos impérios acabou para Bretton Woods’.
PETROBRAS + PDVSA
Da ‘Gazeta Mercantil’ aos sites do ‘WSJ’ e da ‘Veja’, além de argentinos diversos, o maior destaque de energia na região é voltado ao confronto que se avizinha entre a Petrobras e a venezuelana PdVSA, em disputa pela Esso na América do Sul -a começar dos bens na Argentina.
Já o site Relatório Reservado diz que o conflito regional é ‘superficial’ e o que está em jogo é ‘uma incandescente possibilidade de parceria entre as duas companhias para aquisições conjuntas no exterior, sobretudo em países centrais’. Começou no encontro de Lula e Hugo Chávez, em Manaus, com uma pergunta do venezuelano: ‘Quando nós vamos começar a comprar empresas mundo afora?’.
BRASIL VS. EUA
Em destaque na busca de notícias de Brasil e nos sites de ‘New York Times’, ‘Washington Post’ e outros, a notícia de que um relatório nos EUA avaliou que o questionamento brasileiro aos subsídios americanos, na Organização Mundial de Comércio, ‘poderia mostrar que os Estados Unidos excederam os limites da OMC em pelo menos quatro anos’. O alvo é a proteção americana a seus fazendeiros, inclusive para etanol.
NOS CANAVIAIS
E a agência Bloomberg abriu nova frente de combate ao etanol de cana, logo seguida pela AP. Reproduzida em diversos sites a partir do fim de semana, o longo despacho diz, desde São Paulo, que os ‘Cortadores de cana do Brasil pagam o preço pelo combustível mais limpo’. É um trabalho que afeta ‘as costas e é perigoso’, causa ‘desidratação e exaustão’. Desta vez, nada sobre o trabalho escravo em usinas do Norte e do Nordeste.
‘MUDE’
Sob ataque em várias frentes nos EUA, os biocombustíveis estão na capa da ‘Wired’ como o remédio para ‘o nosso vício por petróleo’. Celulose, não etanol. O destaque se explica em parte, inclusive com um texto, pelos altos investimentos dos jovens magnatas do Vale do Silício nas energias ditas ‘renováveis’.’
VENEZUELA
Venezuela empresta US$ 5 mi para criar TV pública do Equador
‘O presidente do Equador, Rafael Correa, negou ontem que a TV pública que pretende fundar no país terá influência de Hugo Chávez, apesar de a Venezuela ter sido responsável pelo empréstimo de US$ 5 milhões que comprará os equipamentos para o canal.
Segundo Correa, se os EUA tivessem oferecido dinheiro à empreitada, ele teria aceitado. ‘Diga ao presidente George W. Bush que me dê US$ 5 milhões que aceito com todo gosto’, ironizou.
Para o equatoriano, o canal público criará concorrência de qualidade e padrões éticos em relação aos meios privados. O plano é que a TV comece a transmitir no próximo mês.
Correa mantém relação tensa com os meios de comunicação, mas negou ontem que pretenda usar a Assembléia Constituinte, onde o governo deve ter maioria, para tentar ‘controlar a imprensa’.
Reiterou que a nova Carta deve criar instrumentos para coibir a relação ‘incestuosa’ entre o poder econômico e meios de comunicação.’
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CHÁVEZ LANÇA CD MUSICAL
‘‘Canciones de Siempre’ é o nome da mais nova empreitada midiática do presidente venezuelano Hugo Chávez. Trata-se de um CD lançado durante seu programa de TV, no último domingo. A obra, explicou entre risadas, é uma compilação de suas performances em comícios e programas de rádio e TV e é resultado de uma brincadeira de sua equipe de imprensa. Chávez não detalhou quais músicas estão no CD nem se ele será comercializado, a exemplo dos bonecos do presidente disponíveis no mercado.’
INTERNET
Tele prevê banda larga mais rápida
‘O presidente da Telefônica, Antônio Carlos Valente, disse que a empresa vai oferecer velocidade de transmissão de dados superior a 1 Mbps a 90% dos assinantes de telefonia fixa no Estado de São Paulo, a partir de 31 de dezembro. Atualmente, só 13% da rede da tele permite essa velocidade de transmissão. Sem detalhar valores, disse que os investimentos no projeto são de ‘centenas de milhões de reais’. (A repórter viajou a Florianópolis a convite do Futurecom)’
‘Financial Times’ liberará conteúdo gratuito na internet
‘O prestigioso jornal britânico ‘Financial Times’ afirmou ontem que abrirá parcialmente o seu conteúdo aos não-assinantes que acessam o jornal pela internet.
O site FT.com, braço virtual do diário, terá a partir de meados de outubro um sistema que permitirá a usuários a visualização gratuita de até 30 artigos e dados exclusivos por mês. A partir da 31ª leitura, o leitor será orientado a pagar uma assinatura pelo conteúdo.
A iniciativa segue linha adotada recentemente por alguns dos principais jornais do mundo. O americano ‘The New York Times’ anunciou no mês passado a liberação total de seu conteúdo impresso na internet, movido, segundo afirmou, pelo crescimento dos lucros da propaganda on line.
O próximo a seguir a linha deverá ser o ‘Wall Street Journal’, cujo novo proprietário, Rupert Murdoch, já disse estar estudando o fim da assinatura para leitura do jornal na internet.
O ‘Financial Times’ afirmou ontem em um artigo publicado na internet que ‘o inovador sistema de cobrança e a grande expansão do site alimentarão o debate sobre o modelo de negócios de jornais na internet’.
Hoje, a assinatura para acessar o conteúdo completo, além do arquivo do jornal, custa US$ 110 (cerca de R$ 200) por ano ou US$ 9,20 (cerca de R$16,6) por mês.’
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BBC compra Lonely Planet, dona de 500 títulos sobre viagens
‘A BBC comprou a editora australiana de guias de viagem Lonely Planet por um valor não revelado para ampliar seu alcance global, incorporar programas de viagem e reforçar sua divisão on-line. A BBC adquiriu a empresa de Tony e Maureen Wheeler, que a fundaram em 1972, e de John Singleton, acionista desde 1999.
A Lonely Planet desenvolveu um séquito de seguidores entre mochileiros e jovens viajantes com guias que davam dicas de turismo com pouco dinheiro. A empresa, cuja sede permanecerá em Melbourne, na Austrália, publica cerca de 500 títulos em inglês e ampliou sua abordagem para atrair turistas mais velhos e mais abastados.’
Paulo de Araujo
Celulares da Vivo terão acesso a busca do Yahoo!
‘A espanhola Telefónica e o grupo Yahoo! anunciaram ontem uma parceria para levar aos usuários de telefonia móvel o serviço de busca do Yahoo!.
O acordo, negociado a partir da Europa, abrange 15 países. Na América Latina, além do Brasil, serão contemplados Argentina, Uruguai, México e Venezuela, entre outros.
No Brasil, a parceria será operada por meio da Vivo (pertencente à Telefônica e à Portugal Telecom). A previsão é que, até o final do ano, o serviço do Yahoo! já esteja disponível nos aparelhos da Vivo que permitem acesso à internet. Ainda não há data exata para a entrada em operação.
A partir da ferramenta de busca, o usuário poderá encontrar notícias, imagens e previsão do tempo, utilizar o e-mail do Yahoo! ou compartilhar arquivos de foto, por exemplo.
‘É uma tecnologia criada especialmente para o usuário do celular, é mais eficiente, economiza espaço e aparece direto na tela de entrada’, disse à Folha Guilherme Ribenboim, presidente do Yahoo! Brasil.
Esse novo serviço não irá trazer custos adicionais aos usuários, segundo executivos das duas companhias. A remuneração das empresas virá do faturamento publicitário.
Aqueles que já possuem celulares da Vivo não terão de trocar de aparelho nem fazer adaptações. ‘Assim que o produto for lançado, o portal vai ser mudado automaticamente’, afirmou o diretor de produtos e serviços da Vivo, Alexandre Fernandes.
Outras parcerias
Em junho passado, o Yahoo! assinou parcerias com seis operadoras de telefonia móvel em países da Ásia para fornecimento de seu sistema de busca oneSearch.
Os serviços de internet para celular estão em crescimento graças ao surgimento de tecnologias capazes de tornar o acesso mais eficiente.
‘A publicidade vai até onde o usuário está. Por isso, é um mercado em expansão’, disse o presidente do Yahoo! Brasil. ‘Ainda não é tão comum, mas creio que está em em via de se tornar’, disse Ben Wood, da consultoria CCS Insight.’
BLOGOSFERA
Blogueiro com a cabeça no lugar
‘Se continuasse no Irã, Hossein Derakhshan estaria preso ou teria, literalmente, perdido a cabeça
SE A blogosfera fosse um balneário ensolarado, eu chamaria esse cara pra tomar um chope. E se o jornalista e blogueiro Hossein Derakhshan (aka Hoder) tivesse permanecido em Teerã, onde nasceu, estaria preso ou já teria, literalmente, perdido a cabeça.
Hoder tinha 27 anos e uma coluna diária sobre cultura e internet no jornal ‘Asr-e Azadegan’ (algo como ‘Tempo dos Livres’), quando, em 2000, o aiatolá Khamenei mandou fechar essa e outras 16 publicações, incluindo o ‘Jameah’ (‘Sociedade’), primeiro jornal reformista iraniano.
Pego de surpresa, como centenas de colegas jornalistas que ficaram desempregados da noite para o dia, mudou-se para Toronto, no Canadá.
O gosto por roupas modernas e cultura pop já seria suficiente para arranjar confusão em seu país de origem. Hoder aumentou os riscos recaindo no que os conservadores iranianos qualificam de ‘Insulto aos Profetas’, criticando o líder fundamentalista.
‘O presidente Mahmoud Ahmadinejad (eleito em 2005) é uma fraude e é uma marionete de Mesbah Yazdi, um clérigo radical que só ganhou poder após a morte de Khomeini. Se existe uma pessoa no Irã que o mundo devia temer é o aiatolá Mesbah Yazdi’, Hossein escreve em seu blog, Editor: Myself (http://hoder.com/weblog), ponto de partida de nossa troca de mensagens.
Hoder fez mais que reclamar. A repressão retomada por Khamenei em 2000 fez com que o debate político migrasse para o espaço virtual.
Com um empurrão significativo do blogueiro: ele provocou um levante reformista na web, movimentado principalmente por jovens, que passaram a mostrar em diários na rede uma nova face do Irã, abertamente insatisfeita com o regime.
Para não perder o vínculo com os leitores que deixara para trás, Hoder incentivou-os a fazer blogs. Criou alterações no Blogger.com que viabilizaram a publicação de textos em persa e disponibilizou na web um tutorial ensinando o be-á-bá dos blogs farsi, permitindo que pudessem trocar informações sobre tudo o que jovens em qualquer parte do mundo costumam gostar -e a ditadura teocrática iraniana reprime.
O relativo anonimato que caracteriza a ferramenta Blogger, no entanto, ainda não é suficiente para proteger quem a utiliza no Irã. A conseqüência pode ser cadeia e tortura.
Seu blog está fora do ar há dias -coisa incomum. Mas não vou pensar no pior.
Hoder costuma viajar para falar de tecnologia e alternativas ao regime iraniano vigente, a convite de universidades e governantes. Briga também contra a demonização do Irã pelos Estados Unidos.
Quem acompanha o blog sabe: num dia ele pode teclar de Toronto, na manhã seguinte de Londres, Berlim, Tunísia e até Israel.
Está na hora de uma universidade brasileira chamá-lo para uma palestra também. Finalmente pagaria ao Hoder os chopes devidos pelas aulas sobre o Irã e lhe mostraria nossa guerra particular.’
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O Estado de S. Paulo
Terça-feira, 2 de outubro de 2007
CASO RENAN
Os dividendos de um escândalo
‘Meses após as primeiras notícias de que poderia posar nua para uma revista masculina, a jornalista Mônica Veloso estampará a partir da semana que vem a capa da revista Playboy. A jornalista, que se tornou uma das principais personagens da crise que atinge há vários meses o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), foi fotografada por J.R. Duran e terá suas imagens publicadas na edição da revista que chega às bancas no dia 9.
Mesmo tendo sido apresentadora de um telejornal em Brasília, nos anos 90, Mônica ganhou destaque no noticiário nacional com o surgimento das primeiras denúncias contra Renan, no dia 25 de maio passado. Na época, a revista Veja publicava a informação de que o senador teria despesas pessoais pagas pelo lobista Claudio Gontijo, ligado à construtora Mendes Junior. Os gastos em questão incluiriam o pagamento de uma pensão alimentícia à filha de três anos que o senador teve com Mônica fora do casamento.
Pouco tempo depois, a própria jornalista declarou que tinha recebido dinheiro vivo das mãos de Gontijo. Apesar da tensão formada em torno do caso, Renan foi absolvido dessa acusação no plenário do Senado, por 40 votos a 35 e 6 abstenções.
Se por um lado o caso Renan esteve na origem do convite feito pela Playboy, Mônica indica que não pretende voltar ao assunto. Ela se dispôs a conceder uma entrevista coletiva na tarde de hoje, em São Paulo. Mas, no informe enviado às redações, a revista adiantou que ela falará exclusivamente sobre assuntos que estejam relacionados com o ensaio fotográfico.
Playboy, no entanto, aproveita a ligação de Mônica com Renan para alimentar as expectativas de seus leitores. Em seu site na internet, por exemplo, uma chamada com o texto Mônica Veloso, dia 2/10 no seu celular remete à notícia de que ela participará também de um chat online hoje, às 20 horas: ‘Participe pelo wap do seu celular e fale com ela, que foi do escândalo para a capa de Playboy!’
Na entrevista coletiva que será realizada hoje, a revista também promete liberar algumas das imagens de Mônica para divulgação.’
ECOS DA DITADURA
Indesejável polêmica
‘O meu artigo, neste conceituado matutino, A memória, a verdade e o destempero, de 4 de setembro passado, mereceu um outro artigo de críticas, do talentoso advogado Marcello Cerqueira, em 18 de setembro. Censurei um livro de antigos comunistas, lançado no Palácio do Planalto, presentes o presidente da República e sua ministra-chefe da Casa Civil, assim tomado pelos leitores como um documento praticamente oficial. Não li o livro porque achei que, se fosse lançado numa livraria qualquer, era de responsabilidade do editor, mas, sendo lançado como o foi, teve o respaldo oficial do governo, e esquecia os crimes dos terroristas. A verdade pode ser bifronte. Durante muito tempo mais, as verdades dos encarregados da contra-insurreiçao e a dos guerrilheiros, treinados na China (ainda ao tempo do governo Jango Goulart), na União Soviética e principalmente em Cuba, serão objeto de versões colidentes, a começar pelo cuidados esquecimento dos queixosos dos 200 combatentes que morreram, por vezes de maneira infame e hedionda, combatendo terroristas e guerrilheiros comunistas.
Cheguei a tentar, ao ler o bem escrito artigo contestador, reduzir a minha resposta a oito linhas de uma carta dirigida ao Fórum dos Leitores. Mas desisti porque, no dia seguinte ao artigo do advogado Cerqueira, o Estado publicou duas cartas me defendendo. Restavam as agressões envoltas no trato civilizado do advogado Marcello Cerqueira, o que me obriga a impedir que a palavra do contestador fique como irrespondível.
Nenhum dos meus argumentos contra o lançamento do livro de denúncias foi desmentido. Impossível desmentir-me quando asseverei que as comissões, criadas no governo Fernando Henrique Cardoso, foram constituídas de pessoas que nada tinham de isentas, como é imperativo aos juízes. Desnecessário falar das absurdas indenizações dadas aos esquerdistas, da luta armada ou não, a par do silêncio e do injusto esquecimento dos que foram mortos na luta contra os comunistas, já que todas as guerrilhas foram de comunistas que hoje se dizem defensores da democracia. Jamais defendi os excessos. Entendi, como entenderam os oposicionistas, entre os quais havia no Congresso juristas e advogados de renome como Marcello Cerqueira, que os crimes conexos eram os praticados contra os princípios da Convenção de Genebra, numa luta que se reconhecia como ‘suja’, sem quartel de ambos os lados, em que os terroristas, covardes, não corriam risco de morte, desde a bomba no aeroporto do Recife ao quartel do Exército em São Paulo, muito antes da edição do AI-5. Contam seus atentados em livro premiado em Cuba e um deles, pelo menos, ocupa ou ocupou posto na administração do então governador petista do Rio Grande do Sul. Despachos da resolução concedente de indenização, todos teciam loas aos comunistas. Promoções ilegítimas entendi como provocação aos vencedores, hoje pintados, todos, como réprobos. Uma de um capitão desertor, ladrão de armamento do seu quartel, assassino de vigilantes de bancos ou de segurança de embaixadores, a general para fins de proventos e cuja família, abandonada aos cuidados de Fidel Castro, recebeu milionária indenização. Claro que o advogado Cerqueira defende isso, mas tenho o direito de imaginar que os guerrilheiros e terroristas comunistas ganharam a luta armada e por isso recebem farto dinheiro público por seus atos e têm amparo oficial, como se estivéssemos num governo de comunistas, cultivando e premiando os vencidos como se vencedores tivessem sido.
Quem tiver conhecimento da eficiência dos comunistas mundiais, por meio de seu competente órgão de agitação e propaganda, sabe exatamente como eles buscam, e quase sempre conseguem, destruir os que lhes são ideologicamente contrários. Raymond Aron, pela expressão intelectual de um dos maiores escritores franceses do século 20, era acusado de ser de direita. Ele retrucava: ‘Os comunistas julgam que, quem comunista não, direita é.’ Como somos anticomunistas, vestem-me de direitista. Guardadas as proporções, Roberto Campos, excepcional pensador, escritor e de inteligência cintilante, foi cunhado como entreguista, o Bob Fields, conseqüentemente um traidor da Pátria. Em muito menores qualificações, homem de centro, sou apontado como direitista, logo, admirador de Mussolini e de Hitler. No artigo do advogado Cerqueira há um escorregão que tisna a sua indiscutível inteligência. Porque usei o verbo denegrir, referindo-me ao Exército injuriado, o advogado insinuou que sou racista, porque entendo denegrir como idêntico a negro e, pois, um termo preconceituoso. Ridículo, seria o mesmo que chamar de racistas os mestres da literatura que usaram o verbo denegrir como sujar uma pessoa ou uma reputação. Mas sem que em nada no meu artigo houvesse o culto da violência, e até dissesse que concordo com o direito que os familiares têm de enterrar seus entes queridos. O brilhante acusador relembra a frase de que não me arrependo, na sessão em que o Conselho de Segurança decidiu pelo AI-5. É constante a repetição parcial da minha intervenção, hoje disponível, ao vivo, na internet. Disse eu, em certa passagem: ‘A Vossa Excelência, senhor Presidente, como a mim lastimo enveredar pela ditadura (termo que foi contestado por outros ministros na ocasião), mas, se não tenho alternativa, às favas os escrúpulos de consciência.’ Por que escrúpulos de consciência? Porque entrei no golpe preventivo de 1964 para defender a democracia ameaçada e ia assinar um Ato que chamei de ditadura, na qual nunca prendi, sequer, uma pessoa, nem mesmo a que apunhalou pelas costas meu irmão mais velho, num sindicato.
Jamais sujei minhas mãos com o sangue dos meus inimigos e com o dinheiro havido desonradamente. Não tendo como atingir-me, apelam para denegrir-me como incestuoso e esquecem uma frase em que discordo da ditadura, mas me rendo a ela.
*Jarbas Passarinho, ex-presidente da Fundação Milton Campos, foi senador pelo Estado do Pará e ministro de Estado’
LÍNGUA PORTUGUESA
DF proíbe servidor de usar gerúndio
‘Demissão como essa é raríssima, se não inédita. Mas o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM), encheu-se de coragem e demitiu o gerúndio – isso mesmo, o tempo verbal que se tornou uma praga, principalmente no serviço público e nos serviços de call center – de todos os órgãos da administração pública da capital.
O inusitado decreto, que tem quatro linhas em quatro artigos, foi assinado pelo governador Arruda no dia 28, sexta-feira. Foi publicado ontem na página 19 do Diário Oficial do governo do Distrito Federal.
O decreto é claro logo em seu artigo primeiro: ‘Fica demitido o gerúndio de todos os órgãos do governo do Distrito Federal.’ E o artigo segundo do decreto continua firme no ataque ao tempo do verbo, ligando-o à deficiência verificada no serviço público: ‘Fica proibido a partir desta data o uso do gerúndio para desculpa de ineficiência.’
Curioso é que o texto seguiu o padrão de todos os decretos e estabeleceu, em seu artigo quarto, o lugar-comum ‘revogam-se as disposições em contrário’.
Não se tem notícia de que algum decreto anterior tenha obrigado o uso do gerúndio nas repartições do Distrito Federal.
O governador está em Nova York, em busca de verbas do Banco Mundial.
Informou, por intermédio de sua assessoria, que buscou fazer uma provocação e que a idéia é atacar a burocracia dos governos.
De uns tempos para cá – principalmente pela influência da língua inglesa, que o utiliza muito – a burocracia das repartições públicas e os funcionários de call center passaram a usar e a abusar do gerúndio, desgastando-o sobremaneira.
Não há quem não tenha ouvido nestes locais frases como ‘eu vou estar transferindo o senhor’, ‘nós vamos estar providenciando’, e assim por diante, sempre com muito exagero do uso do gerúndio.
O decreto de Arruda foi publicado numa página do Diário Oficial dedicada aos atos administrativos. Veio logo depois de um que altera outro decreto, de abril deste ano, que trata da limitação de empenho e de movimentação financeira, e estabelece a programação orçamentária e financeira e o cronograma mensal de desembolso, do Poder Executivo em 2007.
Não foi a primeira vez que Arruda tomou uma decisão polêmica. Em janeiro, para cortar gastos, reuniu todas as secretarias no antigo refeitório de um quartel da Polícia Militar e mandou derrubar as paredes que separavam as salas.’
VENEZUELA
Hollywood chavista amplia sua produção
‘The Washington Post – Guarenas, Venezuela – Com a intenção de promover uma revolução cultural, o governo venezuelano exigiu que as rádios toquem mais música nacional, promoveu a arte impregnada de entusiasmo revolucionário e publicou livros exaltando as transformações do país sob o comando de Hugo Chávez.
Agora, contrapondo-se ao que Chávez chama de ‘imperialismo cultural’ americano e aos filmes de Hollywood, o governo está mergulhando na indústria cinematográfica. A Venezuela inaugurou um estúdio de cinema de última geração, com roteiros que veneram a história do país e financiando filmes destinados a resgatar a produção de cinema do país.
‘Durante muitos anos, tivemos uma produção baixa, com um ou dois filmes por ano’, disse Lorena Almarza, diretora dos estúdios estatais, no local conhecido como Villa del Cine. ‘Então, chegou o governo bolivariano e a cultura tornou-se um direito constitucional, o que não existia antes.’
Chávez adora um bom filme, particularmente se o tema for político ou trouxer uma mensagem social mais ampla. Ele tem expressado sua admiração pelo filme de Clint Eastwood Sobre Meninos e Lobos e tornou-se amigo do astro de Máquina Mortífera, Danny Glover. A ponto de a Assembléia Nacional da Venezuela aprovar uma verba de US$ 17,8 milhões para bancar o filme de Glover sobre o revolucionário haitiano Toussaint L?Ouverture.
O vencedor do Oscar, Sean Penn, protagonista de Sobre Meninos e Lobos, e Kevin Spacey também estiveram com Chávez em Caracas. Numa visita na semana passada, Spacey disse que os estúdios financiados pelo Estado oferecem aos cineastas venezuelanos uma oportunidade de ‘fazer filmes sobre seu próprio país e sua própria cultura’. ‘Creio que todos os países deveriam fazer isso’, comentou Spacey na TV estatal.
Muitos dos projetos da Villa del Cine são claramente políticos e sintonizados com a imagem chavista da Venezuela como um democracia avançada combatendo o ‘imperialismo ianque’. Isso tem resultado em documentários sobre a exploração estrangeira da indústria petrolífera e a repressão estatal na década de 70, quando sucessivos governos venezuelanos mantiveram boas relações com Washington.
Mas o estúdio inaugurado há um ano em Guarenas, a leste de Caracas, pretende tornar-se conhecido por filmes de longa metragem que conjuguem política com arte.
Um deles é sobre um frio e calculista exilado cubano que assassina esquerdistas venezuelanos e explode um avião de passageiros – um filme baseado na vida do espião da CIA, Luis Posada Carriles, que vive em Miami e se diz inocente.’
MERCADO EDITORIAL
Richard Perez-Pena
Grandes jornais se concentram na qualidade da circulação
‘No momento em que o setor editorial jornalístico vem se queixando da queda da circulação, jornais de grande porte nos Estados Unidos mostram um comportamento surpreendente em relação a muitos leitores potenciais: não se preocupam.
Hoje os grandes jornais americanos vendem cerca de 10% menos exemplares do que em 2000 e, embora normalmente se acredite que a migração dos leitores para a internet é a responsável por esse declínio, grande parte dele é deliberado. Sobrecarregados com os custos de marketing e de entrega dos jornais e com a pressão dos anunciantes, muitos jornais decidiram que não vale a pena o gasto envolvido na busca, atendimento e manutenção de certos leitores.
‘É uma decisão comercial racional dos jornais se concentrarem mais na circulação em termos de qualidade do que quantidade, deixando de lado aqueles assinantes que custam mais e geram menos receita’, disse Colby Atwood, presidente da Borrell Associates, empresa de pesquisa de mídia. Essa decisão vem sendo estimulada, em parte, pelos anunciantes, que mudaram suas próprias atitudes no tocante à circulação.
Nos anos de prosperidade, ‘os anunciantes se mostravam mais bem dispostos a valorizar o leitor ocasional, o estudante, o leitor que não corresponde a um determinado perfil’, disse Jason E. Klein, diretor-executivo da Newspaper National Network, aliança de empresas de marketing. Mas os anunciantes ficaram mais sensíveis a custos e aprenderam como chegar a públicos mais voltados para a internet. Os patrocinadores de anúncios inseridos em jornais têm sido especialmente agressivos ao dizerem que certo tipo de distribuição simplesmente não vale a pena.
‘Os anunciantes procuram inundar a área num raio de 10 quilômetros de suas lojas ou inundar algumas caixas postais’, disse Klein. ‘Não estão interessados em atingir os leitores dispersos e não querem pagar por isso.’ Como resultado, os jornais reduziram drasticamente seus métodos tradicionais para conquistar clientes – publicidade, telemarketing e oferta de descontos promocionais. Essa estratégia sempre foi dispendiosa e ficou ainda mais cara com leis proibindo a propaganda por telefone e com o número crescente de pessoas que hoje possuem só telefone celular.
Um exemplo da nova abordagem está no Los Angeles Times, que perdeu mais circulação nesta década do que qualquer outro jornal – a circulação média caiu de 1,1 milhão para 800 mil exemplares. ‘Existe uma corrente de pensamento hoje segundo a qual você pára ativamente de vender e deixa que o público leitor encontre o seu nível natural’, disse Jack Klunder, vice-presidente sênior para a área de circulação do Los Angeles Times. ‘Não chegamos a esse ponto, mas estamos fazendo menos promoções, reconhecendo que um determinado número de pessoas nunca vai comprar o jornal, a longo prazo, e pelo seu valor integral, sem descontos’.
Há, claro, exceções. Por exemplo, os tablóides New York City, Daily News e New York Post, continuam a brigar para conseguir o maior número de leitores que puderem, apesar de muitos deles terem se afastado.’
WEBTV
Telefônica prepara rede para oferecer TV via internet
‘A Telefônica planeja aumentar a capacidade da sua rede de banda larga até o fim do ano, o que permitirá oferecer vídeo direto no televisor, com a tecnologia conhecida por IPTV (sigla em inglês para televisão via protocolo de internet). ‘Nós acreditamos muito na IPTV, mas não vamos utilizá-la nos próximos meses’, afirmou o presidente do Grupo Telefônica no Brasil, Antônio Carlos Valente. ‘Existem questões técnicas e regulatórias a serem resolvidas.’
Hoje, somente 13% da rede de banda larga da Telefônica tem velocidade de 1 Megabit por segundo (Mbps) ou mais. ‘Até o fim do ano, 90% da rede terá pelo menos 1 Mbps’, disse Valente. O diretor de Desenvolvimento de Negócios da Telefônica, Gilberto Sotto Mayor, explicou que, com a tecnologia atual, precisa de 2 Mbps a 2,5 Mbps para transmitir um canal com definição padrão, igual à da TV analógica. ‘Com os novos encoders (sistemas de conversão de sinal), vai cair para 1 Mbps a 1,5 Mbps.’
Valente preferiu não vincular a atualização da rede ao projeto de IPTV. ‘Não dá para fazer uma relação tão direta.’ Mas o fato é que, se resolvesse lançar o serviço hoje, só conseguiria atender uma parcela pequena de seus clientes. O investimento da operadora é de R$ 500 milhões em banda larga este ano. Na Espanha, a Telefônica tem 450 mil assinantes de IPTV, com um serviço chamado Imagenio.
O investimento da Telefônica pode ser visto como uma maneira de tentar proteger seus clientes mais rentáveis das investidas da NET, com pacotes que reúnem televisão, internet e telefonia. A velocidade mínima do serviço oferecido pela NET é de 2 Mbps.
Semana passada, a Brasil Telecom lançou o serviço de IPTV em Brasília. A empresa oferece somente vídeos sob demanda, que o usuário escolhe e assiste quando quiser. Tecnicamente, poderia oferecer canais, como no cabo ou no satélite, mas a legislação não permite que concessionárias de telefonia fixa local façam isso.
A Telefônica começou no domingo uma campanha do serviço de televisão por assinatura via satélite, chamado Telefônica TV Digital, apesar de oferecer o serviço desde agosto, no pacote Trio, que também inclui telefone e banda larga. Antes, a companhia não tinha os canais da Globosat e o canal aberto da Globo, que entraram no ar ontem. O Trio de TV saía por R$ 39,90. Com os novos canais, o pacote passa a custar R$ 79,90.
COBRANÇA
A Telefônica está proibida de cobrar o provedor de acesso no serviço de banda larga, por uma decisão tomada em agosto pelo juiz Marcelo Freiberger Zandavali. A empresa pretende recorrer. Um endereço de correio eletrônico e uma senha foram criados para os clientes se conectarem sem passar pelo provedor, mas a operadora passou a cobrar um ‘serviço de conectividade’ de R$ 8,70.
Empecilho: Para oferecer TV via internet, é preciso rede com pelo menos 1 megabit por segundo. Hoje, apenas 13% da rede da Telefônica tem essa capacidade
Expansão: O plano da empresa é chegar ao final do ano com 90% da rede com essa capacidade
IPTV DA TELEFÔNICA
Empecilho: Para oferecer TV via internet, é preciso rede com pelo menos 1 megabit por segundo. Hoje, apenas 13% da rede da Telefônica tem essa capacidade
Expansão: O plano da empresa é chegar ao final do ano com 90% da rede com essa capacidade’
PUBLICIDADE
Armínio Fraga é o novo sócio do grupo de Nizan Guanaes
‘O grupo ABC, nova denominação da holding YPY, do publicitário Nizan Guanaes, confirmou ontem que a Gávea Investimentos, do ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, é sua nova sócia. A participação da Gávea poderá chegar a 20%, informou o ABC. Além da Gávea, são acionistas da holding o Banco Icatu, João Augusto Valente e Nizan Guanaes. O comunicado do ABC não deixa claro se haverá mudança no controle da empresa, cujo maior acionista é Guanaes, e nem informa o valor da operação.
Em breve, segundo o grupo, o comando da holding será transferido para o Rio de Janeiro, com o restante da operação permanecendo em São Paulo. Atualmente, o ABC participa do capital de treze empresas. Em propaganda, as empresas são as agências Africa, DM9DDB, MPM e Loducca. Em conteúdo, são a N/Idéias, a Networks e a Stock Cars. E em branding – que inclui promoção, eventos, marketing em ponto-de-venda, marketing interativo, marketing direto e marketing esportivo – atuam as empresas B/Ferraz, NewStyle, Hello, Sunset, Reunion e Tudo.
O ABC planeja ainda abrir capital em 2009. De acordo com a assessoria de imprensa do grupo, o processo para a adoção de medidas de governança corporativa ganhou maior ênfase neste ano.’
TELEVISÃO
Zorra gera protestos
‘Um novo quadro do humorístico Zorra Total está causando problemas à Globo. A emissora recebeu uma carta de repúdio do Conselho Regional de Nutricionistas da 3ª Região, situado em São Paulo e Mato Grosso do Sul, contra a personagem Dra. Lorca, protagonizada no humorístico pela atriz Fabiana Karla (que é gordinha). O novo personagem, que estreou há duas semanas, faz uma sátira às nutricionistas e médicos de regime, recomendando o oposto do que seria o correto para uma boa alimentação aos seus pacientes.
Para o Conselho, ‘a personagem ridiculariza o nutricionista e sua atuação, além de difundir conceitos errôneos sobre alimentação saudável’.
No comunicado, os membros do Conselho de Nutrição afirmaram que ‘repudiam veementemente o quadro, que configura deboche por toda uma categoria profissional que se dedica ao cuidado e atenção à saúde e à boa alimentação’.
A categoria ainda questiona a responsabilidade social e a cidadania da Globo, ignorada pelo Zorra.
Procurada, a Assessoria de Imprensa da Globo não se manifestou sobre o assunto até o fechamento desta edição.
Recorde pirata
Assunto da vez, o cineasta e diretor de Tropa de Elite, José Padilha, e Rodrigo Pimentel, ex- capitão do Bope e co-roteirista do filme, conversaram com Marília Gabriela. No papo, que vai ao ar no dia 14, no GNT, o recorde de pirataria e a polêmica em torno do conteúdo.
Entre- linhas
A reprise do último capítulo de Paraíso Tropical sofreu mudanças em relação ao original, exibido na sexta. Percebeu-se, entre outras coisas, que faltou explicar que Bebel perdia o bebê quando fugia da polícia. Para sanar a falha, usou-se no sábado cena já gravada em diálogo entre Marión e Cláudio.
Para inserir cenas no capítulo de sábado, outros trechos foram decepados do final original de Paraíso. Uma das seqüências sacrificadas foi o diálogo entre Daniel Dantas e Beth Goulart. No capítulo de sábado, Heitor vai direto ao assunto sobre a morte de Jader (Chico Diaz).
No duelo do fim de semana entre Record e SBT, o Show do Tom anuncia que bateu a TV de Silvio Santos por 8 a 5 pontos de média no sábado, e por 13 a 11 de média no domingo.
Por falar no duelo SBT X Record, a TV de Edir Macedo enfim percebeu que leva desvantagem na madrugada, quando ainda exibe programas da Igreja.
Para driblar o ibope das séries vistas no SBT, a Record enxugará ainda mais os programas da Igreja na madrugada. A vaga deverá ser ocupada por séries produzidas pelo Discovery Channel.
E não é que o manjado ‘Ooooo, oooo’, de Amaury Jr., emplacou? O apresentador recebe esta semana prêmio pela venda de 50 mil cópias do CD.
Alvo constante das piadas de David Letterman, Oprah Winfrey o recebe em sua poltrona pela primeira vez. O canal GNT mostra a cena dia 8, às 20 h.’
Arnaldo Jabor
A consciência do mal no paraíso tropical
‘Já escrevi aqui e repito: Gilberto Braga é nosso Balzac eletrônico. Algumas de suas novelas trouxeram contribuições para a consciência da população, fato ignorado por pessoas que acham que a cultura de massas é uma deformação da ‘verdadeira’ arte. Não me refiro a uma mágica ‘tomada de consciência’ para o novo. Nada disso. A história marcha dentro de nós não apenas em brados retumbantes, revoluções heróicas ou rupturas traumáticas. Uma consciência óbvia do dia-a-dia é matéria palpável que se deposita aos poucos em nossas cabeças e vai mudando o País, às vezes mais solidamente que grandes contradições políticas. Nossa ‘petite histoire’ nos transforma. Assim como o tumor no intestino de Tancredo levou o Brasil para outro rumo, assim como o porre de Jânio inverteu nossa política, vimos que um dos impulsos para o impeachment do Collor veio do seriado Anos Rebeldes na TV, que mostrava a luta de jovens contra a ditadura; a novela Vale Tudo revelou ‘aquela festa pobre para a qual não nos tinham convidado, para nos convencer a pagar sem ver toda essa droga que já vem malhada antes de nascermos’, como cantava o genial Cazuza na abertura – lembram? Paraíso Tropical, que bateu 60 pontos de Ibope, faz parte dessa saga que nos ajuda a berrar internamente: ‘Brasil, mostra a tua cara!!’…
Vivemos um tempo em que o Brasil está mostrando a cara como nunca. Há alguns anos, a população tinha uma opinião difusa de seus males políticos e éticos: ‘Ahh… são todos uns ladrões… ahh… isso não tem jeito, estamos à beira do abismo…’
Agora, depois da democratização, depois de 20 anos de liberdade de imprensa, o ‘mal nacional’ passou a ter personagens cada vez mais claras. O chofer de táxi não me pergunta mais: ‘Então, seu Jabor, este País vai pro brejo?…’ Não; ele me pergunta: ‘E aí, o Renan cai ou não?’
Nosso ‘mal’ agora tem personagens, dentro e fora da TV. Wagner Moura (Olavo) ou Taís (Alessandra Negrini) tem contrapartidas políticas em gente como Dirceu ou Ideli (aliás, vocês viram a Veja desta semana, com a Salvatti metida em tramóias de ONGs?) e a novela do Aguinaldo Silva, Duas Caras, promete continuar a saga inspirada na política. Alguns momentos recentes do show do Parlamento e do Executivo foram inesquecíveis como teatro ou cinema: o discurso do Roriz, uivando com gemidos melodramáticos, a invasão da Câmara pelo Bruno Maranhão do MST, o duelo de Jefferson com Dirceu, um ‘agon’ raro até nos gregos, a atuação de megastar de Lula na reeleição, correndo pela passarela como um Mick Jagger do ABC, berros, socos no plenário, ah, Deus… tanta fartura… A política já é uma ficção barata mais inverossímil do que os folhetins.
Nas novelas, as personagens malvadas ou psicopatas são muito mais interessantes que as boazinhas e fazem mais sucesso. Claro; são reconhecidas pelo grande público, que sabe que (ao contrário do que muito intelectual engajado e mecanicista pensa) para entender o Brasil é melhor estudar as classes dominantes do que as vítimas de seus crimes históricos. Lamentar que a Justiça é injusta, ou que os famintos têm fome, não adianta. Também não tem sentido propagar uma ‘santidade’ que os pobres assumiriam pelo sofrimento e exclusão. Miséria não santifica nem faz heróis. Importa é entender os responsáveis por nossa desgraça histórica. Ler Sergio Buarque ou Raimundo Faoro é muito mais esclarecedor que Florestan Fernandes. A miséria do povo não explica o País; o País que os donos do poder organizaram é que explica nossa miséria.
Não li esse livro A Cabeça do Brasileiro, de Alberto Carlos Almeida, que está sendo atacado como ‘fascista’, quando parece que ele apenas teve a coragem de analisar seriamente o óbvio: que a miséria produz ignorância, preconceito, voracidade e crime. Coitado… por que foi mexer nos dogmas da santidade da estupidez? Exatamente aquela que o Lula cultiva tanto, ao elogiar a própria ignorância diante de seus jovens eleitores. Lula, junto a Edir Macedo, seu mais recente amigo de infância, não é bobo e confia em seus pelotões de analfabetos, origem da fortuna milionária de Edir e de seu prestígio político invencível. A educação e a cultura que o crescimento promove em São Paulo, por exemplo, é muito mais democrática e modernizadora que a boçalidade cultivada com zelo pela burguesia nordestina – a indústria da seca dos cérebros.
Por um lado, a democracia nos trouxe uma visão mais complexa de nossas doenças endêmicas. Por outro, o simplismo que este governo de sindicalistas propõe nos leva a um regressismo que pode destruir a delicadeza da liberdade e o avanço da consciência histórica. Muito mais do que conceitos fechados, totalizantes, recortes severos e radicais, a ficção democrática, lúdica, não-ideológica, o retrato sem contornos de uma novela pode nos revelar, pelas imagens, caras, falas, o entendimento de que a realidade é extensa, não-controlável e essencialmente democrática.
Li, num texto de um cara ótimo, Ernest Becker, chamado A Frágil Ficção, o seguinte: ‘A liberdade do homem é uma liberdade fabricada. E ele paga um preço por isso. Temos de defender a completa fragilidade de nossa ficção delicadamente constituda.’ A importância da democracia é justamente o respeito a um mistério que há em nosso destino. Prendê-la em dogmas superados e fracassados é um dos perigos que corremos, tanto na cultura como na economia.
Carlos Alberto Sardenberg também escreveu outro dia, sobre a política econômica da velha esquerda:
‘Por não aceitar o funeral do socialismo, o Brasil se atrasa e perde as imensas oportunidades que o capitalismo global oferece.’
É isso aí. Apesar da burrice dominante, o País vai mudando.’
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